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1 Khilver Doanne Sousa Soares Meningite Problema 7; 5º período; “O surto do medo”; 1. Revisar a anatomofisiologia das meninges; 2. Estudar a fisiopatologia da meningite; 3. Entender as síndromes meníngeas; 4. Pontuar as medidas preventivas da meningite (isolamento). O crânio e as meninges cranianas envolvem e protegem o encéfalo. As meninges do crânio (encefálicas) são contínuas com as meninges espinais, apresentam a mesma estrutura básica, e levam os mesmos nomes: dura-máter, a camada externa; aracnoide-máter, a camada média; e pia-máter, a camada interna. Entretanto, a dura- máter encefálica tem duas camadas, enquanto a dura-máter espinal apresenta apenas uma. As duas camadas durais são conhecidas como camada periosteal (externa) e camada meníngea (interna). As camadas durais que envolvem o encéfalo estão unidas, exceto quando se separam para formar os seios da dura-máter (canais venosos revestidos por endotélio) que drenam o sangue do encéfalo em direção às veias jugulares internas. Além disso, não há espaço extradural (epidural) ao redor do encéfalo. Os vasos sanguíneos que entram no tecido encefálico passam por sua superfície e, à medida que penetram no tecido, são recobertos por uma fina camada de pia-máter. Três projeções da dura- máter separam partes do encéfalo: (1) a foice do cérebro separa os dois hemisférios (lados) do cérebro. (2) A foice do cerebelo separa dos dois hemisférios cerebelares. (3) O tentório (ou tenda) do cerebelo separa o telencéfalo (cérebro) do cerebelo. Fonte: TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. Vista anterior de corte frontal através do crânio mostrando as meninges cranianas. i. Dura-máter. A mais superficial das três meninges é uma espessa membrana formada por tecido conjuntivo denso irregular. A dura-máter forma um saco desde o forame magno, onde ela é contínua com a dura-máter do encéfalo, até a segunda vértebra sacral. Ela também é contínua com o epineuro, o revestimento externo dos nervos espinais e cranianos; ii. Aracnoide-máter. Esta membrana intermediária, delgada e avascular é formada por células e fibras finas e dispersas de material elástico e de colágeno. Ela é chamada aracnoide-máter devido à disposição de suas fibras em 2 Khilver Doanne Sousa Soares forma de uma teia de aranha. Ela está abaixo da dura-máter e é contínua com a aracnoide-máter do encéfalo no forame magno. Entre a dura-máter e a aracnoide- máter existe um delgado espaço subdural, contendo líquido intersticial; iii. Pia-máter. A meninge mais interna é uma fina camada de tecido conjuntivo transparente que adere à superfície da medula espinal e do encéfalo. A pia-máter é composta por finas células pavimentosas e cúbicas entrelaçadas com feixes de fibras de colágeno e algumas fibras elásticas delgadas. Na pia-máter estão muitos vasos sanguíneos que fornecem oxigênio e nutrientes para a medula espinal. Projeções membranosas triangulares da pia-máter suspendem a medula espinal no meio de sua bainha dural. Estas projeções, chamadas ligamentos denticulados, são áreas de espessamento da pia-máter. Elas se projetam lateralmente e se fundem com a aracnoide-máter e com a superfície interna da dura-máter, entre as raízes anterior e posterior dos nervos espinais em ambos os lados. Como são encontrados em toda a extensão da medula espinal, os ligamentos denticulados protegem a medula espinal contra deslocamentos súbitos decorrentes de traumatismo. Entre a aracnoide-máter e a pia-máter existe um espaço, o espaço subaracnóideo, que contém líquido cerebrospinal – líquido que, entre outras funções, absorve energia decorrente de um impacto. Fonte: Fonte: TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. Corte sagital de extensões da dura-máter. Meningite Bacteriana Meningite é uma inflamação da membrana aracnoide, da pia-máter e do líquido cefalorraquidiano (LCR). O processo inflamatório se estende por todo o espaço subaracnóideo em torno do cérebro e da medula espinal e 3 Khilver Doanne Sousa Soares compromete os ventrículos. A meningite piogênica é usualmente uma infecção bacteriana aguda, que provoca uma resposta polimorfonuclear no LCR. A incidência de meningite bacteriana caiu drasticamente nos países desenvolvidos desde a introdução de vacinas contra os patógenos bacterianos como o Haemophilus influenzae tipo b, Streptococcus pneumoniae e Neisseria meningitidis. Embora todos os micro-organismos tenham o potencial de causar meningite, apenas alguns agentes são responsáveis pela maioria dos casos de meningite bacteriana. Epidemiologia. O contexto clínico no qual a meningite se desenvolve pode fornecer um indício da causa bacteriana específica. H. influenzae afeta principalmente crianças, ao passo que S. pneumoniae causa meningite em adultos, especialmente aqueles com mais de 50 anos de idade em condições de comorbidade. A meningite meningocócica ocorre mais frequentemente em surtos. Em países desenvolvidos, a Listeria monocytogenes está emergindo como a causa mais frequente de meningite bacteriana, com pico no período neonatal e em pessoas com 60 anos de idade ou mais. A meningite bacteriana mista simultânea é rara, e pode ocorrer em procedimentos neurocirúrgicos, traumatismo craniano penetrante, traumatismo craniano com fratura da lâmina crivosa, erosão do crânio ou de vértebras por neoplasia adjacente, extensão da osteomielite ou ruptura intraventricular de um abscesso cerebral; o isolamento de germes anaeróbios deve sugerir fortemente as duas últimas dessas situações. Durante as últimas décadas, a meningite causada por bacilos Gram-negativos duplicou em frequência nos adultos, uma alteração que reflete procedimentos neurocirúrgicos mais frequentes e extensos, bem como outros fatores hospitalares. L. monocytogenes aumentou de oito a 10 vezes como causa de meningite bacteriana em grandes hospitais gerais urbanos. Nos grandes hospitais de tratamento terciário, aproximadamente 40% dos casos de meningite bacteriana em adultos são de origem hospitalar. As principais causas são bacilos Gram- negativos (principalmente Escherichia coli e Klebsiella), os quais são responsáveis por aproximadamente 40% dos episódios em ambiente hospitalar; fato semelhante ocorre com vários estreptococos, Staphylococcus aureus e estafilococos negativos para a coagulase, sendo cada um deles responsável por aproximadamente 10% desses casos hospitalares. Os fatores predisponentes para o desenvolvimento de meningite pneumocócica incluem otite média aguda, com ou sem mastoidite, que está presente em aproximadamente 20% dos pacientes adultos. A pneumonia ocorre em aproximadamente 15% dos pacientes com meningite pneumocócica, uma frequência muito mais alta do que aquela observada na meningite causada por H. influenzae ou N. meningitidis. Sinusite pneumocócica aguda é ocasionalmente o foco inicial a partir do qual a infecção se dissemina para as meninges. Ocasionalmente, a meningite causada por S. pneumoniae se desenvolve em pacientes com derivações do fluxo de LCR no sistema nervoso central (SNC). A esplenectomia ou a disfunção esplênica, como se verifica na anemia falciforme ou na cirrose com hipertensão portal assim como outros defeitos na imunidade humoral também predispõem os pacientes para a meningite pneumocócica. Alcoolismo é um problema encontrado em 10% a 25% dos adultos com meningite pneumocócica em hospitais urbanos. A incidência anual estimada de meningite bacteriana (predominantemente pneumocócica) em pacientes infectados com vírus da imunodeficiência humana (HIV) é 150 vezes mais alta que na população geral. A meningite por S. aureus é vista mais frequentemente como uma complicação de procedimento neurocirúrgico, após traumatismo penetrante do crânioou ocasionalmente 4 Khilver Doanne Sousa Soares secundária a bacteriemia e endocardite estafilocócicas. A meningite atribuível a bacilos Gram-negativos assume uma destas três formas: meningite neonatal, meningite após traumatismo ou neurocirurgia ou meningite espontânea em adultos (p. ex., meningite bacterêmica por Klebsiella em paciente com diabetes melito). As causas mais frequentes de meningite bacilar Gram-negativa em adultos são E. coli (aproximadamente 30%) e Klebsiella- Enterobacter (aproximadamente 40%). A meningite causada por estreptococos do grupo A é incomum, mas ocorre ocasionalmente após otite média aguda, mais frequentemente em crianças do que em adultos. A meningite por H. influenzae tipo b em adultos deve levantar a questão da presença de defeito imunológico ou anatômico subjacente. Os pacientes com defeitos na imunidade mediada por células são suscetíveis ao desenvolvimento de infecções do SNC com organismos intracelulares como L. monocytogenes. Pacientes com defeitos da imunidade humoral e resposta inadequada a anticorpos são particularmente vulneráveis à meningite por S. pneumoniae e H. influenzae. Os pacientes com neutropenia apresentam maior risco de meningite por Pseudomonas aeruginosa e por membros da família Enterobacteriaceae. Fisiopatologia. No exame macroscópico, o exsudato purulento no espaço subaracnoide é mais abundante nas cisternas na base do encéfalo e ao longo das convexidades do sulco de Sylvius e rolândicas, que são expansões do espaço subaracnoide. Embora nem o organismo infectante nem o exsudato inflamatório invadam diretamente o tecido cerebral, o cérebro subjacente se torna congestionado e edematoso. A eficácia da barreira pial geralmente impede a meningite bacteriana de causar abscesso cerebral; quando esses dois processos coexistem, a sequência geralmente é que um abscesso inicial vaze seu conteúdo para o sistema ventricular e produza meningite secundária. O exsudato inflamatório pode se estender para estruturas adjacentes em torno de espaços perivasculares, especialmente das artérias e veias que carregam uma camada de pia-máter e membrana aracnoide à medida que entram no cérebro a partir da superfície cortical. A tromboflebite cortical resulta da estase venosa e da inflamação meníngea adjacente. Pode se seguir infarto do tecido cerebral. Comprometimento das artérias corticais e piais com formação de aneurismas periféricos e oclusão ou estreitamento vascular (relacionado a espasmo e/ou arterite) da porção supraclinóidea da artéria carótida interna na base do cérebro ocorre em aproximadamente 15% dos pacientes com meningite. As artérias cerebrais anterior e média podem ter velocidades de fluxo sanguíneo intracerebral acentuadamente aumentadas (um índice de estenose ou espasmo arterial) em ultrassonografia Doppler, um achado que corresponde a sinais cerebrais focais. Em casos fulminantes, particularmente meningite meningocócica, o edema cerebral pode ser acentuado mesmo que a pleocitose seja apenas moderada. Raramente, pode ocorrer herniação do lobo temporal através do tentório, comprimindo o mesencéfalo e levando à paralisia do terceiro nervo ipsilateral e à hemiparesia contralateral. Fato semelhante pode ocorrer em relação à herniação cerebelar através do forame magno com compressão da medula, que resulta em apneia, instabilidade hemodinâmica e coma. A lesão de nervos cranianos ocorre em áreas onde se acumula exsudato denso; o terceiro e sexto nervos cranianos são também vulneráveis à lesão pela pressão intracraniana aumentada. Ventriculite, que provavelmente ocorre na maioria dos casos de meningite bacteriana, progride raramente para empiema ventricular. À medida que os exsudatos continuam a se acumular, a obstrução do fluxo de LCR pode resultar em hidrocefalia. A obstrução dos forames de Luschka e Magendie, na base do quarto ventrículo, resulta em hidrocefalia obstrutiva ou não comunicante, ao passo que a obstrução das granulações aracnoides nos seios venosos resulta em hidrocefalia comunicante. Coleções subdurais são 5 Khilver Doanne Sousa Soares exsudatos estéreis que se desenvolvem no córtex cerebral e podem ser demonstradas facilmente por tomografia computadorizada (TC) como áreas de baixa densidade em torno do cérebro; raramente, essas coleções se tornam infectadas e produzem empiema subdural. As bactérias podem ter acesso às meninges por diversas vias: (1) disseminação hematogênica a partir de um local distante; (2) ingresso direto a partir do trato respiratório superior ou da pele através de um defeito anatômico (p. ex., fratura de crânio, sequestro erosivo, meningocele); (3) passagem para o interior do crânio através de vênulas na nasofaringe; (4) disseminação a partir de um foco contíguo de infecção (infecção dos seios paranasais, vazamento de um abscesso cerebral). Bacteremia por H. influenzae, N. meningitidis e S. pneumoniae é provavelmente a via mais frequente de infecção. Bacteremia é usualmente iniciada por adesão de germes de uma cepa infectante à faringe e sua colonização no local. A adesão dessas cepas, incluindo o S. pneumoniae, às superfícies mucosas é ampliada pela sua capacidade de produzir proteases que clivam a imunoglobulina A, inativando assim essa defesa de anticorpos locais. A adesão de N. meningitidis às células nasofaríngeas é efetuada por fímbrias ou pili e promovida por danos precedentes às células ciliadas, tais como aqueles causados por tabagismo ou infecções virais. Meningococos invadem as células da mucosa nasofaríngea por meio de endocitose e são transportados para o lado abluminal em vacúolos ligados à membrana. O H. influenzae, por outro lado, utiliza os espaços intercelulares ao causar separação das junções de oclusão apicais entre as células epiteliais colunares. Quando estes patógenos meníngeos ganham acesso à corrente sanguínea, sua sobrevida intravascular é favorecida pela presença de cápsulas polissacarídicas que inibem a fagocitose e conferem resistência à atividade bactericida mediada por complemento. O mecanismo pelo qual as bactérias conseguem acesso aos espaços subaracnóideos do sangue parece estar relacionado a determinadas moléculas de adesão nas células endoteliais cerebrais. Uma vez estabelecida em qualquer parte das meninges, a infecção rapidamente se estende por todo o espaço subaracnóideo. A replicação bacteriana prossegue relativamente sem obstáculos porque os baixos níveis de imunoglobulinas e de complemento no LCR no início da inflamação meníngea resultam em pouca ou nenhuma atividade opsônica ou bactericida. De fato, a fagocitose de superfície dos micro-organismos não opsonizados é escassa nesse ambiente líquido. Durante a meningite, as concentrações de imunoglobulinas no LCR aumentam, mas ainda permanecem relativamente baixas. Bacteriemia secundária pode se seguir à infecção meníngea e pode, por si própria, contribuir ainda mais para a inoculação contínua desses agentes no LCR. A meningite bacteriana que acompanha o traumatismo craniano ocorre por causa de uma fístula dural da cavidade nasal, dos seios paranasais ou do ouvido médio para o espaço subaracnoide. O local mais frequente é a placa cribriforme, onde o osso é muito fino e a dura- máter está firmemente aderida ao osso. O vazamento de LCR resulta em rinorreia do LCR e perda do olfato. Componentes bacterianos (p. ex., paredes celulares ou ácido lipoteicoico pneumocócicos, lipopolissacarídeo de H. influenzae) são agentes importantes de inflamação meníngea, causando liberação para dentro do espaço subaracnoide de várias citocinas pró-inflamatórias, como interleucina-1 e o fator de necrose tumoral a partir das células endoteliais e meníngeas, macrófagos e micróglia. As citocinas parecem aumentar a passagem de leucócitos ao ativarem várias famílias de moléculas de adesão que interagem com os receptores correspondentes nos leucócitos. As citocinastambém podem aumentar a afinidade de ligação de uma selectina leucocitária, molécula de adesão do leucócito, para o seu receptor na célula endotelial, e podem, desse modo, contribuir ainda mais para o trânsito de neutrófilos para dentro do espaço subaracnoide. 6 Khilver Doanne Sousa Soares Na meningite bacteriana, os neutrófilos se movem para dentro do espaço subaracnoide, mas não são capazes de controlar a infecção bacteriana porque suas propriedades fagocíticas são ineficazes como resultado de uma falta de atividade opsônica e bactericida. Dentro do espaço subaracnoide, os neutrófilos liberam produtos como prostaglandinas, metaloproteinases da matriz e radicais livres que rompem as junções ocludentes intercelulares endoteliais e a lâmina basal subendotelial. O aumento da permeabilidade vascular local da barreira hematoencefálica pode causar edema cerebral que pode ser causado também pelo aumento da pressão do LCR como resultado da obstrução do fluxo de líquido cefalorraquidiano por causa da inflamação intersticial nas vilosidades aracnoides. O fluxo sanguíneo cerebral, que depende da pressão arterial média, parece estar aumentado nas fases iniciais da meningite, mas subsequentemente pode diminuir substancialmente em alguns pacientes, podendo ser responsável por lesão neurológica. Podem ocorrer regiões de pronunciada hipoperfusão localizada, atribuível à inflamação ou à trombose vascular focal, em pacientes com fluxo sanguíneo normal. O comprometimento da autorregulação do fluxo sanguíneo cerebral, conforme avaliado por ultrassonografia com Doppler transcraniano da artéria cerebral média, ocorre na fase inicial da meningite bacteriana aguda, fazendo o fluxo sanguíneo cerebral corresponder diretamente à pressão arterial média, ocasionando hiperperfusão ou hipoperfusão do tecido cerebral. Com a recuperação da autorregulação, é restaurada a capacidade da vasculatura cerebral de manter um nível constante de perfusão apesar de variações na pressão arterial média. Manifestações Clínicas. Febre de início agudo, cefaleia generalizada, vômitos e rigidez da nuca são comuns a muitos tipos de meningite. A maioria dos pacientes com meningite piogênica adquirida na comunidade teve infecção do trato respiratório superior ou doença febril inespecífica, otite média aguda (ou mastoidite), ou pneumonia. Mialgia, particularmente em pacientes com doença meningocócica, dor nas costas e fraqueza generalizada são sintomas frequentes. A doença costuma progredir rapidamente para confusão, obnubilação e perda de consciência. Ocasionalmente, o início pode ser menos agudo, com sinais meníngeos presentes desde alguns dias até uma semana. Achados Físicos Gerais. Normalmente são observados sinais de irritação meníngea, com rigidez da nuca, sinal de Kernig e sinal de Brudzinski. Embora a tríade clássica - febre, rigidez da nuca e alteração de consciência - esteja presente em apenas 44% dos episódios, uma combinação de dois entre quatro sintomas (cefaleia e a tríade clássica) pode ser encontrada em 95% dos pacientes. Os achados de meningite podem passar facilmente despercebidos em: lactentes; pacientes obnubilados ou idosos com insuficiência cardíaca ou pneumonia; e indivíduos imunossuprimidos. Esses pacientes podem ter meningite sem sinais meníngeos proeminentes. Em pessoas com essas características, a letargia deve ser investigada cuidadosamente, devem ser procurados sinais meníngeos e é recomendável realizar o exame do LCR, se houver alguma dúvida. Em pacientes idosos, a rigidez da nuca pode ser difícil de avaliar por causa da osteoartrite no pescoço ou da rigidez dos músculos do pescoço relacionada a distúrbios extrapiramidais. Quando a rigidez do pescoço é causada por meningite, o pescoço resiste à flexão mas pode ser rodado passivamente de um lado ao outro; com doença da coluna cervical, no entanto, a resistência é observada em todas as direções do movimento do pescoço. A rigidez da nuca desaparece durante o coma. A presença de erupção cutânea de tipo petequial ou equimótica em um paciente com sinais meníngeos indica quase sempre infecção meningocócica e requer pronto tratamento em virtude da rapidez com que essa infecção pode evoluir. Raramente ocorrem lesões petequiais ou equimóticas extensas na meningite causada por S. pneumoniae, H. influenzae ou ecovírus tipo 9. Muito raramente, lesões cutâneas quase sempre 7 Khilver Doanne Sousa Soares indistinguíveis daquelas da bacteremia meningogócica podem ocorrer em pacientes com endocardite aguda por S. aureus. Esses pacientes podem apresentar também sinais meníngeos e pleocitose no LCR, secundários a meningite estafilocócica ou a infarto cerebral embólico. Habitualmente, ao menos uma ou duas das lesões desses pacientes apresentam características de púrpura purulenta, sendo possível reconhecer estafilococos à coloração pelo Gram. No verão, a meningite asséptica viral pode produzir sinais meníngeos, lesões maculosas e petequiais e pleocitose de várias centenas de células no LCR, às vezes com neutrófilos predominando na fase inicial. Septicemia meningocócica fulminante pode causar hemorragia nas glândulas suprarrenais ocasionando a síndrome de Waterhouse- Friderichsen, condição caracterizada por início súbito de uma doença febril, grandes hemorragias petequiais nas mucosas e na pele, colapso cardiovascular e coagulação intravascular disseminada. Por outro lado, hiponatremia e síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiurético podem se desenvolver em pacientes com meningite pelo H. influenzae. Infecção concomitante do trato respiratório ou otite média aguda podem estar presentes em etiologias por H. influenzae ou S. pneumoniae. Em pacientes com fraturas da base do crânio, presença de rinorreia do LCR, equimoses periorbitais, hematomas atrás da orelha (sinal de Battle), hemotímpano, ou sangue no canal auditivo externo são fatores de risco para o desenvolvimento de uma fístula dural e meningite bacteriana. A meningite complicando procedimentos neurocirúrgicos pode ter início insidioso e ser difícil de distinguir das alterações de consciência e dos sinais de irritação meníngea esperados no período pós-operatório. Entretanto, febre ou obnubilação prolongadas são critérios de indicação de exame de LCR. Achados Neurológicos e Complicações. As complicações neurológicas em pacientes com meningite bacteriana tratada de forma inadequada podem ser graves e incapacitantes. Alterações dos nervos cranianos, que afetam principalmente o terceiro, quarto, sexto ou sétimo nervos ocorrem em 5% a 10% dos adultos com meningite adquirida na comunidade e costumam desaparecer rapidamente depois da recuperação. Perda auditiva neurossensorial persistente ocorre em 10% das crianças com meningite bacteriana; outros 16% têm perda auditiva condutiva transitória. Os locais mais prováveis de comprometimento em pacientes com surdez neurossensorial persistente parecem ser o ouvido interno (infecção ou produtos tóxicos com possível disseminação pelo espaço subaracnoide ao longo do aqueduto coclear) e o nervo acústico. Em crianças, o comprometimento auditivo permanente é mais frequente após meningite causada por S. pneumoniae do que por H. influenzae ou N. meningitidis. Convulsões (focais ou generalizadas; Capítulo 410) ocorrem em 20% a 30% dos pacientes e podem resultar de causas reversíveis (febre alta ou hipoglicemia em lactentes; neurotoxicidade da penicilina quando em grandes doses administradas por via intravenosa em pacientes com insuficiência renal) ou, mais frequentemente, de lesão cerebral focal relacionada a infarto e hipoperfusão arterial, trombose venosa cortical ou edema e cerebrite focais. Podem ocorrer convulsões durante os primeiros dias ou, alguns dias depois do início da meningite, déficits neurológicos focais causados por inflamação vascular. Em adultos, o S. pneumoniae é a causa mais frequentede convulsões que acompanham a meningite. Entretanto, a abstinência de álcool pode ser um fator de confusão diagnóstica. O aumento da pressão do LCR, que pode ser causado por edema cerebral ou hidrocefalia, está associado a: convulsões; vômitos; disfunção do sexto e do terceiro nervos; reflexos alterados; rebaixamento do nível de consciência ou coma; pupilas dilatadas e pouco reativas; a resposta de Cushing de postura descerebrada, hipertensão, bradicardia e respiração irregular. Em aproximadamente um quarto dos casos fatais de 8 Khilver Doanne Sousa Soares meningite adquirida na comunidade em adultos, é observado, à autópsia, edema cerebral acompanhado de herniação do lobo temporal. Ocorre papiledema em menos de 1% dos pacientes com meningite bacteriana, mesmo com pressão elevada do LCR, provavelmente porque o diagnóstico é feito precocemente, antes que ocorram alterações na papila do nervo óptico. A presença desse sinal deve indicar a possibilidade de outro processo intracraniano supurativo associado ou independente, como empiema subdural ou abscesso cerebral. Pode ocorrer hiperpneia central acentuada em pacientes com meningite bacteriana grave. A acidose do LCR, causada principalmente por um aumento dos níveis de ácido láctico, é responsável por grande parte do estímulo respiratório anormal nesses pacientes. Sinais cerebrais focais (principalmente hemiparesia, disfasia, deficiência no campo visual e desvio do olhar conjugado) ocorrem em aproximadamente um terço dos adultos com meningite bacteriana adquirida na comunidade. Esses sinais podem se desenvolver por oclusão arterial ou venosa. Além disso, a velocidade do fluxo sanguíneo no cérebro pode estar diminuída em pacientes com aumento de pressão intracraniana, o que pode acarretar disfunção neurológica temporária ou duradoura. É importante distinguir esses efeitos vasculares das alterações pós-ictais (paralisia de Todd) em pacientes com convulsões. Habitualmente, a paralisia de Todd dura menos de um dia. A meningite também pode causar a síndrome de secreção inadequada de hormônio antidiurético. Diagnóstico. A meningite bacteriana é uma emergência médica que exige diagnóstico imediato e instituição rápida de terapia antimicrobiana. Atraso no tratamento é o fator mais importante na determinação da morbidade e da mortalidade de pacientes com meningite bacteriana. O diagnóstico de meningite bacteriana não é difícil em um paciente febril com sintomas e sinais meníngeos desenvolvendo- se no contexto de uma doença predisponente. O diagnóstico pode ser menos evidente num paciente idoso, obnubilado, com pneumonia ou então num paciente confuso, com alcoolismo, em iminência de delirium tremens. Quando se suspeita do diagnóstico de meningite bacteriana, devem ser realizadas hemoculturas em paralelo ao exame e cultura do LCR, devendo ser prontamente instituída terapia antimicrobiana. Se houver suspeita de lesão com efeito de massa (abscesso cerebral, empiema subdural) a partir de informações da história, dos dados clínicos ou dos achados do exame físico (papiledema, sinais cerebrais focais), devem ser realizados primeiramente exames de imagem, antes do LCR, incluindo TC com ou sem realce por contraste, ou ressonância magnética (RM), por causa do risco de herniação cerebral ao se fazer a punção lombar. Os antibióticos podem e devem ser iniciados imediatamente, mesmo antes de realizar a punção lombar, pois são necessárias aproximadamente duas horas para que os antibióticos afetem as culturas de LCR. Punção lombar diagnóstica não deve ser adiada para realizar a TC ou a RM, exceto em pacientes com alterações neurológicas focais sugestivas de coleções ou outras lesões intracranianas com efeito de massa. Nesses pacientes, é fundamental iniciar a terapia antimicrobiana para meningite de origem desconhecida ou abscesso cerebral antes de realizar TC ou RM. Testes Laboratoriais Exame do Líquido Cefalorraquidiano. A pressão inicial do LCR em geral está moderadamente elevada (de 200 a 300 mm H2O em adultos). Elevações importantes (≥450 mm H2O) ocorrem em pacientes com edema cerebral agudo complicando a meningite, mesmo na ausência de lesão com efeito de massa. As variáveis analisadas pelo exame de LCR costumam estar francamente alteradas em pacientes com meningite e tais achados podem ajudar a sugerir a causa, mesmo antes que os resultados da cultura estejam disponíveis. Em pacientes com fraturas do crânio, LCR escoado por rinorreia 9 Khilver Doanne Sousa Soares pode se distinguir de secreções nasais pela presença de glicose no LCR e não na secreção nasal. Fonte: GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Goldman Cecil Medicina. 24. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. LCR = líquido cefalorraquidiano; *Estreptococos do grupo B, Escherichia coli, Listeria monocytogenes, Streptococcus pneumoniae, Neisseria meningitidis, and Haemophilus influenzae tipo b; adaptado de Kim KS. Acute bacterial meningitis in infants and children. Lancet Infect Dis. 2010; 10:32-42. Bacterioscopia com Gram. No momento da hospitalização, a maioria dos pacientes com meningite piogênica apresenta grande quantidade (≥105/mL) de bactérias no LCR. Exame cuidadoso do esfregaço do centrifugado do LCR corado pelo Gram pode revelar o agente etiológico em 60% a 80% dos casos. Na maioria dos casos, quando são observados diplococos Gram-positivos (ou cocos de cadeias curtas) em um esfregaço corado do LCR, trata-se de pneumococos. Em certos contextos clínicos, é importante distinguir os pneumococos dos Enterococcus, causa eventual de meningite hospitalar, pelo teste de aglutinação de látex. Raramente, três espécies podem simular morfologicamente Neisseria no LCR ou podem sugerir uma infecção mista com bacilos Gram- negativos curtos e meningococos: Acinetobacter baumannii, Moraxella sp, e Pasteurella multocida. A cultura do LCR revela o agente etiológico em 80% a 90% dos pacientes com meningite bacteriana, se a amostra do LCR for obtida antes ou dentro de uma a duas horas a partir do início da antibioticoterapia. Procedimentos Especiais de Tipagem. A reação em cadeia da polimerase (PCR) de largo alcance, que pode ser realizada no LCR em uma hora e meia, pode diagnosticar a meningite bacteriana em pacientes nos quais a terapia antimicrobiana tenha começado antes de punção lombar ou quando as culturas forem negativas ou ainda quando houver suspeita de infecção de origem bacteriana. No entanto, PCR em tempo real específica para diagnóstico de meningite pneumocócica e meningocócica está disponível atualmente, somente em contexto de pesquisa. A sensibilidade e a especificidade da tipagem rápida de antígenos pela aglutinação do látex são mais altas (>90%) para H. influenzae, mais baixas para S. pneumoniae e consideravelmente mais baixas para N. meningitidis. Quando os esfregaços corados pelo Gram mostram o micro-organismo causador, o resultado do teste de aglutinação do látex costuma ser positivo, de modo que esse teste não é essencial, nestes casos, para o diagnóstico de meningite bacteriana. Contudo, o teste de aglutinação do látex pode ser muito útil quando a contagem de células no LCR é anormal, o esfregaço pelo Gram é negativo e as culturas de sangue e LCR não são positivas em 48 horas (momento em que uma amostra armazenada do espécime inicial de LCR pode ser testada). Ocasionalmente, quando são vistos apenas raros organismos de morfologia menos precisa ou com propriedades tintoriais pelo Gram menos nítidas, a aglutinação pelo látex pode ser útil para fornecer um diagnóstico mais específico. Outras novas técnicas promissoras incluem uma técnica de amplificação de ácidos nucleicos, que pode ser 10 Khilver Doanne Sousa Soares útil em locais com poucos recursos, e um rápido teste imunocromatográfico para S. pneumoniae. Contagem de Células. A contagem de células deve ser feita imediatamente porque essas célulascomeçam a degenerar em 90 minutos. A contagem normal de leucócitos no LCR é menos de 5/mm3 (todos mononucleares). A contagem celular na meningite não tratada normalmente varia entre 100 e 10.000/mm3, predominando inicialmente leucócitos polimorfonucleares (>80%), aparecendo subsequentemente o perfil linfomononuclear. A contagem celular na meningite por L. monocytogenes tende a ser mais baixa (média de 585/mm3) do que em outros tipos de meningite piogênica adquirida na comunidade. Contagens celulares extremamente altas (>50.000/mm3) devem levantar a possibilidade de ruptura intraventricular de abscesso cerebral. Contagens celulares tão baixas quanto 10 a 20/mm3 podem ser observadas inicialmente na meningite bacteriana, particularmente aquela causada por N. meningitidis e H. influenzae. Ocasionalmente, em pacientes granulocitopênicos ou em pessoas idosas com meningite pneumocócica devastadora, o LCR pode conter muito poucos leucócitos e ainda assim parecer macroscopicamente turvo em virtude da presença de uma miríade de micro-organismos e de um nível de proteína elevado. A meningite causada por diversas espécies de bactérias (Mycobacterium tuberculosis, Borrelia burgdorferi, Treponema pallidum, Leptospira sp, Francisella tularensis, Brucella sp) está caracteristicamente associada à pleocitose linfomononuclear. Na meningite por L. monocytogenes no adulto, existe geralmente uma resposta polimorfonuclear, mas podem predominar linfócitos em casos raros. Glicose. A glicose no LCR está reduzida a valores de 40 mg/dL ou menos (ou <50% do nível de glicemia simultânea) em 50% dos pacientes com meningite bacteriana; esse achado pode ser valioso para distinguir a meningite bacteriana da maioria das meningites virais ou infecções parameníngeas. Entretanto, um valor normal da glicose no LCR não exclui o diagnóstico de meningite bacteriana. O nível de glicose no sangue deve ser determinado simultaneamente porque os pacientes com diabetes melito (ou os que estão recebendo infusões intravenosas de glicose) têm uma concentração elevada de glicose no LCR que só pode ser apreciada em comparação com a concentração sanguínea simultânea; entretanto, pode levar de 90 a 120 minutos para ocorrer o equilíbrio depois de grandes mudanças no nível de glicose na circulação. A hipoglicorraquia característica da meningite piogênica parece resultar da interferência na difusão normal da glicose (facilitada por transportador) e da utilização aumentada de glicose pelas células polimorfonucleares do hospedeiro durante a fagocitose. Proteínas. O nível de proteínas no LCR lombar é geralmente elevado (mais de 100 mg/dL), mas valores mais altos são mais frequentemente observados na meningite pneumocócica. Elevações extremas, 1000 mg/dL ou mais, podem indicar bloqueio subaracnoide com obstrução do fluxo de LCR. Valores acima de 15 mg/dL no LCR ventricular são considerados anormais. Se a punção lombar for traumática, o nível de proteína no LCR pode ser corrigido subtraindo-se 1 mg/dL para cada 1.000 hemácias. Hemoculturas e Culturas do Trato Respiratório. A bacteremia é demonstrável em aproximadamente 80% dos pacientes com meningite por H. influenzae, em 50% dos pacientes com meningite pneumocócica e em 30% a 40% dos pacientes com meningite meningocócica. Portanto, as hemoculturas devem ser realizadas rotineiramente em pacientes com suspeita de meningite bacteriana. Culturas do trato respiratório superior não são úteis para estabelecer um diagnóstico etiológico. A determinação dos níveis de creatinina e eletrólitos no soro é importante em virtude da gravidade da doença, da ocorrência de anormalidades específicas secundárias à meningite (síndrome de secreção inapropriada de 11 Khilver Doanne Sousa Soares hormônio antidiurético) e de problemas com o tratamento em pacientes com disfunção renal (convulsões e hipercalemia com penicilinoterapia em altas doses). Em pacientes com lesões petequiais e purpúricas extensas da pele, é indicada a avaliação de coagulopatia. Concentrações séricas elevadas de procalcitonina foram usadas para distinguir meningite bacteriana daquela de origem viral, mas o exame do LCR geralmente fornece informação mais direta e específica. Exames Radiológicos. Devem ser feitas radiografias do tórax, dos seios paranasais ou das mastoides no momento apropriado quando clinicamente indicado, depois de iniciada a terapia antimicrobiana, uma vez que a meningite piogênica é associada com frequência a focos primários de infecção desses locais. TC ou RM inicial do crânio não são indicadas na maioria dos pacientes com meningite bacteriana. Por exemplo, apenas aproximadamente 5% dos pacientes que se submetem a uma TC ou RM do crânio antes da punção lombar por suspeita de meningite têm um efeito de massa identificado por esse exame. As características clínicas de referência associadas a achados anormais na TC incluem idade acima de 60 anos, histórico de doença do SNC, convulsão na semana precedente, nível anormal de consciência, campos visuais anormais, deficiência motora nos membros e afasia. Na ausência de qualquer um desses achados clínicos, apenas em aproximadamente 1% pode ser identificado efeito de massa na TC ou na RM que pudesse suscitar alguma preocupação em relação à punção lombar. Alterações específicas que podem ser observadas na TC ou na RM durante a meningite incluem edema cerebral e aumento do espaço subaracnoide, intensificação de contraste das leptomeninges e epêndima ou áreas focais de densidade diminuída por causa de cerebrite e necrose associadas. Em pacientes com meningite, cujo quadro clínico se deteriora ou não apresenta melhora, tanto a TC quanto a RM podem ajudar a demonstrar suspeita de complicações: empiema ou coleções subdurais estéreis; aumento ventricular posterior à hidrocefalia comunicante ou obstrutiva; meningite proeminente da base do crânio; áreas extensas de infarto cerebral resultantes da oclusão de importantes artérias, veias ou seios venosos cerebrais; contraste acentuado da parede ventricular, sugerindo ventriculite ou empiema ventricular. A RM é superior à TC para visualização dessas anormalidades. Em aproximadamente 10% dos adultos com meningite bacteriana, achados na TC de crânio (alterações na mastoide ou na parede dos seios da face, massa retrobulbar erosiva, pneumocefalia) são indicadores de ruptura da barreira da dura-máter. Complicações Complicações não Neurológicas Choque. Quando ocorre em pacientes com meningite piogênica, o choque é geralmente uma manifestação da bacteremia intensa, como na meningococcemia fulminante, e não uma manifestação da própria meningite. O tratamento deve ser norteado pelos princípios da terapia do choque séptico, com as modificações relacionadas à insuficiência cardíaca. Distúrbios de Coagulação. Coagulopatias são muitas vezes associadas às bacteremias intensa (habitualmente meningocócica, eventualmente pneumocócica) e à hipotensão que pode acompanhar a meningite. As alterações podem ser leves, como trombocitopenia (com ou sem aumento dos tempos de protrombina e tromboplastina parcial), ou mais pronunciadas, com evidência clínica de coagulação intravascular disseminada. Complicações Sépticas Endocardite. Pacientes com meningite pneumocócica, particularmente aqueles com bacteremia e pneumonia concomitantes, podem desenvolver endocardite aguda, mais frequentemente na valva aórtica. Nesses pacientes, podem aparecer recaída febril e um 12 Khilver Doanne Sousa Soares novo sopro cardíaco logo depois do término da terapia antimicrobiana para meningite. Artrite Piogênica. Artrite séptica pode resultar da bacteremia associada à meningite causada por S. pneumoniae, N. meningitidis ou H. influenzae. Meningite Viral O termo inespecífico meningite asséptica descreve um processo inflamatório que compromete as meninges, em geral acompanhado de pleocitose mononuclear,sem evidência de infecção bacteriana piogênica na cultura ou coloração pelo Gram. A definição abrange vários processos que produzem quadros clínicos semelhantes e respostas inflamatórias: meningite viral, meningite bacteriana e fúngica atípica e não piogênica, meningite quimicamente induzida, meningite induzida por fármacos, meningite neoplásica, inflamação meníngea causada por infecções piogênicas adjacentes e meningite associada a doenças de hipersensibilidade autoimune. A meningite asséptica, que é geralmente um processo agudo ou subagudo, pode ser ainda dividida em subtipos conforme a duração da doença (crônica versus crônico-intermitente) e conforme as respostas celulares características no LCR (p. ex., meningite eosinofílica). Muitos dos vírus que causam meningite também podem causar infecção do parênquima cerebral (encefalite) ou da medula espinal. Às vezes, comprometimento parenquimatoso e comprometimento meníngeo ocorrem simultaneamente no mesmo paciente e são chamados meningoencefalite e meningomielite, respectivamente. Epidemiologia. A maioria dos casos de meningite asséptica adquirida na comunidade é causada por vírus, principalmente enterovírus, os quais são responsáveis por mais de 60% das meningites virais e por 90% daquelas em que é identificado um agente etiológico (Tabela 420-8). Os enterovírus são membros da família dos Picornaviridae (RNA), que consiste em mais de 60 sorotipos: 28 ecovírus, 23 coxsackievírus A e seis coxsackievírus B, quatro enterovírus numerados (de 68 para 71) e três poliovírus. Os sorotipos mais frequentes implicados em meningite viral, a cada ano, têm sido os echovírus 4, 6, 9, 11, 16 e 30 (mais recentemente 13 e 33) e os sorotipos Coxsackie B de 2 a 5. Atualmente, as infecções por poliovírus estão limitadas a regiões da Ásia e da África, embora ocorram casos raros de forma secundária a vacinas com cepas de vírus atenuados. Muitos vírus responsáveis pelo quadro clínico de meningite asséptica, como vírus transmitidos por artrópodes, HSV-1, enterovírus 71, coriomeningite linfocitária, caxumba, HIV-1, citomegalovírus e vírus de Epstein-Barr também podem causar meningoencefalite ou encefalite. Além disso, alguns vírus também comprometem a medula espinal, inclusive células do corno anterior (poliovírus, vírus do Nilo Ocidental) ou os gânglios da raiz dorsal (HSV-2). Enterovírus Estima-se que de 10 a 15 milhões de infecções clínicas por enterovírus ocorram anualmente nos Estados Unidos, incluindo casos de meningite viral, estimados entre 50.000 e 75.000 casos. Nos climas temperados, a meningite por enterovírus tem seu pico máximo de frequência durante o verão e o outono, especialmente em crianças. Os sorotipos tendem a se comportar de modo cíclico com periodicidade variável e os surtos estão relacionados à falta de exposição prévia a um sorotipo particular. Anticorpos protetores sorotipo específicos se desenvolvem em seguida à infecção, de modo que episódios subsequentes de meningite enteroviral são infrequentes e são causados por vírus de um sorotipo diferente. Os seres humanos são o único reservatório conhecido de enterovírus. A infecção enteroviral é disseminada predominantemente pela via fecal-oral e ocasionalmente pela via respiratória. 13 Khilver Doanne Sousa Soares Vírus do Herpes Simples O HSV é responsável por 1% a 3% de todos os episódios de meningite asséptica e ocorre mais frequentemente em adultos ou adolescentes sexualmente ativos. Em indivíduos com infecção por herpes genital primário (HSV- 2), até 36% das mulheres e 13% dos homens têm sintomas de meningite asséptica. Recorrências de herpes genital são comuns e podem ser acompanhadas por meningite asséptica. Mais de 80% dos casos de meningite asséptica recorrente benigna são causados por HSV-2. Em contrapartida, infecção do SNC por HSV-1 quase sempre se apresenta como encefalite em vez de meningite asséptica. Os herpesvírus também podem ser reativados em pacientes que fazem uso de drogas imunomoduladoras, que são frequentemente utilizadas para tratar doenças autoimunes. Arbovírus Embora a forma mais frequente de infecção do SNC causada por arbovírus seja a encefalite, também pode ocorrer meningite asséptica. Esses vírus, transmitidos por vetor, são introduzidos subcutaneamente por um mosquito (p. ex., vírus do Nilo Ocidental), carrapato (p. ex., febre do carrapato do Colorado) ou mosquito- pólvora (p. ex., vírus Toscana). As aves, que são vetores de arbovírus transmitidos por mosquitos, podem não ser manifestamente doentes, embora o vírus do Nilo Ocidental possa causar mortandade proeminente de espécies de corvídeos, especialmente corvos e gaios azuis, que podem fornecer indícios de um surto que possa afetar seres humanos. Coriomeningite Linfocítica O vírus da coriomeningite linfocitária é transmitido aos seres humanos por roedores através de contato direto, através da ingestão de alimento contaminado por aerossol ou por mordida de animal. Os casos tendem a ocorrer no começo do inverno, quando os camundongos buscam abrigo nas casas. Surtos ocorreram após exposição a hamsters de estimação ou em laboratório. Atualmente, a coriomeningite linfocitária é causa cada vez menos frequente de meningite asséptica. Fisiopatologia As duas vias básicas para vírus ganharem acesso ao SNC são hematogênica (infecção enteroviral) ou neuronal (infecção por HSV). Os enterovírus passam através do estômago, onde resistem ao pH ácido, e prosseguem para o trato gastrointestinal inferior. Alguns vírus também têm replicação na nasofaringe e se disseminam nos gânglios linfáticos regionais. Depois de presumivelmente se ligar a receptores específicos nos enterócitos, o vírus rompe o revestimento epitelial e tem replicação primária em uma célula suscetível. Daí o vírus progride para as placas de Peyer, onde ocorre mais replicação. Uma pequena viremia de enterovírus então atinge o SNC, coração, fígado e sistema reticuloendotelial. Após extensa replicação nesses últimos locais, segue-se uma grande viremia, muitas vezes acompanhando a instalação da doença clínica. Presume-se que o mecanismo pelo qual o enterovírus entra no SNC envolva atravessar as junções íntimas endoteliais da barreira hematoencefálica e em seguida entrar no LCR, provavelmente através do plexo coroide. Por outro lado, as infecções por HSV podem atingir o SNC por via neuronal: na encefalite por HSV-1, a partir de locais orais via nervo trigêmeo e olfatório; na meningite asséptica por HSV-2 (e rara no caso de HSV-1), por disseminação a partir de uma lesão genital primária e ascensão ao longo das raízes nervosas sacras para as meninges. Depois da regressão da infecção primária, o HSV-1 pode permanecer em forma latente nos gânglios das raízes do trigêmeo ou do olfatório apenas para se reativar posteriormente, entrar no lobo temporal e produzir encefalite. De modo semelhante, o HSV- 2 pode permanecer latente nos gânglios das 14 Khilver Doanne Sousa Soares raízes sacras até que a reativação subsequente provoque episódios mais tardios de meningite asséptica. Manifestações Clínicas Meningite Enteroviral. As características clínicas da meningite por enterovírus (Capítulo 387) em crianças maiores e em adultos começam muitas vezes abruptamente com cefaleia (de 85% a 100%), febre (de 80% a 100%) e rigidez de nuca (de 50% a 80%). Em alguns pacientes, a evolução é bifásica, com a fase prodrômica inicial caracterizando-se por febre de baixo grau e sintomas inespecíficos (mal-estar, dor de garganta, diarreia), seguida de uma segunda fase em que as meninges são acometidas, com desenvolvimento de febre mais alta, náuseas, vômitos, mialgia, fotofobia e rigidez da nuca. Podem coexistir outras síndromes enterovirais, particularmente pleurodinia ou pericardite resultante de coxsackievírus. Erupção cutânea pode ser uma manifestação de infecções causadas por ecovírus, particularmenteecovírus tipo 9, coxsackievírus A9 e A16, e enterovírus 71; os três últimos causam a doença de mão-pé- boca, que pode ocorrer isoladamente ou acompanhar meningite asséptica. Anormalidades neurológicas que afetam o cérebro são observadas raramente, porque esses casos seriam definidos como encefalite ou meningoencefalite em vez de meningite enteroviral. Em indivíduos agamaglobulinêmicos nos quais se desenvolve infecção enteroviral do SNC, a meningite pode evoluir para meningoencefalite crônica com múltiplas características neurológicas, incluindo cefaleia, convulsões, ataxia, fraqueza, perda auditiva, obnubilação e coma. A evolução clínica da meningite enteroviral é benigna, mesmo na minoria dos pacientes nos quais o início é agudo ou mesmo fulminante. Os sintomas costumam regredir em uma semana em crianças, mas podem continuar durante várias semanas nos adultos. Meningite por Vírus do Herpes Simples Tipo 2. A meningite asséptica é uma complicação frequente da infecção genital primária por HSV- 2 (Capítulo 382); até 36% das mulheres e 13% dos homens têm cefaleia (desenvolvendo-se ao longo de dois a três dias), rigidez da nuca e fotofobia. Características clínicas de meningite ocorrem de três a 12 dias após o aparecimento das lesões genitais e normalmente duram de quatro a sete dias. Complicações neurológicas ocorrem em até 37% dos pacientes, e incluem disestesia ou parestesia no períneo ou região sacra, retenção urinária e constipação; eventualmente, ocorre evidência de mielite transversa com fraqueza motora nos membros inferiores, hiporreflexia e paraparesia. Episódios recorrentes de meningite por HSV-2 podem ocorrer a intervalos de meses ou anos em 20% dos pacientes. Na meningite recorrente por HSV- 2, pode ocorrer febre, mas não é tão proeminente quanto na meningite bacteriana ou enteroviral aguda. Lesões vesiculares recorrentes, parestesias ou disestesias em áreas de herpes genital prévio podem ou não preceder recorrências individuais de meningite. Nos casos em que há recorrência, os achados no LCR e as manifestações clínicas retornam ao normal. Em pacientes que tiveram complicações neurológicas com um primeiro episódio de meningite HSV-2, os achados costumam regredir em até seis meses. Meningite por Caxumba. Doença sintomática do SNC, principalmente meningite ou meningoencefalite, ocorre em 1% a 10% dos pacientes com parotidite por caxumba (Capítulo 377). Mas ocorre pleocitose em mais de 50% dos pacientes com caxumba, a maioria dos quais não apresenta sintomas do SNC. Quando ocorre meningite em pacientes com caxumba, ela normalmente aparece em quatro a 10 dias após a parotidite, mas pode precedê-la em até uma semana. As características típicas da meningite viral (cefaleia, febre, vômitos) estão, cada uma delas, presentes em 50% a 100% dos pacientes. É frequente rigidez da nuca (de 40% a 90%) e pode haver dor abdominal (talvez como 15 Khilver Doanne Sousa Soares complicação de pancreatite ou ooforite) ou orquite (em ≤20% dos homens com caxumba). Outras complicações da caxumba podem afetar o sistema nervoso (lesão do VIII nervo, paralisia transitória do nervo facial e, raramente, paralisia do V nervo), porém, geralmente independem da meningite ou da meningoencefalite da caxumba. O período de incubação da caxumba é de 18 a 21 dias. Quando ocorre meningite da caxumba na ausência de parotidite clínica, é difícil distingui- la de outras formas de meningite viral. Quando a meningite complica a caxumba, a febre, que tinha sido de baixo grau, eleva-se a 39,5º C ou mais e persiste nesse nível por três ou quatro dias. A maioria dos casos não é complicada, sendo a duração da doença de aproximadamente 10 dias, com recuperação completa. Entretanto, meningite sintomática de caxumba pode persistir durante mais de 14 dias em alguns pacientes. Meningite pelo Vírus da Coriomeningite Linfocitária. Infecções pelo vírus da coriomeningite linfocítica são infrequentes, com a enfermidade clínica ocorrendo após um período de incubação de uma a três semanas. A doença começa com uma síndrome semelhante à gripe, com febre, calafrios, mal-estar, mialgia, anorexia e fotofobia. Dor de garganta e artralgia ou artrite dos dedos são notadas por alguns pacientes. Orquite ou parotidite ocorrem raramente. Essa doença semelhante à gripe dura de uma a três semanas em seres humanos, porém, 15% dos pacientes têm uma enfermidade bifásica que consiste em melhora transitória e depois recrudescência, de um a dois dias mais tarde, com febre, fotofobia e cefaleia mais proeminente. Sinais meníngeos são observados durante a segunda fase. A duração da meningite causada pelo vírus da coriomeningite linfocítica, como a da meningite da caxumba, tende a ser mais longa que os sete a 10 dias de meningite enteroviral. Meningite pelo Vírus da Imunodeficiência Humana. A infecção inicial por HIV-1 é sintomática em 40% a 90% dos pacientes, mas frequentemente é desconsiderada. O intervalo entre a exposição e o início dos sintomas é de dois a quatro semanas. Essa enfermidade aguda assemelha-se à mononucleose, com febre, mal- estar, linfadenopatia, artralgia, mialgia, anorexia, náusea, cefaleia e erupção morbiliforme. Alguns pacientes com esta síndrome inicial têm manifestações de meningite asséptica (cefaleia, fotofobia, náusea, vômitos e rigidez de nuca). Ocasionalmente, desenvolvem-se encefalopatia ou paralisias de nervos cranianos (VII, VIII e V). Os sintomas da síndrome meningítica asséptica por HIV-1 inicial duram várias semanas e então regridem. Ocasionalmente, manifestações semelhantes àquelas da infecção inicial podem aparecer mais tarde na evolução da infecção não tratada. Diagnóstico Exame do Líquido Cefalorraquidiano. Os resultados do LCR em todos os tipos de meningite viral são semelhantes e consistem em: pleocitose predominantemente linfocítica, normalmente de 50 a 1000/mm3, mas, ocasionalmente, até vários milhares por milímetro cúbico; concentração normal de glicose; e nível de proteínas ligeiramente elevado, em geral, menos de 150 mg/dL. Durante as primeiras 24 a 48 horas de meningite enteroviral, é observada predominância de neutrófilos (de 55% a ≤90%) em aproximadamente 50% dos pacientes; subsequentemente, as principais células no LCR passam a ser os linfócitos. Ocasionalmente, não ocorre pleocitose em pacientes com diagnóstico de meningite enteroviral inicial feito por cultura ou PCR. Raramente, ocorre hipoglicorraquia em pacientes com meningite resultante de caxumba ou coriomeningite linfocítica ou em lactentes com enterovírus. Reação em Cadeia por Polimerase versus Detecção por Cultura ou Pesquisa de Anticorpo. O desenvolvimento recente da PCR de transcrição reversa para enterovírus pode reduzir o tempo de detecção a tão pouco quanto cinco horas, encurtando, desse modo, o tempo das 16 Khilver Doanne Sousa Soares hospitalizações e minimizando o uso desnecessário de agentes antimicrobianos. Sua sensibilidade no LCR é de 85% a 100%, com especificidade de 90% a 100%, dependendo do laboratório. É um teste disponível em contextos de pesquisa, grandes hospitais e laboratórios comerciais. Em comparação, a cultura de enterovírus a partir do LCR tem sensibilidade de apenas 65 a 75% e leva quatro a oito dias. HSV-2 pode ser cultivado a partir do LCR em aproximadamente 75% dos pacientes com meningite asséptica durante episódio inicial de infecção por HSV-2 genital, mas ele raramente é isolado do LCR durante meningite associada a herpes genital recorrente. A PCR para DNA de HSV-2 normalmente é positiva no LCR de pacientes com episódios iniciais de meningite e é positiva em aproximadamente 80% dos pacientes com meningite linfocitária recorrente benigna causada pelo vírus da coriomeningite linfocítica. O diagnóstico pode ser feito retrospectivamente pela demonstração de soroconversão em anticorpo para antígeno gG-2 na meningite por HSV-2. Um aumentode quatro vezes no título de caxumba ou vírus da coriomeningite linfocítica entre soros agudos e convalescentes tem também valor diagnóstico. Sorodiagnóstico não é exequível para meningite enteroviral esporádica em virtude da especificidade dos anticorpos aos sorotipos individuais. As meninges e as raízes nervosas por elas envolvidas podem ser acometidas por um processo irritativo, causado principalmente por infecção (meningite), ou hemorragia (meníngea ou subaracnóidea [HSA]), que se exterioriza por uma síndrome clínica cujos componentes dominantes dependem da causa do processo. Na hemorragia meníngea, o quadro instala- se sempre de modo súbito e inesperado, enquanto na meningite os sintomas aparecem rapidamente, como nas meningites purulentas, ou mais gradativamente, como é o caso das meningites não purulentas. Suas principais características semiológicas podem ser agrupadas em três outras síndromes: a) Síndrome de hipertensão craniana: A síndrome de hipertensão intracraniana constitui-se do conjunto de sinais e sintomas decorrentes da quebra da relação volume/pressão intracraniana. A cavidade intracraniana é preenchida por sangue, parênquima cerebral e líquor (LCR). A perfeita harmonia desses três conteúdos determina a existência da pressão intracraniana normal, a qual varia de 50 a 200mm de H2O ou até 15mmHg (sendo tolerável até 20mmHg). O aumento lento do conteúdo intracraniano permite o deslocamento gradual e progressivo de grande quantidade de líquido para seu interior. No entanto, o rápido aumento do volume acarreta o desequilíbrio precoce da relação volume/pressão intracraniana - pela inadequada utilização de mecanismos compensatórios - acarretando, por conseguinte, aumento da PIC com volumes bem menores em relação aos acréscimos lentos; b) Síndrome radicular, constituída de hiperestesia sensitiva e sensorial, fotofobia, cefaleia, raquialgia, postura antálgica, habitualmente em decúbito lateral e com os membros inferiores semifletidos, rigidez da nuca, positividade das provas de Kernig, Brudzinski e Lasègue; c) Síndrome infecciosa (quando estiver presente a meningite), que inclui febre, prostração, astenia, anorexia e taquicardia. 17 Khilver Doanne Sousa Soares Isolamento respiratório para gotículas > 5u: 1. Quarto privativo ou coorte de pacientes com o mesmo agente etiológico. Distância mínima entre dois pacientes > 1 metro. A porta pode permanecer aberta; 2. Máscara se houver aproximação ao paciente, numa distância < um metro. São recomendadas para todas as vezes que os profissionais, visitantes e acompanhantes entrarem no quarto; 3. Transporte dos pacientes deve ser limitado ao mínimo indispensável. Quando for necessário, o paciente deve usar máscara. REFERÊNCIAS GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Goldman Cecil Medicina. 24. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________
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