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IC DESCOMPENSADA LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE INTRODUÇÃO À Introdução DEFINIÇÃO: Na insuficiência cardíaca ocorre deficiência do sistema cardiovascular em suprir necessidades metabólicas dos tecidos, mesmo com pressões de enchimento normais ou altas Insuficiência cardíaca aguda (ICA): síndrome clínica de IC com instalação aguda em pacientes sem história de IC Secundária a eventos clínicos variados e, geralmente, agudos Insuficiência cardíaca crônica descompensada (ICCD): síndrome clínica na qual uma alteração estrutural ou funcional do coração leva à incapacidade de expelir e/ou acomodar sangue dentro de valores fisiológicos de pressão causando limitação funcional e necessitando intervenção terapêutica imediata Instalação insidiosa ou abrupta Pacientes com diagnóstico prévio de IC As causas de descompensação são múltiplas Epidemiologia IC é uma das principais causas de hospitalização para pessoas com 65 anos ou mais no Brasil O tempo médio de hospitalizações por IC no SUS é de 7,6 dias Etiologia e fisiopatologia Tanto a ICA quanto a ICCD são resultantes de um desequilíbrio hemodinâmico originado por: Disfunções diastólicas e/ou sistólicas Alterações nas pressões de enchimento das câmaras cardíacas (pré-carga e pós-carga) e do ritmo cardíaco A insuficiência cardíaca é a via final comum de várias doenças, como: Doença isquêmica (35%) Hipertensão (20%) Doença valvar (12%) Miocardiopatias (15%) Doença pericárdica Congênitos PRINCIPAIS CAUSAS DE ICA Síndrome coronariana aguda Ruptura de cordoalha tendínea da valva mitral Emergências hipertensivas Miocardites PRINCIPAIS CAUSAS DE ICCD Má aderência ao tratamento de IC Infecções Arritmias (Flutter e fibrilação atrial, principalmente) Ingesta de água e sódio elevadas Valvopatias de instalação aguda ► Na ICA, geralmente ocorre congestão pulmonar, sem congestão sistêmica e volemia normal ► Na ICCD ocorre congestão pulmonar e sistêmica com aumento da volemia decorrente da ativação de eixos neuro- hormonais específicos IC descompensada 1- Retenção hidrossalina 2- Ativação neuroendócrina e pró-inflamatória 3- Redução da capacidade aeróbica e da sobrevida IC DESCOMPENSADA LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE Diagnóstico CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE FRAMINGHAM - ICC: Define IC na presença de 2 sinais maiores ou 1 sinal maior e 2 menores Sinais maiores: DPN ou ortopnéia Ingurgitamento jugular Estertores finos nas bases Cardiomegalia Edema agudo de pulmão (EAP) B3 Refluxo hepato-jugular (RHJ) Perda de 4,5Kg em 5 dias, em resposta ao tratamento Sinais menores: Dispneia aos esforços Tosse noturna Edema de MMII Hepatomegalia Derrame pleural FC > 120 bpm Diminuição da capacidade vital (menor que 1/3 da registrada) IC descompensada Apresentações tanto da ICA quanto da ICCD: Edema Pulmonar IC com baixo débito Choque cardiogênico IC DE NOVO -> 25% Infarto do miocárdio Arritmias Destruição valvar Miocardite Crise hipertensiva Cirurgia cardíaca IC CRÔNICA DESCOMPENSADA -> 75% Má aderência Infecção Isquemia coronária Tromboembolismo Arritmias Anemia PRINCIPAIS CAUSAS DE DESCOMPENSAÇÃO DA IC: 1. Não aderência 2. Isquemia 3. Tratamento inadequado 4. Arritmia 5. HAS não controlada 6. Não definidas (outros) Etapas na avaliação PERFIL CLÍNICO-HEMODINÂMICO: A = quente e seco B = quente e úmido (mais comum) C = frio e úmido L = frio e seco CONGESTÃO - + + A B - L C PERFUSÃO Quadro clínico O quadro clínico da descompensação de IC é definido por sinais e sintomas de CONGESTÃO ou MÁ PERFUSÃO CONGESTÃO Ortopneia e dispneia paroxística noturna Distensão da veia jugular Hepatomegalia Edema Estertores B3 (galope) MÁ PERFUSÃO Extremidades frias Hipotensão Pressão de pulso reduzida Sonolência/obnubilado Piora da função renal Baixo débito cardíaco Elevada resistência vascular sistêmica Elevadas pressões de enchimento ventriculares 4- Modelo Cíinico-Hemodinâmico 3- Tipo de disfunção 2- Tempo de evolução 1- Apresentação clínica IC DESCOMPENSADA LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE Exame físico ECTOSCOPIA: Temperatura (colocar a mão no paciente) Cianose Taquicardia Baixa oxigenação periférica Aumento do tempo de enchimento capilar (> 2s) Edema de membros inferiores Alterações do nível de consciência APARELHO RESPIRATÓRIO: Estertores crepitantes (congestão pulmonar, que podem se estender das bases aos ápices pulmonares). APARELHO CARDIOVASCULAR: PA: muitas vezes baixa -> atenção para choque cardiogênico Extremidades frias Sopros sistólicos, em geral regurgitativos (insuficiência mitral e tricúspide) B3 em galope Pulsos finos Ritmo cardíaco regular ou irregular APARELHO GASTROINTESTINAL: Aumento do volume abdominal Macicez móvel ou sinal do piparote positivo (depende do nível de ascite) Dor à palpação do hipocôndrio direito Refluxo hepatojugular Exames p/ solicitar na admissão Troponina, BNP (peptídeo natriurético) ou pro-BNP Marcadores de necrose miocárdica e descompensação cardíaca Hemograma Avalia infecções e anemia Eletrólitos (Na, K, Mg) Avaliar distúrbios eletrolíticos que podem estar associados Transaminases Excluir outras possíveis lesões Ureia e creatinina Avalia má perfusão dos rins Gasometria e lactato Avaliam presença de acidose metabólica ECG Avalia sobrecarga e IAM Raio X de tórax Avalia a área cardíaca (se há congestão) Avaliar presença de edema agudo de pulmão Ecocardiograma Exame que faz diagnóstico de IC Oferece se FE está reduzida ou preservada SECREÇÃO DE BNP: Quanto maior o BNP, mais o ventrículo está distendido, pois ele secreta BNP naturalmente no seu processo de distensão ► BNP < 100 pg por ml = afasta ICC ► BNP > 500 pg por ml = confirma ICC Tratamento O tratamento da IC descompensada é baseado no perfil clínico-hemodinâmico do paciente: A) PACIENTE QUENTE E SECO Sem sinais e sintomas de congestão Sem sinais e sintomas de má perfusão ► Realizar segmento ambulatorial B) PACIENTE QUENTE E ÚMIDO Com sinais e sintomas de congestão Sem sinais e sintomas de má perfusão ► Se o paciente apresentar não apresentar hipotensão, diurético (furosemida EV) + hidroclorotiazida em casos refratários ► Se o paciente apresentar hipotensão, nitroprussiato de sódio e nitroglicerina C) PACIENTE FRIO E ÚMIDO Com sinais e sintomas de congestão Com sinais e sintomas de má perfusão ► Abordagem inicial é a introdução de diuréticos ► Iniciar dobutamina (inotrópico) se o quadro se mantém ► Se PAs < 85mmHg, realizar noradrenalina (vasopressor) e, após, dobutamina e suspender IECA, BRA e BB ► Se PAs entre 85mmHg e 110mmHg, fornecer vasodilatador L) PACIENTE FRIO E SECO Sem sintomas de congestão Com sintomas de baixo débito cardíaco ► Garantir oxigenação e ventilação adequada ► Não suspender medicações rotineiras ► Ajuste da dose do betabloqueador, ou suspensão do mesmo, caso haja instabilidade hemodinâmica grave ► Se PAs < 85mmHg, suspender IECA, BRA e BB IC DESCOMPENSADA LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE RESUMINHO A = quente e seco Segmento ambulatorial B = quente e úmido (mais comum no PS) Furosemida EV + IECA Nitroprussiato ou nitroglicerina Betabloqueador C = frio e úmido Furosemida Noradrenalina + Dobutamina Diuréticos IECA/BRA L = frio e seco (mais raro) Fornecer volume (solução de cristaloides) Suspender IECA, BRA e betabloqueadorOBS.: Betabloqueador não recomendado em paciente perfil L ou paciente perfil C Suspender IECA ou BRA nos pacientes perfil C com PAs <85mmHg ou perfil L SUPORTE RESPIRATÓRIO: O alvo é a saturação alcançar 90% com baixa FR Podemos utilizar: Cateter nasal O2 ou máscara O2 Ventilação não invasiva (CPAP ou BIPAP) IOT + VM, em casos de pacientes rebaixados, chocados, sem melhora com medidas acima TERAPIA FARMACOLÓGICA: DIURETICOTERAPIA = Furosemida 3xd Meta diurese: 100-150m ml/h Associar furosemida + hidroclorotiazida em casos refratários Diálise para hipervolemia refratária VASODILATADORES = IECA, BRA, nitroglicerina, nitroprussiato Indicados nos pacientes quente-congesto (B), na ausência de hipotensão ou choque cardiogênico e hipovolemia Principalmente nos pacientes com PAS > 110 mmHg Também indicados em situações de congestão pulmonar e sistêmica INOTRÓPICOS E VASOCONSTRICTORES = Dobutamina e Noradrenalina Pacientes com hipotensão arterial sintomática, baixo débito cardíaco com disfunção orgânica ou no choque cardiogênico Principalmente pacientes com PAS < 90 mmHg e sinais de má perfusão TRATAMENTO EDEMA AGUDO DE PULMÃO: MOV (monitor, oxigênio, veia) + ECG Decúbito elevado Oxigênio (máscara/ CPAP/ BIPAP) Redução de Pré Carga (Diurético, Morfina, Nitroglicerina, Nitroprussiato) Redução de Pós Carga (Nitroglicerina, Nitroprussiato) ► No edema agudo de pulmão, encontramos crepitações em bases e alteração no raio x Pior prognóstico FATORES DE PIOR PROGNÓSTICO NA IC DESCOMPENSADA Idade (acima de 65 anos) Hiponatremia (sódio <130meq/L) Alteração da função renal Anemia (hemoglobina <11g/dL) Sinais de hipoperfusão periférica Caquexia Bloqueio completo de ramo esquerdo Fibrilação atrial Padrão restritivo ao Doppler Elevação persistente de peptídeos natriuréticos apesar do tratamento Congestão persistente Terceira bulha persistente Taquicardia ventricular sustentada ou fibrilação ventricular Internação CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR: Imediata Edema pulmonar ou desconforto respiratório na posição sentada Saturação de oxigênio <90% Frequência cardíaca >120 bpm na ausência de fibrilação atrial crônica Pressão arterial sistólica <75mmHg Alteração mental atribuída à hipoperfusão Descompensação na presença de síndromes coronarianas agudas Urgência: Distensão hepática grave, ascite volumosa ou anasarca Descompensação na presença de condições não cardíacas agudamente descompensadas, como doença pulmonar ou disfunção renal Instalação rápida e progressiva de sintomas de IC IC DESCOMPENSADA LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE IC DESCOMPENSADA LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE CASO CLÍNICO 1 Paciente portador de HAS, ICC (FE = 40%) CF II, faz uso de captopril 75 mg/d, Lasix 40 mg/d. Refere ter parado as medicações há 3d. Após almoço na churrascaria, da entrada a noite com dispneia importante. EXAME FÍSICO: - PA 200/140 mmHg - FC 110 bpm - Tempo enchimento capilar < 3 seg - MV + com creptos até ápice pulmonar HD: ICC AGUDA EDEMA AGUDO DE PULMÃO Qual o perfil hemodinâmico do paciente? R: paciente perfil B (quente e úmido) Qual o tratamento? R: 1- Manter o paciente em decúbito elevado 2- Reduzir a pré-carga -> vasodilatador 3- Diminuir o retorno venoso 4- Reduzir a pós-carga 5- Favorecimento da musculatura respiratória CASO CLÍNICO 2 Paciente de 60 anos com ICC (FE 40%) CF II, faz uso de: carvedilol 25 mg/d, CPT 150 mg/d, Lasix 80 mg/d. Paciente apresenta intoxicação alimentar com diarreia e vômitos. EXAME FÍSICO: - Desidratado 2+/4 - PA 80/40 mmHg - FC 120 bpm - MV+ sem creptos - Ausência de estase jugular HD: ICC DESCOMPENSADA, GASTROENTEROCOLITE AGUDA e DESIDRATAÇÃO Qual o perfil hemodinâmico do paciente? R: paciente perfil L (frio e seco) Qual o tratamento? R: Reposição volêmica -> prioridade inicial CASO CLÍNICO 3 Paciente com 70 anos, ICC (FE 30%) CF III, usuário de: CVD 50 mg/d, CPT 150 mg/d, aldactone 25 mg/d, digoxina 0,25 mg/d, furosemida 80 mg/d. Da entrada com cansaço importante e oligúria há 2 dias. EXAME FÍSICO: - PA 75/40 mmHg - FC 110 bpm - FR 34 - Sat 78% aa - Tempo de enchimento capilar > 3 seg - Extremidades frias - Neurológico: paciente rebaixado, glasgow 13 - MV + com crepto 2/3 inferior - Abdome com ascite moderada - Edema 2+/4+ em MMII - Estase jugular HD: ICC DESCOMPENSADA -> CHOQUE CARDIOGÊNICO Qual o perfil hemodinâmico do paciente? R: paciente perfil C (frio e úmido) Qual o tratamento? R: 1- Suporte ventilatório (IOT + VM) 2- Vasopressor: noradrenalina 3- Inotrópico +: dobutamina 4- Internação em UTI IC DESCOMPENSADA LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE QUESTÃO 1 RESPOSTA: letra B QUESTÃO 2 RESPOSTA: letra D QUESTÃO 2 RESPOSTA: letra D QUESTÃO 4 RESPOSTA: letra C
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