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Cariologia A cárie não tratada em dentes permanentes é a condição de saúde bucal mais prevalente da atualidade, afetando 35% da população global ou 2,4 bilhões de pessoas em todo o mundo A cárie é um diagnóstico difícil, pois existem várias manchas que podem ser confundidas com cárie Cárie secundária: quando faz a restauração do dente cariado e a cárie volta depois de um tempo nesse mesmo dente, acontece na interface dente-restauração É uma doença dinâmica, multifatorial e mediada por biofilme, que resulta em processos de desmineralização e remineralização, culminando com o sinal clínico – lesão cariosa As bactérias da cárie deixam o dente mole por conta do ácido que elas secretam Biofilme dental: É um aglomerado de microrganismos embebidos em uma matriz É encontrado firmemente aderido aos dentes e outras estruturas bucais sólidas (próteses, aparelhos, restaurações, implantes, etc) Sinônimo de biofilme: placa bacteriana Produz ácido e desmineraliza o dente Placa bacteriana: não enxergamos a olho nu, por isso não é um sinônimo de cárie Fatores determinantes primários: Fundamentais para o desenvolvimento da doença A cárie é uma doença multifatorial, ou seja, só ocorre se eu tiver os 4 fatores primários ocorrendo ao mesmo tempo. São eles: Microrganismos – se eu tirar os microrganismos, não vou ter cárie (tira através da higienização) Dieta – qualquer carboidrato fermentado pode dar cárie Dente – se não tem dente, não tem cárie Tempo Fatores determinantes secundários: Influenciam na progressão da doença. São eles: Saliva – quantidade e ph influenciam Flúor Higiene Saliva: cada pessoa tem uma composição de saliva A pessoa que tem bastante saliva, tem menos chance de ter cárie, pois a saliva está o tempo toda agindo na nossa boca, tirando o microrganismo da superfície e engolindo o carboidrato Uma pessoa com a boca seca tem mais chances de ter cárie Sempre na saliva tem cálcio e fosfato, todo mundo tem, quem tem uma quantidade maior o processo de remineralização pela saliva é melhor Capacidade tampão – evita de produzir muito ácido, mucina, bifosfato Promove limpeza mecânica Alterações das glândulas salivares: Fisiológicas: conforme vamos envelhecendo, a glândula vai se cansando Induzidas: medicações, radioterapia, síndrome de Sjogren, diabetes mellítus Flúor: o flúor importante é aquele presente constantemente na cavidade bucal, interferindo com o processo de cárie e agindo de forma direta nos fenômenos de desmineralização e remineralização Fatores confundidores: Nem sempre influenciam da mesma forma em todas as sociedades Escolaridade Conhecimento Classe social Comportamento São os fatores sociais, por exemplo, populações com menos instruções e menos condições ou filhos de pessoas ricas que ficam o dia inteiro com babas ou em escolas Microrganismos Todo mundo tem bactéria na boca, mesmo escovando os dentes A boca sempre vai ter bactérias Teoria da placa ecológica de Marsh: simbiose e disbiose Simbiose: microrganismos pouco acidogênicos e não acidúricos - menos açúcar Ex: streptoccocus salivarius e oralis Disbiose: microrganismos acidogênicos e acidúricos – mais açúcar Streptoccocus mutans e lactobacillus A pessoa que não tem cárie é porque a bactéria está em simbiose – não está fazendo mal – controla pela escovação, pela saliva, pela alimentação Principais microrganismos cariogênicos: Streptococcus mutans: são coccus, bolinhas São altamente acidogênicos (produtores de ácidos) Altamente acidúricos (vivem bem em ambiente ácido) Alto poder de aderência á película adquirida (biofilme) Película adquirida: primeiro estágio do biofilme, quando só tem proteína no dente, quando tem bactéria vira biofilme Lactobacilos: são invasores secundários Estão presentes em lesões de cárie que já possuem cavitações Baixa aderência a película adquirida ou biofilme Substrato: Qualquer carboidrato fermentado causa cárie Frutas: maça, pêssego, abacate, melancia, pera, nectarina, manga, etc. Lacticínios: leite de vaca, de cabra e ovelha, iogurtes, queijo fresco, ricota, cream cheese, etc. Vegetais: aspargo, alcachofra, cebola, alho, brócolis, beterraba, couve de Bruxelas, repolho, alho poró, quiabo, ervilha Grãos: feijão, grão de bico, lentilha Cereais: centeio e trigo Doce é altamente cariogênico!! Retentividade: coisa que gruda da mais cárie Frequência: ficar comendo doce o dia inteiro Quantidade: comer muito doce Momento: não escovar os dentes Dentes: Áreas de maior suscebilidade a cárie: Sulcos oclusais Abaixo do ponto de contato – pois o fio dental não entra ali Abaixo da bossa Fluoretos: Elemento mais eletronegativo da tabela periódica Se liga em qualquer coisa Usamos fluoreto de sódio na odontologia Mecanismo de ação do flúor na cárie: O flúor é uma camada que se forma sobre o dente Nosso dente é formado por cálcio e fosfato organizado em cristais de hidroxiapatita Hidroxiapatita: quando o dente tem hidroxiapatita, qualquer bebida ácida com pH menor que 5,5 vai dissolver o mineral do dente (ácido não dissolve o orgânico do dente) ex: água com gás (pH 5) Fluorapatita: é mais forte, qualquer bebida ácida com pH menor que 4,5 irá dissolver o dente. Ex: coca cola (pH 2) Pega sais de cálcio e fosfato que estão na saliva (que são do próprio dente que foi dissolvido), formam um cristal (chamado de fluorapatita) e voltam para o dente O dente fica mais forte quando é formado uma camada de fluorapatita na superfície dele, pois a fluorapatita é mais forte que a hidroxiapatita Além de reduzir o pH crítico para dissolução, também cria uma camada de proteção para o dente Importante para combater os ácidos da cárie Excesso de flúor faz mal, causando fluorose Crianças podem ter manchas de flúor, por comer pasta de dente Resumo: são dois mecanismos de ação do flúor na cárie, o primeiro é salvar os íons de cálcio e fosfato que seriam perdidos e levar eles de volta para o dente na forma de cristal fluorapatita, o segundo é na proteção, essa fluorapatita é mais ácido resistente que a hidroxiapatita, então o paciente consegue ter desafios ácidos mais ácidos sem perder o dente Higiene: A higiene é muito importante para a prevenção da cárie pelo fato da remoção de resíduos alimentares e microrganismos Progressão das lesões de cárie: Quando se junta os quatro fatores (microrganismos, dente, tempo e carboidratos) ao mesmo tempo começa a produzir um ácido, que é a cárie A desmineralização é o primeiro sinal de cárie Quando há manchas brancas já é o começo de uma cárie (mancha branca só dá em esmalte nunca em dentina) A partir do momento que a lesão está em dentina já conseguimos diagnosticar Presença de lesão é igual a presença de doença A pessoa pode não ter a lesão cariosa, mas tem a doença (pois tem os 4 fatores ativos) Tipo de substrato: Esmalte está organizado em forma de prisma Esmalte: 88% mineral, 2% orgânico e 10% água (quando joga ácido no esmalte ele tem muito mineral para queimar) Dentina: 50% mineral, 25% orgânico e 25% água Lesões de mancha branca em esmalte: A mancha branca é o esmalte poroso Quando a mancha é pequena/superficial temos que secar a saliva que está em cima para enxergar, se a mancha é grande conseguimos ver ela molhada Pode ter uma lesão de mancha branca ativa e inativa: Ativa: quando conseguimos ver com facilidade (os 4 fatores estão trabalhando juntos). Quando a mancha é OPACA Inativa: quando os quatro fatores param de trabalhar juntas e fica apenas uma “cicatriz”. É uma mancha BRILHANTE Nunca se deve sondar mancha branca A camada superficial é mais forte, pois é rica em flúor que faz a proteção Tratamento mancha branca: faceta, microabrasão e infiltração resinosa Cárie em dentina: A cárie em dentina é a necrose por liquefação da dentina Invasão bacteriana É necessário adotar métodos restauradores Não tem como diagnosticar cárie sem saber as três classificações de carie 3 tipos de cárie em dentina: Dentina amolecida: bem mole; explorador penetra facilmente e afasta a dentina; sem resistência a remoção do explorador e a escavação com curetas Dentina firme: meio termo; apresenta resistência a penetração do explorador e a remoção dele, e precisa de uma certa força para escavação com curetas Dentina dura: dureza similar à dentina sadia, “grito” da dentina quando se passa a sonda; é a dentina saudável Lesões de cárie oculta: Não conseguimos ver a cárie Síndrome do flúor Enquanto não estamos vendo os 4 fatores estão trabalhando juntos São sempre decorrente de lesões oclusais Cárie oculta é apenas na oclusal Mínima abertura superficial ao meio externo Opacidade no esmalte junto a um sulco escurecido – ponto preto e uma mancha branca em volta Diagnóstico definitivo - radiografia CÁRIE ATIVA (aguda) CÁRIE INATIVA (crônica) Evolução rápida Evolução lenta/lesão estacionada Consistência amolecida Consistência dura Coloração amarelada Coloração castanho- escuro Chance comprometimento pulpar Chance comprometimento pulpar Superfície sem brilho Superfície com brilho Lesões de mancha branca em esmalte: Quando não estamos enxergando a mancha é porque tem saliva em cima, para ver é só limpar com água Como fazemos o diagnostico diferencial? Conversando com o paciente FOTO 1: fluorose FOTO2: fluorose leve FOTO 3: mancha branca FOTO 4: fluorose severa FOTO 5 e 6: cárie Sulcos escurecidos: Cárie crônica ou deposição de pigmentos? FOTO 1: sulco escurecido FOTO 2: sulco escurecido FOTO 3: cárie oculta e ativa FOTO 4: cárie na parte mais escura FOTO 5: cárie oculta ativa Só vamos mexer no dente se tiver cavitação (buraco) Cárie em cemento: Paciente normalmente já tem recessão gengival, onde é favorável para asa bactérias fazerem seu “ninho” Destruição acelerada comparada com a cárie inicial em esmalte Muito comum em idoso, pois eles tem bastante recessão gengival Lesões de cárie secundaria: Paciente tem cárie primaria, é feito restauração, mas a restauração não deu certo e apareceu outra cárie Ocorre só por falhas na interface adesiva Profissional tratou apenas a lesão de cárie e não a doença cárie Progressão da lesão de cárie em dentina: Não é um processo puramente químico, mas bioquímico Metaloproteinases e cisteíno-catepsinas: São enzimas proteolíticas presentes na saliva, na polpa, odontoblastos, pré-dentina e no fluído dentinário Elas ficam inativas no hospedeiro, mas uma queda no pH ativa essas enzimas Enquanto o pH do meio for ácido, elas não agem. Quando o pH retorna a neutralidade, elas passam a degradar o colágeno exposto
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