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ÉDRIA PIMENTEL 1 OSTEOPOROSE A osteoporose é uma doença esquelética crônica caracterizada pela baixa massa óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, Causa alto risco de fraturas e perda da qualidade de vida. A suspeita pode ser feita baseado na ocorrência de fraturas frequentes. No estado pré-clínico, a OP é caracterizada, simplesmente, pela baixa massa óssea sem fraturas, e, geralmente, é assintomática, não levando o paciente ao médico, retardando o diagnóstico. O aumento da morbidade e da mortalidade pela OP está associado a custos econômicos significativos relacionados com a hospitalização, cuidados ambulatoriais, já que é uma doença tratável. Diversos fatores de risco são conhecidos e possibilitam fazer prevenção da OP desde a infância. Com os medicamentos disponíveis já é possível tratar o paciente, removendo da faixa de risco de fratura. O desafio está em alertar a população quanto ao risco da instalação da OP, na conscientização dos profissionais da saúde, especialmente os médicos, a suspeitarem do diagnóstico, submeterem os pacientes ao rastreamento da doença e convencerem esses pacientes, a um tratamento. A osteoporose é uma das doenças osteometabólicas mais comuns em países desenvolvidos, enquanto a osteomalacia pode ser mais prevalente nos países em desenvolvimento, nos quais a nutrição é deficiente em cálcio e vitamina D. Osteoporose é um distúrbio esquelético crônico e progressivo, de origem multifatorial, que acomete principalmente pessoas idosas, tanto homens quanto mulheres, geralmente após a menopausa. Caracteriza-se por resistência óssea comprometida, predispondo ao aumento do risco de fratura, à dor, à deformidade e à incapacidade física. A resistência óssea reflete a integração entre densidade e qualidade óssea, que, por sua vez é determinada por vários fatores: microarquitetura trabecular interna, taxa de remodelamento ósseo, macroarquitetura, acúmulo de microdanos, grau de mineralização e qualidade da matriz. É comum conceituar OP como sendo sempre o resultado de perda óssea. Entretanto, uma pessoa que não alcançou seu pico máximo durante a infância e a adolescência, por desnutrição, doenças disabsortivas ou anorexia nervosa, por exemplo, pode desenvolver OP sem ocorrência da perda óssea acelerada. A OP é classificada como primária, subdividida em tipos I e II, ou secundária PRIMÁRIA TIPO I Predominantemente em mulheres, Associada à menopausa Perda acelerada do osso trabecular Fraturas vertebrais comuns PRIMÁRIA TIPO II Ocorre tanto em mulheres quanto em homens idosos Compromete os ossos corticaletrabecular Ocorrência de fraturas vertebrais e de fêmur SECUNDÁRIA Endocrinopatias (tireotoxicose, hiperparatireoidismoe hipogonadismo) Fármacos (glicocorticoides, antiácidos contendo alumínio, anticonvulsivantes) Doenças genéticas (osteogenesis imperfecta) Artritereumatoide Doenças gastrintestinais Transplante de órgãos Imobilização prolongada Mieloma múltiplo ÉDRIA PIMENTEL 2 Câncer de mama Anemias crônicas Mastocitose Tratamento prolongado com heparina FISIOPATOLOGIA O osso é uma forma rígida de tecido conjuntivo, formado por células, osteócitos, osteoblastos (Ob) e osteoclastos (Oc). Os osteócitos encontram-se embebidos em uma matriz proteica de fibras colágenas impregnadas de sais minerais, especialmente de fosfato de cálcio. A matriz apresentasse, na fase orgânica, constituída de colágeno, proteínas e glicosaminoglicanos; na fase inorgânica, encontram-se, principalmente, hidroxiapatita (fosfato de cálcio) e menores quantidades de outros minerais. Os Ob e os Oc estão no periósteo e no endósteo, formando a matriz óssea. As fibras colágenas dão elasticidade, e os minerais, resistência. Na infância, dois terços da substância óssea são formados por tecido conjuntivo. Na velhice, são os minerais que predominam. Essa transposição de conteúdo leva a menor flexibilidade e aumenta a fragilidade do osso. FATORES DE RISCO A detecção dos fatores de risco é de maior utilidade para os cuidados de saúde pública do que para o indivíduo isoladamente. Eles podem ser divididos em fatores de risco maiores e menores Incluindo tanto a genética quanto o estilo de vida. A ocorrência de uma fratura é um importante fator de risco para futuros episódios. Por isso, o objetivo clínico é prevenir a primeira fratura. A partir dos 35 anos de idade, o osso cortical apresenta perda de 0,3 a 0,5% por ano, tanto em homens quanto em mulheres, podendo ser 10 vezes maior na menopausa. A perda de osso trabecular anual, pela sua alta atividade metabólica, varia de 0,6 a 2,4% nas mulheres e de 0,2 a 1,2% nos homens. Ao longo da vida, as mulheres perdem 35 a 50% do osso trabecular e 25 a 30% do osso cortical, enquanto os homens perdem 15 a 45% do osso trabecular e 5 a 15% do osso cortical. A diferença sexual no esqueleto está mais relacionada com o tamanho do que com a densidade, sendo o osso masculino frequentemente maior que o feminino. Contribuindo para a maior frequência de fratura osteoporótica nas mulheres sabe-se que a diminuição da massa esquelética é primariamente causada pela queda dos hormônios gonadais dependente da idade. A queda dramática dos hormônios nas mulheres está relacionada com a redução de massa óssea, enquanto, nos homens, o decréscimo é gradual. SINAIS E SINTOMAS Geralmente, a OP é assintomática. Os pacientes tomam conhecimento da doença quando ocorre uma fratura ou o médico observa aumento da radiotransparência em exame radiológico. Os locais de maior ocorrência de fraturas de baixo impacto são vértebras, punho e região proximal do fêmur. As fraturas de punho e fêmur são facilmente diagnosticadas; entretanto, só 30% dos pacientes com fraturas vertebrais procuram atendimento médico. ÉDRIA PIMENTEL 3 Os mais jovens fraturam o punho ao tentarem diminuir o impacto da queda. Mais tardiamente ocorrem as fraturas de vértebras e, geralmente após os 70 anos, as femorais, quando, então, o indivíduo já não apresenta reflexos posturais adequados, caindo sentado. A maioria das fraturas vertebrais ocorre nas vértebras torácicas inferiores ou lombares superiores, provocadas por mínimos traumas, como ao inclinar-se para frente para pegar um objeto, levantar um peso maior, tossir, sentar-se abruptamente ou até pequenas quedas. A dor por compressão vertebral é aguda, de forte intensidade, permanecendo por 6 a 8 semanas, e é evidenciada pela digitopressão da área comprometida. Os movimentos podem piorá-la. Às vezes, irradiasse para frente, em barra, raramente em direção aos quadris e membros inferiores. DIAGNOSTICO E TRATAMENTO Não há clínica significativa para o diagnóstico da OP em suas fases iniciais, porém exame físico e anamnese completos deverão ser realizados no indivíduo sob suspeita da doença. EXAMES LABORATORIAIS A seleção de exames que se segue foi adaptada do Consenso sobre Osteoporose da Sociedade Americana de Endocrinologia: hemograma, velocidade de hemossedimentação (VHS), cálcio sérico, fósforo sérico, proteína total, albumina, enzimas hepáticas, creatinina, eletrólitos, glicemia de jejum, dosagem de cálcio na urina de 24 h. Atualmente, a dosagem de vitamina D sérica tem sido incorporada a esse arsenal diagnóstico devido à grande prevalência de deficiência na nossa população. Existindo história clínica ou achados de exame físico sugestivos de outras causas secundárias, testes laboratoriais adicionais podem ser necessários. Listamos, a seguir, alguns exames: hormônio tireoestimulante (TSH) e paratormônio (PTH) intacto sérico, cortisol urinário livre, marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo. A velocidade de formação ou degradação da matrizóssea pode ser determinada tanto pela atividade enzimática de células formadoras e reabsorvedoras, quanto pela medida dos componentes da matriz óssea liberados na circulação durante a remodelação. RADIOGRAFIAS CONVENCIONAIS A sensibilidade e a precisão das radiografias simples para determinar baixa massa óssea são fracas, e, na ausência da fratura vertebral, essa técnica não pode ser utilizada para diagnosticar a OP precocemente, só quando a perda de massa óssea atingir aproximadamente 30%. Além disso, sinais de hiperparatireoidismo, calcificações de tecido mole, osteomalacia na osteodistrofia renal e as lesões líticas dos tumores podem ser avaliados pela radiografia simples em alguns locais e ajudam na identificação da etiologia da perda óssea. QUEDAS Evento não intencional que resulta com a pessoa ao chão ou a um nível inferior = cujo resultado é a mudança de posição do indivíduo para um nível inferior em relação à sua posição inicial, sem que tenha havido um fator intrínseco determinante, como um AVC ou síncope, ou um acidente inevitável Queda é o resultado de: ❖ Doença aguda: ex.: pcte com pneumonia (tosse, mal estar, fadiga) ❖ Doença crônica: ex.: Parkinson, Alzheimer, DM (neuropatia periférica) ❖ Iatrogenia: ex.: anti-hipertensivos (leva a hipotensão) ❖ Fatores ambientais: ex.: tapetes Importância do tema para o debate: ❖ Alta incidência e reincidência ❖ Lesões ❖ Impacto físico-funcional ÉDRIA PIMENTEL 4 ❖ Custo financeiro (para indivíduo, família, governo) ❖ Possibilidade de intervenções nos fatores de risco Epidemiologia ❖ 28 -35% dos idosos caem pelo menos 1 vez/ano ❖ >50% dos ferimentos ocorridos com idosos são resultantes de quedas ❖ Custo médio do governo por lesão: US$ 3.600,00 ❖ 1/3 da população idosa cai pelo menos uma vez ao ano ❖ O idoso que caiu + de 1 vez apresenta probabilidade 3x de cair novamente >> sem abordagem adequada, há recorrência e surgimento ou agravo de consequências ❖ Aumento do risco de quedas é proporcional ao aumento da idade: 50% dos idosos acima de 80 anos caem pelo menos 1 vez/ano ❖ Em 2030 serão 7 idosos morrendo por hr em virtude de quedas ❖ infraestrutura de municípios de CONSEQUÊNCIAS: ❖ Fraturas ❖ Lesões com sequelas ❖ Internação e cuidados médicos prolongados: serviços de hospitalização e reabilitação) ❖ Perda de funcionalidade após complicações pós-operatórias ❖ Reabilitação malsucedida ❖ Dores ❖ Síndrome do medo pós-queda: síndrome ansiosa depressiva que cursa com medo de nova queda >> restrição das atividades >> atrofia muscular >> mudança de marcha e equilíbrio ❖ Óbito Impacto econômico ❖ Sobrecarga econômica do sistema de saúde ❖ Condições patológicas ❖ Efeitos adversos de medicações ou uso concomitante de medicamentos Fatores extrínsecos ❖ Perigos ambientais CUIDADOS MODIFICÁVEIS: ✓ reabilitação e exercícios podem evitar quedas ✓ Fraqueza muscular ✓ Distúrbios de equilíbrio ✓ Distúrbio de marcha ✓ Inatividade física ✓ Uso inadequado dos meios auxiliares de locomoção: orientação ✓ Má nutrição ou desnutrição: dieta ✓ Uso de álcool: suspender uso ✓ Calçado inapropriado: trocar calçado ✓ Falta de corrimão, degraus estreitos e falta de sinalização de degraus: adequação ambiental ✓ Falta de barras de apoio no banheiro ✓ Pouca iluminação ✓ Superfícies escorregadias ✓ Espaços públicos ou construções mal projetadas ✓ Condições crônicas (demência, artrite, DM, AVC): conduta médica para cura, compensação ou diminuição de sintomas que tragam riscos ✓ Doença aguda ✓ Limitação funcional ✓ Uso de várias medicações: redução do número de medicações ✓ Medo de cair: conduta médica/psicológica ✓ Viver sozinho: viabilizar moradia com família, amigos ou instituição de longa permanência ✓ Falta de apoio social: buscar família, amigos e rede pública ✓ Falta de educação: orientar a respeito dos fatores de risco NÃO MODIFICÁVEIS ✓ Idade avançada ✓ Quedas anteriores ✓ Sexo feminino ✓ Baixa renda ✓ Más condições de vida
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