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Educação e Sexualidade Unidade 2

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Prévia do material em texto

Autoria: Ravelli Henrique de Souza - Revisão técnica: Mariane Paludette
Dorneles
Educação e sexualidade
UNIDADE 2 – ETAPAS DO
DESENVOLVIMENTO
PSICOSSOCIAL DE CRIANÇAS E
ADOLESCENTES E VIOLÊNCIA
INFANTIL
crianças e adolescentes
As etapas do desenvolvimento psicossexual de crianças e adolescentes, de acordo
com a teoria psicanalítica são: oral, anal, fálica, de latência e genital, as quais serão
discutidas ao longo da sessão. Porém, é preciso entender que, de acordo com Furlani
(2011), a educação sexual deve começar a partir da infância, visto que as etapas do
desenvolvimento psicossexual para diversos educadores só são aceitáveis no Ensino
Fundamental (6º e 9º anos) com base em um entendimento raso e hegemônico sobre
a sexualidade, pautado em uma ideia de “iniciação sexual”, atrasando a educação das
crianças. Desse modo, a descoberta corporal e o desenvolvimento da sexualidade
devem ser conteúdos “[...] abordados com crianças nos anos finais da educação infantil
(4º e 5º anos) e nos primeiros anos do Ensino Fundamental (6º e 7º anos) ” (FURLANI,
2011, p. 68). É necessário lembrar que essa fase de desenvolvimento indicado pode
variar entre as crianças, já que elas se desenvolvem diferentemente, dentro de suas
subjetividades.
O desenvolvimento do corpo da criança, aliado ao desenvolvimento das capacidades
de pensar e de compreender, apresenta-nos crianças mais ativas, que querem brincar!
Esse é o momento em que as diferenças individuais se tornam mais claras e podem
ser medidas para além das questões sexuais. 
Entre os progressos dessa fase, está a função simbólica, em que percebemos que a
criança representa e reflete mentalmente acerca das pessoas, objetos e
acontecimentos. Elas também são capazes de compreender a ideia de identidade de
gênero, as relações de causa e efeito, e estão desenvolvendo competência na
habilidade de classificar e compreender o mundo a seu redor.
É interessante perceber a crescente facilidade da linguagem da criança nesse período,
bem como as ideias com que vai criando o “seu mundo”. Quanto mais aproveitam a
inteligência e a memória resolvendo problemas, mais podemos observar, medir e
distinguir as diferenças individuais entre as crianças da mesma fase, porque as
identidades de gênero se manifestam de múltiplas formas. Ainda com relação à
linguagem, notamos que é um período no qual as crianças fazem muitas perguntas a
respeito de “tudo” e alcançam grandes habilidades linguísticas de maneira acelerada,
em especial em relação ao sexo e à sexualidade.
Considera-se que os anos fundamentais para o desenvolvimento psicossocial
encontram-se no período entre três e seis anos, sendo que, nesse período, percebe-se
que, à medida que o autoconceito progride nessas crianças, elas aumentam seu
conhecimento sobre si, desvendam de que sexos são e começam a agir de acordo
com ser menino ou menina. Também se mostram mais hábeis nas condutas e nas
habilidades sociais, e têm amigos e companheiros de jogos.
Embora o senso de identidade possa sugerir algo muito pessoal, ele tem raízes sociais.
As crianças aliam a seu autoconceito (que é a imagem que têm de si mesmas e que
determina como se sentem quanto a si e dirige suas ações), um entendimento de
como são vistas pelos outros. Alertamos para o fato de que o autoconceito se
desenvolve gradativamente por toda a vida. Outro ponto importante é o
desenvolvimento da autoestima.
A autoestima é avaliação do nosso próprio valor. Para o desenvolvimento da
autoestima, é imprescindível o apoio social dos pais, dos professores e dos
companheiros.
O desenvolvimento cognitivo que acontece durante a terceira infância permite às
crianças desenvolverem considerações mais realistas e mais elaboradas de si mesmas
e de suas possibilidades de sobrevivência. À medida que as crianças começam a se
olhar como uma “preciosa” parte integrante da sociedade, ocorre o desenvolvimento de
sua autoestima, fortalecendo, também, as relações saudáveis com outras pessoas e
ampliando suas relações com o mundo externo e com pessoas para além de sua
família. O mundo social passa por grande expansão nesse momento.
2.1.1 Desenvolvimento psicossocial e sexual na adolescência 
A adolescência é um período de muitas mudanças devido às alterações hormonais da
puberdade. Percebemos que o adolescente vai se transformando conforme vai
aumentando sua competência em lidar com as abstrações. Interessante como seus
sentimentos se alteram a respeito de quase tudo. Entendemos que todas as extensões
do desenvolvimento vão para uma mesma direção quando os adolescentes se
deparam com sua principal tarefa: constituir uma identidade adulta. 
Quando falamos em adolescência, não temos um ponto de início e fim. Utilizamos o
advento da puberdade como início da adolescência. A puberdade não é o mesmo que a
adolescência, mas acontece na adolescência e é uma “marca” orgânica.
Realize a leitura do artigo “Adolescência através
dos séculos”, das autoras Teresa Helena Schoen-
Ferreira e Maria Aznar-Farias. Esse artigo busca
descrever qual a forma de tratamento concedida
aos adolescentes desde a Antiguidade até os dias
de hoje com informações interessantes. 
Acesse
(http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26n2/a04v26n
2.pdf)
Você quer ler?
http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26n2/a04v26n2.pdf
A puberdade tem início quando a glândula pituitária, que se encontra na base do
cérebro, manda uma mensagem para as glândulas sexuais a fim de aumentar a
secreção hormonal. A partir daí, começam mudanças biológicas que irão proporcionar
um crescimento acelerado tanto em altura quanto no peso, que só perdem em ritmo
para o crescimento que ocorre na primeira infância. As mudanças nas extensões e nas
formas do corpo continuam até a chegada da maturidade sexual. 
Essas transformações fazem parte de um longo e complicado processo de maturação,
iniciado antes mesmo do nascimento, e suas subdivisões psicológicas continuam até a
idade adulta. As mudanças físicas durante a puberdade compreendem, nas meninas, o
início da menstruação. Já nos meninos, o amadurecimento dos órgãos reprodutivos, a
produção dos espermatozoides, o desenvolvimento de pelos pubianos, a voz mais
grave e o crescimento muscular. Os adolescentes, por vezes, apresentam uma
aparência descuidada, porque as mudanças físicas ocorrem seguindo um ritmo próprio
e algumas partes do corpo ficam desproporcionais por algum tempo.
Os adolescentes, por vezes, apresentam uma aparência descuidada, porque as
mudanças físicas ocorrem seguindo um ritmo próprio e algumas partes do corpo
ficam desproporcionais por algum tempo.
Os órgãos sexuais, necessários para a reprodução, são chamados de caracteres
sexuais primários. Tais órgãos (ovários, útero e vagina, nas meninas; e testículos,
próstata, pênis e vesículas seminais, nos meninos) crescem e amadurecem na
puberdade.
Analisando as definições psicológicas, consideramos que o amadurecimento cognitivo
acontece junto com a possibilidade do pensamento abstrato. A maturação emocional
pode estar sujeita à nossa capacidade de independência dos pais, à descoberta da
identidade, à formação de valores e de relacionamentos. É sabido que algumas
pessoas não deixam de ser adolescentes, mesmo que sua idade cronológica esteja
avançada (WAGNER, 2019).
Um tema principal no decorrer da adolescência é a busca da identidade. Nessa busca,
estão presentes elementos valorativos ocupacionais e sexuais. Vamos recorrer à
perspectiva teórica proposta por Eric Erickson (1972), que apresenta a crise
psicossocial desse período: a proposta é confrontar a crise de identidade versus
confusão de identidade ou de papel; daí, haveria a possibilidade de transformar-se em
um adulto com um senso de identidade apropriado e ter um papel apreciado na
sociedade. Essa crise apresentada por Erickson (1972) dificilmente se resolve por
completo na adolescência; essas questões podem surgir por várias vezes durante a
vida adulta. A tão almejada identidade vai se formando à medida queresolvemos três
questões importantíssimas:
qual vai ser nossa ocupação
 
A seguir, vamos conhecer as questões envolvidas com a educação.
2.1.2 Questões envolvidas com a educação
Conforme os ensinamentos da teoria psicanalítica, todo ser humano tem alguns
aspectos relacionados à neurose, visto que todos têm seus desejos reprimidos em
algumas instâncias, em determinados momentos, o que interfere na organização da
vida consciente e cotidiana, provocando, dessa forma, certo grau de desconforto. Ainda
segundo os pressupostos psicanalíticos, nossas relações pessoais são permeadas por
influências de energias psíquicas desconhecidas que surgem em “locais” obscuros e
inatingíveis, em geral ligadas ao inconsciente.
Portanto, os desejos e os motivos conscientes, que se julga conhecer e dominar, são
apenas simulacros dos aspectos que realmente habitam o inconsciente (WAGNER,
2019). Considerando essas questões como verdadeiras, pode-se perceber que o
relacionamento entre professor e aluno não se configura como uma situação tão
simples quanto possa parecer. Aparentemente, caracteriza-se como uma relação na
qual um está ali para transmitir certos conteúdos escolares e o outro, para aprendê-los.
À primeira vista, a relação pedagógica pode ser resumida à escolha de um bom método
de ensino ou à organização de um planejamento adequado das matérias, além de certo
grau de conhecimento sobre as competências intelectuais dos aprendizes. Contudo, a
educação escolar apenas pode ser vista dessa maneira superficialmente, conforme
defende a Psicanálise, pois, em consonância com essa teoria, as questões objetivas
(por exemplo, o método, o planejamento, os conteúdos das matérias etc.) são os
aspectos que menos importam no ato complexo de educar.
De acordo com os ensinamentos psicanalíticos, a atenção deve dirigir-se para o vasto e
complexo mundo da subjetividade, que está oculto no interior de cada professor e de
cada aluno, sofrendo pressões de seus desejos. O professor, quando
psicanaliticamente orientado, deve observar com atenção as atitudes conscientes de
seus alunos, assim como as suas próprias atitudes, buscando desvelar os desejos que
se encontram camuflados. O professor que concorda com esse paradigma terá a
consciência de preparar uma boa aula no sentido técnico da expressão, mas saberá
que esse fato não é o suficiente. Seu olhar estará voltado para os motivos velados que
determinam suas escolhas, tanto profissionais quanto técnicas e pessoais. Desse
modo, ele pode buscar a compreensão pela motivação em relacionar-se com os alunos
de maneiras diversas. O professor, portanto, deve se reconhecer como um profissional
que valoriza a livre expressão de seus alunos, sejam eles crianças ou jovens,
reconhecendo que estes estão sob os seus cuidados.
quais valores vamos adotar para crer e viver com base neles
o desenvolvimento de uma identidade sexual satisfatória
 
O professor conhecedor da Psicanálise sabe também que seu conhecimento está
sempre envolvido pelo seu desejo e, se os fenômenos que dizem respeito ao ensino e à
aprendizagem possuem componentes do campo intelectual, também possuem uma
carga emocional que se estabelece no campo do inconsciente. Segundo Wagner
(2019), esse aspecto tem a ver:
Prosseguimos, entendendo a relação da Psicanálise com o despertar da sexualidade.
com o universo psíquico do professor
(reconhecido como detentor e transmissor dos
saberes formalizados).
com o aluno (alvo desses saberes).
2.2 Psicanálise e o despertar da
sexualidade
Segundo Sigmund Freud (1996), o desenvolvimento humano se baseia nos aspectos
psicossexuais da pessoa e como esta se relaciona com o mundo à sua volta e com as
possibilidades de reconhecimento do mundo.
As descobertas freudianas sobre a sexualidade humana apontam alguns aspectos
principais e que permeiam toda a teoria e as discussões a respeito dos estágios de
desenvolvimento descritos pela Psicanálise.
#PraCegoVer: a figura mostra o tcheco e médico neurologista, pai da Psicanálise,
Sigmund Freud, em seu escritório. A seu lado, há um divã.
Segundo Bock (2002, p. 74), os aspectos mais importantes na compreensão da
concepção psicanalítica de desenvolvimento são: 
Baseado nessas ideias, Freud (1984) propõe um reconhecimento de estágios do
desenvolvimento humano partindo das concepções por ele elaboradas e que organiza
no decorrer dos períodos marcados pela determinação de zonas erógenas ou
áreas/regiões que se destacam em diferentes momentos da nossa vida nas relações
com o mundo e no estabelecimento do conhecimento sobre os aspectos que
permeiam esse desenvolvimento. Assim, ele define as seguintes fases do
desenvolvimento: 
a) Fase oral: nesta fase, o bebê nasce e já apresenta o reflexo da sucção, construindo
relações com o mundo externo (a mãe) por meio da zona oral, ou seja, ele nasce
sabendo sugar, mamar etc. Sua comunicação ainda está voltada para o aspecto da
Figura 1 - Imagem de Sigmund Freud (1856 -1939), considerado o “pai da Psicanálise”, sentado em seu
escritório
Fonte: Yuri Turkov, Shutterstock, 2020.
existe desde o princípio da vida, logo após o nascimento, e não
só a partir da puberdade, como afirmavam as ideias dominantes.
é longo e complexo até chegar à sexualidade adulta, quando as
funções de reprodução e de obtenção do prazer podem estar
associadas tanto no homem quanto na mulher. Essa afirmação
contrariava as ideais predominantes de que o sexo estava
associado, exclusivamente, à reprodução. 
nas palavras de Freud, é “a energia dos instintos sexuais e só
deles”. 
Função
sexual  
Período de
desenvolvim
ento da
sexualidade  
Libido
oralidade com balbucios e o choro. Neste momento, esses atos são marcados como
reflexos e, depois, transformam-se em um ato de vontade. O bebê conhece e se
relaciona com o mundo pela boca, sentindo desconfortos que ainda não são
identificados como fome, chorando e, em seguida, sendo saciado. Porém, todos esses
acontecimentos são realizados sem o bebê pensar que pode ser intencional, pois para
ele são fatores reflexos e atos naturais. Quando a criança está mamando, seus lábios,
sua língua e toda a região em torno da boca estão em ação, causando o alívio do
desprazer (desconforto), gerando o prazer, a sensação boa de saciedade, mesmo que
não se possa referir ao prazer relacionado ao ato sexual. Essa fase começa no
nascimento e se prolonga até por volta dos dois anos. Nesse momento, tudo o que a
criança pega vai para a boca, pois, para conhecer aquele objeto, ela precisa senti-lo e
isso é feito pela boca. Para ela, é prazeroso sentir o gosto, o cheiro, a textura; a criança
vai ampliando sua participação no meio ambiente, passando a querer explorá-lo. 
#PraCegoVer: a figura mostra um bebê sendo amamentado, representando a fase oral
freudiana.
b) Fase anal: nesta fase, realiza-se o aprendizado do controle do xixi e das fezes, assim
o processo de retirada da fralda e a ida ao banheiro se transforma em uma fase
trabalhosa para os cuidadores, já que se aconselha a respeitar o ritmo de cada criança.
Atualmente, existem creches e escolinhas que não aceitam crianças que ainda usam
fraldas e tal situação pressiona os pais a anteciparem o processo e ensinar as crianças
esse comportamento. O treino ao banheiro, para a criança, significa muito mais do que
o simples aprendizado do controle sobre o próprio corpo. Conseguir segurar, reter e
soltar sua urina e suas fezes, onde a sociedade diz que é para ser feito, é uma
conquista para as crianças. Na verdade, para elas o primeiro produto estritamente seu
é o bolo fecal e como, no pensamento delas, o xixi escorre pelas mãos, o outro é
diferente e pode ser manuseado, transformado, dado de presente (representação
infantil da diferença entre o xixi e cocô, conforme a teoria psicanalítica). Teoricamente, a
Figura 2 - Representação da fase oral
Fonte: SDI Productions, iStock, 2020.
criança vai dar de presente seu primeiro produto para o seu objeto de amor que é a
mãe.A criança nesta idade ainda não tem noção de que se trata de excrementos e de
que não servem ao organismo, por isso são colocados para fora do corpo, pois, para
ela, é seu produto e a reação das pessoas que a rodeiam é de fundamental importância
para que seja capaz de ter uma boa estima por si mesma ou não. Se as pessoas
ensinarem que é sujo, “caca”, porcaria, feio, têm de avisar para ir lá onde é o lugar certo
para fazer isso. Dessa forma, a criança aprende a fazer, mas ela vai sentir a rejeição de
seu produto, podendo sentir-se igualmente rejeitada. Isso interfere nas outras fases e,
segundo Freud, o que se vive e a forma como se interpreta a infância define muitos
aspectos na vida adulta, pois, para esse autor, a infância é a fase mais importante na
formação da personalidade. Neste momento, aconselha-se que as pessoas que estão
em torno da criança possam trabalhar com argila, com massa de modelar ou com
produtos que serão aceitos socialmente, para que essa criança possa exercitar seu
poder de produção e controle dos objetos.
#PraCegoVer: a imagem mostra um bebê, de aproximadamente 8 meses, sentado em
um penico, representando a fase anal freudiana.
c) Fase fálica: o processo de erotização, nesta fase, será dirigido aos genitais. Surgem
os primeiros sinais de masturbação na criança (ainda com aspectos diferenciados dos
aspectos adultos) e o interesse sobre as diferenças de gênero são mais claros. Na
concepção infantil, quem tem “pipi” é menino e quem não tem perdeu ou foi arrancado.
Assim, a criança passa a ter fantasias inconscientes de castração, sobretudo a menina,
que imagina que fez algo de errado e foi punida por essa ação que ela fantasia sobre o
que é. O termo falo, para Freud, significa pênis (pelo formato “fálico” de origem
ancestral). Essa fase é responsável pela formação e pelo fortalecimento do superego,
especialmente porque, por meio das interdições, do que a sociedade define como
correto, a criança conhece e aprende a lidar com as normas morais. Outro aspecto
importante neste momento é o Complexo de Édipo (referência feita por Freud ao mito
Figura 3 - Representação da fase anal
Fonte: Anna Grant, Shutterstock, 2020.
de Édipo Rei – retomado da tragédia grega de mesmo nome). Existem diversas versões
diferentes dessa história, mas o importante é compreender os motivos que levam
Freud a referir-se a esse mito. Segundo Freud, desde o início de sua vida o bebê é da
mãe e a mãe é dele (como sentimento de posse existente na relação) e, com o passar
do tempo, outras pessoas começam a fazer parte dessa relação, principalmente o pai,
que divide a atenção da mãe com a criança, sendo que esta última busca,
inconscientemente, manter a mãe para ela, procurando formas para que o pai
desapareça. O pai assume, então, o papel de rival da criança nessa relação triangular.
Nesse momento, as crianças buscam identificar-se com o pai ou com a mãe
estabelecendo uma proximidade para que possam “copiar seus atos” e conquistar o
outro. Freud foi o primeiro a afirmar cientificamente a existência da sexualidade infantil,
o que lhe causou muitos problemas profissionais. Portanto, de acordo com ele, vive-se
na constituição da personalidade, o que chamou de relações edípicas, transferidas para
as relações adultas e que marcam a vida amorosa de cada um. Na escola e na relação
com o professor, segundo ele, esse conhecimento pode auxiliar a compreender e a criar
um clima que propicie a inclusão, pois, caso contrário, a repetição dos sentimentos
pode gerar problemas e conflitos emocionais.
#PraCegoVer: a imagem mostra um close de um homem com as mãos na virilha, à
frente de sua genitália, representando a fase fálica freudiana.
d) Fase de latência: esta fase (que alguns estudiosos não apresentam como uma fase
estudada por Freud) refere-se a um momento no qual a sexualidade fica
latente/dormente (inclusive para que a criança possa elaborar intimamente as
questões do período anterior). Para isso, sabe-se que a sexualidade se estabelece de
maneira mais lenta e camuflada. Acontece o que se chama de sublimação, ou seja, a
criança passa a atualizar seus sentimentos e seus desejos de uma maneira voltada
para a possibilidade de realização. Assim, ela passa a fazer coisas e a ter desejos
socialmente aceitos. Dessa forma, ela geralmente canaliza suas emoções para
Figura 4 - Representação da fase fálica
Fonte: Prostock-studio, Shutterstock, 2020.
aspectos cognitivos e intelectualizados e, por isso, existe um grande avanço na vida
escolar e um interesse pelas atividades da escola. O mundo escolar assume uma
dimensão de força e importância na vida da criança que antes não poderia ter.
#PraCegoVer: a imagem mostra um garoto de aproximadamente 4 anos, na escola,
dedicando-se às tarefas educativas, representando a fase de latência freudiana.
e) Fase genital: nesta fase, a referência de erotização já está no outro, na procura de
parceiros e no ato sexual. Surge a busca da identidade sexual por meio de um processo
de amadurecimento, facilitando, inclusive, as escolhas profissionais em direção à
realização pessoal. Para Freud, essa fase será consequência das vivências anteriores e
da maneira como a pessoa “elabora” todas as suas experiências. A adolescência é uma
fase importante para o ser humano, um momento no qual se colocam à prova todos os
fatores e as aprendizagens que foram adquiridos em momentos anteriores. É o
momento de questionamento das autoridades, das normas, de querer viver a vida
intensamente e de experimentar situações novas. Nesse momento, a palavra-chave é o
questionamento a respeito de tudo o que se adquiriu com o passar do tempo e, na
verdade, os adolescentes estão perdidos tentando se encontrar e se identificar. Por
isso, muitas vezes aproximam-se de amigos, de professores ou de outras pessoas que
apresentam características consideradas interessantes.
Figura 5 - Representação da fase de latência
Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem mostra os pés de um casal, coberto por uma manta colorida,
em ato sexual, representando a fase genital freudiana.
Suas dúvidas e suas angústias apresentam-se diante deles e, como forma de se
defender, utilizam o próprio medo e a insegurança que sentem para atacar ou afastar-
se de situações aparentemente estáveis. Os estudantes dessa fase precisam ser
compreendidos como tal e precisam ser entendidos como seres humanos que buscam
referências, mais do que ataques.
Figura 6 - Representação da fase genital, em que o ato sexual acontece
Fonte: Simona Pilolla 2, Shutterstock, 2020.
2.3 Abusos infantis e dados
estáticos 
A naturalização cultural assentada pela ordem do poder demonstra que a atividade
doméstica é preponderantemente exercida pelo gênero feminino, enquanto o trabalho
público fica para o gênero oposto. A separação social por gênero também se evidencia
no processo de ensino e aprendizagem desses serviços, pois é passado de geração em
geração, de mulher para mulher, de mulher para moça, de mulher para criança, de
moça para criança, de criança para criança, a ponto de efetivar a domesticação
feminina das próprias mulheres. Ainda nessa lógica de desagregação social, institui-se
a exclusão cultural de pessoas da cor negra ou parda em situação de pobreza,
perpetuando a ideia de racismo.
Segundo Arruda (apud SCHWARTZMAN 2007, p. 201) 90% das crianças e adolescentes
em atividade econômica são do sexo feminino e 62% são negras ou pardas mostrando
que 32% das meninas em ocupação doméstica não possuem acesso à escola. Mesmo
que o racismo se sobreponha a essa perspectiva de gênero, não podemos deixar de
colocar em questão que “[...] quase meio milhão de meninas brasileiras com menos de
17 anos estão trabalhando em casa de terceiros e mais da metade recebe menos que
o salário mínimo e não têm direito às férias”. (ARRUDA, 2007, p. 201). Ainda vale
ressaltar que mais de 80% das trabalhadoras domésticas possui pais em situação
social de pobreza, mesmo quetenham começado a trabalhar desde aproximadamente
os 14 anos, uma vez que tal situação não as permite fluir para a mudança de classe
social.
#PraCegoVer: a imagem mostra uma menina ferida, com mão na boca e lágrima no
rosto, e, por trás dela, mãos e corpo de um adulto, representando o abuso infantil.
Em concordância com Arruda (2007), a naturalização da coisificação de crianças e
adolescentes, principalmente meninas, demonstra uma herança cultural que persiste
em mascarar a exploração do trabalho infantil em favores domésticos em que o poder,
de forma sutil, priva o direito das crianças de serem crianças, de terem acesso à escola,
socializarem-se, brincarem para que tenham um crescimento saudável sem danos
sociais e comportamentais, pois essas são algumas das garantias básicas de
cidadania estabelecidas pela ordem estatal.
Simões, Mota e Loureiro (2007) alegam que essa obliquidade nas diversas culturas
pode gerar a hostilidade das madrastas e padrastos, relativamente frequente com as
crianças, causando uma relação negativa, enraizada na tradição cultural humana entre
crianças e seus pais, e irmãos não biológicos. Vale salientar que, no Brasil, o maior
índice de abuso/violência infantil é cometido dentro de casa por algum membro da
família do sexo masculino. “A razão pela qual os registros evidenciam o sexo masculino
como principal agressor pode dever-se também a mecanismos psicológicos e a fatores
sociais/culturais” (SIMÕES; MOTA; LOUREIRO, 2007, p. 129). Não podemos deixar de
Figura 7 - Representação de abuso infantil
Fonte: Photographee.eu, Shutterstock, 2020.
salientar que o mesmo sexo que agride é o detentor do poder familiar instalado pelo
discurso vigente da sociedade disciplinar que naturaliza as relações de poder com o
propósito de inculcar regras e disciplinamentos.
Corso e Corso (2006), ao investigarem sobre a tendência universal à depreciação na
esfera do amor de Sigmund Freud, mostram-nos que nem sempre o amor e o desejo
andam juntos; logo, existem divergências ao lidar com cada um e que certas
características do modo de amar são encontradas de maneiras obsessivas, muito
recorrentes em nossa sociedade. 
Vídeo: Papo Saúde – violência de gênero
No vídeo a seguir, o apresentador busca relatar um
papo saúde em relação à violência de gênero que é
sutil, que envolve violência doméstica, física,
psicológica e de caráter machista (mansplaining).
Desse modo, o vídeo demonstra que, além da
violência física, a violência de gênero também
ocorre no campo do simbólico. 
Acesse (https://www.youtube.com/watch?
v=_TljnIZMVZE&ab_channel=TelessaudeSC)
Você quer ver?
Conta-se que Freud, certa vez, ao terminar uma conferência,
teria sido procurado por uma senhora que indagou sobre a
melhor forma de educar seus filhos. O mestre de Viena teria
respondido que ela poderia fazer como bem entendesse,
pois, de qualquer maneira, não iria impedir as fantasias
sexuais de suas crianças. As palavras de Freud sobre o
processo educativo e o desejo de saber são sempre
voltadas para o questionamento da possibilidade de
execução e de efetividade; ele não desacreditava da
Educação, mas questionava a sua capacidade de
emancipação e de formação como era pensada.
Você sabia?
https://www.youtube.com/watch?v=_TljnIZMVZE&ab_channel=TelessaudeSC
O que resulta nesses sentimentos é o fato de que algumas pessoas confundem e
relacionam o amor puro, visto de modo espiritual, com o amor carnal, visto de modo
sexual, considerado algo sujo (TORRES, 2013). A partir dessa concepção, os homens,
desde os primórdios, costumam a dividir as mulheres em santas e degradadas.
Agora, vamos ver a relação entre a violência infantil e os contos de fadas. Acompanhe!
2.4 Violência infantil e os contos de
fadas
É preciso esclarecer, de maneira plural, que as subjetividades humanas não são
envoltas por determinismos biológicos repassados pelos meios manuais, digitais e de
comunicação, tendo em vista que esses meios, inclusive os contos literários,
proporcionam a proliferação da violência nos corpos dos sujeitos em uma relação
binária proposta pelo patriarcado. Cabe, então, ao discurso transversalmente à
linguagem, expandir as relações sociais referentes ao plural, à diversidade e aos direitos
humanos igualitários.
Ao tratar sobre os padrões patriarcais e disciplinadores do século 19, há exemplos de
ser menina e menino; príncipe e princesa; e os contos de fadas potencializam as
marcas delimitadas por uma série de normas, valores e padrões de comportamento
que modelam as personagens para atender às exigências sociais da época. A
linguagem textual dos contos traz personagens emblemáticos ligados a elementos
simbólicos que representam várias questões relacionadas aos ideais de gênero e
sexualidade, envolvendo, nesse contexto, a violência infantil, a padronização do amor
romântico, a perpetuação de masculinidades e feminilidades normativas, os conflitos
sexuais de maturação e familiares, os desafetos interpessoais consoantes à maldade
humana, a relação de luta entre o que é considerado “bem” versus o “mal” e,
essencialmente, as condições para encontrar o amor eterno para sermos “felizes para
sempre” (FILHA, 2011). 
Dessa maneira, é possível afirmar que os contos foram estruturados para se
ratificarem no meio social, difundindo suas ideias, seus valores e seus padrões
comportamentais. As representações de homens e mulheres impostas são mais do
que claras, de forma a enaltecerem estereótipos relacionados ao preconceito estético,
social, sexual e de gênero (TORRES, 2013). Consolida-se, desse modo, as ideias de
violência e de dominação propostas por Bourdieu (2002), o que acarreta na submissão
e na fragilidade feminina deixando parecer que tais atributos são características
naturais, mas que, na verdade, são construções sociais impostas pelo discurso
patriarcal que se proliferam por todo o campo social, inclusive o campo político no qual
as leis representam a legitimação das desigualdades sociais.
Em suas relações sociais, as identidades de gênero são permeadas por diferentes
discursos, símbolos, representações e práticas, uma vez que os sujeitos vão se
construindo como masculinos ou femininos, arranjando e desarranjando seus lugares
sociais (LOURO, 2003). Assim, as instituições sociais, como escola e família, podem ser
consideradas os principais preconizadores da construção e da reprodução de
conceitos e de valores estereotipados acerca das questões sobre violência de gênero.
Pelos limiares da história social, é fatídico afirmar que o surgimento dos contos
literários não possui uma data ou um local específicos, pois as histórias fazem parte da
cultura oral e se originaram ao mesmo tempo em lugares e em culturas diferentes.
Alguns estudiosos arriscam dizer que foram criadas pela cultura celta em tempos
antigos, mas, independentemente da origem, os contos são postulados pelo discurso
do medo, a fim de impor uma conduta moral relacionada ao comportamento de acordo
com época histórica e social.
Habitualmente, os contos literários são classificados como contos de fadas,
construídos em um mundo de magia e desenvolvidos a partir de um conflito
existencial. Já os contos maravilhosos focam nos problemas sociais e no cotidiano da
magia. Entretanto, ambos pertencem ao mundo do maravilhoso, das fadas/princesas,
apresentando poucas diferenças entre si.
#PraCegoVer: a imagem mostra a personagem Chapeuzinho Vermelho caminhando
na floresta e observada pelo Lobo Mau.
Os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm (GRIMM, 2018), ao estudar o contexto de sua
nação, a Alemanha no final do século 18, coletavam dados sobre histórias populares
contadas por camponeses e perpassavam entre amigos. As narrativas desses contos
escritos por eles foram estruturadas a partir desse contexto com interesse na
Figura 8 - Representação do conto infantil Chapeuzinho Vermelho>/i>, em que a menina personagem é
perseguida por um lobo caracterizado como malvado
Fonte: Ermolaev Alexander, Shutterstock,2020.
formação do ser humano a datar da infância. Com base nas histórias infantis de
Grimm (2018), a violência de gênero está presente nos contos literários que, quase
sempre, são utilizados nos espaços formativos voltados à educação de crianças
pequenas (0 a 5 anos) e também nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
A primeira versão transcrita dos contos pelos irmãos Grimm apresentava bruscas
lacunas e um forte conteúdo erótico. Ambos, prontamente, ao perceberem a
indignação social, lançaram a segunda versão, que se estende até os tempos
contemporâneos, aperfeiçoada com traços estéticos mais delimitados e inculcada em
uma moral cristã, a fim de resolver os conflitos internos das crianças por meio do
medo e do castigo (BATISTA, 2017).
Ao destinar os contos para o público infantil, os irmãos Grimm, em suas readaptações,
encurtaram suas narrativas para que pudessem ser contados popularmente pela
oralidade. Segundo Gonçalves (2017), nesses contos as personagens protagonistas
têm características excêntricas, vinculadas à superação de conflitos interiores e
obstáculos sociais com a finalidade de “chegar ao pódio”, resultando no “felizes para
sempre”, ao lado da personagem caracterizada como herói (o homem). Com
frequência, os padrões comportamentais definidos pela sociedade associavam a figura
feminina ao sexo frágil, totalmente dependente da figura masculina (CANAZART;
SOUZA, 2017, p. 7).
Os contos foram passados de geração a geração e tornaram-se atemporais com
personagens eternamente individualizados. Os papéis sociais e de violência de gênero
atribuídos nesses contos sistematizam as condutas femininas e masculinas com a
intenção de repassar esses valores tradicionalmente patriarcais para que se
resguardem durante séculos, eras. “Enredos que ‘ensinam’ crianças e instruem leitores
e ouvintes, formando a sua forma de ver, entender e se reproduzir na sociedade”
(PEREIRA, et al., 2018, p. 344).
Os folcloristas, na época medieval, que repassavam esses contos acreditavam que as
lições dos contos de fadas ditavam comportamentos corretos para que as crianças,
quando jovens, soubessem como ter sucesso na vida. O intermédio era a religião ou a
educação moral (ANDRADE, 2015).
A linguagem nos contos é simples, por se tratar de narrativas populares nas tradições,
e também poética, por conta das revisões literárias com o propósito de causar prazer
aos leitores. Essa linguagem foi estruturada para que o prazer da leitura ou de se ouvir
os contos simplificasse a recepção da mensagem moral e útil que agrada os
interlocutores de maneira sutil e divertida, sendo um processo harmonizado pela leitura
e oralidade que ainda em tempos contemporâneos ridiculariza as mulheres dos contos
de fadas e do mundo real (MORAES, 2011).
Por fim, é possível afirmar que, na educação para a infância, podemos identificar
múltiplas formas de abusos infantis, não só pela leitura e crítica aos contos de fadas,
mas também pelas brincadeiras cantadas, desenhos infantis, jogos populares,
passeios em lugares específicos, comportamento da criança e, principalmente, com
aulas, cursos e/ou oficinas sobre educação sexual e violência.
Considerando a presença fundamental dos contos de fadas na vida cotidiana e
pedagógica de crianças de 0 a 10 anos (educação infantil e anos iniciais do Ensino
Fundamental), entendemos que os contos empregam diferentes tipos de discursos a
fim de estruturar e reproduzir uma sociedade regularizadora, sob os interesses do
Estado e daqueles que detêm maior poder, com o intuito de rebaixar e regular as
subjetividades humanas preponderando a violência de gênero. Os discursos nada mais
são do que práticas discursivas que se estabelecem nos sujeitos, nos objetos e nos
diversos domínios de poder por meio de uma rede de regularidades e subjetividades.
Entre eles, há vários discursos, por exemplo:
Analise o caso de Maria, uma menina de 8 anos matriculada na
educação infantil, a qual quase foi morta por conta de um doce
que aceitou de dois homens que estavam passando em frente
à escola da menina e a ofereceram. Maria ia para a escola
sozinha, pois ficava apenas a dois quarteirões de sua casa;
então, sua família não via problemas. O doce que Maria
aceitou estava envenenado e a menina sofreu sintomas graves
de aceleramento cardíaco até que seus colegas viram,
chamaram a diretora, que ligou para emergência, e assim
conseguiram fazer o resgate e salvar a garota de uma possível
morte. Com base nisso, como você, parte integrante do
ambiente educacional, e após a leitura da sessão 2.4,
apresentada nesta unidade, lidaria com o caso em relação à
criança, à família e ao processo de ensino e aprendizagem?
Vamos Praticar!
o estrutural
o político
o institucional
o pedagógico
o religioso
 
Ainda que apresentados e definidos em instâncias diferentes, todos esses discursos
são de poder.
Nesse sentido, o fim desta unidade buscou evidenciar as questões de poder e violência
postas nos contos literários para crianças que, de modo geral, consistem nas
categorias aqui discutidas. Afirmamos, de acordo com Furlani (2006), que a violência
contra a criança, a mulher e a comunidade LGBTQI+ tem violado os direitos humanos e,
consequentemente, provocado marcas agressivas nos corpos, seja por abuso,
agressão física, espancamento, torturas, seja até mesmo por formas sociais e
educativas de padronização do sujeito (SILVA, 2010). Sobre isso, entendemos que a
discussão é relevante e atual, sendo essencial a luta por direitos humanos igualitários a
partir do relato de si e do reconhecimento do outro.
o narcisista
o referente ao capital
o científico
o midiático 
Compreender o desenvolvimento como um processo e suas
etapas nos auxilia muito no trabalho docente e na atuação
como pedagogos. Da mesma forma, reconhecer os
pressupostos das teorias psicossociais acerca do
desenvolvimento e da violência infantil também contribui para
a ampliação dos elementos que podem ser por nós utilizados
para a compreensão do desenvolvimento humano relacionado
às identidades de gênero plurais e subjetivas.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
Conclusão
Compreender as etapas do desenvolvimento psicossexual
de crianças e adolescentes.
Entender o que a Psicanálise explica sobre o despertar da
sexualidade.
Refletir sobre dados estáticos de abusos infantis.
Identificar de onde vêm os abusos infantis e como romper
com eles.
ANDRADE, G. K. S. Branca de Neve e os Sete Anões,
Espelho, Espelho Meu: uma análise discursiva. 2015.
105 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Linguísticos)
– Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2015.
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BATISTA, A. F. Era uma vez... Entre a tradição e a modernidade em versões do
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BOURDIEU, P. A dominação masculina. Tradução Maria Helena Kühner. 2. ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
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com a configuração feminina em obras infantis do século XXI. Revista
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