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A ARTE NO ATENDIMENTO ESCOLAR ESPECIALIZADO

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A ARTE NO ATENDIMENTO ESCOLAR ESPECIALIZADO: 
ENTRE REFLEXÕES E POSSIBILIDADES 
 
Daiane Marcelino Cabral da Silva - FAEL 1 
Orientador: Profº MsC. Gilmar Dias - FAEL 2 
 
RESUMO 
 
É na Educação Infantil onde acontecem os primeiros contatos com a rotina escolar. 
Na pré-escola, através do relacionamento interpessoal das crianças, principalmente 
durante as brincadeiras, já é possível identificar se a criança apresenta necessidades 
educacionais especiais. Nesse sentido, o aluno precisará de um apoio mais 
específico. Para tal, o objetivo deste trabalho é fomentar a participação do especialista 
da sala de atendimento escolar especializado em apoio ao professor regente na 
solução de problemas no processo de ensino-aprendizagem através da arte. Apesar 
da notória discriminação e consequente exclusão social, existem pessoas que lutam 
por direitos iguais. E foi a partir dessa luta que surgiram as primeiras políticas públicas 
em favor dos deficientes. Ao se acreditar na possibilidade de educação, novos 
projetos surgiram e foram aperfeiçoados ao longo dos anos. Entretanto, a arte-
educação ainda não é bem difundida em nosso país. Neste trabalho, a arte é, então, 
apresentada como uma opção valiosa na superação de dificuldades, principalmente 
em relação a conceitos abstratos. Algumas leis e documentos que servem como 
suporte para a Educação Inclusiva são apresentadas e discutidas, visando esclarecer 
os direitos de acesso e permanência desses alunos nas instituições de Educação 
Básica no Brasil. Tendo o educador um papel fundamental na formação do cidadão, 
fica clara a necessidade de mais pesquisas que garantam uma educação igualitária e 
de qualidade para todos. 
 
 
Palavras-chave: AEE. Educação Infantil. Educação Inclusiva. Artes. 
 
 
 
 
1 Aluna do curso de pós-graduação em Atendimento Educacional Especializado – Licenciada em Ciências 
Biológicas pela Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS) e em Pedagogia pela Faculdade Educacional 
da Lapa (FAEL). E-mail: daiane@marcelino.com.br. 
2 Adm. de Empresas, Matemático, Tecnólogo em Processos Gerenciais, Pedagogo pela UFPR, Mestre em 
Educação pela UTP, Especialista em Educação a Distância, Especialista em Adm. Financeira e Informatização e 
professor da pós-Graduação da FAEL. E-mail: gilmar.dias@fael.edu.br. 
 
 
 
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1 INTRODUÇÃO 
 
Brincar faz parte da vida e do cotidiano das crianças, sendo de grande 
importância para o seu desenvolvimento. Considerando que é na Educação Infantil 
que são construídas as primeiras vivências e experiências, é necessário um olhar 
sensível para propor ações que envolvam brincadeiras que possibilitem o 
desenvolvimento integral da criança. 
Crianças em idade pré-escolar, entre 4 e 5 anos, já aprendem a desenhar seus 
nomes e a reconhecer letras e números. Algumas têm o apoio dos familiares para 
melhorarem seu desempenho, mas muitas dependem exclusivamente do professor 
para adquirir esse conhecimento. 
No caso de crianças com dificuldades de aprendizagem, as necessidades 
educacionais não se limitam ao apoio familiar e do professor, mas exigem um 
especialista no ambiente escolar que proponha atividades específicas de acordo com 
as suas necessidades, objetivando a superação das suas dificuldades e limitações. 
Nesse sentido, o especialista da sala de Atendimento Escolar Especializado 
(AEE) busca propostas para a superação das dificuldades em apoio ao professor 
regente. Para tal, a arte é uma ferramenta acessível, pois, além de trazer o prazer da 
diversão, é capaz de estimular a criatividade, promover a interação e minimizar as 
dificuldades encontradas por crianças com Necessidades Educacionais Especiais 
(NEE). 
O objetivo deste trabalho é fomentar a participação do especialista da sala de 
AEE em apoio ao professor regente na solução de problemas no processo de ensino-
aprendizagem através da arte. 
 
 
 
 
 
 
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2 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA E DO AEE NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
 
A discriminação e consequente exclusão de pessoas com deficiências de 
qualquer natureza pode ser evidenciada desde os princípios da história humana. 
Porém, Urbanek e Ross (2011) afirmam que, com a evolução da sua história, a 
humanidade passou a criar acordos de respeito e compreensão de todas as raças e 
credos, entendendo que a inclusão social das pessoas com necessidades especiais 
está alicerçada na concepção dos direitos humanos. 
Apesar de todos os acordos e legislações existentes em favor da inclusão, a 
realidade na prática não acontece dessa forma. Ainda é possível observar atitudes e 
posicionamentos preconceituosos, mesmo no ambiente escolar. 
Para alunos de licenciaturas, o primeiro contato com uma turma como docente 
ocorre durante o período de estágio. E já nessa primeira experiência é possível 
observar atitudes preconceituosas, mesmo em turmas da educação infantil. As 
crianças com alguma deficiência, ou alguma diferença mais marcante, geralmente são 
deixadas de lado, principalmente por não conseguirem acompanhar as atividades e 
brincadeiras realizadas pelas demais crianças. Em turmas com crianças um pouco 
mais velhas pode-se acrescentar apelidos, brincadeiras de mau gosto e, até formas 
de violência física. 
As pessoas com deficiência sempre estiveram presentes na sociedade, porém 
não eram consideradas dignas de conviver em sociedade. Não havia a preocupação 
com a sua educação, portanto as diferenças tornavam-se ainda maiores. E assim foi 
por longos anos. Dicher e Trevisam (2008) afirmam que apenas no princípio do século 
XIX, embora ainda não se cogitasse sobre a efetiva integração das pessoas com 
deficiência na sociedade, deu-se início a uma nova e boa fase para estes, pois a 
sociedade começou a assumir sua responsabilidade quanto a essas pessoas. 
Percebe-se, então, que só a partir do momento que surge alguma forma de 
 
 
 
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preocupação com as pessoas com necessidades especiais, que sua consequente 
inclusão passa a ser possível. 
No Brasil, Urbanek e Ross (2011) consideram o pioneirismo da educação 
especial como datado da época do Império, quando foram criadas as primeiras 
instituições com esse objetivo no Rio de Janeiro. Tanto Urbanek e Ross (2011) quanto 
Pagnez e Sofiato (2014) relatam que primeiro foi criado um centro para meninos cegos 
(atual Instituto Benjamim Constant – IBC), depois um para surdos mudos3 (atual 
Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES). Apenas na década de 20 as 
pessoas com deficiência intelectual foram alcançadas e na década de 40, as pessoas 
com superdotação. 
Todas essas instituições podem ser consideradas um avanço na educação 
inclusiva, ainda que apresentassem certa insuficiência no atendimento prestado 
devido ao pouco conhecimento que se tinha na época. Entretanto, o pouco 
conhecimento não deve ser considerado uma barreira. Para Passos, Bastos e Gomes 
(2011), a educação inclusiva trouxe para a educação como um todo a inserção de 
novos conceitos e terminologias, bem como novas responsabilidades. Nesse sentido, 
a busca pelo conhecimento e pela informação garantiu maior qualidade na educação 
especial e inclusiva ao longo dos anos. 
As diretrizes da educação inclusiva não surgiram sem fundamentos. Urbanek e 
Ross (2011) afirmam que essas referências surgiram em decorrência de ações 
públicas, culturais, sociais e pedagógicas cobradas pelos cidadãos inconformados 
com a segregação existente nos diversos níveis da sociedade, onde se defendia o 
direito de todos serem educados juntos, sem nenhuma forma de discriminação. 
Percebe-se, portanto, que apenas após uma iniciativa popular é que projetos 
começaram a ser desenvolvidos no sentido da inclusão escolar. 
 
 
3 Atualmente o termo surdo mudo foi substituído apenas por surdo, pois entende-se que as pessoas surdas não 
falam porque não aprenderam a falar. Poucos são os surdos que realmente são mudos. Trata-se de um erro 
devido à falta de conhecimentodo significado correto de ambas as palavras, erro este que é totalmente 
compreensível na época do Império no Brasil, período em que se tinha conhecimento mínimo sobre o assunto. 
 
 
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A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96), ou 
simplesmente LDB, é o documento que define a educação especial como sendo uma 
modalidade de educação que transpõe todas as etapas e níveis de ensino. Brasil 
(1996) indica, ainda, que a educação básica tem como finalidade o desenvolvimento 
do educando, garantindo uma formação considerada comum e indispensável para o 
exercício da cidadania e fornecendo meios para a progressão, tanto no trabalho 
quanto em estudos posteriores. 
Atualmente, o país dispõe de vários projetos que visam a educação das 
pessoas com necessidades especiais. Nesse sentido, Urbanek e Ross (2011) 
reafirmam a crença no que eles denominam de “educabilidade” e nas possibilidades 
da pessoa portadora de necessidades especiais, sejam elas de qualquer natureza, 
aprender a se comunicar, desenvolver hábitos, habilidades e atitudes para interagir 
socialmente e, também, para produzir alguma modalidade de trabalho. 
Percebe-se, portanto, que sendo oferecida uma oportunidade, ainda que a 
pessoa tenha alguma necessidade especial, torna-se possível realizar atividades que 
gerem interação e conhecimento. Portanto, evidencia-se, aqui, a participação efetiva 
do especialista da sala de AEE em apoio ao professor regente, o qual nem sempre 
tem o conhecimento necessário para atender alunos com essas características. 
A educação inclusiva é fundamentada em leis e documentos que estão 
disponíveis até mesmo na internet. Um desses documentos é o que registra a Política 
Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, o qual afirma 
que: 
 
Em todas as etapas e modalidades da educação básica, o atendimento 
educacional especializado é organizado para apoiar o desenvolvimento dos 
estudantes, constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino. Deve ser 
realizado no turno inverso ao da classe comum, na própria escola ou centro 
especializado que realize esse serviço educacional (BRASIL, 2008, p.12). 
 
Sendo esse serviço considerado obrigatório nos sistemas de ensino, preza-se 
pela formação adequada com capacitação de profissionais para ofertarem esse 
 
 
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atendimento de forma satisfatória e que proponham atividades que se enquadrem nas 
necessidades de cada aluno. Para tal, a arte evidencia a possibilidade de alcançar a 
todos, independente da necessidade específica, de forma prazerosa e eficiente. 
O processo de inclusão escolar requer planejamento, porém não é um processo 
penoso. Passos, Bastos e Gomes (2011) afirmam que a inclusão de crianças com 
quaisquer deficiências, sejam de natureza física, sensorial, intelectual e/ou 
comportamental, só se tornou operacional em consequência de sua inserção nas 
salas de aula comuns ou, em alguns casos, nas salas de recursos multifuncionais, as 
quais estão disponíveis nas escolas de educação básica das instituições públicas de 
ensino do Brasil, onde se faz necessária a prestação de serviços de apoio pedagógico 
especializado para esse processo inclusivo. 
Nesse contexto, fica explícito o desafio que o professor especialista da sala de 
AEE encontra ao organizar seus projetos de apoio. Porém, com dedicação e boas 
referências, é possível superar esse desafio. 
 
 
3 INCLUSÃO ATRAVÉS DA ARTE 
 
A arte é uma expressão que permite várias definições e interpretações, 
dependendo do contexto ao qual está inserida. Sendo assim, adotaremos nesta 
pesquisa uma das definições presentes no Dicionário Priberam de Língua Portuguesa, 
a saber: “[...] 9. Produção de obras, formas ou peças, orientada por um ideal estático 
ou com o objetivo de expressar subjetividade ou transmitir um conceito ou uma 
mensagem [...]” (ARTE, 2008-2013). 
Essa definição foi escolhida, pois reafirma o objetivo da utilização da arte no 
processo de ensino-aprendizagem, já que visa transmitir um conceito. O conceito 
existe e é definido, porém a utilização da arte vai facilitar o entendimento do conceito 
para as crianças com NEE. 
 
 
 
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Até o presente momento, nota-se que a utilização da arte no ambiente escolar 
ainda não tem sua devida importância e valorização. Segundo Reily (2010), o número 
de livros publicados no Brasil, até 2010, que abordavam o uso da arte como forma de 
educação de públicos especiais não chegava a uma dezena. Para a autora, a 
sociedade a qual estamos inseridos ainda atribui valores desiguais aos conteúdos 
escolares, de tal forma que os conhecimentos de língua portuguesa, matemática, 
ciências, história e geografia são considerados de maior importância, enquanto 
educação física e artes, incluindo artes plásticas, música, teatro e dança, ficam em 
segundo plano, não havendo grande incentivo quanto arte na escola. 
Sendo assim, pode-se dizer que pouco se conhece sobre os benefícios da arte 
no processo de educação inclusiva. Para Reily (2010), a precariedade dos registros e 
divulgação das atividades profissionais na área de artes é latente, pois muitas das 
experiências bem-sucedidas neste sentido que já foram realizadas, não tiveram sua 
divulgação de forma eficiente. Por este motivo, considera-se de fundamental 
importância a busca por referências acerca desse assunto e sua divulgação de forma 
ampla para auxiliar o especialista da sala de AEE em suas atividades específicas 
utilizando a arte como ferramenta de superação. 
A arte está presente na humanidade desde os primórdios. Em várias partes do 
mundo é possível encontrar registros históricos de alguma forma de comunicação 
através de pinturas rupestres, as quais são consideradas uma forma de arte. 
Puccetti (2005) defende que a arte e a educação estão relacionadas de forma 
dinâmica, inspiradas por teorias que apresentam formas de compreensão do homem 
e do mundo. Dessa forma, fica claro que não apenas é possível, mas é também viável 
a utilização da arte na educação de crianças com NEE. 
A arte tem papel fundamental na sociedade e na cultura desde sempre. Vieira 
(2017) defende que ela oferece formas distintas de comunicação, oportunizando a 
expressão e o desenvolvimento da criatividade. Nesse sentido, favorece a 
socialização e auxilia no desenvolvimento psicomotor, colaborando com o processo 
 
 
 
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de ensino/aprendizagem. Em se tratando de crianças, a socialização ocorre, 
principalmente, por meio das brincadeiras. 
O lúdico deve estar presente no processo educacional, pois contribui para um 
melhor desenvolvimento social e individual, sendo estes fatores considerados 
essenciais para a formação de conceitos. Segundo Almeida: 
 
A educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece sempre como 
uma forma transacional em direção de algum conhecimento, que se redefine 
na elaboração constante do pensamento individual em permutações 
constantes com o pensamento coletivo (1995, p.11). 
 
Nesse sentido, a arte está totalmente envolvida no processo de ludicidade, 
trazendo inúmeros benefícios para os alunos que participam dessas atividades. 
Entretanto, deve-se entender como essa relação de arte-educação pode ser 
estabelecida para que não sejam gerados prejuízos ao invés de superações. Nesse 
sentido, Puccetti (2005, p. 3 apud CASTANHO, 1982) relaciona a arte com a 
construção da linguagem onde ocorre interação entre o racional e o sensível, 
afirmando que no fazer artístico se fazem presentes “processos mentais de raciocínio, 
memória, imaginação, abstração, comparação, dedução, generalização, indução e 
esquematização”. 
Todos esses processos são fundamentais para a aquisição de conhecimento. 
Ao produzir de forma artística, seja com pinturas, composições, leituras, danças ou 
quaisquer outras formas de arte, a criança se torna capaz de estruturar o sentir e o 
pensar. Conceitos que poderiam ser consideradosabstratos e de difícil 
contextualização passam a fazer mais sentido com a utilização da arte. Sendo assim, 
o objetivo da educação através da arte é alcançado. 
 
4 METODOLOGIA 
 
O presente trabalho se enquadra em uma proposta de pesquisa do tipo 
bibliográfica com enfoque qualitativo. 
 
 
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A pesquisa bibliográfica é considerada de grande valor para um trabalho 
científico. Pizzani et al. (2012) a definem como sendo um trabalho investigativo 
minucioso, o qual encontra-se em busca do conhecimento e oferece o 
embasamento considerado fundamental para a pesquisa em sua totalidade. 
Gomides (2002, p. 7) sugere como primeiro passo a definição do problema 
de pesquisa, o qual “consiste em dizer de maneira explícita, clara, compreensíve l 
e operacional, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que pretendemos 
resolver”. 
Vidigal et al. (2016) oferecem algumas orientações de como formular um 
problema de pesquisa de forma eficiente, onde suas principais recomendações 
sugerem que o problema deve ser formulado em forma de pergunta, de forma clara 
e precisa, com base empírica, sendo possível de solução e delimitado a uma 
dimensão considerada viável. 
A etapa seguinte foi a de coleta de dados, a qual buscou referências que 
oferecessem embasamento para a solução do problema da pesquisa proposto. 
Referências complementares também foram selecionadas com o intuito de 
agregar informações pertinentes ao assunto, garantindo, assim, um trabalho mais 
completo. 
Para atender ao objetivo deste estudo, foi utilizada a Revisão Integrativa, a 
qual, segundo Souza et al. (2010 apud MEDEIROS et al., 2015), sintetiza os 
estudos disponíveis sobre determinado tema e proporciona aos leitores os 
antecedentes para a compreensão do conhecimento atual, facilitando o acúmulo 
de conhecimentos. 
Os critérios adotados para a seleção dos artigos foi: todas as categorias de 
artigo (original, revisão de literatura, reflexão, atualização, relato de experiência etc.) 
com textos completos disponíveis para análise, publicados no idioma português e que 
apresentassem os descritores pré-definidos: educação inclusiva, educação especial, 
atendimento escolar especializado e arte. O critério de exclusão dos artigos foi: 
aqueles que não atendessem aos critérios de inclusão. 
 
 
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As leis e políticas públicas vigentes no Brasil foram apresentadas com o 
objetivo de fornecer o embasamento legal para as atividades realizadas em prol 
da educação inclusiva e o atendimento educacional especializado, bem como para 
a Educação Infantil, que é a fase escolar abordada nesta pesquisa. 
Para organização e tabulação dos dados foi utilizado o processo de fichamento. 
Lopes et al. sugerem o fichamento como uma forma 
 
[...] para guardar informações a respeito de obras lidas [...]. Deverá seguir 
uma uniformidade durante toda sua investigação. A ficha deverá ser sempre 
organizada da forma para poder manter-se uma harmonia consensual 
opinativa e conclusiva, com todos as anotações referenciais necessárias para 
um perfeito reconhecimento (2006, p. 123). 
 
Com todo o material selecionado em mãos, foi realizada a leitura e 
interpretação dos artigos, seguido do preenchimento de uma tabela com as 
informações mais relevantes de cada artigo: referência, tema, problema, objetivo 
geral, resumo, palavras-chave e conclusão, elaborado pela autora da pesquisa com 
base nessas orientações. 
A coleta de dados ocorreu a partir do mês de setembro de 2019 e, conforme 
necessidade, novas buscas foram realizadas com a utilização dos descritores citados 
para garantir a qualidade da pesquisa. 
 
 
5 REFLEXÕES E POSSIBILIDADES 
 
A igualdade é um direito garantido. A Constituição Federal do Brasil de 1988 
assume esse princípio como fundamental, dentre outros, quando reza no seu artigo 
5º que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza [...]" 
(BRASIL, 1988). Este é o primeiro documento que estabelece a Educação Infantil 
como direito. Nesse sentido, a educação deve ser ofertada de maneira igualitária e 
com qualidade para todos, mesmo para aqueles portadores de alguma NEE. 
 
 
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A LDB também é um documento de fundamental importância quando se trata 
de Educação Básica, estabelecendo que esta é a única etapa que está vinculada a 
uma idade própria, atendendo crianças de 0 a 3 anos na creche e de 4 e 5 anos na 
pré-escola, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança em seus 
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e 
da comunidade. 
A Educação Especial também está regulamentada na LDB, sendo considerada 
uma modalidade de educação escolar que deve ser ofertada, principalmente, na rede 
regular de ensino, sendo garantido, quando necessário, serviços de apoio 
especializado, que é onde se reforça a participação do especialista em AEE em apoio 
ao professor regente. 
Para garantir o processo de inclusão de maneira eficiente, este deve ser um 
tópico importante dentro do Projeto Político Pedagógico (PPP) das instituições de 
ensino. O PPP é um documento que apresenta o direcionamento e o planejamento da 
escola quanto ao que se pretende realizar. Betini (2005) orienta que durante a 
construção de um PPP, deve-se ter em mente a realidade que envolve a escola quanto 
ao contexto social, geográfico, político e econômico, dentre outros. Tudo o que 
envolve a escola deve ser levado em consideração. 
Nesse contexto, sugere-se que ainda que a escola não possua alunos com 
NEE, deve-se pensar de forma inclusiva e já propor orientações para o acesso futuro 
de alunos nessas condições. Quando porventura esse aluno chegar, a escola já estará 
preparada para recebê-lo da melhor maneira possível. 
Ao incluir as bases para a educação especial no PPP apenas após a chegada 
do aluno portador de NEE, é provável que sua adaptação seja ainda mais demorada, 
já que ainda não há nenhum planejamento específico para esse público. Ainda que o 
especialista de AEE seja contratado posteriormente, toda a fundamentação para o 
atendimento desse aluno já deve compor o PPP da escola. 
Cabe, portanto, a toda a comunidade escolar, tanto professores, funcionários, 
comunidade e família, garantir não apenas o acesso, mas a permanência na escola e 
 
 
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a boa qualidade no ensino, visando sempre a formação do futuro cidadão brasileiro 
de forma plena. 
 
6 PROPOSTAS PARA SUPERAÇÃO DE DIFICULDADES DAS CRIANÇAS EM 
IDADE PRÉ-ESCOLAR ATRAVÉS DA ARTE 
 
Tendo ficado claro o importante papel que a arte possui na melhora da 
qualidade do processo de ensino-aprendizagem de alunos com NEE, e frente a 
escassez de referências acerca de atividades nesse sentido, serão apresentadas aqui 
algumas propostas com bases em trabalhos já realizados e publicados acerca do 
assunto. 
Segundo Schroeder (2012), toda forma de arte tem três dimensões: uma 
cognitiva, através de conhecimentos, técnicas e/ou modos de fazer; uma afetiva, a 
qual envolve sentimentos, escolhas e/ou intenções; e uma motora, a qual exige o 
gestual, seja esse gesto mais explícito, como nas artes cênicas, ou mais implícito, 
como na música e nas artes plásticas. Nesse contexto, pode-se entender a arte como 
uma atividade interdisciplinar que traz inúmeros benefícios. 
A música está sempre presente na educação infantil, desde o momento das 
refeições até as atividades realizadas na sala de aula. Quanto aos seus benefícios, 
Chiarelli e Barreto (2005) destacam o desenvolvimento da inteligência e da interação 
social, facilitando os processos de integração e inclusão. A música é capaz, ainda, de 
produzir novos conhecimentos através das novas palavras que podem ser 
acrescentadas ao vocabulário das crianças, o que também pode ser alcançado 
através da utilização de poesia, a qual também trabalha sentimento, razão e emoção. 
Muitos alunos com NEE, por diversas razões, apresentam baixa autoestima.Nesse sentido, Vieira indica que: 
O fazer artístico poderá estimular diversas funções e habilidades integrando 
os sistemas: sensorial, motor, emocional e cognitivo. Através da ampliação, 
percepção e exteriorização de sentimentos, a arte é capaz de despertar a 
motivação e resgatar a autoestima daqueles que a utilizam (2017, p. 138). 
 
 
 
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Alunos com autoestima elevada podem tornar-se mais participativos, o que 
facilitaria a interação e o processo de aprendizagem. 
Atividades com pintura também estão sempre presentes na educação infantil. 
Quanto aos benefícios das artes plásticas, Vieira (2017 apud SILVEIRA, 2001) relata 
que através de atividades de pintura é possível revelar questões do subconsciente 
que nem sempre são reveladas durante uma terapia. Através da análise dessas 
pinturas torna-se possível compreender um pouco mais o que se passa na cabeça do 
aluno, favorecendo o processo de autoconhecimento e aceitação. Além disso, a 
utilização de pinceis e outros instrumentos favorece o desenvolvimento da 
coordenação motora da criança. 
A coordenação motora também pode ser desenvolvida através da dança, já que 
trabalha com o movimento do corpo como um todo através das coreografias. Salmazio 
et al. (2013) afirmam que a dança possibilita às crianças criar, estimular novas 
situações de relacionamento de grupo, entretenimento, relaxamento e excitação. Além 
disso, favorece a memorização, já que a criança tem que lembrar os passos para se 
manter na dança. 
A arte é interdisciplinar. Segundo Freitas e Pereira (2007), através da arte é 
possível repensar conceitos, alterando e criando opiniões e possibilitando o 
direcionamento com liberdade das escolhas. É uma ação contínua que trabalha com 
informação e descoberta. Tal afirmativa também é relatada por Vieira (2017, p. 144), 
que classifica esse conceito como “fazer um novo uso do que se percebeu”. Fica claro, 
então, que a arte traz benefícios incalculáveis para o desenvolvimento das crianças, 
principalmente àquelas com NEE. 
Existem inúmeras atividades acessíveis que podem ser realizadas na sala de 
aula com crianças com NEE, visado seu melhor desenvolvimento e aprendizado. De 
forma mais prática e direta, Vieira (2017) sugere algumas atividades e seus 
respectivos objetivos na superação de dificuldades. De acordo com a autora, a 
elaboração de retratos e autorretratos é capaz de desenvolver o autoconhecimento, a 
autoestima e um conhecimento maior do real; a manipulação de objetos tendo os 
 
 
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olhos vendados é capaz de trabalhar a representação mental e discriminação de 
estímulos táteis; a expressão oral, plástica e corporal são de fundamental importância 
no desenvolvimento global e motor; a pintura a dedo favorece o desenvolvimento 
afetivo, principalmente por garantir a livre-expressão e assegurar o equilíbrio 
emocional, além de favorecer o desenvolvimento da coordenação motora; o manuseio 
de argila ou massa de modelar também favorece o desenvolvimento da coordenação 
motora fina e, ainda, da relação com o espaço; as atividades de recorte e colagem, 
além de contribuírem para o desenvolvimento cognitivo, trabalham a motricidade fina 
e a imaginação; atividades de dobraduras estimulam a criatividade, a atenção e a 
coordenação motora; atividades de teatro com o uso de fantoches, por exemplo, 
favorecem o desenvolvimento da criatividade, da linguagem e da expressão corporal. 
Apesar de escassas, existem propostas de atividades com arte-educação. 
Cabe, portanto, ao educador continuar sua busca por referências e realizar suas 
próprias pesquisas, visando a qualidade no planejamento de suas atividades de apoio 
ao professor regente e garantindo uma educação inclusiva, igualitária e de qualidade 
para todos os seus alunos. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O Brasil apresenta todo o suporte em termos de leis e políticas públicas para a 
educação inclusiva e para o atendimento educacional especializado. O que se faz 
necessário, em alguns casos, é colocar em prática todo esse embasamento nas 
instituições de ensino da educação básica. Com educação é possível melhorar a 
qualidade de vida do aluno com NEE e, ainda, fomentar o respeito e a inclusão desses 
alunos junto a escola e a sociedade. 
O professor regente tem um papel importante na formação dos alunos com 
necessidades especiais, mas o especialista da sala de AEE é fundamental para 
garantir que o conteúdo seja aprendido de forma mais eficiente, já que este elabora 
atividades de forma específica para atender a necessidade de cada aluno. 
 
 
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Visto a importância da arte como ferramenta no processo de ensino-
aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais na Educação Infantil, 
reforça-se a necessidade de pesquisas contínuas acerca do tema para garantir uma 
melhor qualidade na educação desses alunos. 
Sendo a educação um direito de todos, é dever do educador oferecer um ensino 
de qualidade e igualdade para todos. Crianças que aprendem a respeitar as 
diferenças desde cedo se tornam jovens e adultos conscientes, garantindo a 
possibilidade de uma sociedade inclusiva e mais justa. 
 
REFERÊNCIAS 
 
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