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Tratamento Farmacológico para Ansiedade Ansiedade → Tensão, apreensão, desconforto, que se origina de perigo interno ou externo iminente, podendo ser resposta a estresse ou a estímulo ambiental. Pode ocorrer sem causa aparente, o perigo muitas vezes nem existe → Resposta normal a certos acontecimentos → A ansiedade é necessária em alguns acontecimentos se torna patológica quando começa a prejudicar atividade diárias → Estado emocional associado ao comportamento defensivo da espécie humana, desencadeada na presença de um perigo potencial → Sensação antecipatória de apreensão, tendo papel importante na preparação do organismo para uma possível situação de enfrentamento → No entanto, a ansiedade pode adquirir papel não adaptativo, manifestando-se de forma persistente e generalizada, prejudicando as atividades diárias Ansiedade normal x Patológica → Depende da intensidade e da frequência dos episódios de ansiedade → A ansiedade é normal quando acontece esporadicamente apenas frente a certos acontecimentos, e de certo modo ajuda no desempenho → A ansiedade patológica acontece quase todo dia por um período crônico (+ de 6 meses) e acaba bloqueando o paciente em situações que deveriam ser consideradas comuns MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Taquicardia • Boca seca • Agitação • Tremor muscular • Sudorese • Distúrbios do sono (Insônia) CLASSIFICAÇÕES DESORDENS DA AAAAAAA ANSIEDADE → Transtorno Ansiedade Generalizada (TAG): ansiedade excessiva ou apreensão → Transtorno do Pânico (TP): ataques inesperados de medo intenso → Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC): comportamento estereotipado, muitas vezes com comportamentos repetitivos → Transtorno do estresse pós-traumático: acidentes e agressões; lembranças geram ansiedade → Fobias Específicas: medo de objetos e situações → Fobia Social: medo de “falar em público” Critérios diagnósticos para TAG → Dificuldade de controlar a preocupação (mais dias sim do que não - 6 meses) → Associado a 3 ou mais dos sintomas: 1. Inquietação 2. Cansaço fácil 3. Dificuldade de concentrar-se 4. Irritabilidade 5. Tensão muscular 6. Distúrbio do sono – insônia ETIOLOGIA DA ANSIEDADE FATORES BIOLÓGICOS → Ácido Gama Aminobutírico (GABA: “freio” do SNC – resposta inibitória): deficiência na transmissão GABAérgica → Noradrenalina (NE): hiperatividade noradrenérgica → Serotonina (5-HT): aumento Serotonina na Ansiedade → GRAEFF; NETO; ZANGROSSI, 1998: experimento com um labirinto de madeira com uma entrada que causa medo nos animais (altura e claridade) → Objetivo de justificar o uso de antidepressivos na ansiedade • TAG: relacionado ao comportamento defensivo (ansiedade) desencadeado em resposta a ameaças potenciais (evitação ou esquiva do animal) – estimula a amigdala • TP: reações defensivas (medo e pânico) relacionam-se à resposta de fuga frente a ameaças proximais – estimula a substancia cinzenta periaquedutal dorsal → A amigdala sob ação aguda da serotonina o rato congelava (aumentava a ansiedade = efeito ansiogênico) mas cronicamente a serotonina se torna ansiolítica → A substancia cinzenta periaquedutal dorsal sob ação tanto aguda quanto crônica da serotonina causa a diminuição do pânico (efeito panicolítico) → O papel dual é explicado pela ativação de diferentes receptores responsáveis por distintas atividades neuronais entre os quais os receptores 5HT1A, 5HT2A e 5HT2C são os mais envolvidos na ansiedade → Com isso, foi comprovado que a modulação estava no tipo de receptor → A 5HT participa da modulação tanto da ansiedade quanto do pânico. Fármacos que modulam a neurotransmissão 5HT hoje atuam como estratégia principal na farmacoterapia do TAG e TP FÁRMACOS ANSIOLÍTICOS • Benzodiazepínicos: desenvolvido exclusivamente como ansiolítico • Barbitúricos: desenvolvido primeiramente como anticonvulsivante • Agonistas 5-HT1A • Novos agonistas de receptores BZD: desenvolvidos para tentar melhorar o perfil toxico dos benzodiazepínicos (dependência e crises de abstinência) • Antidepressivos: aplicação para ansiedade, comprovando o papel da serotonina (melhor opção) • Anti-histamínicos: efeito sedativo (ansiedade momentânea) • Propanolol: antagonista adrenérgico (bloqueia a noradrenalina): apenas melhora os sintomas, sem relação com o SNC → O ansiolítico ideal deve permitir ao paciente adormecer rapidamente e ter um sono de qualidade e duração suficiente para que acorde revigorado, sem sofrer um efeito de “ressaca” do fármaco e além disso, devem ter toxicidade muito baixa e não interagir com outros medicamentos para não produzir efeitos indesejáveis ou perigosos. BENZODIAZEPÍNICOS APLICAÇÕES CLÍNICAS → Redução da ansiedade: deve ser usado com cautela → Sedação: pequenos procedimentos cirúrgicos (anestésicos pode causar amnesia) → Potencializadores do sono: indutor do sono (depressor do SNC) → Relaxante muscular: não é mais muito usado com essa finalidade → Anticonvulsivante: em emergências hospitalares COMO FUNCIONAM? → Atuam pelo mesmo mecanismo de ação: receptor GABAérgico → Ações farmacológicos semelhantes → Diferenças farmacocinéticas influenciam no início e na duração do efeito terapêutico Tarja preta: venda controlada → Eficazes no tratamento agudo: período curto (deixar o paciente ciente), não retirar do dia para a noite → A longo prazo causam déficit psicomotor → Efeito ansiolítico imediato RECEPTOR GABAérgico → GABA: inibitório; “freio” do sistema nervoso → 3 tipos de receptores GABA: GABAA,GABAB e GABAC → GABAA principal alvo dos medicamentos (mais abundantes SNC: ionotrópicos) → Maioria dos fármacos que afetam a NT GABAérgica: ligam em receptores GABAA → Benzodiazepínicos: não são agonistas - não competem pelo sitio de ligação, precisa que o GABA esteja ligado ao receptor (potencialização da atividade GABAérgica) • Se ligam a subunidade a e γ MECANISMO DE AÇÃO → Após a ocupação do receptor de GABAA pelas moléculas de GABA, ocorre a abertura dos canais de cloro, aumenta condutância de Cl- para dentro do neurônio → Quando o GABA se liga ao seu R, e ocorre a ligação do BZD ao seu sítio de ligação, aumento da capacidade do GABA → O influxo de Cl- causa uma hiperpolarização no neurônio, inibindo a formação de potenciais de ação (hiperpolariza o neurônio → diminui sua excitabilidade – por isso o GABA é inibitório) FARMACOCINÉTICA Administração → VIA ORAL (pico de concentração plasmática 1h) – tratamento de insônia → VIA INTRAMUSCULAR e VIA INTRAVENOSA (anestesia e estados epilépticos) – convulsões e pré-anestésico (efeito imediato) → Natureza lipofílica – rápida e completa absorção (permeiam a barreira hematoencefalica) Metabolismo → Citocromo P450 (CYP3A4) → Os metabólitos ativos de alguns BZD são biotransformados mais lentamente que os compostos originais (permanece mais tempo na corrente sanguínea) – cuidado especial no uso em idosos e pessoas com insuficiência renal/hepática → Excretados na urina CLASSIFICAÇÃO CONFORME DURAÇÃO DE AÇÃO → Ações farmacológicas são semelhantes, a escolha é feita com base na duração do efeito – todos são hipnóticos sedativos • AÇÃO CURTA: 3 a 8 horas • AÇÃO INTERMEDIÁRIA: 11 a 20 horas • AÇÃO LONGA: 1a 3 dias → Os de ação intermediaria e longa são potentes hipnóticos sedativos (insônia) então possuem o problema de deixar sonolência durante o dia → Com o aumento no tempo de meia vida, o fármaco fica mais tempo na corrente sanguínea e seu efeito é prolongado, gerando uma toxicidade de forma crônica → medicamento se usado em idosos ou indivíduos com comprometimento hepático/ renal, deve ser de maneira cuidadosa, com doses menores Fármacos ½ vida Uso Triazolam (Halcion®) Curta Hipnótico (insônia) Midazolam (Dormonid®) Curta Pré- anestésico Alprazolam (Frontal®) Intermediaria Ansiolítico Hipnótico Lorazepam (Lorax®) Intermediaria Ansiolítico Hipnótico Temazepam Intermediaria Ansiolítico Hipnótico Clonazepam (Rivotril®) Longa Ansiolítico Antiepil. Diazepam (Valium®) Longa Ansiolítico Rel. Musc. Clordiazepóxido Longa Ansiolítico Rel. Musc. Flurazepam Longa Ansiolítico Insônia EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE → Sedação, incoordenação motora → Diminuição rapidez do raciocínio (déficit psicomotor) → Confusão mental (amnesia) → Interação com álcool e outros depressores do SNC → Fraqueza, cefaléia, visão turva, náuseas, desconforto gástrico → Tolerância (aumentar a dose para obter o mesmo efeito) e dependência (pacientes não conseguem parar de usar) → Síndrome de abstinência: confusão, ansiedade, agitação, insônia – retirada abrupta do medicamento INFORMAÇÕES ÚTEIS A PACIENTES → Tomar o medicamento 1h antes de dormir → Evitar a associação com outros calmantes → A ingestão com álcool pode ser perigosa → Procure não dirigir, pilotar ou utilizar máquinas que ofereçam perigo → Não pare de tomar abruptamente → Antagonista de benzodiazepínicos • Se liga com alta afinidade ao receptor benzodiazepínico • Mas carece de atividade agonista • Ocupa os Receptores e deixa indisponível para ligação do agonista • USADO: Reverter a toxicidade dos benzodiazepínicos ou interromper sedação • Uso exclusivo hospitalar • Apenas administração IV (início de ação rápido e duração curta) • Eliminado relativamente rápido: T1/2 de 1 hora. • Deve ser repetida várias vezes quando a intoxicação é devido aos benzodiazepínicos de longa duração BARBITÚRICOS → Antigamente utilizados amplamente como ansiolíticos e hipnóticos → Atualmente são utilizados como agentes indutores de anestesia e antiepilépticos. → Hoje largamente substituídos pelos benzodiazepínicos → Não são mais recomendados • baixo índice terapêutico – dose terapêutica é próxima da dose toxica • dependência física • uso crônico: tolerância EFEITOS FARMACOLÓGICOS Aplicações clínicas → Redução da ansiedade → Sedação e indução do sono → Indução de anestesia geral → Anticonvulsivante MECANISMO DE AÇÃO → Se ligam ao receptor GABA/canal de cloro por um sítio diferente dos benzodiazepínicos, aumentando a atividade do GABA → Potencializam a transmissão GABAérgica → Aumentam a abertura do canal de cloreto, facilitando a duração de tempo que o canal de Cl- permanece aberto → Não compete com o GABA, atua quanto na sua presença quanto na sua ausência CLASSIFICAÇÃO TEMPO DE AÇÃO → AÇÃO ULTRACURTA • 5 a 15 min – Tiopental • Indução anestésica e manutenção a curto prazo → AÇÃO CURTA • 3 a 8h – Pentobarbital • Eficaz como sedativo e hipnótico (insônia) → AÇÃO LONGA • 1 a 2 dias – Fenobarbital • Tratamento de convulsões (antiepiléptico) Interações → Álcool e Anti-histamínico Desvantagens → Dependência física, tolerância e depressão respiratória com eventual morte em decorrência de superdosagemUsos atuais → Anticonvulsivante – Fenobarbital → Anestésico intravenoso – Tiopental e Pentobarbital • Administrados VO ou IV • VO – metabolismo 1ª passagem – baixa biodisponibilidade • Metabolismo hepático (CYP3A4 e CYP3A5) • São indutores enzimáticos – induz o metabolismo hepático • Excreção renal – urina • Idoso ou indivíduo com comprometimento função hepática ou renal – diminuição da depuração – efeitos significativos (aumenta o tempo de ½ vida) – toxicidade Efeitos Indesejáveis → Possuem baixa margem de segurança → Efeitos depressores do SNC: hipersedação → Sensação cansaço (doses hipnóticas) → Indutores de enzimas hepáticas (sistema do citocromo P450): inativa outras drogas (BZDs, Fenitoina, digoxina) – aumenta a metabolização → perdem o efeito → Induzem tolerância e dependência → Uso crônico: supra regula a expressão CYP e acelera seu próprio metabolismo. → Síndrome de abstinência: tremor, ansiedade, excitabilidade SNC e insônia NOVOS AGONISTAS DE RECEPTORES BZD → Melhora dos benzodiazepínicos – não causam efeitos sedativos tão graves → Hipnóticos não-benzodiazepínicos de curta duração → Modernos - tratamento de 1° escolha → Hipnóticos: induzem e mantêm o sono por um certo tempo. • Zolpidem-Ambien® • Zaleplon-Sonata® MECANISMO DE AÇÃO → Não são estruturalmente benzodiazepínicos - muda estrutura química → Agonistas dos receptores benzodiazepínicos – liga no sitio diferente ao de BZD (não competem) → Promovem seus efeitos através do receptor GABAA → Atuam seletivamente em receptores benzodiazepínicos → Possuem meia-vida curta → Não prejudicando a capacidade psicomotora no dia seguinte • Zaleplon: duração bem curta • Zolpidem: duração relativamente curta AGONISTA RECEPTORES DE 5-HT1A → Agonista parcial dos receptores 5-HT1A → São eficazes no tratamento da TAG → Alta especificidade pelos R 5-HT1A (auto-R inibitórios/pré): reduzem a liberação de 5-HT → Inibe a atividade serotoninérgica na amigdala – atividade ansiolítica especifica Efeitos Farmacológicos → Ação ansiolítica específica – não causa sedação, nem descoordenação motora → Modulam o excesso de impulsos que chegam e partem da amigdala – inibe a serotonina que chega na amígdala Vantagens → Não potencializa efeito de depressores do SNC → Sem atividade anticonvulsivante, relaxante muscular → Poucos efeitos adversos: tonturas, inquietação, cefaleia e náuseas ANTIDEPRESSIVOS ISRS → Primeira linha de tratamento para TAG e pânico • Fluoxetina (Prozac®) - Depressão: 20mg/dia - Bulimia: 60mg/dia - TAG e TOC: 20-60mg/dia • Sertralina (Zoloft®) - Depressão, Ansiedade, TOC, TAG, TP, fobias, TEPT - Dose: 50-200mg/dia • Paroxetina (Pondera®) - Depressão, Ansiedade, TOC, TAG, TP, fobias, TEPT - Dose: 10-60mg/dia • Fluvoxamina (Luvox®) - Depressão: 50-100mg/dia até 300mg/dia - TOC: 50-300mg/dia • Citalopram (Cipramil®) - Depressão: 20-40mg/dia - TOC: 20-40mg/dia - TP: 10-30mg/dia • Escitalopram (Lexapro®) - Depressão: 5-10mg/dia - TOC: 10-20mg/dia - TP: 5-10mg/dia - TAG: 10-20mg/dia ANTIDEPRESSIVO NA ANSIDADE EFEITO TERAPÊUTICO → Atuam inibindo as bombas de recaptação → Antidepressivos ISRS → Dessensibilização dos autorreceptores (-) → ↑ níveis 5-HT CONGÊNERES DA MELATONINA → Análogo sintético da melatonina – idêntico em estrutura ao fisiológico → Aprovado em 2005 para tratamento de insônia → Pacientes com dificuldade de iniciar o sono – indutora do sono → Ação máxima ocorre dentro de 30 minutos → A dose recomendada é um comprimido (8 mg), por VO, 30’ antes de deitar. → Reação comum: cefaleia, sonolência, tontura, náuseas, fadiga → Tempo de ½ vida muito curto → Deve ser usado no máximo 6 semanas → Só deve ser utilizado durante a gravidez se o benefício potencial justificar o risco potencial ao feto ANTAGONISTAS β-ADRENÉRGICOS → Bloqueio das respostas simpáticas periféricas → Não causam efeitos nos circuitos afetivos do SNC → Indicado quando os sintomas físicos são incômodos: sudorese, tremor, taquicardia → São usados ocasionalmente para ansiedade de desempenho → Uso limitado: efeito colateral (hipotensão) → Tratamento agudo: ansiedade situacional → Sintomas da ansiedade mediados pelos receptores ß-adrenérgicospodem ser reduzidos FÁRMACOS ANTI- HISTAMÍNICOS → Atravessam a barreira facilmente (efeitos no sistema nervoso) → atuam principalmente no sono → Ansiedade ocasional, emergencial • Dimenidrinato: Dramin® • Cloridrato de Hidroxizina: Hixizine® • Maleato de Dexclorfeniramina: Polaramine® • Cloridrato de Prometazina: Fenergan® • Cloridrato de difenidramina: Difenidrin®
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