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1 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN FARMACOLOGIA BÁSICA U2 Aula 01 – Ansiolíticos e Hipnóticos ANSIEDADE CLASSIFICAÇÃO DA ANSIEDADE: 1. Desordens Fóbicas: Medo duradouro/excessivo de coisas ou situações específicas. Ex.: Cobras, espaços abertos (agorafobia), espaços fechados (claustrofobia), voar. 2. Distúrbio de Ansiedade Generalizada: Estado contínuo de excessiva ansiedade sem nenhuma razão ou focos claros. Ex.: Ansiedade por não ter dinheiro suficiente, sucesso profissional. 3. Distúrbio do Pânico: Ataques de medo opressivo ocorrendo associados com sistemas somáticos marcantes como: sudorese, taquicardia, dores no peito, tremores, asfixia, etc. 4. Distúrbio de estresse pós-traumáticos: Ansiedade disparada por lembrança insistente de experiências estressantes passadas. Prevalência da Ansiedade: 30 a 40% dos indivíduos adultos apresentam algum problema de ansiedade. 25% da População vai requerer tratamento médico em um determinado momento. HIPNÓTICOS E ANSIOLÍTICOS Drogas ansiolíticas: São usadas no tratamento de sintomas de ansiedade. Ansiedade é um desagradável estado de tensão, apreensão ou inquietude – temor que muitas vezes parece originar-se de uma fonte desconhecida. Drogas hipnóticas: São usadas no tratamento da insônia. Determinam graus variados de depressão do SNC: - Sedação: sonolência, diminuição da ansiedade; - Hipnose: semelhante ao sono fisiológico; - Anestesia geral: inconsciência, diminuição da sensibilidade à dor, ausência de reação aos estímulos externos. CLASSIFICAÇÃO DOS FÁRMACOS: Benzodiazepínicos; Buspirona; Barbituratos; Outras substâncias (Hidrato de Cloral, mepobramato). BENZODIAZEPÍNICOS São os fármacos mais utilizados no tratamento da insônia e da ansiedade. Clordiazepóxido – 1961 (Hoffmam la Roche): Clonazepam e Lorazepan. Quimicamente o termo BZD refere-se a uma molécula composta de anel dizepínico e dois anéis benzênicos. MECANISMO DE AÇÃO Liga-se a locais específicos (receptor BZD) do receptor GABAa, que medeiam a transmissão sináptica inibitória através do SNC. O GABA se liga ao receptor GABAa e os íons cloreto entram. Isso é o que ocorre normalmente, sem benzodiazepínico. Não ativa GABAa, mas potencializa a ação do GABA. O benzodiazepínico não se liga ao local de ação do GABA, apenas potencializa a ação → potencializam a resposta ao GABA, por facilitarem a abertura de canais de Cl-. Existem outras substâncias que também potencializam a ação do GABA: etanol, barbitúricos, neuroesteróides. Aumenta a afinidade do GABA pelo receptor. Quando o GABA se liga, a GABA-modulina (uma proteína) é deslocada e o canal de cloreto é aberto. O benzodiazepínico desloca essa proteína. O receptor do benzodiazepínico está associado ao GABAa. Ocorrerá despolarização de forma mais rápida. Com o benzodiazepínico, o receptor fica mais sensível à ação do GABA. O GABA age sem benzodiazepínico, mas o benzodiazepínico não age sem GABA. O GABAb não é sensível ao benzodiazepínico. 2 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN Atuam pela ligação a um ponto regulador específico no receptor GABAa, aumentando assim o efeito inibitório do GABA. Existem subtipos do receptor GABAa em regiões diferentes do cérebro e diferem nos seus efeitos funcionais. Os benzodiazepínicos ansiolíticos são agonistas nesse ponto regulador. Outros benzodiazepínicos (p. ex., flumazenil) são antagonistas ou agonistas inversos fracos e previnem as ações dos benzodiazepínicos ansiolíticos. Os agonistas inversos (não usados clinicamente) são ansiogênicos. Os efeitos ansiolíticos são mediados pelos receptores GABAa que contêm a subunidade α2, enquanto a sedação ocorre através da subunidade α1. Fármacos: Diazepam, G (Valium), lorazepam, G (Lorax), bromazepam, G (Lexotam), alprazolam, G (Frontal): ansiolíticos. O lorazepam também pode ser usado como sedativo-hipnótico. Flurazepam (Dalmadorm), nitrazepam (Mogadon): sedativos-hipnótico. Midazolam, G (Dormonid): pré-anestésico e hipnótico. Clonazepam, G (Rivotril): anticonvulsivante. CARACTERÍSTICAS DOS BENZODIAZEPÍNICOS EM SERES HUMANOS Droga Duração da ação Indicação Flunitrazem, Midazolam Ultracurta < 6h Mantenedor de sono; Indutor do sono; Anestésico Zolpidem (não é ZPD) Ultracurta ~4h Hipnose Lorazepam, Oxazepam, Temazepan Curta 12-18h Ansiolítico, Hipnótico Alprazolam Média 24h Ansiolítico e antidepressivo Diazepan, Clordiazepóxido Longa 24-48h Ansiolítico; Relaxante muscular em via EV anticonvulsivante Flurazepam Longa Anticonvulsivante ansiolítico Bromazepan Longa Ansiolítico As diferenças no perfil farmacológico dos diferentes benzodiazepínicos são mínimas; o clonazepam parece ter uma ação mais anticonvulsivante em relação aos seus outros efeitos. Os benzodiazepínicos são ativos oralmente e diferem, principalmente, em relação à sua duração de ação. Os agentes de ação de curta duração (p. ex., lorazepam e temazepam, meia-vida 8-12 h) são metabolizados em compostos inativos e são usados principalmente como comprimidos para dormir. Alguns agentes de ação de longa duração (p. ex., diazepam e clordiazepóxido) são convertidos em um metabólito ativo de longa duração (nordazepam). Alguns são usados por via intravenosa, por exemplo diazepam no estado epiléptico, e midazolam na anestesia. O zolpidem é um fármaco de ação de curta duração que não é benzodiazepínico, mas age de forma semelhante e é usado como hipnótico. EFEITOS E USOS FARMACOLÓGICOS DOS BZP Redução da ansiedade e da agressão; Sedação e indução do sono: sedativo-hipnótico; Efeito anticonvulsivante (efeito antiepiléptico): tratamento dos distúrbios convulsivos; Redução do tônus muscular e da coordenação motora: uso como miorrelaxantes na medicação pré-cirúrgica, geralmente → Pré-anestésico; Amnésia anterógrada. Tratamento das síndromes de abstinência de álcool. Se usar BZD e voltar a beber, o indivíduo pode ter uma grave depressão. Tratamento dos pesadelos: suprime um pouco o sono REM. A retirada da medicação deve ser feita de forma lenta e gradativa, para não ocorrer ação excitatória brusca (efeito rebote). AGONISTAS INVERSOS E ANTAGONISTAS BZD (ANTÍDOTOS ESPECÍFICOS) DBI (inibidor da ligação ao Diazepam): agonista inverso. Flumazenil (Lanexat): antagonista competitivo que se liga ao receptor benzodiazepínico sem alterar o receptor GABAa. É usado em casos de intoxicação (superdosagem), para reverter o efeito do BZD. FARMACOCINÉTICA Bem absorvidos por via oral. Via EV: ex.: Midazolam (anestesias). São excretados como conjugados glicuronídios na urina: metabolização por oxidação microssomal e conjugação com ácido glicurônico; sofre metabolização hepática. Variam muito na duração de ação: velocidade de absorção variável entre os benzodiazepínicos. Altamente lipossolúveis: todos os BZD são lipossolúveis e atravessam barreira hematoencefálica. 3 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN EFEITOS INDESEJÁVEIS Efeitos tóxicos agudos resultantes das doses excessivas. Efeitos indesejáveis ocorrendo durante o uso terapêutico normal. Tolerância e Dependência: Irregularidades menstruais, incluindo anovulação. Evitar em gestantes até o quarto mês (risco de teratogênese). TOXIDADE AGUDA Sono prolongado, sem depressão séria da respiração ou função cardiovascular. Risco muito aumentado do uso com depressores do SNC (álcool, barbitúricos, por exemplo): depressão respiratória severa e cardíaca com hipotensão severa, sonolência maior, risco de coma. Superdosagem: efeitos de “ressaca” prolongados e o desenvolvimento de tolerância e dependência física, síndrome de privação na cessação de uso. EFEITOS COLATERAIS Sonolência, confusão metal e coordenação motora prejudicada. Amnésia anterógrada (recente). Potencializa o efeito depressor do álcool. TOLERÂNCIA E DEPENDÊNCIA Tolerância: gradual aumento da dose necessária para obter o efeito desejado. Dependência: após retirada → nervosismo, tremor, perda de apetite e convulsões. BUSPIRONA (BUSPAR), G: ANSIOLÍTICO Atividade ansiolítica, mas tem pouco efeito sedativo. É um tratamento eficaz no distúrbio da ansiedade generalizada, mas não nas fobias. Os efeitos secundários são menos incômodos que os benzodiazepínicos; eles incluem tonturas, náuseas, cefaleias, mas não sedação ou perda de coordenação. Muito menor potencial de abuso. MECANISMO DE AÇÃO Agonista parcial dos receptores 5-HT1A: feedback negativo. Inibição da despolarização dos neurônios serotoninérgicos. Diminuição da síntese e liberação de serotonina (5- HT). Usado para vários distúrbios de ansiedade. Início do efeito é lento e longo (> 2 semanas). EFEITOS COLATERAIS Náusea, Tontura, Cefaléia, Agitação Farmacocinética: Rápida e completa absorção no trato gastrintestinal (TGI). Fármaco sofre extenso efeito de 1ª passagem: fígado. Metabólito hidroxilado é ativo. Ligação alta a proteínas. É excretada parcialmente na urina. Meia vida de eliminação de 4.8 horas. Efeitos adversos: Em altas doses, esses fármacos podem agir em outros receptores serotoninérgicos, diminui a especificidade. Em pequenas doses, age mais nos autorreceptores. Os efeitos adversos são semelhantes aos efeitos do excesso de serotonina. Agitação e disforia com altas doses; Taquicardia e palpitação; Nervosismo. BARBITÚRICOS Descobertos no início do século XX: foram os primeiros a serem utilizados. Depressores não-seletivos (reversíveis) do SNC: inibem vários receptores GABAa. Provocam a morte por depressão respiratória e CV. Usados atualmente: Fenobarbital (anticonvulsivante). Tiopental (anestésico). Química: Composto original: ácido barbitúrico. É um fármaco ácido; dói um pouco no local de aplicação. Alteração na estrutura: maior lipossolubilidade e potência. Ácidos, com o pKa entre 7.4 e 8.1. São lipossolúveis no pH = 7. Para facilitar sua excreção, deve-se tornar a urina básica, administrando bicarbonato de sódio. MECANISMO DE AÇÃO Ação menos específica: agem por todo o SNC. Aumentam a ação do GABA. Assim como os BZD, os barbitúricos intensificam a ligação do GABA com os receptores GABAa de modo dependente de cloreto e sensível a picrotoxina; Apenas as subunidades α e β (e não γ) são necessárias para a ação dos barbitúricos. Afinidade pelo sítio da picrotoxina do receptor GABA, no canal de cloreto. A picrotoxina bloqueia o canal de cloreto. O barbitúrico faz com que o canal fique aberto mais tempo (hiperpolarização mais intensa e prolongada). Ação inibitória maior que os benzodiazepínicos. Os barbitúricos potencializam as correntes de cloreto induzidas por GABA, prolongando os períodos durante os quais ocorrem os surtos de abertura do canal, em vez de aumentar a frequência desses surtos, tal como fazem os benzodiazepínicos. 4 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN DESVANTAGENS Risco de intoxicação aguda. Alto grau de tolerância e dependência física e psicológica. Aumentam a velocidade de degradação de vários medicamentos. Classificação: Duração da Ação Fármaco Indicação Ultracurta 30 min Tiopental Coadjuvante EV em anestesias Curta 2 horas Pentobarbital Hipnóticos (não mais usados) Intermediária 3 a 5 horas Amobarbital Hipnóticos (não mais usados) Prolongada mais de 6 horas Fenobarbital Anti-epilético (único usado Brasil) --------------------------------EXTRA------------------------------- Farmacocinética: Os de ação prolongada são metabolizados, principalmente no fígado, por oxidação lenta. São degradados por enzimas microssomais e são potentes indutores de enzimas. Excreção: principalmente renal. Uso terapêutico e efeitos adversos: Devido às desvantagens, os barbitúricos estão sendo substituídos pelos benzodiazepínicos como hipnóticos e sedativos: Baixo índice terapêutico; Suprimem o sono REM; Rápido desenvolvimento de tolerância; Alto potencial de dependência e abuso; Indução enzimática microssomal frequente. Seu uso é limitado atualmente pelo risco significativo de causarem depressão cardiovascular e respiratória. Além do uso crônico poder levar a alto grau de dependência e tolerância. Ainda apresentam importante interação medicamentosa com vários outros medicamentos, neste caso, principalmente o barbitúrico fenobarbital. Efeitos adversos: Hipersedação; Erupções cutâneas; Diminuição da ação de outros fármacos: potente indutor de enzimas hepáticas; A suspensão do tratamento pode acarretar: convulsões, alucinações e psicoses; Superdosagem aguda de barbitúricos: Diminuição dos reflexos, depressão respiratória grave, hipotensão (resultando em colapso cardiovascular), insuficiência renal e coma. Não há antídoto. O que de ver ser feito é administrar substâncias que tornem a urina alcalina para facilitar a excreção do fármaco e fazer fluidoterapia. Novos hipnóticos: Zolpidem, G (Stilnox), Zopiclona, G (Imovane) e Zaleplon; Menor supressão do sono REM; Boa atividade hipnótica; Boa absorção oral; Baixa toxicidade: curta meia-vida; Não há muito risco de causar dependência. Outras drogas: Betabloqueador: Propranolol, G. Auxilia no tratamento de alguns tipos de ansiedade. Sintomas da ansiedade grave envolvem ativação do simpático. - Exemplo: taquicardia. Anti-histamínicos: Difenidramina Ação sedativa Princípios ativos naturais: Finalidade ansiolítica Obtidos de melissa e principalmente maracujá Atuam no mesmo receptor dos benzodiazepínicos, com efeito calmante. Não causam dependência
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