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Prévia do material em texto

– 1
1. PERO VAZ DE CAMINHA
Pero Vaz de Caminha teria nascido no Porto, onde
certamente viveu desde a infância, uma vez que seu pai,
Vasco Fernandes de Caminha, escrivão do rei D. João I
(1356-1433), estabeleceu-se naquela cidade para exercer
suas funções burocráticas. 
Provavelmente, Pero Vaz de Caminha herdou de seu
pai sua afeição à escrita e, contrariando a vontade do pai,
aceita o ofício de mestre da Balança, o qual teria adqui -
rido do rei em plena batalha em Toro, Castela. Há regis -
tros régios de 1476 que confirmam o exercício dessa
função e sugerem boa índole de nosso missivista. 
Sabe-se que Pero, o escrivão marinheiro, estava na
casa dos cinquenta anos quando foi nomeado escrivão da
armada de Pedro Álvares Cabral. Morre em Calicute
depois de um ataque inesperado dos árabes, em meados
de dezembro do mesmo ano em que escreve nossa
“certidão de nascimento”.
2. O RELATO
Caminha inicia sua missiva ressaltando a Dom
Manuel sua intenção de também “dar conta” de suas
impressões em relação ao “achamento” da “terra nova”,
embora não se considere tão competente para tanto. Seu
intuito é de relatar fielmente o que viu e o que lhe
“pareceu”. Retoricamente, justifica seu estilo simples e
objetivo, uma vez que diz não ter o interesse de enfeitar
seu relato. 
Seus apontamentos partem dos eventos em sucessão
cronológica: a partida de Belém (9 de março), a chegada
às Ilhas Canárias (14 de março); a passagem pelas Ilhas
de Cabo Verde (22 de março); a perda misteriosa da nau
de Vasco de Ataíde e o esforço inútil de Cabral para
encontrá-la (23 de março); os primeiros sinais de terra
depois de cerca de 670 léguas da última parada (21 de
abril); a grande quantidade de ervas compridas, “bote -
lhos” e “rabo-de-asno”; o aparecimento dos “fura-buxos”
e o avistamento da terra e de um monte alto. À primeira,
o capitão-mor dá o nome de “Terra de Vera Cruz” e, ao
segundo, de “Monte Pascoal”, numa semana de Páscoa,
aos 22 de abril de 1500.
No dia seguinte, ao término da ancoragem “de fronte
a boca de um rio”, são vistos pela primeira vez “homens
que andavam pela praia”. Nicolau Coelho faz a inspeção
do rio e, novamente, o aparecimento de cerca de vinte
homens, “pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes
cobrisse as suas vergonhas”.
Já era tarde e o estrondo das ondas acelera o término
do primeiro contato. Mas há uma primeira troca: Nicolau
lhes oferece um barrete vermelho, uma carapuça de
linho, um sombreiro de penas e recebe em troca um
“ramal de continhas brancas miúdas”. Seguem-se as
intempéries climáticas, o vento e chuva fortes, a
dificuldade em encontrar algumas “abrigadas de bom
pouso” para o abastecimento de água e lenha.
Quando fazem vela, os portugueses avistam cerca de
sessenta nativos. O capitão envia pequenos navios à
praia para que os portugueses achem pouso seguro.
Depois de uma breve viagem pela costa, acham um
pequeno recife. “Meteram-se dentro e amainaram”.
Afonso Lopes, piloto da nau de Caminha, “homem vivo
e competente”, sonda o porto e topa com “dois homens
da terra, mancebos e de bons corpos”, que se encontram
em uma jangada com arcos e flechas, mas “deles não
fizeram uso em nenhum momento”. 
Já era noite e Afonso Lopes decide levar os dois
jovens até o capitão. Quando chegam à nau, Cabral está
bem vestido, usa um grande colar, está sentado e a seu pé
um tapete por sobre o qual os outros se acomodam.
As tochas iluminam o cenário. Os homens da terra
descoberta não demonstram cortesia. Um deles fixa o
olhar no colar do capitão e acena para a terra, o que dá a
impressão de que também houvesse ouro lá. O mesmo
faz o nativo em relação ao castiçal de prata. Os portu -
gueses mostram a eles um papagaio do capitão. Os
nativos pegam-no e apontam para a terra novamente.
Pelo carneiro não demonstram interesse; da galinha
sentem medo.
CARTA DE ACHAMENTO DO BRASIL
AULAS ESPECIAIS
AS OBRAS DA UNICAMP
PORTUGUÊS
2 –
No jantar, do pão e peixe cozido, confeitos, bolos,
mel e figos passados “se provaram alguma coisa, logo a
cuspiram com nojo”. O vinho também não obteve
sucesso, diferentemente de umas contas de rosário as
quais um envolve no braço, acenando para a terra. Os
anfitriões traduzem essa cena como se os nativos
pudessem dar ouro em troca pelas quinquilharias. “Nós
assim o traduzíamos porque era esse o nosso maior
desejo...”. O jantar chega ao fim e os nativos deitam-se na
alcatifa para dormir. Cabral ordena que se lhes ofereçam
travesseiros e cobertas. Eles consentem e adormecem. 
No dia seguinte, os apontamentos marcam as
atividades dos marinheiros para demandar a entrada em
um ancoradouro. Nicolau Coelho e Bartolomeu Dias, por
ordem de Cabral, partem com os dois nativos, juntamente
com Afonso Ribeiro, um degredado, para que este possa
aprender os costumes e usos da “nova gente”. Os dois
aborígenes foram presenteados com uma camisa nova. 
Caminha descreve os aspectos físicos e ornamentais
dos homens da terra nova, “as moças, muito novas e
muito gentis, com cabelos muito pretos e compridos...
que de as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma
vergonha”. Seguem uma algazarra e a devolução do
degredado, que, apesar de preterido, entrega presentes ao
nativo que o acolhera, um homem “que parecia um São
Sebastião cheio de flechas”. Depois o capitão-mor “a
folgar” até a noitinha, o regresso à nau...
No domingo de Páscoa, o capitão determina que
todos se arranjem para ir ouvir a missa. Manda armar um
pavilhão e levantar um altar. “Em voz entoada” e
acompa nhado pelos outros sacerdotes, padre Frei
Henrique celebra a primeira missa, que, segundo
Caminha, “foi ouvida com muito prazer e devoção”.
O capitão, com a bandeira da Ordem de Cristo, participa
do evangelho. Depois de “proveitosa pregação”, o padre,
diante dos observadores pelo areal, trata do achamento
da terra, o qual é creditado à predestinação sob a qual se
permitiu a chegada dos portugueses. Isso provocou
“muita devoção”. 
Enquanto isso, na praia, está a outra gente
“folgando”. Eles observam tudo sentados. Acabada a
missa, tocam “corno ou buzina” e dançam. Os mari -
nheiros vão até os nativos, que, ao verem o esquife de
Bartolomeu Dias, entram na água e oferecem cabaças
com água sem demonstrar qualquer intenção violenta.
Em seguida, fala-se da busca por mariscos e do encontro
dos camarões “curtos e grossos” como jamais vistos. 
Depois da ceia, Pedro Álvares Cabral ordena que os
outros comandantes sigam até a sua nau. Cabral pergunta
a todos se não seria “por bem” enviar a D. Manuel a
“nova do achamento desta terra pelo navio dos
mantimentos para melhor a mandar descobrir e saber
dela mais”. Todos concordam e excluem a ideia de tomar
à força alguns homens da terra para levá-los ao rei.
Decidem deixar dois degredados, que dariam “melhor
informação”.
Após acentuar a vista de um ribeirão “de muita água
e muito boa”, Caminha registra a diversão dos nativos,
que “dançam e folgam” do outro lado do rio. Diogo Dias,
que leva um gaiteiro até eles, participa da dança,
“tomando-os pelas mãos”. O português dá um salto
mortal e muitas “voltas ligeiras”, o que gera espanto e
risos. “Eles folgavam e riam...”
No dia seguinte, o encontro com os nativos é
marcado por uma proximidade mais intensa, o que
permite vê-los mais de perto. Diogo Dias, “por ser
homem alegre”, é enviado ao grupo juntamente com
Afonso Ribeiro e outros dois degredados. Os portugueses
misturam-se com os nativos e descobrem uma povoação
com cerca de dez ocas “tão compridas como a nossa nau
capitânia”. 
Na terça-feira, o grupo de Caminha vai a terra para
dar guarda aos recolhedores de lenha e para lavar roupa.
Surgem cerca de duzentos nativos, que se misturam aos
portugueses espontaneamente. Muitos ajudam no recolhi -
mento e transporte da lenha. Dois carpinteiros trabalham
na construção de uma cruz utilizando ferramentas de
ferro, chamando a atenção dos nativos. “A conversação
deles conosco era já tanta que quase nos estorvavam no
nosso trabalho”. Seguem as impressões sobre a nova
terra: os papagaios e as pombas-seixas são em grande
quantidade, “os arvoredos numerosose grandes”.
Na quarta-feira, são relatados o esvaziamento do
navio de mantimentos; os trezentos homens da terra
achada na praia, segundo Sancho de Tovar; a terceira
recusa dos nativos em aceitar Afonso Ribeiro; o retorno
deste com Diogo Dias trazendo à nau alguns papagaios
verdes e outras aves pretas. Sancho de Tovar traz dois
novos hóspedes, que comem e dormem bem.
Na quinta-feira, derradeiro dia de abril, Sancho de
Tovar chega à nau com seus dois hóspedes, que tomam a
refeição da manhã sentados à mesa. Comem muito bem
presunto cozido e arroz. Um recebe de um grumete um
dente de javali, que tenta ajustar em seu lábio. Os
portugueses lhe dão um pouco de cera para que ele possa
ajustar seu adereço. Ele assim o faz e fica contente
“como se tivesse uma grande joia”. Depois se vai e não
mais aparece por lá.
Um pouco depois aparecem na praia cerca de
quatrocentos nativos com arcos e flechas, “que trocavam
por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam”.
Comem o que lhes é oferecido; alguns bebem vinho e
“andam tão bem-dispostos, tão bem-feitos e galantes
com suas tinturas” que agradam muito ao autor da carta.
Já se mostram “mansos e seguros”.
Segue mais um relato do descanso: a praia, a água, o
arvo redo “tanto e tamanho”, os “bons palmitos”. Em
seguida, a ordem do capitão para que os portugueses
fossem à cruz, ajoelhassem diante dela e beijassem-na
como demons tração de “acatamento” e exemplo aos
homens da terra. Todos os nativos presentes foram 
beijá-la, o que leva Caminha a concluir que são “gente de
tal inocência” que se houvesse entendimento na
comunicação “seriam logo cristãos”, pois parece que
“não têm nem entendem crença alguma”.
Não obstante, Caminha aposta no aprendizado da
fala dos nativos pelos degredados que ficarão como uma
forma de fazê-los crer na “santa fé”, já que “certamente”
a “gente é boa e de bela simplicidade”. Com efeito,
comenta-se o “achamento” como missão cristã dada aos
recém-chegados e sugere-se ao rei o dever de “cuidar da
salvação deles”.
Apontam-se mais algumas peculiaridades de seus
costumes: “não lavram”, “não criam”; não há gado,
ovelha ou galinha ou qualquer outro animal que conviva
com o homem; não comem senão do inhame, das
sementes e dos frutos que “a terra e as árvores de si
deitam”. Apesar disso, são tão sadios, “rijos e nédios”,
quanto os descobridores, que se alimentam de trigo. 
Os nativos dançam e bailam ao som de um tamboril
português e se mostram mais amigos dos portugueses,
“mais amigos nossos do que nós seus”. E, na derradeira
noite da passagem, mais um convite a cinco nativos para
que fossem à nau. Alguns deles já tomados por pajens.
Nessa noite, foram “muito bem agasalhados, tanto de
comida como de cama, de colchões e lençóis, para os
mais amansar”.
Na sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500, sai-se
pela manhã em terra com a bandeira, planta-se a cruz em
um lugar “para melhor ser vista”, os sacerdotes cantam
na presença de “muitos deles”, que de joelhos assistem à
missa de Padre Frei Henrique. Os observadores se
comovem com a participação deles no ritual. Findada a
comunhão, um nativo de aspecto senil acena para o altar
e, em seguida, para o céu “como se dissesse alguma coisa
de bem”.
A pregação final do Evangelho segue ao olhar
atento dos homens da terra achada. Nicolau Coelho
oferece alguns crucifixos, os quais são colocados no
pescoço deles pelo padre Frei Henrique, que está ao pé
da cruz. Um nativo, que beija a cruz e eleva as mãos ao
céu, é agraciado pelo capitão com uma camisa
mourisca. Isso gera um consenso: o não entendimento
da fala deles é o único impedimento para que sejam
cristãos. Caminha, então, sugere ao rei que este “mande
quem entre eles mais devagar ande”, “que todos serão
tornados e convertidos ao desejo de Vossa Alteza. E por
isso, se alguém vier, não deixe logo de vir clérigo para
os batizar”. Não obstante, dois degredados ficarão para
que os nativos tenham “mais conhecimento de nossa
fé”. 
Conta-se o episódio de uma moça que esteve
presente na missa e que aceitou “um pano para que se
cobrisse”. A ingenuidade da mulher permite ao missivista
a observação de que “a inocência dessa gente é tal que a
de Adão não seria maior com respeito ao pudor”. Cabe
então dar-lhes o ensinamento para a salvação.
Registra-se o fato de dois grumetes que fugiram e
não retornaram mais. Eles ficarão juntamente com os
dois degredados. Caminha mais uma vez destaca os
elementos naturais da terra cuja imensidão atinge “os
limites da vista”. Os arvoredos, as águas infindas, o fato
de não saberem da existência de “ouro, nem prata, nem
coisa alguma de metal ou ferro”.
“As águas são muitas e infindas”, “a terra em si é de
muito bons ares”, mas o melhor fruto da nova terra,
segundo Caminha, é a salvação dos nativos. “Esta deve ser
a principal semente que Vossa Alteza nela deve lançar”,
deseja o missivista, para que a terra seja algo a mais que
uma simples pousada para Calicute. É preciso também
cumprir o “acrescentamento de nossa Santa Fé”. O pro -
fessor Alfredo Bosi, em História Concisa da Litera tura
Brasileira, afirma: “o espírito observador (de Caminha), a
ingenuidade (no sentido de um realismo sem pregas) e
uma transparente ideologia mercantilista batizada pelo
zelo missionário de uma cristandade ainda medieval, eis
os caracteres que saltam à primeira leitura da Carta”. 
Por fim, Pero Vaz de Caminha retoma a observação
inicial da carta, frisando a fidelidade com que descreveu
aquilo que viu e lhe pareceu. Pede perdão ao rei D. Manuel
caso tenha-se alongado em seus aponta mentos, mas que
seu intuito era o de pôr tudo “pelo miúdo”. Ressalta sua
honra em servir ao rei e lança um pedido final: que o rei
permita o retorno de seu genro, que se encontra na Ilha de
São Tomé, a Portugal. Despede-se indicando um beijo nas
mãos do rei, dando um ponto-final de um “Porto Seguro,
da Vossa Ilha de Vera Cruz” numa “sexta-feira, primeiro
de maio de 1500”.
– 3
4 –
3. CONSIDERAÇÕES ACERCA DA 
CARTA DE ACHAMENTO DO BRASIL
A Carta de achamento do Brasil pertence ao ciclo
dos descobrimentos da literatura portuguesa do
século XVI. Ao obedecer à mentalidade lusa do
Quinhentismo, o missivista demonstra a intersecção de
duas tendências que marcam esse período: 1) a literatura
de viagens, pela qual se registram os roteiros náuticos, os
relatos dos navegantes, a descrição da natureza e a do
aborígene; e 2) a visão de mundo cristã, que imprime na
terra achada “a expansão espiritual portuguesa” sob a
crença de um paraíso terrestre (Cf. COUTINHO: 1980,
p. 78).
A literatura de viagens configura-se no início da Era
Moderna a partir do imaginário criado em torno do mito
do “Novo Mundo”. Essa narrativa otimista dada pelo
Renascimento une o projeto científico representado pelo
antropocentrismo com o espírito da cristandade e
corrobora a ideia da existência de um novo momento
histórico (CRISTÓVÃO: 1999, p. 191). 
As expansões marítimas, e todo o desenvolvimento
científico que permitiu a realização da atividade náutica,
colocam o homem ainda de mentalidade medieval em
uma vivência agora fundamentada em motivos
econômicos e comerciais. O olhar do homem culto,
destarte, mostra-se híbrido ao participar dos interesses do
ideal mercantilista atrelados aos deslumbramentos diante
da nova terra a qual corresponde à fartura e à beleza
indicadas pelo relato bíblico do Éden.
Para os portugueses, que iniciaram suas expansões
marítimas em 1415 com a conquista de Ceuta, o Novo
Mundo, que, depois do feito heroico de Vasco da Gama,
estaria além do Cabo da Boa Esperança, passa após a
viagem de Pedro Álvares Cabral a estar também no
Brasil. No entanto, Caminha, em sua descrição da “nova
terra”, embora se aproxime em alguns momentos do mito
do paraíso terrestre, demonstra um senso prático e
objetivo que não só afasta sua escrita dos relatos
fantasiosos medievais, mas também revela a experiência
náutica lusitana.
Os olhos do missivista português diante da nova
descoberta promovem um relato de um espírito
observador que, por meio de um “realismo ingênuo”,
tenta apontar tudo o queé visto e o que lhe impressiona.
Nesse intuito de não deixar escapar nada do que é
vivenciado, Caminha constrói um relato que se configura
ao sabor dos acontecimentos, como requer o melhor
estilo vivo da narrativa de viagem portuguesa, ao mesmo
tempo em que imprime em sua representação “a
ideologia mercantilista batizada pelo zelo missionário de
uma cristandade ainda medieval” (BOSI: 2006, p. 14).
Do relato dos nove dias de permanência no Brasil,
nota-se a precisão com que Caminha descreve os deta -
lhes da nova terra, dos quais se destacam os elementos
naturais e a gente nova. Associada ao maravilhamento
diante da terra nova está a escrita objetiva e espontânea,
por meio da qual se configura uma narrativa simples,
dotada de um senso de exatidão que dá ao escrivão a
possibilidade de cumprir com seu intuito de informar de
maneira detalhada os elementos que lhe saltam aos olhos.
Isso permite à missiva de Caminha um lugar
fronteiriço entre a história e a literatura. Seu caráter
documental e informativo dá-lhe valor historiográfico; a
descrição fluentemente literária dada pelo deslumbra -
mento diante dos elementos novos do novo mundo, por
vezes insólitos, indica no escrivão traços de um
ficcionista “ainda que primitivo e um tanto ingênuo”
(MOISÉS, 2007, p. 18). 
Desse modo, não obstante a classificação tradicional
da Carta de Caminha como literatura de informação do
Quinhentismo ou do Período de Informação (1500-1601)
restrinja-a puramente ao caráter docu mental, descredi -
tando-lhe o valor literário por não ser uma obra de
elaboração artística e ficcional dada pela imaginação, a
partir da nova valorização oferecida pelo Modernismo, a
crônica-carta do escrivão português deixa de ser um mero
documento histórico. O impressionismo que subjaz à
observação espontânea, às vezes humo rística, bem como
o lirismo com que Caminha pinta os elementos naturais e
com que relata a pureza da nova gente, suspendem os
limites do texto meramente documental (Cf. CASTELLO
apud BRAGA, p. 82).
É possível entrever um cuidado do emissor no
tratamento da linguagem ao usar imagens pelas quais
tenta solucionar a difícil tarefa de comunicar o novo, isto
é, traduzir o contato estabelecido entre duas culturas
diferentes. Apesar da perspectiva cristã que norteia seu
relato, Caminha promove a expressão daquilo que lhe é
objeto de observação e análise. E talvez seja nessa
capacidade de fotografar esse contraste que resida o
elemento capaz de dar à carta o seu status literário
(Cf. RONCARI apud BRAGA: 2009, p. 84).
Com um estilo vivo, simples e objetivo, a escrita de
Caminha não só reflete o senso de exatidão
imprescindível ao escrivão, cuja missão é informar de
forma detalhada os elementos que lhe “parecem”, mas
também revela o espírito mercantilista, quando se tece
um breve inventário das riquezas naturais e se aponta a
possibilidade de existência de ouro. Além disso, há o
elemento ideológico e cristão, ao indicar a inocência e a
pureza da “nova gente”, as quais, associadas aos “bons
ares” e às “águas infinitas”, permitem a interpretação
teológica que permeia o caráter de missão de catequese,
conforme sugere a comoção apontada pelo escrivão
quando relata a participação dos homens da terra achada
na missa e na simbologia cristãs.
A Carta, desse modo, pendula entre o factual e o
enigmático (ALMEIDA apud SOUZA: 2002, p. 48).
Apesar do calendário que demarca os acontecimentos de
forma sequencial e pormenorizada, como se fosse uma
espécie de diário, os nove dias do tempo cronológico que
marcam a permanência do escrivão dialogam com o
imaginário de um tempo mítico, cuja representação
narrativa revela os elementos adâmicos do índio e da
natureza que o circunda.
No entanto, na carta, é o realismo sóbrio que conduz
o relato. Mesmo quando se nota a ênfase na descrição
dos homens da terra achada, trata-se menos de uma
apologia do homem primitivo, temática desenvolvida na
era dos grandes descobrimentos e que mais tarde
desabrochará nas teorias do bom selvagem, do que de um
encan tamento em relação à inocência edênica do nativo
como um elemento que faz que o autor comungue de
certa forma do imaginário comum à literatura de viagens
de seu tempo. 
A atitude paternal de Caminha diante do índio
indica, no entanto, algo novo. Se considerarmos que o
escrivão tem, em seu projeto de escrita, duas inten ções,
a saber: 1) a objetividade de quem esteve presente e, por
isso, é capaz de ser fiel na descrição de sua expe riência;
e 2) assegurar a verossimilhança da informação, já que o
conteúdo da missiva mostra-se como algo de difícil
imaginação por parte de seu destinatário, compreende-se
o destaque dado à nova gente. Isso faz com que o
missivista empregue símiles ou comparações para que
no contexto europeu se tenha ideia aproximada do que é
descrito: “Esse que o agasalhou (= acolheu) era já de
idade, e andava por galanteria, cheio de penas, pegadas
pelo corpo, que parecia seteado como São Sebastião”.
Os homens da terra de fato colocam-se como uma
novidade, a qual permite desvelar o argumento
ideológico do autor. O índio parece, pela inocência
adâmica, colocar o observador entre o passado original e
o futuro representado pelo dever da evangelização, cujo
cumprimento cabe ao rei, conforme determinados
momentos de proselitismo da carta.
As reiteradas descrições de caráter amigável dos
homens de “boa simplicidade” da terra nova traduzem
essa concepção. Quando Caminha descreve os índios,
termo que aliás não aparece no texto, já que não são
orientais, como os pardos, ele diz que a nova gente foge
às noções comuns dadas pelo homem exótico com o qual
haviam tido experiência na costa africana do Atlântico. 
A acentuação da convivência pacífica, e muitas
vezes lúdica, os detalhes da hospedagem gentil e,
sobretudo, a participação dos nativos na missa,
juntamente com os elementos que prenunciam sua
conversão ao catolicismo, permitem uma configuração
não só humanizadora, mas também espiritualizante do
mundo descrito no texto de Caminha. Portanto, o novo
homem da terra recém-descoberta não se mostra hostil.
Pelo contrário, age afeito à troca simbólica, a qual
catalisa a intenção catequizadora do missivista, que
registra sua devoção ao ver o nativo elevar as mãos ao
céu.
Caminha não duvida de que a nova gente se fará
cristã, uma vez que ela é o melhor fruto que se pode tirar
da terra recém-achada, o que cria uma atmosfera
messiânica a seu relato. Cumpre-se, assim, uma narrativa
que, não obstante seu caráter informativo, parece colocar
o escrivão marinheiro em uma viagem que lhe permite
entrever um novo início no tempo, assim como permite o
início do nosso tempo. Esse é o ato poético da Carta de
Achamento do Brasil.
– 5
6 –
Texto para as questões 1 e 2.
E hoje, que é sexta-feira, primeiro dia de maio,
saímos pela manhã em terra com nossa bandeira.
E fomos desembarcar rio acima, contra o sul, onde nos
pareceu que seria melhor colocar a cruz, para melhor
ser vista. E ali marcou o Capitão o lugar onde haviam de
fazer a cova para a plantar. E enquanto a iam abrindo,
ele com todos nós outros fomos recolher a cruz, rio
abaixo, onde ela estava. E com os religiosos e sacerdotes
que cantavam, à frente, fomos trazendo-a dali, a modo de
procissão. Já se encontrava ali grande número deles, uns
setenta ou oitenta; e quando assim nos viram chegar,
alguns se foram meter debaixo dela para nos ajudar. (...)
Ali disse missa o Padre Frei Henrique, a qual foi cantada
e oficiada por esses já ditos. Ali estiveram conosco,
assistindo a ela, perto de cinquenta ou sessenta deles,
assentados todos de joelhos, assim como nós. E quando
se chegou ao Evangelho, ao nos erguermos todos em pé
com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco e
alçaram as mãos, estando assim até se chegar ao fim; e
então tornaram a assentar-se, como nós. E quando
levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se
puseram todos assim como nós estávamos, com as mãos
levantadas, em tal maneira sossegados que certifico a
Vossa Alteza que nos fez muita devoção.
(CASTRO, Sílvio. A Carta de Pero Vazde Caminha.
Porto Alegre: L&PM, 2017, p. 110.)
1. Assinale a alternativa que se aplica ao excerto da
Carta, de Pero Vaz de Caminha. 
a) “Sexta-feira” e “primeiro dia de maio” ilustram as
marcas do gênero diário. 
b) O termo “certifico” ilustra o caráter de testemunho
que marca o relato de Caminha. 
c) O conectivo “e”, no início dos períodos, indica a
elaboração poética do relato.
d) O uso denotativo do termo “plantar” dá um tom
lírico e elevado à Carta. 
2. O caráter impressionista do escrivão diante da parti -
cipação dos homens da nova terra na missa indica
a) o senso de exatidão que marca a intenção textual do
escrivão.
b) o espírito mercantilista que sustenta as expedições
marítimas.
c) a ideologia cristã como elemento organizador da
descrição da nova terra.
d) a atitude poética do autor em sua representação da
realidade.
3. Na Carta de achamento do Brasil, Pero Vaz de
Caminha vale-se da descrição viva e simples para
informar D. Manuel, rei de Portugal, sobre as
características da “nova terra” e das “gentes” que
nela vivem. 
Eles não lavram nem criam. Nem há aqui boi ou
vaca, cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro
animal que esteja acostumado ao convívio com o
homem. E não comem senão deste inhame, de que aqui
há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as
árvores de si deitam. E com isso andam tais e tão rijos e
tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo
e legumes comemos.
(CASTRO, Sílvio. A Carta de Pero Vaz de Caminha.
Porto Alegre: L&PM, 2017, p. 109.)
Considerando os elementos dos quais o escrivão parte
para tecer seus apontamentos, é correto afirmar que
a) a referência a dados da cultura do observador serve
de base para a analogia pela qual se mostram as
peculiaridades do indígena.
b) a comparação entre os costumes nutricionais do
nativo e do europeu promove a supervalorização da
cultura autóctone. 
c) a configuração exótica da natureza permite a
caracterização fantasiosa dos hábitos agrícolas e
pecuários do nativo.
d) a enumeração dos animais presenciados na nova
terra corrobora os caracteres adâmicos dos homens
da terra.
Texto para a questão 4.
Na segunda-feira, depois de comer, saímos todos em
terra para o abastecimento de água. Ali vieram então
muitos deles, mas não tantos como das outras vezes.
Já muito poucos traziam arcos e flechas. De início,
mantiveram-se um pouco afastados, para depois, pouco
a pouco, misturarem conosco. Abraçavam-nos e
folgavam. Mas logo depois se esquivavam.
(CASTRO, Sílvio. A Carta de Pero Vaz de Caminha.
Porto Alegre: L&PM, 2017, p. 102.)
Exercícios
4. Assinale a alternativa que não se aplica ao excerto da
Carta, de Pero Vaz de Caminha. 
a) os nativos tiveram atitudes duais, antagônicas.
b) a descrição pontual da vivência cotidiana mescla-se
com elementos narrativos.
c) as formas verbais “abraçavam” e “folgavam” dão um
caráter conceitual ao relato.
d) a repetição do termo “depois” atende ao senso de
exatidão do autor.
Texto para a questão 5.
A feição deles é parda, algo avermelhada; de bons
rostos e bons narizes. Em geral são bem-feitos. Andam
nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de
cobrir ou mostrar suas vergonhas, e nisso são tão
inocentes como quando mostram o rosto. Ambos os dois
traziam o lábio de baixo furado e metido nele um osso
branco realmente osso, do comprimento de uma mão
travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na
ponta como um furador. Metem-no pela parte de dentro
do lábio, e a parte que fica entre o lábio e os dentes é
feita à roque de xadrez, ali encaixado de maneira a não
prejudicar o falar, o comer e o beber.
(CASTRO, Sílvio. A Carta de Pero Vaz de Caminha.
Porto Alegre: L&PM, 2017, p. 90.)
5.
a) Indique dois recursos descritivos empregados pelo
escrivão que ilustrem o senso de exatidão que marca
o seu relato.
b) Indique um termo que serve de estratégia para
enfatizar a veracidade observada da realidade.
Explique, à luz da situação em que o relato é
produzido, por que tal recurso faz-se necessário.
Textos para a questão 6.
Texto 1
O principal intuito resumia-se em ser fiel à verdade
observada, para que o relato desse conta exata da gente
e da terra descobertas. E tal imperativo realizou-o
cabalmente, a ponto de transformar a Carta numa
espécie de diário de viagem, com toda a pormenorização
que lhe é peculiar.
(MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira através
dos textos. São Paulo: Cultrix, 2007, p. 18.) 
Texto 2
Senhor
Posto que o Capitão-mor desta frota e assim
igualmente os outros capitães escrevam a Vossa Alteza
dando notícias do achamento desta Vossa terra nova,
que agora nesta navegação se achou, não deixarei de
também eu dar minha conta disso a Vossa Alteza,
fazendo como melhor me for possível, ainda que – para
o bem contar e falar – o saiba pior que todos. Queira
porém Vossa Alteza tomar minha ignorância por boa
vontade, e creia que certamente nada porei aqui, para
embelezar nem para enfeitar, mais do que vi e me
pareceu. Da marinhagem e singradura do caminho não
darei conta aqui a Vossa Alteza – porque não saberia
fazê-lo e os pilotos devem ter esse encargo. Portanto,
Senhor, do que hei de falar começo e digo:
(...)
E assim seguimos nosso caminho por este mar – de
longo – até que na terça-feira das Oitavas de Páscoa –
eram os vinte e um de abril – estando da dita ilha
distantes de 660 a 670 léguas, conforme dados dos
pilotos, topamos alguns sinais de terra: uma grande
quantidade de ervas compridas, chamadas botelhos
pelos mareantes, assim como outras a que dão nome de
rabo-de-asno. No dia seguinte – quarta-feira pela manhã
– topamos aves a que os mesmos chamam de fura-buxos.
Neste mesmo dia, à hora de vésperas, avistamos terra!
Primeiramente um grande monte, muito alto e redondo;
depois, outras serras mais baixas, da parte sul em
relação ao monte e, mais, terra chã, com grandes
arvoredos. Ao monte alto o Capitão deu o nome de
Monte Pascoal; e à terra, Terra de Vera Cruz.
(CASTRO, Sílvio. A Carta de Pero Vaz de Caminha.
Porto Alegre: L&PM, 2017, p.86-7.)
6.
a) Indique uma marca linguística que permita
aproximar o fragmento da Carta de Caminha ao
gênero “diário de viagem”.
b) Indique uma característica do gênero carta. Em
seguida, comente sobre a intenção do escrivão,
levando em consideração o comentário de Massaud
Moisés e a circunstância histórica pela qual se
justifica a missiva.
– 7
8 –
1. O termo “certifico” atesta o caráter informativo-re -
ferencial do relato de Caminha. Trata-se de uma
estratégia estilística que confere à escrita seu teor
de fidelidade ao qual visa o escrivão.
Resposta: B
2. Ao apontar que a participação dos indígenas na
missa celebrada pelo padre Frei Henrique lhe
causou muita “devoção”, Caminha imprime seu
ideal cristão como premissa que lhe permite
ajustar o fenômeno da “nova terra” e da nova
gente à sua identidade narrativa, de homem
católico e humanista, que participa do ideal
cruzadista que ainda havia nas expansões
marítimas mercantilistas. 
Resposta: C
3. A caracterização da realidade indígena pelo
escrivão tem como base os elementos eurocên -
tricos que, assim, dão uma mais fiel e entendível
imagem da terra recém-descoberta ao rei
D. Manuel. 
Resposta: A
4. As formas verbais no pretérito imperfeito do
modo indicativo (“abraçavam”; “folgavam”)
traduzem o caráter narrativo e descritivo que
marca o excerto ao transmitir a ideia de
continuidade das ações que representam.
Resposta: C
5. a) A enumeração de predicativos (“pardas, “bons
rostos”, “inocentes”) e o uso da analogia (“feita
à roque de xadrez”; “como quando mostram o
rosto”) ilustram o realismo do relato de
Caminha.
b) O advérbio “realmente”, em “realmente osso”,
traduz a preocupação de se enfatizar a
veracidade do que é relatado. À medida que o
elemento singularidade do fenômeno obser -
vado. Na medida que o elemento descrito se
mostra exótico, cabe à habilidade detalhista do
escrivão a tarefa de descrever a terra achada a
partir de elementos referenciais de que
participa seu destinatário.
6. a) A marcação da data (“vinte e um de abril”;“no
dia seguinte – quarta-feira pela manhã”), bem
como o registro e a descrição dos eventos
vivenciados, permitem aproximar o relato de
viagem de Caminha ao gênero diário. 
b) O emprego do vocativo (“Senhor”) e o do
pronome de tratamento (“Vossa Alteza”)
indicam marcas linguísticas do gênero
epistolar. Além disso, esse estilo acaba
tangenciando com o gênero de literatura de
testemunho que se destaca no escrito do
escrivão português. Seu senso detalhista e
objetivo reflete a intenção de informar sobre os
elementos encontrados na nova terra, sejam os
homens, seja o elemento físico. Desse modo, a
Carta pertence ao gênero literatura de viagens,
que ilustra boa parte da produção literária da
era dos descobrimentos. 
CARTA DE ACHAMENTO DO BRASIL
GABARITO
AS OBRAS DA UNICAMP
PORTUGUÊS

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