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Vict�ria K. L. Card�so Cardi�mi�patias Introdução Conceito: ● Doenças do miocárdio com disfunção mecânica e/ou elétrica que cursam com hipertrofia ou dilatação ventricular. ● Classificações: restritas ao coração ou relacionadas a distúrbios sistêmicos. ● Comumente há morte cardiovascular ou insuficiência cardíaca. Cardiomiopatias primárias X secundárias: ● Primárias: doenças genéticas ou adquiridas do miocárdio. ● Secundárias: envolvimento entre um distúrbio sistêmico com o miocárdio. Cardiomiopatia e disfunção miocárdica indireta: ● Padrão funcional dilatado: ○ Fração de ejeção (FE) do ventrículo esquerdo (VE): < 40%. ○ Mec. de insuficiência: contratilidade deficiente - disf. sistólica. ○ Disfunção miocárdica indireta: cardiopatia isquêmica, valvar, hipertensiva e congênita. ● Padrão funcional hipertrófico: ○ FEVE: 50-80%. ○ Mec. de insuficiência: complacência deficiente - disf. diastólica. ○ Disfunção miocárdica indireta: cardiopatia hipertensiva e estenose aórtica. ● Padrão funcional restritivo: ○ FEVE: 45-90%. ○ Mec. de insuficiência: complacência deficiente - disf. diastólica. ○ Disfunção miocárdica indireta: constrição pericárdica. Cardiomiopatia dilatada Conceito: trata-se de uma dilatação cardíaca progressiva e com disfunção contrátil (sistólica), geralmente com hipertrofia concomitante. ● Etiologia geral: existem casos familiares, causas primárias e causas secundárias. ● Idades acometidas: qualquer idade, inclusive a infância, mas afeta mais entre 20 e 50 anos. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Patogenia: ● Geralmente inicialmente não há muita sintomatologia, o que posterga o diagnóstico para os estágios finais da doença, quando o coração já está dilatado e com uma contratilidade deficiente. ○ Nesse estágio não se descobre mais a etiologia específica da doença. Influências genéticas: ● Pelo menos 30-50% dos casos. ○ Predominância por herança autossômica dominante. ○ Consequências: defeitos nas geração de força, transmissão e ou sinalização dos miócitos. ● Possíveis locais de mutação: proteínas no citoesqueleto, no sarcolema (sarcômero, das mitocôndrias) e no envoltório nuclear (laminina A/C). ○ Mutação comum: alterações no TTN, gene que codifica a titina (maior proteína expressa em humanos) → 20% dos casos. ● Deleções nos genes mitocondriais = defeitos na fosforilação oxidativa. ○ Maior manifestação em crianças. ● Mutações em genes enzimáticos = alterações na β-oxidação de ácidos graxos. ● CMD ligada ao X = ocorre mais após a puberdade e no início da idade adulta. ○ Pode estar associado a mutações na proteína distrofina da membrana que une o citoesqueleto à matriz extracelular. Causas não genéticas mais comuns: ● Miocardite. ○ Especialmente por etiologia viral, causada pelo vírus coxsackie B. ● Periparto (gravidez). ○ Ocorre no final da gestação ou meses após o parto. ○ Motivos: hipertensão associada à gestação, sobrecarga de volume, deficiência nutricional, transtornos metabólicos ou reação imunológica. ○ Tratamentos: abordagens pró-angiogênicas, incluindo o bloqueio da secreção de prolactina por bromocriptina. ● Tóxicos (álcool, agentes quimioterápicos, metais pesados como o cobalto…). ○ O álcool e seus metabólitos (especialmente o acetaldeído) têm efeito tóxico direto sobre o miocárdio. ● Sobrecarga de ferro. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Pode ocorrer por hemocromatose hereditária ou por transfusões múltiplas → A CMD é a manifestação mais comum desses excessos de ferro. ● Estresse suprafisiológico. ○ Presente em taquicardia persistente, hipertireoidismo ou durante o desenvolvimento em fetos de mães diabéticas insulinodependentes. ○ Motivos: o excesso de catecolaminas pode causar necrose multifocal do miocárdio, com faixas de contração que podem progredir para CMD. ○ Cardiomiopatia de takotsubo: disfunção contrátil do VE, após estresse psicológico extremo. ■ O miocárdio afetado pode estar atordoado ou em necrose multifocal, com faixas de contração. ● Uso de cocaína ou de agentes vasopressores (dopamina). ● Idiopática. Morfologia: ● Características gerais: ○ Coração aumentado, mais pesado e flácido (devido à dilatação das câmaras). ○ Presença de trombos murais → eles podem ser fonte de tromboêmbolos. ○ Se houver regurgitação mitral (ou tricúspide), é porque a CMD ocorreu por dilatação da câmara ventricular (esquerda ou direita) - regurgitação funcional. ○ Não há alteração valvar primária. ○ Não há estreitamento significativo das artérias coronárias ou as obstruções são insuficientes para explicar a disfunção cardíaca. ● Anormalidades histológicas: (costumam ser inespecíficas e não indicam uma etiologia específica) ○ Hipertrofia dos miócitos, com aumento nuclear. ○ Miócitos adelgaçados, esticados e irregulares. ○ Fibrose intersticial e endocárdica. ○ Pequenas cicatrizes subendocárdicas substituindo células individuais ou grupos de células = cicatrização de uma necrose isquêmica prévia. Obs: a gravidade das alterações morfológicas não reflete o grau de disfunção ou prognóstico. Fenótipo geral da cardiomiopatia dilatada: ● Hipertrofia. ● Dilatação. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Fibrose intersticial. ● Trombos intracardíacos. Quadro clínico: ● Manifestações comuns: ○ Sinais e sintomas lentamente progressivos de ICC (dispneia, cansaço fácil e baixa capacidade de esforço). ○ Regurgitação mitral secundária. ○ Ritmos cardíacos anormais. ○ Embolia por trombos intracardíacos. ● Estágio final: FE < 25%. ○ FE normal: mín de 50-65%. ● Morte súbita. ● Fibrilação atrial. ● AVC. Cardiomiopatia hipertrófica Conceito: distúrbio genético com hipertrofia do miocárdio e com diminuição da complacência do VE. ● Principal consequência da doença: anormalidade diastólicas e obstrução intermitente da saída ventricular. ● Mutação: ocorre nos genes das proteínas do sarcômero. ● É a principal causa da hipertrofia do VE não explicada por outras causas. Características gerais: ● Hipertrofia e aumento do peso do miocárdio. ● Espessamento das paredes. ● Hipercontratilidade (em oposição ao coração flácido e hipocontrátil da CMD). ● Anormalidade diastólica. ● Sem dilatação ventricular. Alteração base e diagnósticos diferenciais: ● Alteração base da patologia: disfunção diastólica. ○ Função sistólica preservada. ● Principais diagnósticos diferenciais: ○ Doenças de depósito → amiloidose e doença de Fabry. ○ Cardiopatia hipertensiva com hipertrofia septal subaórtica da idade. ○ Estenose aórtica valvar ou subvalvar congênita. Patogênese: ● Padrão de transmissão genética: herança autossômica dominante. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ A CMH pode se originar de um defeito das mitocôndrias para os sarcômeros. ○ Essa patologia está associada principalmente a anormalidades das proteínas do citoesqueleto. ● Locais de mutação: 1. Gene que codifica a cadeia pesada da β-miosina (β-MHC). 2. Genes que codificam a TnT cardíaca, a α-tropomiosina e a proteína C ligadora de miosina (MYBP-C). ● Fibrose (fibrose intersticial) = respostas exageradas dos fibroblastos do miocárdio à disfunção miocárdica primária. Morfologia: ● Padrão clássico: espessamento desproporcional do septo ventricular em relação à parede livre do ventrículo esquerdo (proporção septo/parede livre > 3�1) = hipertrofia septal assimétrica. ○ 10% dos casos = hipertrofia concêntrica e simétrica. ● Sinal da banana: hipertrofia septal → projeção do septo para dentro do lúmen do VE. ● Histologia: ○ Hipertrofia maciça de miócitos. ○ Desarranjo aleatório dos feixes de miócitos, dos miócitos individuais e dos sarcômeros dentro das células (desarranjo das miofibras). ○ Fibrose intersticial e de substituição Obs: há ausência de dilatação ventricular. Quadro clínico: ● Anormalidade central: redução do volume sistólico, pela deficiência no enchimento diastólico. ○ Consequência da câmara reduzida e da complacência VE maciçamente hipertrofiado. ● Obstrução dinâmica na saída do VE (25% dos casos). ● Comprometimento do débitocardíaco. ● Aumento secundário da pressão venosa pulmonar. ● Dispneia aos esforços. ● Sopro sistólico de ejeção áspero, na ausculta. ● Elevação da pressão em VE. ● Principais sinais: ○ Fibrilação atrial. ○ Trombo mural. ○ Embolização. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Acidente vascular cerebral. ○ Insuficiência cardíaca intratável. ○ Isquemia miocárdica focal. ○ Arritmias ventriculares. ● Morte súbita. ○ A CMH é uma das causas mais comuns de morte súbita sem explicação em atletas jovens. Tratamento: ● Fármaco: bloqueadores β-adrenérgicos (para reduzir a frequência e contratilidade cardíacas). ● Redução da massa miocárdica do septo, liberando a obstrução da via de saída. ● Excisão cirúrgica do músculo → por excisão cirúrgica do músculo ou por infarto septal. Miocardiopatia restritiva Conceito: diminuição primária da complacência ventricular, causando um enchimento ventricular deficiente na diástole. ● Não há comprometimento sistólico. ● Pode ocorrer por causa primária ou secundária. ○ Principais causas secundárias → fibrose por radiação, amiloidose, sarcoidose, tumores metastáticos ou deposição com acúmulo de metabólitos. ● A etiologia específica pode ser detectada por biópsia endomiocárdica. Morfologia: ● Ventrículos discretamente aumentados ou normais. ● Cavidades sem dilatação. ● Miocárdio firme e não complacente. ● Dilatação biatrial → por conta da restrição do movimento ventricular. ● Histologia: fibrose intersticial não uniforme ou difusa. Condições restritivas que merecem atenção: ● Fibrose endomiocárdica: ○ Acomete mais crianças e jovens adultos da África e de outras áreas tropicais. ○ Caracterização: fibrose do endocárdio ventricular e do subendocárdio, a partir do ápice e frequentemente envolve as valvas tricúspide e mitral. ○ Diminuição do volume por conta do tecido fibroso. ○ Complacência das câmaras afetadas = defeito funcional restritivo. ○ Presença de trombos murais ventriculares. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Etiologia é desconhecida. ● Endomiocardite de Loeffler: ○ Resulta em fibrose endomiocárdica e em grandes trombos murais. ○ Morfologia semelhante à doença tropical, mas com eosinofilia periférica e infiltrados eosinofílicos. ■ A liberação de produtos tóxicos pelos eosinófilos inicia a necrose endomiocárdica, que é seguida de cicatrização da área necrosada, revestimento do endocárdio pelo trombo e organização do trombo. ● Fibroelastose endocárdica: ○ É uma doença incomum, com espessamento fibroelástico que envolve o endocárdio do VE. ○ Mais comum nos primeiros 2 anos de vida. ○ Um terço dos casos tem obstrução da valva aórtica ou outras anomalias cardíacas congênitas. ○ Há envolvimento difuso que causa descompensação rápida e progressiva do coração e morte. @p�sitivamed
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