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Prática 5 - Antiparasitários e coprocultura

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Carla Bertelli – 4° Período 
ó
A.J.M., sexo masculino, 50 anos, eurocaucasiano, casado 
e reformado de motorista que foi referenciado ao 
Serviço de Urgência por quadro com 10 dias de evolução 
constituído por diarreia sanguinolenta, com muco, sem 
pus, com 4 evacuações diárias (incluindo o período 
noturno), arrepios de frio, febre (39oC) e rash cutâneo 
no tronco e membros. No exame das fezes a pesquisa 
de leucócitos fecais e toxina de Clostridium dificille 
foi negativa. As coproculturas permitiram o isolamento 
de Salmonella spp grupo B. O exame parasitológico 
foi negativo. O doente iniciou antibioticoterapia com 
Doxiciclina e ao 2o dia apresentava melhoria clínica global, 
encontrando-se assintomático, apirético, com resolução 
completa da diarreia, sem perdas hemáticas e com 
melhoria progressiva do rash cutâneo, motivo pelo qual 
foi suspensa ao 3o dia. Teve alta hospitalar ao 6o dia 
referenciado para acompanhamento na consulta externa. 
– Como se deve orientar o paciente para a coleta de 
fezes para coprocultura? 
A amostra inicial deve ser coletada no início do quadro 
diarreico, antes da antibiótico terapia, pois a positividade 
da cultura diminui com o tempo, pela redução no número 
de bactérias. 
 – O melhor meio de transporte é o 
Cary Blair. Se diferenciando do meio de Stuart, pela 
adição de tampão fosfato inorgânico. 
 
– Qual a finalidade da coprocultura? 
Faz a pesquisa principalmente de agentes 
enteropatogênicos como Salmonella, Shigella e alguns 
sorotipos de Escherichia coli, que podem ser pesquisados 
são Campytobacter spp., Yersinia spp. e Vibrio spp. 
 
– Quais bactérias podem ser consideradas como 
patogênicas no exame de coprocultura? 
 
 
– Observando-se presença de leucócitos nas fezes, 
quais bactérias devem ser responsáveis pela diarreia? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Carla Bertelli – 4° Período 
Relembrar o mecanismo de ação dos fármacos 
antiparasitários. 
Ativado por 
enzimas 
presentes em 
parasitos e 
bactérias 
anaeróbias, 
formando 
compostos 
citotóxicos 
reduzidos que 
provocam lesão 
de proteínas, 
membranas e 
DNA 
microbianos. 
Bactérias 
anaeróbias, 
Amebíase, 
Giardíase, 
Tricomoníase 
Efeito 
semelhante a 
dissulfiram com 
álcool, distúrbio 
gastrintestinal, 
cefaleia, 
neuropatia, 
gosto metálico 
na boca 
Inibe a enzima 
piruvato-
ferredoxina 
óxido redutase 
(PFOR), que 
converte 
piruvato em 
acetil CoA em 
protozoários e 
bactérias 
anaeróbias, 
mecanismo de 
ação contra 
helmintos não 
está bem 
esclarecido. 
Giardíase, 
Criptosporidios
e 
Desconforto 
gastrintestinal, 
cefaleia 
Potencializa 
canais de 
cloreto 
regulados por 
glutamato em 
membranas 
celulares de 
nematódeos e 
também 
liberação de 
GABA → 
hiperpolarizaçã
o de células 
neuromuscular
es e paralisia da 
faringe. 
Oncocercíase, 
Filaríase 
linfática, 
Estrongiloidíase
, Escabiose, 
Larva migrans 
cutânea 
Convulsões, 
respostas 
inflamatórias ou 
alérgicas às 
microfilárias 
morrendo 
(“reação do tipo 
Mazzotti”), 
prurido, febre, 
tontura, cefaleia 
Inibem 
polimerização de 
tubulina por sua 
ligação a β-
tubulina → 
alterações 
degenerativas 
em 
células 
tegumentares e 
intestinais dos 
helmintos. 
Infecções por 
nematódeos, 
Cisticercose, 
Equinococose 
Agranulocitose, 
leucopenia, 
pancitopenia, 
trombocitopeni
a, 
hepatotoxicida
de, 
insuficiência 
renal 
aguda 
Aumenta a 
permeabilidade 
da membrana do 
parasito ao cálcio 
→ contração 
e paralisia dos 
vermes. 
esquistossomo
se, Infecções 
por tênias, 
Infecções por 
fascíola 
hepática 
Cefaleia, 
distúrbio 
gastrintestinal 
Provoca 
liberação 
constante de 
acetilcolina → 
ativação 
persistente de 
receptores 
nicotínicos de 
acetilcolina dos 
parasitos → 
paralisia tônica. 
Infecções por 
oxiúros, 
vermes 
cilíndricos e 
ancilóstomos 
Distúrbio 
gastrintestinal, 
tontura 
 
Metronidazol é inativo até ser reduzido no hospedeiro ou em 
células microbianas que têm grande potencial redox negativo; 
esses potenciais redox são encontrados em muitos parasitos 
intestinais anaeróbicos ou microaerofílicos. Pode ocorrer 
ativação por interação com ferredoxina reduzida ou com 
nitrorredutases específicas. Metronidazol ativado forma 
compostos citotóxicos reduzidos, que se ligam a 
proteínas, membranas e DNA em células-alvo, causando lesão 
grave. Sensibilidade ao metronidazol está diretamente 
relacionada com a presença de atividade da PFOR. A maioria 
de eucariotas e eubactérias carece de PFOR e, por 
conseguinte, é incapaz de ativar o metronidazol. Todavia, em 
tecidos pouco oxigenados, como abscessos, metronidazol 
pode ser ativado. Como PFOR é expressa em protozoários, 
porém não tem nenhum equivalente no sistema de 
mamíferos, o fármaco é seletivamente tóxico para amebas e 
microrganismos anaeróbios. 
 
Nitazoxanida é derivado nitrotiazolil-salicilamida estruturalmente 
relacionado com metronidazol. Apresenta amplo espectro de 
ação, incluindo atividade contra protozoários, bactérias 
anaeróbias e helmintos. Nos EUA, foi aprovada para uso em 
crianças com giardíase e em adultos e crianças com 
criptosporidiose. Como análogo estrutural de pirofosfato de 
tiamina, nitazoxanida inibe PFOR, que converte piruvato em 
acetil CoA em protozoários e bactérias anaeróbias. Seu 
mecanismo de ação contra helmintos não está bem 
esclarecido. Após administração oral, nitazoxanida é 
rapidamente hidrolisada ao metabólito ativo, tizoxanida. O 
metabólito ativo é excretado em urina, bile e fezes. Em geral, 
nitazoxanida é bem tolerada, com poucos efeitos adversos 
relatados. 
 
 Carla Bertelli – 4° Período 
Ivermectina é lactona macrocíclica semissintética que atua 
contra ampla gama de helmintos e artrópodes e 
tem sido utilizada mais extensamente em tratamento e 
controle de oncocercíase. O exato mecanismo de 
ação de ivermectina não está esclarecido, porém estudos 
realizados em Caenorhabditis elegans (helminto 
do solo extensamente estudado em biologia de eucariotas 
como modelo de organismo simples) sugerem 
que mecanismo de ação envolva potencialização e/ou 
ativação direta de canais de cloreto regulados por 
glutamato em membranas plasmáticas de nematódeos. Essa 
ação resulta em hiperpolarização de células 
neuromusculares e paralisia da faringe. Acredita-se também 
que ivermectina afete a transmissão inibitória 
do ácido gama-aminobutírico (GABA), potencializando sua 
liberação de terminações pré-sinápticas, ativando 
diretamente seus receptores e potencializando sua ligação ao 
receptor. Todos esses efeitos aumentam a 
transmissão de sinais mediada por GABA em nervos 
periféricos, resultando em hiperpolarização. O efeito final é 
variável, dependendo do sistema modelo do nematódeo em 
estudo, porém o resultado final consiste em bloqueio da 
transmissão neuromuscular e paralisia do verme. Paralisia da 
faringe do O. volvulus inibe a captação de nutrientes e 
mata larvas em desenvolvimento (microfilárias). Infelizmente, 
ivermectina não mata filárias adultas. Entretanto, destrói 
microfilárias in utero, impedindo, assim, produção e liberação 
de novas microfilárias das fêmeas adultas durante pelo menos 
6 meses. Por conseguinte, ivermectina é utilizada para impedir 
a lesão ocular mediada por microfilárias e diminuir transmissão 
entre seres humanos e vetores (uma vez que microfilárias 
são infectantes para moscas do gênero Simulium); entretanto, 
não pode curar hospedeiros humanos da infecção por O. 
volvulus. Como ivermectina não é curativa, costuma ser 
administrada a indivíduos infectados a cada 6 a 12 meses 
durante a expectativa de vida de vermes adultos (5 a 10 anos). 
 
Inibem a polimerização de tubulina por ligar-se a β-tubulina. 
Evidências sugerem que esses agentes são seletivos para a 
isoforma de β-tubulina de nematódeos,diminuindo, assim, 
sua toxicidade para o hospedeiro. Inibição da polimerização 
de tubulina impede motilidade e replicação do DNA de 
nematódeos, resultando em alterações degenerativas em 
células tegumentares e intestinais de helmintos e causando, 
por fim, imobilização e morte dos vermes. Efeitos de fármacos 
contra células teciduais imóveis de larvas de cestódeos (p. ex., 
cisticercose e equinococose) não estão tão bem elucidados, 
mas também podem envolver ligação de β-tubulina. Nesse 
caso, os fármacos rompem a integridade tegumentar do 
protoescólex, estrutura larvar que se transforma finalmente 
na “cabeça” do cestódeo adulto. Tiabendazol provoca 
náuseas significativas, vômitos e anorexia em doses 
terapêuticas e raramente é utilizado. Mebendazol e albendazol 
são mais bem tolerados, e, albendazol tem a maior 
biodisponibilidade oral dentre os três fármacos. 
 
Constitui o fármaco de escolha para tratar infecções causadas 
por cestódeos adultos (tênias) e trematódeos 
(fascíolas). Vale ressaltar que praziquantel também constitui o 
fármaco de escolha para tratar indivíduos 
com esquistossomose, infecção por trematódeos que 
provoca considerável morbidade e mortalidade no 
mundo inteiro. Embora se desconheça o mecanismo exato de 
ação de praziquantel, parece que o fármaco 
aumenta a permeabilidade da membrana do parasito ao cálcio, 
resultando em contração e paralisia dos 
vermes. Os principais efeitos adversos de praziquantel incluem 
náuseas, cefaleia e desconforto abdominal.
 
O pamoato de pirantel é um anti-helmíntico de amplo 
espectro bastante eficaz para tratamento de infecções 
por oxiúros, ascaridíase e Trichostrongylus orientalis. O 
fármaco é moderadamente eficaz contra ambas as 
espécies de ancilóstomos. Ele não é efetivo na tricuríase 
ou na estrongiloidíase. O pamoato de oxantel, um análogo 
do pirantel não disponível nos Estados Unidos, tem sido 
empregado com sucesso no tratamento da 
tricuríase; os dois fármacos têm sido combinados por sua 
atividade anti-helmíntica de amplo espectro. 
Farmacologia básica O pamoato de pirantel é um 
derivado tetra-hidropirimidínico. É mal absorvido no trato 
gastrintestinal e ativo contra organismos luminais. Níveis 
plasmáticos máximos são alcançados em 1 a 3 horas. Mais 
da metade da dose administrada é recuperada inalterada 
nas fezes. O pirantel é eficaz contra as formas madura e 
imatura dos helmintos sensíveis no interior do trato 
intestinal, mas não contra os estágios migratórios nos 
tecidos ou contra os ovos. O fármaco é um bloqueador 
neuromuscular que provoca liberação de acetilcolina e 
inibição da colinesterase; isso resulta em paralisia dos 
vermes, o que é seguido por sua expulsão.

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