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Legislação Arbitral (Lei n 9 307)

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Arbitragem 2022.2 
 Professor: Gabriel Seijo 
 Aluna: Ana Flora Lima 
Legislação Arbitral 
Analítica 
Dogmática Analítica 
Márcio Sampaio divide o estudo do Direito, no qual ele denomina como a “Tecnologia 
do Direito” em três grandes grupos: 
• A Dogmática Hermenêutica: O estudo da interpretação da norma jurídica; 
• A Dogmática de Decisão Utópica: Estudam as decisões e os processos utilizados 
como um todo; 
• A Dogmática Analítica: Dentro da qual determinamos as normas em vigor no 
Ordenamento Jurídico em dado momento histórico. 
Principal Legislação Arbitral em Vigor 
• Divide-se na legislação de Direito Interno e de Direito Internacional; 
• Normas de Direito Interno: 
→ Lei n° 9.302 de 23/09/1996; 
→ Código de Processo Civil; 
→ Código Civil; 
→ Regimento Interno do STJ. 
• Normas de Direito Internacional vigentes no Brasil: 
→ Convenção de Nova Iorque (Decreto n° 4.311 de 23/07/2002) – Alcance global; 
→ Convenção do Panamá (Decreto n° 1.902 de 09/05/1996) – Caráter interamericano, 
portanto, somente os países do continente americano fazem parte; 
→ Acordo de Buenos Aires (Decreto n° 4.719 de 04/06/2003) – Signatários do 
Mercosul; 
→ Protocolo de Las Leñas (Decreto n° 2.067 de 12/11/1996) – Signatários do Mercosul. 
• Como identificar qual legislação, dentre as citadas, se aplica? 
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- Lex specialis derogat legi generali, ou seja, a lei especial derroga a lei geral; 
- Ex.: Quando está em pauta um acordo destinado ao Mercosul é aplicado o Acordo de 
Buenos Aires e o Protocolo de Las Leñas. 
Legislação Arbitral Esparsa 
• Referem-se a casos específicos; 
• Dissídios trabalhistas coletivos de natureza econômica: CF (Art. 114 §§ 1º e 2º) e Lei 
n° 7.783 de 28/06/1989; 
• Disputas societárias: Lei n° 6.404 de 15/12/1976; 
• Concessões do setor de óleo e gás: Lei n° 9.487 de 06/08/1997; 
• Concessões de serviços públicos: Lei n° 8.987 de 13/01/1995; 
• Parcerias público-privadas: Lei n° 11.079 de 30/12/1995 e Lei Estadual n° 9.290 de 
27/12/2004. 
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Lei n° 9.307/1996 – Lei de 
Arbitragem 
Natureza Jurídica da Lei de Arbitragem 
• Normalmente trata de uma lei ordinária, mas materialmente não possui um Código, 
já que o Código é uma legislação elaborada para viger por um longo tempo, em que, 
baseada nos postulados da sistematização e coerência, busca regulamentar todo 
grande ramo do Direito; 
• A arbitragem não possui as características de um Código. O Código possui a 
característica de exaurir toda a regulamentação daquele grande ramo do Direito o qual 
dispõe, enquanto a lei de arbitragem não possui essa pretensão. 
Principais Influências da Lei de Arbitragem 
• Lei Modelo da Uncitral sobre Arbitragem Comercial: 
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- A Uncitral é um órgão das Nações Unidas que visa ao aperfeiçoamento do Direito do 
Comércio Internacional; 
- A Arbitragem é um método de resolução de conflitos largamente aplicada na 
mercancia internacional; 
- Desse modo, a Uncitral percebeu que se existisse, nos diversos países, leis 
compatíveis entre si, a chance de desenvolver a arbitragem, conforme as boas práticas 
internacionalmente conhecidas seria muito maior; 
- Portanto, a Uncitral reuniu grupos de juristas que juntos escreveram o que seria a lei 
ideal de arbitragem. Logo, não se trata de uma lei propriamente dita; 
- O Brasil adota esse modelo. 
• Lei Espanhola de 1988; 
• Convenção de Nova Iorque de 1958; 
• Convenção do Panamá de 1975. 
Principais Características da Lei de Arbitragem 
• Convenção Arbitral: Compromisso e Cláusula Compromissória (Art. 3º): 
- Reconhece a sua eficácia; 
- A arbitragem depende do consenso, essa concordância em arbitrar pode operar em 
dois momentos: antes de surgir o litígio ou depois do aparecimento da controvérsia; 
- A conversão de arbitragem pactuada antes do surgimento do litigio se chama cláusula 
compromissória ou cláusula arbitral; 
- Por outro lado, é viável que as partes não tenham pactuado de forma prévia a 
realização de arbitragem, uma vez surgida a controvérsia decidem utilizar esse meio 
extrajudicial de solução de conflitos; 
- Vamos supor que nesse caso aceita e o negócio, incialmente, se sai bem, mas em um 
determinado exercício entra em acordo com outros membros. O contrato não prever 
sobre arbitragem, mas diante desse problema contratam uma arbitragem. Depois que 
o litigio ocorre se chama Compromisso Arbitral. 
• Execução específica da cláusula compromissória (Art. 7º): 
- Quando se tem um contrato e ocorre um descumprimento em uma das suas 
cláusulas, a parte que se sente prejudicada, a vítima, tem uma dupla alternativa: 
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(I) a vítima do descumprimento pode pedir a extinção do contrato e perda e danos; 
(II) a vítima do descumprimento pode pedir providências para que o contrato seja 
cumprido da mesma forma que ele foi criado (ela obtém do juiz providencias 
necessárias para começar o processo de arbitragem); 
- Isso interessa na arbitragem, pois, antes existia apenas a opção da vitima do 
descumprimento ser indenizada por perdas e danos, e a sua discursão seria resolvida 
no Judiciário, pois, não exercia a alternativa de execução específica da cláusula arbitral. 
• Vedação à homologação judicial (Art. 18): De posse a sentença arbitral, já vai direto 
para o judiciário e pleiteia o início do processo para o seguimento a decisão dos 
árbitros; 
• Princípio Competência-Competência (Arts. 8º, parágrafo único e 20 §2º): 
- O Poder Judiciário não pode interferir na arbitragem durante a tramitação do 
processo, somente quando terminado o caso, o judiciário, em poucos casos, pode 
examinar se o processo foi feito validamente;- O Princípio competência-competência é constituído por um conjunto de regras: 
(I) o poder para decidir sobre a própria jurisdição é o árbitro; 
(II) quem tem poderes para decidir sobre a arbitrabilidade, ou seja, se a questão diz 
respeito a direitos patrimoniais disponíveis -direitos patrimoniais econômicos- e se a 
disputa se refere a parte capazes, serão os árbitros; 
(III) quem julga a existência, validade e eficácia da feição arbitral serão os árbitros. 
• Extinção do processo judicial face à convenção arbitral (Art. 41): 
- Exclusão da jurisdição estatal, caso a arbitragem tenha sido contratada; 
- Se as partes convencionaram que realizarão a arbitragem, mas ainda assim uma delas leva a 
disputa ao judiciário o réu será citado para defender-se, o réu alegando que há de fato a 
conversão de arbitragem o juiz deve extinguir o processo judiciário sem a resolução do mérito, 
para que o interessado realize o início do processo arbitral. 
• Coisa julgada e vedação à revisão judicial do mérito (Arts. 31 e 32): 
- Esses dois artigos estabelecem que as decisões proferidas pelos árbitros produzam os 
mesmos efeitos das decisões do Poder Judiciário. É por força desses dispositivos que 
dizemos que no Brasil a arbitragem tem natureza jurisdicional, ou seja, a decisão 
conferida pelos árbitros é imutável, definitivas, vinculantes. O que acontece na 
arbitragem fica na arbitragem; 
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- Temos apenas uma exceção que não é exatamente a realização do mérito que é a 
possibilidade de anular a arbitragem nas causas limitadas do art. 32. Mas não cabe ao 
juiz estatal decidir se está errada, não cabe recurso estatal, pois, a decisão é definitiva. 
• Constituição de título executivo judicial (Arts. 31 e 41): 
- Um processo judicial pode ser baseado a partir de duas naturezas: 
(I) títulos executivos que são os documentos necessários para que tenha um processo 
de execução, podendo ser extrajudicial- duplicata, cheque, promissora, contrato 
subscrito por duas testemunhas; 
(II) títulos executivos judiciais- sentença do judiciário, acórdão, sentença arbitraria- por 
equiparação possui o processo de execução de uma sentença arbitral, feita da mesma 
forma que um processo de execução de uma sentença (Titulo executivo arbitral por 
equiparação), as matérias de defesa do devedor são mínimas. Quando temos uma 
execução fundada em título extrajudicial o devedor pode aplicar qualquer matéria em 
sua defesa, enquanto na execução de título judicial temos um processo de 
conhecimento prévio. 
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Constitucionalidade da Lei 
de Arbitragem 
Em alguns países essa constitucionalidade da Lei da Arbitragem é questionada pelo 
fato de nós termos a exclusão da jurisdição estatal e de entregarmos a particulares um 
poder que na nossa formulação tripartisse cabe ao Estado, que é o poder Jurisdicional. 
Antecedentes Históricos 
Tradição da Arbitragem no Direito Brasileiro: Encontrada nas ordenações Filipinas; na 
Constituição de 1824; Código Comercial de 1950; regulamento 737 de 1950; Código 
Civil de 1916. 
• Julgamento da ADI n° 52.181: Inafastabilidade da jurisdição (Art. 5º, XXXV/CF); 
• Garantia constitucional fundamental: Controle de Constitucionalidade da Lei de 
Arbitragem; 
• Julgamento da SE n° 5.206 pelo STJ: Controle difuso de constitucionalidade 
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- Desnecessidade de compromisso arbitral: Desnecessidade do consentimento de 
celebrar um novo negócio jurídico depois que surge a controvérsia, mesmo que já 
tenha realizado a arbitragem antes; 
- Cabimento de execução específica de cláusula compromissória: Possibilidade de 
exigir providências para fazer a arbitragem com base apenas na clausula 
compromissória sem que tenha sido firmado o compromisso, ou seja, comissão 
posterior ao aparecimento da lide; 
- Equiparação dos efeitos da sentença arbitral à judicial: A norma que dar o caráter 
jurisdicional a arbitragem; a norma que torna a decisão dos árbitros vinculantes, 
imutáveis e definitivas. 
- Resultado do julgamento da SE n° 5.206: 
- Dispositivos declarados constitucionais à unanimidade; 
- Dispositivos declarados constitucionais por maioria (7x4); 
- Declaração de constitucionalidade da arbitragem por unanimidade pelo STF. 
 
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• Fundamentos do Acórdão da SE n° 5.206: 
→ Consensualismo e Autonomia Privada: 
- Não existe arbitragem sem consenso, enquanto a autonomia privada é a liberdade 
concedida às pessoas naturais ou jurídicas de criar as normas que regerão suas 
próprias relações jurídicas, ou seja, as partes possuem poder; 
- Liberdade de escolher o meio de resolução dos próprios litígios (as partes podem 
escolher se querem ir ao Judiciário ou recorrer à arbitragem, conciliação, mediação, 
etc.); 
- Aplicação apenas a litígios sobre direitos patrimoniais disponíveis (direitos passíveis 
de renúncia e transação) → Controvérsias que possuem cunho econômico e são 
direitos passíveis de negociação. 
→ Interpretação do Art. 5º XXXV/CF: Destinatário da norma é o legislador e não o 
jurisdicionado (a lei não pode ser excluída da apreciação do Judiciário, mas as partes 
de um acordo, no exercício de sua autonomia privada podem); 
→ Interpretação Histórica do Art. 5º XXXV CF/1946: 
- “A lei não excluirá a apreciação de ameaça ou lesão a direito”; 
- Foi uma norma criada para impedir que a legislação tirasse do cidadão, de maneira 
forçada, sem o seu consentimento, o direito de bater às portas do Judiciário. 
→ Renunciabilidade do Direito de Ação: 
- A escolha pela arbitragem envolve uma renúncia à jurisdição do Estado; 
- O ministro Moreira Alves sustenta a ideia de que não é possível ocorrer a renúncia 
antecipada de direitos; 
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- Nesse sentido, a renúncia só poderia ser validade caso esse direito já existisse. Não 
basta a renuncia a jurisdição estatal por meio da cláusula comissória, pois, o direito de 
ir ao Judiciário não tinha se materializado, só se materializaria surgida uma disputa. 
→ Exigência de Renúncia com Objeto Determinado ou Determinável: Nada no nosso 
Ordenamento Jurídico proíbe a renúncia com objeto determinado ou determinável; 
→ Possibilidade de controle no Poder Judiciário; 
→ Ação anulatória (a Arbitragem não é absoluta); 
→ Acesso à Justiça por meios alternativos; 
→ Tradição no Direito Brasileiro; 
→ Difusão internacional do instituto. 
Reforma da Lei de Arbitragem (Lei n° 
13.129/2015) 
• Reforma pontual; 
• Arbitragem envolvendo a Administração Pública (Art. 1º); 
• Sentença parcial: Já comporta a sentença arbitral; 
• Disciplina da tutela de urgência: Pode ser concedida antes ou depois da arbitragem.

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