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PEÇA TRABALHISTA ANDERSON 22 11

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EX.(A) SR.(A) DR.(A) JUIZ(A) DA VARA DO TRABALHO DA CIDADE DE 
CAMPINAS/SP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autos nº: 456-2021 
 
Reclamante: Alfredo Gomes 
Reclamado: Big Money Cobranças e Investimentos Ltda. 
 
Big Money Cobranças e Investimentos Ltda., outrora qualificado através 
do processo supramencionado, vem através de seu representante legal, infra-
assinado, sendo seu endereço profissional em (endereço completo) e e-mail (e-
mail) por meio do qual recebe intimações, vem tempestivamente, perante V. 
Ex.(a) apresentar a presente CONTESTAÇÃO TRABALHISTA, com fulcro no 
artigo 847 da CLT combinado com o artigo 5º, inciso LV, da CF/88 e o artigo 336 
e seguintes do CPC, em razão do ajuizamento de reclamação trabalhista, por 
Alfredo Gomes, outrora qualificado através do processo supramencionado, em 
razão dos fatos e fundamentos jurídicos ora arrolados: 
 
PRELIMINARES: 
1. INÉPCIA DA INICIAL 
1.1. PEDIDO INCERTO 
 
O obreiro reclamou direitos, os quais não foram especificados em petição 
inicial, sendo que há obrigatoriedade de detalhamento dos valores por força do 
artigo 840, § 1º da CLT: 
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. 
§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, 
a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte 
o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com 
indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu 
representante 
 
Nota-se que foi dado o valor a causa, mas não se indicaram os valores 
dos direitos requeridos. Logo, os pedidos deverão ser julgados extintos, e sem 
resolução do mérito, por força do § 3º do supramencionado artigo: “ § 3º Os 
pedidos que não atendam ao disposto no § 1 o deste artigo serão julgados 
extintos sem resolução do mérito.”. 
 
1.2. PEDIDOS CONTRADITÓRIOS 
 
O obreiro reclamou direitos na inicial, e logo em seguida apresentou fatos 
contraditórios aos direitos reclamados. O obreiro alega que exercia atividades 
laborativas entre 13h e 22h, bem como alega que concluiu o curso do direito em 
período noturno. Logo, os direitos pertinentes a jornada laborativa deve ser 
desconsiderados, bem como a demanda deve ser considerada inepta, por força 
do artigo 330, inciso I e artigo 330 § 1º, inciso III, ambos do CPC: 
 
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: 
I - for inepta; 
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando: 
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; 
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em 
que se permite o pedido genérico; 
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; 
 
1.3. FALTA DE CAUSA DE PEDIR: ADICIONAL DE 
PERICULOSIDADE 
 
O obreiro reclamou direitos na inicial, os quais não fazia jus, eis que os 
fatos geradores dos direitos não estavam presentes em sua situação laborativa. 
Alega-se o pagamento de adicional de periculosidade, sendo que o 
adicional de periculosidade é devido tão somente nos casos previstos no artigo 
193 da CLT: 
 
Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na 
forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e 
Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, 
impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do 
trabalhador a: 
I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; (Incluído pela 
Lei nº 12.740, de 2012) 
 
II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades 
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. 
 
Todavia o obreiro era auxiliar administrativo, não estando submetido as 
situações supramencionadas que determinam o pagamento de adicional de 
periculosidade. 
Logo, ausente causa de pedir, a inicial deve ser considerada inepta por 
força do artigo 330, inciso I e artigo 330 § 1º, inciso I, ambos do CPC: 
 
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: 
I - for inepta; 
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando: 
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; 
 
1.4. FALTA DE CAUSA DE PEDIR: VALE REFEIÇÃO 
 
O obreiro reclamou direitos na inicial, os quais não são obrigados 
legalmente, sendo o caso do vale refeição. 
Não há obrigação normativa da reclamada em fornecer vale refeição ao 
obreiro, tampouco convenção coletiva determinando seu pagamento. 
Logo, ausente causa de pedir, a inicial deve ser considerada inepta por 
força do artigo 330, inciso I e artigo 330 § 1º, inciso I, ambos do CPC, e ambos 
supramencionados. 
 
PREJUDICIAL DE MÉRITO 
1. DA PRESCRIÇÃO 
Ainda que V. Excelência acate os pedidos pleiteados pelo obreiro, requer 
que os pedidos requeridos os quais já ultrapassaram cinco anos devem ser 
considerados prescritos, por força dos artigos 7°, inciso XXIX da CF e caput do 
artigo 11 da CLT: 
 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social: 
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, 
com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos 
e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de 
trabalho; 
 
Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de 
trabalho prescreve em cinco anos para os trabalhadores urbanos e 
rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho. 
 
Ademias, a prescrição tratada nas normas já foi objeto de reconhecimento 
por meio de súmula: 
 
Súmula nº 308 do TST 
PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL (incorporada a Orientação 
Jurisprudencial nº 204 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 
25.04.2005 
I. Respeitado o biênio subseqüente à cessação contratual, a 
prescrição da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente 
anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da 
reclamação e, não, às anteriores ao qüinqüênio da data da extinção 
do contrato. (ex-OJ nº 204 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000) 
II. A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrição da ação 
trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação imediata e não atinge 
pretensões já alcançadas pela prescrição bienal quando da 
promulgação da CF/1988. (ex-Súmula nº 308 - Res. 6/1992, DJ 
05.11.1992) 
 
DOS FATOS 
O obreiro propôs reclamação trabalhista em face do ora reclamado, 
alegando que foi admitido em 08.11.2015, na função de auxiliar administrativo, 
sendo dispensado em 26.12.2018. 
Em sua inicial, alega em síntese que exercia jornada laborativa das 13h 
às 22h, de segunda e sexta, ausente intervalo intrajornada, recebendo como 
remuneração R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais). 
Alega que outro funcionário ocupante da mesma função, contratado em 
18.05.2012, recebia o total de R$ 3.000,00 (três mil reais) de remuneração. 
Alega que na ocupação do cargo, suportava riscos a sua vida, 
O obreiro é bacharel em direito tendo concluído o curso em dezembro de 
2018, em período noturno. 
 Nesse sentindo, requer (i) o pagamento de 10 horas extras semanais; (ii) 
a equiparação salarial com o ex-colega de trabalho; (iii) vale-refeição; e (iv) 
adicional de periculosidade, atribuindo-se ao valor da causa o total de 
100.000,00 (cem mil reais) 
Discordando a reclamada dos direitos pleiteados pelo reclamante, aduz a 
presente contestação em razão dos fundamentos jurídicos ora arrolados. 
 
FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
1.1. HORAS EXTRAORDINÁRIAS E INTRAJORNADA 
O obreiro alega que trabalhava de segunda a sexta, das 13h às 22h, sem 
horário regular de repouso e alimentação, totalizando em tese a jornada semanal 
de 45 horas semanais. 
Na longínqua hipótese de V. Excelência decida por acatar o pedido de 
horas extraordinárias realizadas pelo requerente, estas devem ser limitadas a 1 
hora extra semanal, eis que o limite legal são 44 horas semanais, por força dos 
artigos 7°, inciso XXIX da CF e caput do artigo 11 da CLT: 
 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoriade sua condição social: 
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e 
quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a 
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de 
trabalho; 
 
Todavia, verifica-se que as horas extras sumariamente devem ser 
indeferidas, eis que o obreiro era estudante noturno de direito, logo sendo 
incompatível a jornada semanal alegada e o comparecimento em faculdade. 
Ademais o horário de funcionamento da reclamada era das 08h às 17h, 
horário comercial. Logo, temos que o obreiro trabalhava de segunda a sexta das 
13h às 17h, sendo a jornada semanal de 20 horas, respeitando o limite semanal 
tutelado constitucionalmente através do artigo supramencionado, bem como o 
limite diário estabelecido no artigo 58 d CLT. 
O ônus de prova dessa matéria, por sua vez, é responsabilidade da 
reclamada, a qual se limita a provar com a comprovação do horário de 
funcionamento comercial de seu estabelecimento, sendo que deixa de 
apresentar os controles de jornadas escritos em razão da ausência de 
obrigatoriedade, dado que não se encaixa na redação do artigo 74, parágrafo 2º 
da CLT: 
 
Art. 74. O horário de trabalho será anotado em registro de 
empregados. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) 
 
§ 2º Para os estabelecimentos com mais de 20 (vinte) trabalhadores 
será obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, em 
registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções 
expedidas pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do 
Ministério da Economia, permitida a pré-assinalação do período de 
repouso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) 
 
Logo, ausente jornada extrapolativa, deve ser indeferido o pedido de 
horas extraordinárias. 
 Tampouco, deve ser concedido indenização de intervalo intrajornada, eis 
que o obreiro laborava jornada inferior a obrigação de sua concessão, sendo que 
o intervalo intrajornada é devido apenas a partir de jornada de trabalho superior 
a quatro horas diárias por força do artigo 71 e seu § 1º da CLT: 
art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 
(seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso 
ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo 
acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder 
de 2 (duas) horas. 
§ 1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, 
obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração 
ultrapassar 4 (quatro) horas. 
 
 
Logo, ausente jornada superior a quatro horas diárias, deve ser indeferido 
o pedido de intrajornada. 
Compactuando com o exposto, rege a jurisprudência: 
1) RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE 1. INTERVALO 
INTRAJORNADA. JORNADA DE TRABALHO DE 6 (SEIS) HORAS. 
NÃO CONHECIMENTO. O artigo 71, $ 1º, da CLT estabelece que não 
excedendo de seis horas o trabalho, será obrigatório um intervalo de 
15 (quinze) minutos quando a duração do labor ultrapassar 4 (quatro) 
horas diárias. [...] 
(TST - ARR: 2212002520075020076, Relator: Guilherme Augusto 
Caputo Bastos, Data de Julgamento: 08/02/2017, 5º Turma, Data de 
Publicação: DEJT 10/03/2017) 
 
1.2. EQUIPARAÇÃO DO SALÁRIO 
A equiparação do salário diz respeito a equivalência entre os salários dos 
funcionários que exercem a mesma função, no mesmo estabelecimento e desde 
que a diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador não seja 
superior a 4 anos, bem como a diferença de tempo na função não seja superior 
a dois anos, por força do artigo 461 e seu § 1º da CLT: 
 
Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, 
prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento 
empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, 
nacionalidade ou idade. (Redação dada pela Lei nº 13.467, 
de 2017) 
 
§ 1o Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que 
for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, 
entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o mesmo 
empregador não seja superior a quatro anos e a diferença de tempo na 
função não seja superior a dois anos. 
 
 
Todavia, a situação não é mesma do obreiro, eis que o funcionário com 
salário superior foi contratado em 18.05.2012, ou seja, quase três anos antes do 
obreiro requerente. 
Logo, ausente a condição entre o funcionário remoto e o obreiro ora 
requerente, deve ser indeferido o pedido de equiparação de salário. 
 
1.3. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE 
O adicional de periculosidade diz respeito a trabalhos submetidos às 
operações perigosas, na forma da lei, por exemplo: a exposição de inflamáveis, 
explosivos e energia elétrica, bem como situações que indiquem ausência de 
segurança, por força do artigo 193 da CLT: 
 
Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na 
forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e 
Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, 
impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do 
trabalhador a: 
I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; 
II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades 
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. 
 
Logo, a exposição do obreiro nas situações referidas no supramencionado 
artigo, o pedido de adicional de periculosidade deve ser indeferido. 
 
 
PEDIDOS 
Requer o acolhimento da matéria preliminar, acatando integralmente e 
assim rejeitando a petição inicial, considerando-a inepta sem análise do mérito. 
Requer o acolhimento da prejudicial de mérito referente ao prazo 
prescricional. 
Caso haja análise do mérito, requer a TOTAL IMPROCEDÊNCIA DA 
AÇÃO, com o indeferimento de todo pleito solicitado pelo reclamante, sendo: 
A. indeferimento de pagamento de intrajornada; 
B. indeferimento de pagamento por horas extras; 
indeferimento de equiparação de salário; e 
C. indeferimento de adicional de periculosidade 
Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, sobretudo, 
prova testemunhal e depoimento. 
 
Nesses termos, pede deferimento. 
 
São Paulo, 30 de setembro de 2021. 
(ADVOGADO) 
(OAB/SP)

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