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22/07/2022 19:45 Livro de Conteúdo e Exercício https://ambientevirtual.nce.ufrj.br/mod/book/tool/print/index.php?id=410041 1/15 Livro de Conteúdo e Exercício Site: Ambiente Virtual Acadêmico @ UFRJ Curso: Farmacotécnica II - Noturno Livro: Livro de Conteúdo e Exercício Impresso por: MARIANNA TEIXEIRA DE MATOS - Aluno Data: sexta, 22 jul 2022, 19:45 https://ambientevirtual.nce.ufrj.br/ 22/07/2022 19:45 Livro de Conteúdo e Exercício https://ambientevirtual.nce.ufrj.br/mod/book/tool/print/index.php?id=410041 2/15 Índice 1. Via de administração nasal 1.1. Anatomia e Fisiologia da via de administração nasal 1.2. Vantagens e Limitações da via Nasal 1.3. Propriedades físico-químicas de fármacos que afetam a absorção nasal 1.4. Fatores fisiológicos que afetam a absorção nasal 1.5. Alternativas para aumentar a absorção nasal de fármacos 1.6. Formulaçoes nasais: Propriedades da Forma Farmacêutica 1.7 Características farmacotécnicas 2. Via de administração auricular 2.1. Aplicações da via de administração auricular 2.2. Vantagens e desvantagens das formulações otológicas 2.3. Formulações auriculares Referencias bibliográficas 22/07/2022 19:45 Livro de Conteúdo e Exercício https://ambientevirtual.nce.ufrj.br/mod/book/tool/print/index.php?id=410041 3/15 1. Via de administração nasal A via intranasal tem sido explorada para administração de fármacos com os seguintes objetivos (MARTINS; LANSLEY, 2013): 1. Ação local: Dentre as diversas patologias que acometem a região nasal, podemos destacar a sinusite, que é a inflamação dos seios paranasais, e as doenças causadas por alérgenos. Normalmente, nesse caso, a medicação local consiste no uso de descongestionantes, anti-histamínicos e corticosteroides, que visam controlar de maneira rápida e eficiente os sintomas localizados. Quanto a forma farmacêutica, eles se apresentam sob qualquer forma líquida (spray ou gotas), e ainda como cremes/pomadas. 2. Ação Sistêmica: Recentemente, o uso da via nasal para tratamento sistêmico tem sido também explorado. Isso acontece normalmente nos casos em que as vias de administração mais comuns, a oral e a parenteral, apresentam algum inconveniente. Por exemplo, no caso de fármacos que sofrem intensa metabolização hepática. Como exemplo de fármacos com esse intuito temos: a) hormônios polipeptídeos como a Calcitonina e a Desmopressina; b) agonistas 5HT1 como o Sumatriptano; e, alcalóides como a Nicotina. 3. Liberação de vacinas: A apresentação de um antígeno, em combinação com um adjuvante aceitável para o tecido linfoide associado à mucosa nasal, pode promover tanto resposta imune celular quanto humoral. Apesar dessa utilização, a vacina nasal não precisa ser restrita a infecções das vias respiratórias e respostas imunes sistêmicas são observadas após a introdução de antígenos apropriados a esta via. É especialmente interessante para infecções associadas ao trato respiratório, como a vacina contra Influenza. 4. Possível liberação “nose-to-brain”: Atualmente, existe um grande interesse nas pesquisas que visam a apurar se a região olfativa, posicionada na parte mais alta da cavidade nasal oferece um meio potencial, em humanos, de contornar os obstáculos impostos pela barreira hematoencefálica para o acesso de inúmeros fármacos a partir do sangue para o cérebro. Essa região contém uma ligação fisiológica direta entre o ambiente e o sistema nervoso central (SNC). Assim, acredita-se que tal via pode ser estabelecida para o fornecimento de quantidades terapêuticas de fármacos para o tratamento da doença de Alzheimer, tumores cerebrais, epilepsia, dor e transtornos do sono. 22/07/2022 19:45 Livro de Conteúdo e Exercício https://ambientevirtual.nce.ufrj.br/mod/book/tool/print/index.php?id=410041 4/15 1.1. Anatomia e Fisiologia da via de administração nasal Dentre as características da cavidade nasal podemos destacar: Área superficial total de 160 cm Volume total de 15 microlitros pH 5,5 – 6,5 FOSSAS NASAIS: Duas cavidades paralelas que começam nas narinas e terminam na faringe. São separadas uma da outra por uma parede cartilaginosa chamada septo nasal Em seu interior há dobras, chamadas de conchas ou cornetos nasais, que tem a função de umidificar e regular a temperatura do ar inalado No teto das fossas nasais encontram-se células sensoriais que são as responsáveis do olfato. EPITÉLIO DE REVESTIMENTO Células calciformes secretoras de muco Células ciliadas e não ciliadas Células basais Funções do epitélio de revestimento: filtrar, aquecer e umidificar o ar inalado. DEPURAÇÃO NASAL Partículas (poeira, pólen, poluentes e microorganismos) com tamanho de 5-10 mm dentro da corrente de ar inalado, têm o potencial de se depositar sobre a camada mucosa que reveste as paredes da concha nasal. Os cílios presentes nas células ciliadas impulsionam o muco e por consequência, as partículas depositadas para a nasofaringe, que depois são engolidos ou expectorados. Esse mecanismo de defesa do organismo é chamado de depuração mucociliar. Efeito sobre a função mucociliar 2 22/07/2022 19:45 Livro de Conteúdo e Exercício https://ambientevirtual.nce.ufrj.br/mod/book/tool/print/index.php?id=410041 5/15 1.2. Vantagens e Limitações da via Nasal A via Nasal apresenta algumas vantagens na sua utilização, destacando-se: Rápida absorção, maior biodisponibilidade, portanto, doses mais baixas; Rápido início de ação terapêutica; Evita o metabolismo de primeira passagem no fígado; Evita do metabolismo pelo trato gastrintestinal; Não-invasivo, portanto, redução do risco de infecção; Facilidade de conveniência e de automedicação; Melhoria da adesão do paciente; Algumas limitações da via nasal são: Fármacos insolúveis Volume de administração (25 - 200 uL) Alguns fármacos podem ser irritantes para a mucosa nasal Outros fármacos podem sofrer degradação metabólica Não é favorável para administração de fármacos para doenças crônicas Não indicado para fármacos que necessitam de uma liberação sustentada 22/07/2022 19:45 Livro de Conteúdo e Exercício https://ambientevirtual.nce.ufrj.br/mod/book/tool/print/index.php?id=410041 6/15 1.3. Propriedades físico-químicas de fármacos que afetam a absorção nasal Dentre os as propriedades físico-químicas do fármaco que afetam a absorção nasal de fármacos temos: Massa molecular e tamanho do fármaco: Quanto maior a massa molecular e o tamanho do fármaco administrado, menor a quantidade de fármaco absorvida através da mucosa nasal. Solubilidade e constante de dissolução: Quanto maior a lipofilicidade do fármaco, maior a capacidade de ultrapassar a o epitélio nasal e ser absorvido. pKa e coeficiente de partição: Quanto maior o grau de dissociação, menor a capacidade de ultrapassar o epitélio nasal e ser absorvido. 22/07/2022 19:45 Livro de Conteúdo e Exercício https://ambientevirtual.nce.ufrj.br/mod/book/tool/print/index.php?id=410041 7/15 1.4. Fatores fisiológicos que afetam a absorção nasal Depuração mucociliar (DMC): A DMC remove poeira, alérgenos e partículas consideradas estranhas para o organismo. Este é um mecanismo inespecífico de defesa fisiológica que pode, também, eliminar fármacos administrados. O tempo normal de trânsito mucociliar em humanos é de aproximadamente 12 a 15 minutos. Esse tempo é suficiente para a absorção de fármacos lipofílicos, de baixo peso molecular ou que já estão em solução. No entanto, para partículas que ainda precisam se dissolver ou moléculas grandes e polares, a DMC reduz significativamente sua absorção. Presença de atividade enzimática: A cavidade nasal possui enzimas capazes de afetar a estabilidade do fármaco. Proteínas e peptídeos, por exemplo, podem sofrer degradação por proteases e amino-peptidases dentro da cavidade nasal. Enzimasdo citocromo P450 também estão presentes nessa região. No entanto, a atividade metabólica ainda é menor que a do trato gastrointestinal. Capacidade da região nasal: A cavidade nasal tem capacidade limitada e a administração de concentrações ou volumes muito altos podem impactar negativamente na absorção do fármaco e, em alguns casos, gerar dano à mucosa nasal. Assim, o volume para administração nasal deve ser relativamente baixo (cerca de 150 μL). 22/07/2022 19:45 Livro de Conteúdo e Exercício https://ambientevirtual.nce.ufrj.br/mod/book/tool/print/index.php?id=410041 8/15 1.5. Alternativas para aumentar a absorção nasal de fármacos A tabela abaixo apresenta alternativas para algumas dificuldades encontradas para a absorção de fármacos pela via nasal: Baixa permeabilidade Adição de adjuvantes que aumentem a solubilidade (cossolventes, por exemplo) Depuração mucociliar (DMC) Adição de agentes mucoadesivos à formulação (para aumentar o tempo de retenção na mucosa nasal) Presença de atividade enzimática Proteção por meio de tecnologias de encapsulamento (nanocápsulas, por exemplo). 22/07/2022 19:45 Livro de Conteúdo e Exercício https://ambientevirtual.nce.ufrj.br/mod/book/tool/print/index.php?id=410041 9/15 1.6. Formulaçoes nasais: Propriedades da Forma Farmacêutica "O desenvolvimento de uma formulação adequada para um determinado fármaco é de vital importância. Um bom fármaco pode ser inutilizado ou ineficaz através da escolha de uma formulação inadequada. Por outro lado, escolhendo uma formulação ótima, um fármaco medíocre pode ser convertido num produto mais eficaz e bem sucedido". As formas farmacêuticas utilizadas para aplicação nasal incluem: SOLUÇÕES: gotas ou sprays SUSPENSÕES: preparações líquidas contendo ativos insolúveis GEL E POMADAS: preparações semi-sólidas EMULSÕES Sistemas especializados (micropatículas, nanopartículas, lipossomos) Fatores a serem considerado da formulação final: Tamanho de partícula (Deve ser pequeno o suficiente para evitar a DMC e grande o suficiente para não ir para o pulmão) Volume administrado pH (não deve ser irritante à mucosa, não deve ser adequado para a proliferação bacteriana e deve preferencialmente manter o fármaco em sua forma não ionizada) Osmolaridade (necessária a isotonia) Viscosidade (formulações um pouco mais viscosas tendem a ficar mais tempo retidas na mucosa nasal) Excipientes (o mínimo de excipientes possível para evitar irritações. Podem ser usados isotonizantes, conservantes, reguladores de pH, entre outros) 22/07/2022 19:45 Livro de Conteúdo e Exercício https://ambientevirtual.nce.ufrj.br/mod/book/tool/print/index.php?id=410041 10/15 1.7 Características farmacotécnicas Possuir pH entre 5,5 a 7,5 Ser isotônico para que não venha a interferir com a motilidade dos cílios Não alterar a viscosidade normal da mucosa nasal Apresentar capacidade tampão. Em preparações Nasais normalmente utiliza-se Tampão Fosfato Ser compatível com a atividade dos cílios e com os constituintes iônicos da secreção nasal Apresentar estabilidade 22/07/2022 19:45 Livro de Conteúdo e Exercício https://ambientevirtual.nce.ufrj.br/mod/book/tool/print/index.php?id=410041 11/15 2. Via de administração auricular A região auricular pode ser dividida em externa, média e interna. Os incômodos mais comuns geralmente atingem o canal auditivo externo e médio. O ouvido médio está conectado à faringe nasal pela tuba auditiva (ou trompa de Eustáquio) e ao ouvido interno pela janela redonda e janela oval. O ouvido interno é formado por uma região auditiva, chamada de cóclea, e por uma região responsável pelo equilíbrio, que é o sistema vestibular (labirinto). O cerúmen, ou cera de ouvido, é uma substância secretada para limpar e lubrificar a região auricular. Em condições normais, ele é expelido naturalmente para fora do canal auditivo, sem a necessidade de intervenção. No entanto, em algumas situações, esse processo de expulsão não ocorre de forma adequada e a limpeza se faz necessária, com o uso de medicamentos e/ou remoção mecânica por um profissional. 22/07/2022 19:45 Livro de Conteúdo e Exercício https://ambientevirtual.nce.ufrj.br/mod/book/tool/print/index.php?id=410041 12/15 2.1. Aplicações da via de administração auricular A inflamação da região auricular é chamada de otite. De acordo com a parte do canal auditivo atingida, podemos chamá-la de otite externa (OE), média (OM) ou interna (OI). Para as duas primeiras recomenda-se a utilização de soluções auriculares tópicas. Já para a OI e outras patologias na região interna, geralmente opta-se por um tratamento sistêmico, ou por procedimentos mais invasivos, como a administração intratimpânica (direto no tímpano) ou intracoclear (direto na cóclea), feita por meio de injeção no ouvido médio. A remoção de cerúmen também é uma das aplicações das formulações otológicas. Neste caso geralmente utiliza-se uma formulação no ouvido externo, capaz de amolecer o cerúmen e facilitar sua retirada. Dependendo da gravidade, a remoção mecânica por um profissional se faz necessária. OBS: A utilização frequente de hastes flexíveis é contraindicada pois elas podem empurrar o cerúmen para a parte mais interna do ouvido. 22/07/2022 19:45 Livro de Conteúdo e Exercício https://ambientevirtual.nce.ufrj.br/mod/book/tool/print/index.php?id=410041 13/15 2.2. Vantagens e desvantagens das formulações otológicas Dentre as vantagens da via de administração auricular tem-se: Fácil aplicação Menor resistência a antibióticos Menor risco de efeitos adversos Atinge concentrações locais mais altas que por via sistêmica Dentre as desvantagens tem-se: Não é recomendado o uso por períodos prolongados Existe risco de alergia de contato Risco de ototoxicidade 22/07/2022 19:45 Livro de Conteúdo e Exercício https://ambientevirtual.nce.ufrj.br/mod/book/tool/print/index.php?id=410041 14/15 2.3. Formulações auriculares As formulações auriculares podem ser: Líquidas (as soluções são as formulações mais comuns) semissólidas sólidas Os ativos mais utilizados em formulações auriculares são os corticoides (para inflamações) e os antimicrobianos (para infecções) e os agentes cerumenolíticos (que auxiliam na remoção do cerúmen). Características desejáveis: Viscosidade: Formulações mais viscosas são interessantes pois permitem a manutenção do produto por mais tempo no canal auditivo. pH: Valores de pH mais baixos podem ajudar no tratamento da otite externa (já para o ouvido médio, o ideal que o pH fique em torno de 6 a 8). 22/07/2022 19:45 Livro de Conteúdo e Exercício https://ambientevirtual.nce.ufrj.br/mod/book/tool/print/index.php?id=410041 15/15 Referencias bibliográficas ALLEN Jr., L. V.; POPOVICH, N. G.; ANSEL, H. C. Formas Farmacêuticas e Sistemas de Liberação de Fármacos. 9 Edição. Ed. Artmed. São Paulo, 2013. AULTON, M. Delineamento de Formas Farmacêuticas. 4 Edição. 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