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Teoria das Nulidades no Processo Penal

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1 
 
APOSTILA 1 
TEORIA DAS NULIDADES 
 
1. Noções introdutórias: tipicidade penal e tipicidade processual; pena e nulidade. 
 
a) Tipicidade penal: sob o ponto de vista formal, deve ser compreendida como a subsunção 
perfeita da conduta praticada pelo agente ao modelo abstrato previsto na lei penal, ou seja, a 
um tipo penal incriminador. Exemplo: “A” esfaqueia “B” até causar a morte da vítima. Essa 
conduta se adéqua ao tipo penal do art. 121 do CP. Nesse caso, a conduta é penalmente típica. 
 
b. Tipicidade processual: corresponde à ideia de que o ato processual deve ser praticado em 
consonância com a Constituição Federal, com a Convenção Americana sobre Direitos Humanos 
e com as leis processuais penais, assegurando-se, assim, não somente às partes, como a toda a 
coletividade, a existência de um processo penal justo e em consonância com o princípio do 
devido processo legal. 
✓ Os diversos atos processuais (exemplos: denúncia, recebimento, citação etc.) devem ser 
praticados em consonância com modelos preestabelecidos na CF/1988, na CIDH e na 
legislação infraconstitucional. 
✓ A tipicidade processual é fundamental para trazer segurança jurídica ao procedimento, 
pois ela assegura maior previsibilidade para o sistema processual. 
 
 Relação existente entre a pena e a nulidade: 
Exemplo: O crime de “Matar alguém” possui uma pena de reclusão de 6 a 20 anos. A relevância 
da pena é conferir coercibilidade para cada tipo penal incriminador. Assim sendo, para que a 
norma legal tenha caráter cogente, é necessário que haja sanção. 
 
Questão: Como é possível obrigar o juiz a respeitar a tipicidade processual? A coerção, em 
relação à tipicidade processual, é feita por meio das nulidades. Destacamos que as nulidades 
funcionam como uma espécie de sanção aplicada a um ato processual defeituoso. 
✓ No âmbito processual, também é necessária a previsão legal de instrumento de coerção, 
de modo que haja o cumprimento do modelo típico e isso é feito pelas nulidades. 
 
 
2 
 
Deve-se fazer uma analogia com a espada de Dâmocles, a qual paira na cabeça do juiz durante 
todo o processo penal. Assim sendo, o juiz deve observar os modelos típicos previstos em lei, 
sob pena de acarretar a nulidade do ato processual. 
 
A decretação de uma nulidade causa um retrocesso na marcha processual, pois, neste caso, será 
necessário refazer o ato que foi anulado e isso trará lentidão ao processo e, inclusive, a 
prescrição do delito. 
A nulidade está para a tipicidade processual assim como a pena está para o tipo penal 
incriminador. 
De nada adiantaria a Constituição Federal, a CIDH e as leis processuais penais preverem 
modelos processuais se não houvesse nenhuma sanção para o descumprimento. 
 
2. ESPÉCIES DE IRREGULARIDADES 
a) Irregularidades sem consequência para o processo: apesar de o ato processual não 
ter sido praticado em fiel observância ao modelo legal, esta irregularidade não tem o condão 
de acarretar qualquer consequência. Nessa situação, ocorre a irregularidade de menor 
gravidade. O ato não foi praticado conforme o modelo, mas isso não traz qualquer consequência 
para o processo. 
Exemplo 1: uso de abreviaturas. 
Exemplo 2: razões recursais apresentadas fora do prazo. 
 
Obs.: no âmbito processual penal, alguns recursos na 1ª instância podem ser interpostos 
inicialmente, para, somente depois, apresentar razões recursais. Exemplo: há o prazo de 5 dias 
para interpor a apelação e, depois disso, há o prazo de 8 dias para apresentar razões. 
✓ Se as razões forem apresentadas fora do prazo, não haverá consequências para o 
processo. Os tribunais consideram que isso se trata de mera irregularidade. 
 
b) Irregularidades que acarretam sanções extraprocessuais: a irregularidade não tem o 
condão de produzir a invalidação do ato processual, porém pode dar ensejo à aplicação de 
sanções extraprocessuais. Nesse caso, há uma irregularidade de maior gravidade, mas ela 
apenas acarreta sanção extraprocessual. Exemplo 1: abandono do processo pelo defensor 
(art. 265, CPP). 
 
3 
 
CPP, art. 265: “O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso, 
comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários mínimos, 
sem prejuízo das demais sanções cabíveis.” 
✓ Obs.: o art. 265 do CPP é objeto de ADI ajuizada pela OAB, que questiona a 
possibilidade de o juiz aplicar uma multa para o defensor desidioso. A OAB sustenta que 
somente ela poderia aplicar sanções contra o profissional da advocacia. 
 
Exemplo 2: apresentação do laudo pericial fora do prazo. O perito sofrerá sanção extraprocessual 
(multa), mas não haverá nenhuma nulidade ao processo. 
CPP, art. 277: “O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob 
pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível. Parágrafo único. Incorrerá 
na mesma multa o perito que, sem justa causa, provada imediatamente: 
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade; 
b) não comparecer no dia e local designados para o exame; 
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos estabelecidos.” 
 
c) Irregularidades que podem acarretar a invalidação do ato processual: por atentar contra o 
interesse público ou contra o interesse preponderante das partes, esta irregularidade pode 
acarretar a invalidação do ato processual. Nessa hipótese, há uma gravidade muito maior, a 
qual atenta contra o interesse público ou contra o interesse preponderante das partes. 
Exemplo: sentença carente de fundamentação (art. 564, V do CPP). Renato Brasileiro destaca 
que o juiz precisa fundamentar a sentença, não podendo se valer de conceitos jurídicos 
indeterminados sem contextualizá-los. Se ocorrer a carência de fundamentação e a parte 
impugná-la, é possível que a parte consiga a invalidação da sentença. 
 
d) Irregularidades que acarretam a inexistência jurídica do ato processual: a violação ao 
devido processo legal é tão absurda que acarreta a própria inexistência do ato jurídico. Tal 
irregularidade é chamada de “não-ato” (inexistência do ato jurídico), pois, neste caso, há uma 
violação gigantesca ao devido processo legal. Exemplo: sentença sem dispositivo. 
 
 
 
 
4 
 
3. ESPÉCIES DE ATOS PROCESSUAIS 
Levando-se em consideração a espécie de irregularidade, a doutrina classifica os atos 
processuais. 
 
a) Atos perfeitos: são aqueles praticados em fiel observância ao modelo típico. Logo, são 
válidos e eficazes. Ato perfeito é o que não possui nenhuma irregularidade. Deve se ressaltar 
que, na prática, o processo penal não possui apenas atos perfeitos e isso ocorre por conta 
da complexidade dos processos. 
 
b) Atos meramente irregulares: são aqueles dotados de irregularidades sem consequência ou 
de irregularidades que acarretam tão somente sanções extraprocessuais. Como essas 
irregularidades não são capazes de repercutir na validade da relação processual, estes atos 
também são tidos como válidos e eficazes. Obs.: À semelhança dos atos perfeitos, que são 
válidos e eficazes, os atos meramente irregulares também o são. 
Exemplos: 
- Falta de compromisso da testemunha em juízo; 
- Apresentação de razões de apelação fora do prazo de 8 dias, embora interposto o recurso 
no prazo de 5 dias. 
 
Súmula n. 366 do STF: Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, 
embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia. 
✓ Para o STF, a mera indicação dos dispositivos da lei penal no edital é apenas 
irregularidade. 
 
EXEMPLO: STJ: “(...) A decisão do magistrado que encaminha recurso em sentido estrito sem 
antes proceder ao juízo de retratação é mera irregularidade não podendo ser entendida como 
ato apto a ensejar nulidade absoluta, uma vez que o referido juízo é secundário em relação à 
pronúncia devidamente fundamentada. (...)”. (STJ, 5ª Turma, HC 177.854/SP, Rel. Min. GilsonDipp, 14/02/2012, DJe 24/02/2012. 
 
 
 
 
5 
 
c) Ato nulo: ante a inobservância do modelo típico ou a ausência de requisito indispensável 
para a prática do ato processual, tais atos são passíveis de decretação de ineficácia, 
reconhecendo sua nulidade absoluta ou relativa. Neste caso, tem-se a irregularidade que pode 
acarretar a invalidação do ato processual, ou seja, houve violação a uma regra de interesse 
público ou a uma regra de interesse preponderante das partes. 
Exemplo: Sentença proferida por juízo absolutamente incompetente. 
✓ A incompetência absoluta é causa de nulidade absoluta. Se tal incompetência for 
reconhecida, todos os atos decisórios praticados pelo juízo absolutamente incompetente 
serão tidos como ineficazes. 
 
d) Atos inexistentes: tamanha a gravidade do vício que sequer podem ser tratados como atos 
processuais, sendo tratados como espécie de “não ato”. Nesse caso, não se cogita de 
invalidação, visto que a inexistência representa um defeito que antecede qualquer consideração 
sobre a validade do ato processual. A doutrina afirma que a inexistência do ato não precisa ser 
declarada. 
✓ Nesse ponto, o ato inexistente se diferencia do ato nulo, pois a nulidade precisa ser 
declarada e a inexistência não. 
Exemplo: “A” está preso e a decisão foi proferida por juiz impedido. Neste caso, o ato é 
inexistente e, em tese, não precisaria ser declarado. Entretanto, na prática, a doutrina ressalta 
que o advogado de “A” terá que impetrar um HC para que algum tribunal reconheça a 
inexistência do ato. 
 
Senso assim, o que realmente pode ser usado para diferenciar a inexistência da nulidade 
é que o ato inexistente não está sujeito à convalidação. 
 
✓ Convalidar significa sanear/remediar. Assim sendo, quando se fala em convalidação, tem-
se que o ato processual é defeituoso, mas pode ser, de alguma forma, 
corrigido/saneado/convalidado. 
Atenção: 
O ato nulo está sujeito à convalidação. 
✓ Obs.: a doutrina destaca que até mesmo a nulidade absoluta está sujeita à convalidação. 
Exemplo: a ausência de citação dá ensejo à nulidade absoluta, mas esta pode ser 
convalidada mediante o comparecimento do acusado. 
6 
 
 
O ato inexistente, por sua vez, não está sujeito à convalidação. Exemplo: diante de uma decisão 
proferida por juiz impedido, ainda que esta tenha transitado em julgado, a parte pode buscar o 
reconhecimento da inexistência. 
 
EXEMPLO DE RENATO BRASILEIRO. STJ: “(...) FILIAÇÃO ENTRE O PROMOTOR DE JUSTIÇA E 
O DESEMBARGADOR QUE INADMITE RECURSO ESPECIAL. IMPEDIMENTO. (...) É da letra do 
artigo 252, inciso I, do Código de Processo Penal que não pode o juiz exercer jurisdição no processo em 
que seu filho tiver funcionado como órgão do Ministério Público. 2. O impedimento é causa de inexistência 
do ato processual e, não, de nulidade, não reclamando, pela sua natureza, declaração. (...)”. (STJ, 6ª 
Turma, HC 18.301/MS, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, j. 20/05/2003, DJ 30/06/2003). Obs. 1: ao contrário 
das nulidades absolutas e relativas, o vício que gera a inexistência do ato não se convalida jamais, nem 
mesmo com o trânsito em julgado de eventual sentença condenatória ou absolutória, podendo ser 
reconhecido na constância do processo e após o seu encerramento, independentemente de prazo.” 
 
Obs. 1: ao contrário das nulidades absolutas e relativas, o vício que gera a inexistência do ato 
não se convalida jamais, nem mesmo com o trânsito em julgado de eventual sentença 
condenatória ou absolutória, podendo ser reconhecido na constância do processo e após o 
seu encerramento, independentemente de prazo; 
 
Obs. 2: a incompetência absoluta é causa de nulidade absoluta, e não de inexistência. Hoje, o 
que prevalece é que a incompetência absoluta é causa de nulidade absoluta e, como tal, deve 
ser declarada. 
 
✓ A nulidade absoluta é causa de nulidade e, como tal, está sujeita à convalidação. 
 
EXEMPLO DE RENATO BRASILEIRO. STJ: “(...) O Juiz absolutamente incompetente para decidir 
determinada causa, até que sua incompetência seja declarada, não profere sentença inexistente, mas 
nula, que depende de pronunciamento judicial para ser desconstituída. E se essa declaração de nulidade 
foi alcançada por meio de recurso exclusivo da defesa, ou por impetração de habeas corpus, como no 
caso, não há como o Juiz competente impor ao Réu uma nova sentença mais gravosa do que a 
anteriormente anulada, sob pena de reformatio in pejus indireta. (STJ, 5ª Turma, RHC 20.337/PB, Rel. 
Min. Laurita Vaz, Dje 04/05/2009). 
 
7 
 
4. CONCEITO DE NULIDADE 
 
Concieto: Espécie de sanção aplicada ao ato processual defeituoso, privando-o da aptidão de 
produzir seus efeitos regulares. 
✓ A consequência da nulidade é reconhecer a ineficácia do ato defeituoso, ou seja, o ato é 
privado da aptidão de produzir seus efeitos regulares. 
 
5. Distinção entre nulidades absolutas e nulidades relativas. 
 
Inicialmente, é importante destacar que nem mesmo os tribunais possuem uma pacificação 
em relação à diferença dos institutos. 
 
A distinção entre nulidades absolutas e relativas pode ocorrer quanto ao prejuízo, quanto 
à arguição e quanto às hipóteses. 
 
5.1. Quanto ao prejuízo 
 
Nulidade Absoluta Nulidade Relativa 
1. O prejuízo é presumido 
2. É de interesse publico 
3. O prejuízo deve ser comprovado 
4. É de interesse preponderante das partes 
 
Súmula n. 523 do STF: “No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a 
sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”. 
✓ A Súmula 523 do STF vem ao encontro da distinção feita no quadro acima. A deficiência 
de defesa, segundo a súmula, é causa de nulidade relativa e, portanto, o prejuízo deve 
ser comprovado. 
✓ Na nulidade absoluta, o prejuízo é presumido, pois, geralmente, ela envolve alguma 
violação ao interesse público, previsto na CF/1988 ou no CIDH. 
✓ Ada Pellegrini Grinover afirmava que, no campo da atipicidade constitucional (e 
convencional), não há espaço para meras irregularidades sem consequência. 
✓ Na nulidade relativa, há o interesse preponderante das partes, geralmente previsto na 
legislação infraconstitucional. Neste caso, o prejuízo deve ser comprovado pelo 
interessado para que haja o reconhecimento dessa nulidade. 
8 
 
Observações: 
1ª) Diante da alegação de nulidade absoluta, o prejuízo é presumido. A doutrina ressalta que, 
neste caso, ocorre a inversão do ônus da prova. Assim, o interessado na declaração da nulidade 
não precisa comprovar tal prejuízo, mas a parte contrária poderá comprovar que não houve 
prejuízo nenhum no caso concreto para evitar o reconhecimento da nulidade. Exemplo: vício na 
citação. Neste caso, há uma inversão do ônus da parte e é possível provar que o prejuízo não 
teria ocorrido, pois, a despeito da citação defeituosa, o acusado compareceu no ato processual. 
 
Obs. 1: a presunção de prejuízo não tem natureza absoluta. Cuida-se de presunção relativa, o 
que significa dizer que há uma inversão da regra da ônus da prova. 
 
Questão: Qual é a consequência de ato praticado por juiz suspeito? A suspeição é tratada pelo 
CPP como causa de nulidade absoluta. Neste caso, a doutrina destaca que pode a parte 
contrária tentar provar que o prejuízo não se concretizou. Veja o exemplo abaixo: 
 
EXEMPLO DE RENATO BRASILEIRO STJ: “(...) A participação do magistrado suspeito não influenciou o 
resultado do julgamento, circunstância que, nos termos da jurisprudência deste Superior Tribunal de 
Justiça, afasta a alegação de nulidade. (...)”. (STJ, 6ª Turma, HC 227.263/RJ, Rel. Min. Vasco Della 
Giustina – Desembargador convocado do TJ/RJ –, j. 27/03/2012). 
 
Obs. 2: atenção para alguns precedentes do STF exigindo a comprovação de prejuízo 
mesmo nos casos de nulidades absolutas. A doutrina é categórica ao afirmar que, em se 
tratando de nulidade absoluta, o prejuízo é presumido. Mas Cuidado: é necessário ficar atento 
porqueo STF possui alguns precedentes dizendo que, mesmo sendo nulidade absoluta, o 
prejuízo deve ser comprovado. 
 
STF: “(...) Esta Corte vem assentando que a demonstração de prejuízo, a teor do art. 563 do CPP, é 
essencial à alegação de nulidade, seja ela relativa ou absoluta, eis que “(...) o âmbito normativo do 
dogma fundamental da disciplina das nulidades pas de nullité sans grief compreende as nulidades 
absolutas” (HC 85.155/SP, Rel. Min. Ellen Gracie). Precedentes. A decisão ora questionada está em 
perfeita consonância com o que decidido pela Primeira Turma desta Corte, ao apreciar o HC 103.525/PE, 
Rel. Min. Cármen Lúcia, no sentido de que a inobservância do procedimento previsto no art. 212 do CPP 
pode gerar, quando muito, nulidade relativa, cujo reconhecimento não prescinde da demonstração do 
prejuízo para a parte que a suscita. Recurso improvido”. (STF, 2ª Turma, RHC 110.623/DF, Rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, j. 13/03/2012, Dje 61 23/03/2012). 
9 
 
Obs. 3: não se pode exigir a comprovação do prejuízo da parte se se tratar de prova diabólica. 
✓ Prova diabólica é aquela impossível de ser produzida. 
✓ Quando a prova do prejuízo for diabólica, o ideal é tratá-la como nulidade absoluta. 
 
CPP. art. 479: “Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto 
que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência 
à outra parte. Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de jornais ou 
qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui 
ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à 
apreciação e julgamento dos jurados.” 
 
Questão: Qual é a consequência do desrespeito à regra do art. 479 do CPP? O que ocorre se, no dia do 
julgamento, o MP mostrar a arma do crime (sem juntá-la no prazo estipulado)? 
Há doutrinadores que afirmam que se trata de nulidade relativa, mas, se se adotar esse entendimento, 
tal prejuízo deve ser comprovado. É importante destacar que, no caso dos jurados, não é possível 
demonstrar o prejuízo, pois eles não fundamentam o voto. Assim sendo, tem-se um exemplo de prova 
diabólica. Neste caso, o desrespeito ao art. 479 do CPP deve ser tratado como nulidade absoluta. 
 
5.2. Quanto à arguição 
 
Nulidade absoluta Nulidade relativa 
Pode ser arguida a qualquer momento, pelo menos 
até o trânsito em julgado. 
 
Obs: em se tratando de sentença condenatória ou 
absolutória imprópria, a nulidade absoluta pode ser 
declarada, inclusive, após o trânsito em julgado, 
quer por meio de habeas corpus, quer por meio de 
revisão criminal. 
 
Pode-se dizer que a nulidade absoluta é uma 
espécie de nulidade de algibeira1, pois ela pode ser 
arguida a qualquer momento. 
Deve ser arguida no momento oportuno – em 
regra, na primeira oportunidade procedimental 
que a parte tiver para se manifestar após a 
ocorrência do vício (CPP, art. 571), sob pena 
de preclusão. 
 
1 “O Superior Tribunal de Justiça refere-se à expressão nulidade de algibeira (ou de bolso) como uma espécie de 
manobra utilizada pela parte quando ela, estrategicamente, deixa de se manifestar em momento oportuno para suscitar 
a nulidade em momento posterior, ou seja, uma espécie de nulidade a ser utilizada quando mais interessar à parte 
supostamente prejudicada. A propósito: STJ, 3ª Turma, EDcl no REsp 1.424.304/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 
12/08/2014, DJe 26/08/2014; STJ, 3ª Turma, REsp 1.372.802/RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 11/03/2014, 
DJe 17/03/2014; STJ, 3ª Turma, REsp 756.885/RJ, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, j. 14/08/2007, DJ 
17/09/2007.” (Citação retirada do Manual de Processo Penal do professor Renato Brasileiro). 
10 
 
Considerações sobre o quadro: 
 
1ª) A nulidade absoluta pode ser arguida a qualquer momento, pelo menos até o trânsito em 
julgado. 
Atenção: O trânsito em julgado é um limite temporal mesmo para as nulidades absolutas, 
porém, apenas se o trânsito em julgado for de uma sentença absolutória própria. 
 
A doutrina destaca que, em caso de sentença condenatória ou absolutória imprópria, as 
nulidades absolutas podem ser arguidas mesmo após o trânsito em julgado, já que, nessas 
hipóteses, há instrumentos processuais idôneos a fazê-lo, como o habeas corpus e a revisão 
criminal. 
Exemplo: a justiça militar condenou alguém por um crime eleitoral. A sentença transitou 
em julgado e a pessoa está presa. Esta nulidade absoluta (decorrente da incompetência 
absoluta) ainda pode ser suscitada? Sim, pois a sentença é condenatória e a pessoa está 
presa. 
 
2ª) A nulidade relativa está sujeita à preclusão e deve ser arguida oportunamente. 
✓ A nulidade relativa não pode ser utilizada como nulidade de algibeira, pois a sua não 
alegação gera a preclusão. 
✓ A preclusão temporal, neste caso, é uma das causas de convalidação. Assim sendo, o 
ato processual continuará sendo válido e eficaz, tendo aptidão para produzir seus efeitos 
regulares. 
 
Obs.: momento para a arguição das nulidades relativas. Questão: Qual é o momento para a 
arguição de uma nulidade relativa? O momento procedimental está previsto no art. 571 do CPP. 
 
CPP. art. 571: “As nulidades (relativas) deverão ser arguidas: 
I - as da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos prazos a que se refere o 
art. 406 (art. 411, §4º do CPP); 
II - as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular e dos processos 
especiais, salvo os dos Capítulos V e Vll do Título II do Livro II, nos prazos a que se refere o art. 
500 (art. 403 do CPP); 
III - as do processo sumário, no prazo a que se refere o art. 537, ou, se verificadas depois 
11 
 
desse prazo, logo depois de aberta a audiência e apregoadas as partes; 
IV - as do processo regulado no Capítulo VII do Título II do Livro II, logo depois de aberta a 
audiência; 
V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o julgamento e 
apregoadas as partes (art. 447); 
VI VI - as de instrução criminal dos processos de competência do Supremo Tribunal Federal e 
dos Tribunais de Apelação, nos prazos a que se refere o art. 500; 
VII - se verificadas após a decisão da primeira instância, nas razões de recurso ou logo depois 
de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes; 
VIII - as do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo depois de 
ocorrerem.” 
 
Atenção: Os dispositivos citados no art. 571, CPP estão desatualizados com a reforma 
processual de 2008. A doutrina destaca que, para entender os artigos citados, eles devem ser 
lidos em sua antiga redação. 
 
EXEMPLO 1: 
O antigo art. 406 do CPP dizia que as nulidades relativas da 1ª fase do Tribunal do Júri deveriam 
ser arguidas no momento das alegações. Após a reforma processual de 2008, esse momento 
processual está previsto no art. 411, §§4º, CPP. 
CPP- Antiga redação do art. 406: “Terminada a inquirição das testemunhas, mandará o juiz dar 
vista dos autos, para alegações, ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, e em cartório, 
ao defensor do réu.” 
CPP, atual redação do art. 406: “O juiz, ao receber a denúncia ou queixa, ordenará a citação do 
acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 dias.” 
CPP, art. 411: “Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, 
se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, 
bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e 
coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o debate. (...) 
§4º As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, à acusação e à 
defesa, pelo prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10. 
§ 5º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo previsto para a acusação e a defesa de cada umdeles será individual. 
12 
 
§ 6º Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 (dez) 
minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa.” 
 
EXEMPLO 2: 
O art. 500 do CPP se referia ao momento das alegações finais. Atualmente, este dispositivo 
encontra-se revogado. Após a reforma processual de 2008, esse momento processual está 
previsto no art. 403, CPP. 
✓ Diz a doutrina que o melhor é entender a lógica do sistema sem precisar decorar o 
momento de arguição de uma nulidade relativa: tal nulidade deve ser arguida na 
primeira oportunidade procedimental que a parte tiver para se manifestar. 
 
Exemplo (art. 571, II do CPP): o STF, recentemente, decidiu sobre a preclusão da decisão que 
indeferiu o pedido de diligências. No caso em questão, a parte teve o pedido de diligência 
indeferido pelo juiz de 1ª instância, o processo prosseguiu e, no momento das alegações orais, a 
parte não arguiu a nulidade relativa da decisão. Diante disso, o STF entendeu que, como a 
nulidade não foi arguida oportunamente, no caso concreto, operou-se a preclusão. 
 
Obs. 1: para os Tribunais Superiores, o reconhecimento de uma nulidade absoluta está limitado, 
temporalmente, pelo menos em regra, às instâncias recursais ordinárias. Logo, em sede de RE 
ou REsp, os Tribunais Superiores só poderão se manifestar sobre uma nulidade absoluta se a 
mesma tiver sido objeto de prequestionamento. Isso, todavia, não impede a concessão de 
ordem de habeas corpus de ofício em favor do acusado, mas desde que não haja supressão de 
instância. 
✓ O tribunal não pode declarar a nulidade absoluta no recurso extraordinário se a matéria não tiver 
sido prequestionada. Entretanto, quando for para beneficiar o acusado, é possível conceder HC 
de ofício. STJ: “(...) DISPOSITIVOS NÃO ENFRENTADOS PELO TRIBUNAL LOCAL. AUSÊNCIA 
DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS NS. 211 DO STJ E 282 E 356 DO STF. (...) Sendo 
constatado que os arts. 370, § 1º e 394, do Código de Processo Penal, apontados como violados, 
não foram enfrentados pelo acórdão recorrido, atrai-se o enunciado das Súmulas ns. 211/STJ, 
282 e 356/STF. (...)”. (STJ, 5ª Turma, AgRg no Ag 1.332.241/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 
18/10/2011, DJe 25/10/2011). 
 
 
13 
 
5.3. Quanto às hipóteses 
 
Nulidade absoluta Nulidade relativa 
Violação à norma protetiva de interesse 
público prevista na Constituição Federal 
ou na Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos. 
Exemplo: violação da autodefesa (indivíduo 
que não foi citado). Neste caso, há uma 
violação da ampla defesa prevista na 
CF/1988. 
Há um interesse de toda a coletividade de 
que a ampla defesa seja respeitada e, se não 
o for, haverá nulidade absoluta 
Violação à norma protetiva de interesse 
preponderante das partes prevista na 
legislação infraconstitucional. 
Observação: em sede processual penal, não 
se deve falar em interesse exclusivo das 
partes, pois se trata de interesses 
indisponíveis (pretensão punitiva do Estado e 
liberdade de locomoção). 
A maioria dos exemplos de nulidades 
relativas se refere à questão do ônus da 
prova. 
✓ Ver o art. 156 do CPP. 
✓ Geralmente, todas as matérias 
relacionadas a questões probatórias 
dão ensejo à nulidades relativas. 
 
Casuística de nulidades relativas: 
a) Oitiva de testemunha por carta precatória; (pois se refere ao ônus da prova) 
b) Reconhecimento de pessoas; (STJ tem mudado isso) 
c) Indeferimento da instauração de incidente de insanidade mental; (exemplo: crimes drogas) 
d) Inversão da ordem de oitiva das testemunhas; 
e) Indeferimento de provas inúteis, irrelevantes ou procrastinatórias; 
 
Observações sobre a casuística das nulidades: 
1ª) O juiz deve intimar as partes sobre a expedição de carta precatória para oitiva de 
testemunhas em outro juízo. Se isso não for feito, haverá nulidade relativa, pois há interesse 
preponderante das partes. 
✓ Atenção: as partes não precisam ser cientificadas da data da audiência no juízo 
deprecado. 
 
14 
 
Súmula 155 do STF: “É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da 
expedição de precatória para inquirição de testemunha”. 
Súmula 273 do STJ: “Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se 
desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado”. 
 
2ª) O procedimento do reconhecimento de pessoas e coisas é estabelecido pelo CPP nos 
artigos 226 e 228. Na prática, entretanto, a doutrina destaca que o procedimento, muitas vezes, 
é deixado de lado. 
✓ No caso do reconhecimento de pessoas, se o procedimento não for observado, haverá, 
no máximo, nulidade relativa, conforme entendimento dos tribunais superiores. 
 
STJ: “(...) A alegada inobservância do preceituado no art. 226, do Código Processual Penal, 
quando do reconhecimento do paciente, configura nulidade relativa que, diante do princípio pas 
de nullité sans grief, (Princípio segundo o qual não se declara a nulidade de um ato sem 
que seja provado o prejuízo causado por ele) deve ser arguida em momento oportuno, com a 
efetiva demonstração do prejuízo sofrido, sob pena de convalidação (Precedentes). Demais 
disso, tendo a fundamentação da sentença condenatória, no que se refere à autoria do ilícito, se 
apoiado no conjunto das provas, e não apenas no reconhecimento por parte da vítima, na 
delegacia, não há que se falar, in casu, em nulidade por desobediência às formalidades 
insculpidas no art. 226, II, do CPP. (...)”. (STJ, 5ª Turma, HC 127.000/MG, Rel. Min. Felix 
Fischer, j. 07/05/2009, DJe 31/08/2009). 
 
3ª) No caso de indeferimento da instauração de incidente de insanidade mental, é necessário 
ressaltar que, em muitos casos, o pedido de incidente é utilizado como manobra 
procrastinatória. Assim sendo, o juiz só deve deferi-lo se houver o mínimo de indicativos de que 
o indivíduo possui alguma doença mental ou desenvolvimento metal retardado. 
 
4ª) Em relação à inversão da ordem de oitiva de testemunhas, a regra é que, primeiro, sejam 
ouvidas as testemunhas da acusação e, posteriormente, da defesa (salvo se houver precatória). 
Na visão dos tribunais superiores, ainda que o juiz inverta a ordem de oitiva das testemunhas, a 
nulidade é relativa. 
 
 
15 
 
STF: “(...) TESTEMUNHAS - DEFESA E ACUSAÇÃO - INVERSÃO. Se de um lado é certo que 
as testemunhas da acusação devem ser ouvidas antes das da defesa, de outro não menos 
correto é que a nulidade decorrente da inobservância desta ordem pressupõe prejuízo. Havendo 
as testemunhas da defesa declarado desconhecer o acusado, descabe falar em prejuízo. (...)”. 
(STF, 2ª Turma, HC 75.345/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 05/08/1997, DJ 19/09/1997). 
STF: “(...) A obrigatoriedade de oitiva da vítima deve ser compreendida à luz da razoabilidade e 
da utilidade prática da colheita da referida prova. Hipótese de imputação da prática de 638 
(seiscentos e trinta e oito) homicídios tentados, a revelar que a inquirição da integralidade dos 
ofendidos constitui medida impraticável. Indicação motivada da dispensabilidade das inquirições 
para informar o convencimento do Juízo, forte em critérios de persuasão racional, que, a teor do 
artigo 400, §1°, CPP, alcançam a fase de admissão da prova. Ausência de cerceamento de 
defesa. (...)”. (STF, 1ª Turma, HC 131.158/RS, Rel. Min. Edson Fachin, j. 26/04/2016, DJe 196 
13/09/2016). 
 
Quadro comparativo: 
 
Hipóteses de Nulidade absoluta Hipóteses de Nulidade relativa 
Nulidades cominadas do art. 564 do CPP não 
ressalvadas no art. 572 do CPP. 
Nulidades cominadas do art. 564 do 
CPP ressalvadas no art. 572 do CPP. 
 
 
O art. 564 do CPP traz um rol exemplificativo de nulidades: 
CPP, art. 564: “A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: 
I - por incompetência, suspeição ou uborno do juiz; 
II - por ilegitimidade de parte; 
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: 
a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processosde contravenções penais, a 
portaria ou o auto de prisão em flagrante; 
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto 
no Art. 167; 
c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de curador ao 
menor de 21 anos; 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art167
16 
 
d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada e nos 
da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública; (NULIDADE 
RELATIVA) 
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos 
concedidos à acusação e à defesa; (NULIDADE RELATIVA SOMENTE ESSA 2ª PARTE) 
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol de testemunhas, 
nos processos perante o Tribunal do Júri; 
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a lei não 
permitir o julgamento à revelia; (NULIDADE RELATIVA) 
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos 
estabelecidos pela lei; (NULIDADE RELATIVA) 
i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri; 
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua incomunicabilidade; 
k) os quesitos e as respectivas respostas; 
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento; 
m) a sentença; 
n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido; 
o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e despachos de 
que caiba recurso; 
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quórum legal para o julgamento; 
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato. (NULIDADE 
RELATIVA) 
V - em decorrência de decisão carente de fundamentação. 
Parágrafo único. Ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos quesitos ou das suas respostas, 
e contradição entre estas. 
 
Questão: Entre as hipóteses exemplificativas de nulidade do art. 564, CPP, quais são de 
natureza absoluta e quais são de natureza relativa? 
Conforme ensina Renato Brasileiro, ao fazer uma leitura dos artigos 564 e 572, CPP, será 
possível perceber que, ao se referir às nulidades que estarão sanadas em virtude do decurso do 
tempo, o art. 572, I, CPP, faz menção apenas às nulidades previstas no art. 564, III, “d” e “e”, 
segunda parte, “g” e “h”, e IV . Assim sendo, se o art. 572 do CPP está dizendo que tais nulidades 
serão sanadas se não forem arguidas em tempo oportuno, isso significa dizer que tais nulidades 
17 
 
são de natureza relativa. Dessa forma, as demais nulidades (que não foram listadas / 
destacadas acima) serão de natureza absoluta. 
 
CPP, art. 572: “As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV, 
considerar-se-ão sanadas: 
I - se não forem arguidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo anterior; 
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim; 
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.” 
 
6. RECONHECIMENTO DE NULIDADES DE OFÍCIO. 
6.1. Na 1ª Instância 
Na primeira instância, o juiz pode declarar qualquer nulidade de ofício (absoluta ou relativa). 
✓ Cuidado para não confundir o processo penal e o processo civil. 
Renato Brasileiro destaca que, mesmo em se tratando de nulidade relativa, no processo penal, 
sempre haverá, ainda que de maneira residual, um interesse público. Neste caso, o interesse 
jamais será exclusivo das partes. 
✓ O juiz não é mero expectador e tem a obrigação de zelar pelo processo. 
 
CPP, art. 251: “Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no 
curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública.” 
 
Obs. 1: (im)possibilidade de reconhecimento ex officio da incompetência relativa. 
Súmula n. 33 do STJ: “A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”. 
Atenção: a Súmula 33 do STJ foi concebida para o processo civil. Assim sendo, no processo 
penal, a incompetência relativa pode ser declarada de ofício. O juiz pode reconhecer a 
nulidade relativa de ofício até o esgotamento da instância. 
 
Novo CPC 
“Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: I - para corrigir-lhe, de ofício ou a 
requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo; II - por meio de embargos de 
declaração.” 
 
6.2. Na 2ª Instância 
Na segunda instância, há a incidência do efeito devolutivo inerente aos recursos, ou seja, o 
conhecimento do tribunal fica delimitado pelo objeto da impugnação. Assim, na segunda 
18 
 
instância, o tribunal não tem a mesma liberdade dos juízos de primeira instância. 
Súmula n. 160 do STF: “É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não 
arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício”. 
 
➢ Conclusões sobre a Súmula 160 do STF: 
1ª) Nos casos de recurso de ofício, o tribunal pode reconhecer qualquer nulidade, favorável ou 
desfavorável ao acusado. Isso porque, nesses casos, devolve-se ao tribunal a integralidade do 
conhecimento da matéria. 
2ª) Se a nulidade foi arguida no recurso da acusação, isso significa que o conhecimento da 
nulidade foi devolvido ao tribunal. Neste caso, o tribunal pode reconhecer, inclusive, uma 
nulidade prejudicial ao acusado (exemplo: juiz absolve o acusado sem fundamentar a 
sentença). 
3ª) Interpretando-se a contrario sensu a súmula 160 do STF, quando a nulidade for favorável ao 
réu, ela poderá ser reconhecida de ofício. 
✓ O professor destaca que alguns poucos doutrinadores criticam essa possibilidade, mas 
não se pode esquecer que juízes e tribunais podem expedir habeas corpus de ofício e, 
portanto, é possível reconhecer a nulidade favorável ao réu de ofício. 
✓ Trata-se do princípio da reformatio in mellius. 
 
7. PRINCÍPIOS 
7.1. Princípio do prejuízo 
De acordo com o princípio da pas de nullité sans grief, não há nulidade sem prejuízo. 
✓ O prejuízo está presente nas nulidades absolutas (prejuízo presumido) e nas nulidades 
relativas (deve ser comprovado). 
 
CPP, art. 563: “Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a 
acusação ou para a defesa.” 
CPP, art. 566: “Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído 
na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa.” 
 
Exemplos de nulidades relativas: 
a) Inversão da ordem de oitiva das testemunhas; 
b) Inobservância do art. 212 do CPP (exame direto e cruzado); ver o 212 CPP 
19 
 
 
STF: “(...) A magistrada que não observa o procedimento legal referente à oitiva das 
testemunhas durante a audiência de instrução e julgamento, fazendo suas perguntas em 
primeiro lugar para, somente depois, permitir que as partes inquiram as testemunhas, incorre em 
vício sujeito à sanção de nulidade relativa, que deve ser arguido oportunamente, ou seja, na 
fase das alegações finais, o que não ocorreu. O princípio do pas de nullité sans grief exige, 
sempre que possível, a demonstração de prejuízo concreto pela parte que suscita o vício. 
Precedentes. Prejuízo não demonstrado pela defesa. Ordem denegada”. (STF, 1ª Turma, HC 
103.525/PE, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 03/08/2010, Dje 159 26/08/2010). 
 
7.2. Princípio da Instrumentalidade das Formas. 
De acordo com esse princípio, a forma não é um fim em si mesmo. Assim sendo, ainda que a 
forma não tenha sido observada, se a finalidade do ato já foi atingida, não há motivo para 
declarar a nulidade do ato. A existência do modelo típico não é um fim em si mesmo. Na 
verdade, a forma prescrita em lei visa proteger algum interesse ou atingir determinada 
finalidade. Por isso, antes de ser decretada a ineficácia do ato processual praticado em 
desacordo com o modelo típico, há de se verificar se o interesse foi protegido ou se a finalidade 
do ato foi atingida. 
 
Exemplo: vícios na citação(art. 570, CPP) podem ser convalidados diante do comparecimento do 
acusado. 
CPP, art. 570: “A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada, 
desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz 
para o único fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, 
quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte.” 
 
STJ: “(...) O fato de a citação ter sido realizada na mesma data da realização do interrogatório, 
na pessoa da mãe do acusado, que se comprometeu a repassar o mandado ao réu, não gera, 
por si, nulidade, se não há demonstração do efetivo prejuízo. Não há que se falar em nulidade, 
na hipótese dos autos, em atenção ao princípio pas de nullité sans grief, uma vez que o réu 
compareceu espontaneamente à sessão de interrogatório - acompanhado por advogada 
constituída com a qual pôde se reunir antecipada e reservadamente - declarou estar ciente da 
acusação e deu sua versão dos fatos. (...)”. (STJ, 5ª Turma, Resp 930.283/MG, Rel. Min. Felix 
20 
 
Fischer, DJ 12/11/2007). 
 
7.3. Princípio da Eficácia dos Atos Processuais. 
• No direito privado, a nulidade é automática, ou seja, o ato nulo não produz nenhum 
efeito. (Exemplo: compra e venda de objeto de alto valor realizada por incapazes). 
• No direito processual, a nulidade não é automática e, portanto, precisa ser declarada. Os 
atos processuais se presumem válidos e eficazes enquanto não houver decisão judicial 
declarando a nulidade. A isso se denomina princípio da eficácia dos atos 
processuais. 
Exemplo: um juiz militar condena uma pessoa por crime eleitoral. Neste caso, a pessoa 
poderá ser presa. A nulidade desta decisão precisará ser declarada. 
 
A nulidade dos atos processuais não é automática, estando seu reconhecimento condicionado à 
existência de um pronunciamento judicial no qual seja aferida não apenas a atipicidade do ato, 
mas também a não consecução de sua finalidade e a causação de prejuízo às partes. 
 
7.4. Princípio da Restrição Processual à Decretação da Ineficácia. 
De acordo com a doutrina, por mais grave que seja eventual vício em um processo, é necessário 
realizar duas perguntas: 
1ª) Será que o momento ainda é oportuno para suscitar a nulidade? Não houve preclusão? 
2ª) Será que há instrumento processual adequado para reconhecer a nulidade? 
Exemplo: uma sentença condenatória transitada em julgado da justiça militar por crime eleitoral 
pode ser alterada por HC ou revisão criminal (instrumentos processuais adequados). 
A invalidação de um ato processual somente pode ser decretada se houver instrumento 
processual adequado e se o momento ainda for oportuno. 
 
7.5. Princípio da Causalidade (Efeito Expansivo). 
Em virtude do princípio da causalidade, a nulidade de um ato provoca a invalidação dos atos que 
lhe forem consequência ou decorrência. Assim, a doutrina explica que, diante de um vício e de 
sua respectiva nulidade, é necessário verificar se há nexo causal/relação de dependência entre 
a nulidade originária e a nulidade derivada. Para que haja o reconhecimento da nulidade 
derivada, não basta se tratar de ato posterior, há necessidade de verificar se existe ou não 
nexo causal entre tais nulidades. 
21 
 
 
 
CPP, art. 573: “Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos 
anteriores, serão renovados ou retificados. 
§ 1º A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente 
dependam ou sejam consequência. 
§ 2º O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende.” 
 
Exemplo: nulidade do processo a partir da citação. 
 
STJ: “(...) A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente 
dependam ou sejam consequência, a teor do art. 573, § 1º, do CPP. (Precedentes). A princípio, 
a declaração da nulidade do processo a partir da citação editalícia, acarreta a nulidade, por 
derivação, de todos os atos processuais subseqüentes. (Precedentes). Writ concedido”. (STJ, 
5ª Turma, HC 28.830/SP, Rel. Min. Felix Fischer, j. 02/12/2003). 
 
Obs. 1: essa relação de dependência é lógica, e não necessariamente cronológica. 
Obs. 2: uma vez decretada a nulidade de um ato processual (nulidade originária), deve o juiz ou 
tribunal verificar até que ponto tal vício teria contaminado outros atos processuais (nulidade 
derivada). 
 
7.6 Princípio da Conservação dos Atos Processuais (Confinamento das Nulidades). 
Obs: Este é o contrário do principio anterior, ou seja, é o contrário do Princípio da Causalidade 
(Efeito Expansivo). 
O princípio da conservação dos atos processuais funciona como o inverso do princípio da 
causalidade. Assim sendo, por força do princípio da conservação dos atos processuais, deve 
haver a preservação da validade dos atos processuais que não dependam de ato anterior 
declarado inválido. 
 
22 
 
NCPC, art. 281: “Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os subsequentes que 
dele dependam, todavia, a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as outras que dela 
sejam independentes.” 
✓ A doutrina entende que, com base no art. 3º do CPP, o art. 281 do CPC pode ser aplicado 
ao processo penal. 
STJ: “(...) INVERSÃO DA ORDEM DE APRESENTAÇÃO DAS ALEGAÇÕES FINAIS PELAS PARTES. 
(...) TESE DEFENSIVA DE QUE A NULIDADE SE ESTENDERIA INCLUSIVE AOS ATOS 
PRATICADOS ANTERIORMENTE ÀQUELE DECLARADO NULO. IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA 
CAUSALIDADE. (...) Não é possível estender os efeitos nulificantes aos atos processuais praticados 
anteriormente àquele declarado nulo pela Corte de origem, porquanto, a teor do disposto no art. 573, § 
2.º, do Código de Processo Penal, a extensão da nulidade deverá ser declarada pelo órgão julgador e tão-
somente poderá atingir os atos que dele dependem (princípio da causalidade). (...)”. (STJ, 5ª Turma, HC 
32.896/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 13/04/2004, DJ 17/05/2004). 
 
Obs. 1: o princípio da conservação dos atos processuais não se aplica à sessão de julgamento 
pelo Júri, que é indivisível em face da concentração e incomunicabilidade dos jurados. 
 
7.7. Princípio do Interesse 
Se se está arguindo uma nulidade, deve-se demonstrar interesse. 
CPP, art. 565: “Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que 
tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse.” 
 
Nenhuma das partes pode arguir nulidade relativa referente à formalidade cuja observância só 
interesse à parte contrária. Exemplo: a ausência do MP no interrogatório não pode ser arguida 
pela defesa. 
 
Obs. 1: o princípio do interesse não é aplicável às nulidades absolutas, porquanto, nesse caso, 
há violação de norma protetiva de interesse público. 
Esse princípio é aplicável apenas às nulidades relativas, já que, em se tratando de nulidade 
absoluta, há violação de norma protetiva de interesse público e, portanto, qualquer parte pode 
fazer a arguição. 
 
 
23 
 
Obs. 2: o princípio do interesse não é aplicável ao Ministério Público, pois ao órgão ministerial 
incumbe a defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis e, portanto, ele pode arguir 
nulidade favorável ao acusado. 
 
7.8. Princípio da Lealdade (Boa-fé). 
Se a parte concorreu para a nulidade, ela não poderá, posteriormente, argui-la. 
CPP, art. 565: “Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para 
que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse.” 
 
A ninguém é dado o direito de beneficiar-se da própria torpeza. 
Exemplo: se as partes concordam que o juiz deve fazer as perguntas primeiro em uma audiência, 
violando a regra do art. 212 do CPP6, elas não poderão, posteriormente, alegar nulidade do ato. 
 
Obs. 1: o princípio da lealdade ou da boa-fé não é aplicável às nulidades absolutas. 
Como o interesse tutelado pela norma violada é de naturezapública, qualquer parte pode arguir 
o vício, ainda que tenha concorrido para a sua produção. 
Exemplo: a ausência de defesa é causa de nulidade absoluta e, portanto, em tese, não se 
aplica a ela o princípio da lealdade. 
 
7.9. Princípio da Convalidação. 
 Convalidar é sinônimo de sanear. 
Por força desse princípio, entende-se que alguns atos defeituosos podem ser 
convalidados/corrigidos. 
- Não se deve declarar a nulidade quando for possível suprir o defeito. 
Obs. 1: pelo menos em regra, este princípio é aplicável apenas às nulidades relativas. A exceção 
fica por conta do trânsito em julgado de sentença absolutória própria contaminada por nulidade 
absoluta, porquanto não se admite revisão criminal pro societate. 
 
Obs. 2: causas de convalidação: 
a) SUPRIMENTO – Eventuais omissões poderão ser supridas. O melhor exemplo é o trazido 
pelo art. 569, CPP. 
b) RETIFICAÇÃO – É a correção do ato processual defeituoso. Exemplo: o agente utiliza 
identidade falsa e é denunciado pelo MP. Neste caso, é possível retificar a qualificação 
24 
 
do acusado (art. 259, CPP8). 
c) RATIFICAÇÃO – É a confirmação. O melhor exemplo é o trazido pelo art. 568, CPP. 
d) REVALIDAÇÃO – É confirmar ato anterior. Exemplo: imagine que uma testemunha 
tenha prestado depoimento e, posteriormente, a instrução foi anulada. Neste caso, não é 
necessário que ela preste novo depoimento, pois tudo está registrado. 
e) PRECLUSÃO: sob um ponto de vista objetivo, pode ser compreendida como um fato 
impeditivo destinado a garantir o avanço progressivo da relação processual e a obstar o 
seu recuo para fases anteriores do procedimento. 
e.1) preclusão temporal: decorre do não exercício de determinada faculdade no prazo 
determinado (Exemplo: art. 571 do CPP). 
e.2) preclusão lógica: decorre da incompatibilidade da prática de um ato processual com 
relação a outro já praticado; 
e.3) preclusão consumativa: ocorre quando a faculdade já foi validamente exercida. 
f) PROLAÇÃO DA SENTENÇA: a decisão de mérito em favor da parte prejudicada pelo ato 
processual defeituoso afasta a conveniência de se proclamar a nulidade (teoria da causa 
madura). Exemplo: imagine que, em determinado processo, o juiz decida absolver o 
acusado por ausência de provas. Entretanto, ele percebe que houve uma nulidade favorável 
ao acusado. Neste caso, o juiz deve enfrentar o mérito, pois, como absolverá o acusado, 
deverá se abster de declarar a nulidade. 
g) COISA JULGADA (PRECLUSÃO MÁXIMA): a coisa julgada funciona como causa de 
saneamento geral, pois a imutabilidade da decisão alcança as irregularidades não alegadas 
ou não apreciadas durante a tramitação do processo. A exceção fica por conta de sentenças 
condenatórias ou absolutórias impróprias. A coisa julgada tem o condão de convalidar, 
inclusive, as nulidades absolutas, desde que se trate de sentença absolutória própria. 
Quando se tratar de sentença condenatória ou absolutória imprópria, uma nulidade absoluta 
pode ser declarada mesmo depois do trânsito em julgado (HC e revisão criminal). 
 
8. Nulidades no inquérito policial. 
Diz a doutrina aqui que o melhor e seguir a letra da lei. Assim sendo, neste caso, deve-se 
afirmar que não há nulidades no inquérito policial. 
✓ Assim, eventuais vícios constantes no inquérito policial não terão o condão de 
repercutir no processo penal subsequente, pois se entende que o inquérito é fase 
autônoma e diversa da persecução penal. 
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✓ Lembrando que a persecução penal se divide em duas fases: fase investigatória e fase 
processual. 
 
STF: “(...) Os vícios existentes no inquérito policial não repercutem na ação penal, que tem 
instrução probatória própria. Decisão fundada em outras provas constantes dos autos, e não 
somente na prova que se alega obtida por meio ilícito”. (STF, 2ª Turma, HC 85.286, Rel. Min. 
Joaquim Barbosa, j. 29/11/2005, DJ 24/03/2006). 
 
Porém, se, durante o inquérito policial, houver a produção de provas ilícitas, haverá nulidade no 
inquérito. Nesse caso, tal ilicitude poderá contaminar outras provas. 
Exemplo: o estatuto da OAB prevê que o advogado tem direito de assistir seus clientes durante 
a fase investigatória. Se esse direito for negado, há nulidade prevista na própria Lei 8.906/94. 
 
- Obs. 1: nulidade decorrente da inobservância do direito de defesa na investigação preliminar; 
- Obs. 2: Nulidade de eventuais provas antecipadas, cautelares ou não repetíveis produzidas no 
curso da investigação preliminar em desacordo com o modelo típico; 
 
STJ: “(...) Eventual nulidade da interceptação telefônica por breve período (7 dias), por falta de 
autorização judicial, não há de macular todo o conjunto probatório colhido anteriormente ou 
posteriormente de forma absolutamente legal; todavia, a prova obtida nesse período deve ser 
desentranhada dos autos e desconsiderada pelo Juízo. (...)”. (STJ, 5ª Turma, HC 152.092/RJ, Rel. Min. 
Napoleão Nunes Maia Filho, j. 08/06/2010, DJe 28/06/2010). 
 
- Obs. 3: (in)existência de nulidade em virtude de as investigações em relação a crime da 
competência da Justiça Estadual terem sido conduzidas pela Polícia Federal, ou vice-versa. 
Ainda que as investigações tenham sido conduzidas por outra autoridade policial (que não seja 
a competente para tal), isso não vai produzir a nulidade do processo penal subsequente. 
Lembre-se que a investigação policial é mero procedimento administrativo preparatório. 
 
Informativo n. 964 do STF (05/02/2020): a 1ª Turma indeferiu habeas corpus em que se buscava, dentre 
outras providências, o reconhecimento da nulidade de todos os atos judiciais decorrentes de 
investigações conduzidas pela Polícia Federal relativas a supostas infrações atribuídas ao paciente. A 
defesa afirmava não configurada hipótese de atribuição da autoridade da Polícia Federal que conduziu 
os inquéritos. Para tanto, reportou-se à Lei 10.446/2002, que versa sobre a atuação desse órgão na 
repressão de crimes com repercussão interestadual ou internacional. Diziam configurado abuso na 
atuação da referida autoridade e aludiam ao posterior afastamento do delegado federal responsável 
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pelas investigações. O colegiado observou que o procedimento foi inicialmente instaurado pela Polícia 
Federal e decorreu de requisição do Parquet correspondente, sendo destinado a investigar suposta 
prática de crimes, em tese, afetos à competência da Justiça Federal. O declínio da competência para a 
Justiça estadual, ante indícios da prática de delitos a ela sujeitos, a resultar na definição do juízo criminal 
de determinada comarca, revela ter-se observado o figurino legal. O inquérito policial constitui 
procedimento administrativo, de caráter meramente informativo e não obrigatório à regular instauração 
do processo-crime. Visa subsidiar eventual denúncia a ser apresentada, razão pela qual irregularidades 
ocorridas não implicam, de regra, nulidade de processo-crime. Uma vez supervisionados pelo juízo 
competente e por membro do Ministério Público revestido de atribuição, pouco importa que os 
procedimentos investigatórios atinentes à operação desencadeada tenham sido presididos por 
autoridade de Polícia Federal. O art. 5º, LIII, da Constituição da República, ao dispor que ninguém será 
processado nem sentenciado senão pela autoridade competente, contempla o princípio do juiz natural, 
não se estende às autoridades policiais, porquanto não investidas de competência para julgar. Surge 
inadequado pretender-se a anulação de provas ou de processos em tramitação com base na ausência de 
atribuição da Polícia Federal para conduzir os inquéritos. A desconformidade da atuação da Polícia 
Federal com as disposições da Lei 10.446/2002 e eventuais abusos cometidos por autoridade policial 
podem implicar responsabilidade no âmbito administrativo ou criminal dos agentes. No caso, por não 
apresentarem qualquer repercussão no tocante à validade jurídica das provas obtidas, não se mostram 
passíveis de caracterizar nulidade.(STF, 1ª Turma, HC 169.348/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 
17/12/2019).

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