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Questão 1/100:Ref: 4000130310 Homem, 68a, procura o hospital por dor súbita de forte intensidade em todo abdome há 2 horas. Relata dor abdominal periumbilical de moderada intensidade pós prandial há 2 meses. Antecedentes pessoais: tabagismo 50 maços/ano, diabetes mellitus há 28 anos e stent em coronária há 2 anos. Exame físico: PA= 100x70 mmHg, FC= 112 bpm, FR= 20 irpm, Oximetria de pulso (ar ambiente)= 93%; Pulmão: murmúrio vesicular diminuído globalmente com sibilos esparsos; Abdome: plano, flácido, ausência de sopro e ruídos hidroaéreos, dor a palpação profunda e sem massa, ausência de irritação peritoneal. A CONDUTA É: a) Ultrassonografia de abdome superior. A ultrassonografia, mesmo com doppler, não é o melhor exame para confirmar ou excluir trombose mesentérica. b) Angiotomografia de tórax e abdome. Como vimos, a angiotomografia e a arteriografia são os melhores métodos para confirmar esse diagnóstico. c) Radiograma de abdome agudo. d) Ecocardiograma com doppler colorido. O ecocardiograma também não é capaz de confirmar ou refutar o diagnóstico de oclusão mesentérica. Esse exame deve ser considerado como investigação adicional, para os casos em que há oclusão mesentérica com suspeita de embolia. Afinal, até 80% dos êmbolos periféricos possuem origem cardiogênica. Questão 2/100:Ref: 4000049397 Pacientes com colangite aguda apresentando sinais de choque séptico, apresentam uma infecção aguda supurativa ou tóxica, na qual deverá ser empregada as condutas abaixo, exceto: a) Antibioticoterapia para sepse de origem biliar com cobertura ampla. Correta a alternativa “a”: a antibioticoterapia deve ser de largo espectro, que cubra Gram negativos principalmente, mas também Gram positivos e anaeróbios. De modo geral, encontra-se na literatura médica que Escherichia coli é o patógeno mais comum na colangite aguda (25 a 50%), seguido por Klebsiella pneumoniae (15 a 20%) e Enterococcus spp. (10 a 20 %). Bacilos gram-negativos (ex. Pseudomonas) e anaeróbios (ex. Bacteroides e Clostridium) de espécies variadas completam a lista. b) Hidratação com monitorização hemodinâmica. Correta a alternativa “b”: Pacientes com colangite aguda grave geralmente se apresentam hipotensos, instáveis hemodinamicamente, sendo a reposição volêmica uma medida inicial muito importante. c) Solicitar ColangioRNM de forma programada. Incorreta a alternativa “c”: Paciente em choque séptico, ou seja, instável hemodinamicamente, tem contraindicação à colangiorressonância. d) Descompressão urgente. Correta a alternativa “d”: É primordial para o tratamento da colangite aguda grave a desobstrução e drenagem da via biliar. e) A Descompressão, quando programada, poderá ser feita preferencialmente por CPRE ou transparieto. Correta a alternativa “e”: A drenagem da via biliar geralmente é realizada por CPRE ou por via percutânea transparieto-hepática. E na indisponibilidade desses recursos, a drenagem pode ser feita cirurgicamente, colocando um dreno de Kehr na via biliar infectada. Questão 3/100:Ref: 4000080901 Com relação as complicações pós-apendicectomia, assinale a alternativa verdadeira: a) O uso de antibiótico, iniciado no período pré- operatório, diminui a incidência de infecção da ferida operatória. Correta a alternativa “a”: Está indicada a administração de antibióticos de amplo espectro, que cubra anaeróbios e Gram negativos, que deve ser dose única pré- operatória, dentro de uma "janela" de 60 minutos antes da incisão inicial, o que dimunui a incidência de infecção de ferida operatória. b) Mucocele de apêndice é uma complicação comum quando não realizamos a invaginação do coto apendicular. Incorreta a alternativa “b”: A Mucocele de apêndice se caracteriza por ser uma patologia rara, e não uma complicação da apendicectomia, e se deve ao acúmulo de secreção mucoide intraluminal, ocasionando dilatação do apêndice vermiforme. Representa 0,2 a 0,3% das apendicectomias, com predomínio em mulheres por volta da sexta e sétima década de vida. Trata-se de uma entidade inespecífica, que pode ter diferentes etiologias, sejam elas benignas (mais comum - Cisto adenoma mucinoso) ou malignas. c) A Pileflebite é uma complicação frequente e deve ser tratada com antibioticoterapia por 4 a 6 semanas. Incorreta a alternativa “c”: A pileflebite é a trombose séptica da veia porta, manifestada com febre alta e icterícia. É uma complicação rara e grave que pode ocorrer nos casos de sepse abdominal, sendo as causas mais comuns a apendicite complicada e a diverticulite aguda. O tratamento mais utilizado é a associação de anticoagulantes e antibióticos de largo espectro por tempo prolongado, mínimo de 2 semanas. d) A confecção de “bolsa de tabaco” - sepultamento do coto apendicular – diminui a ocorrência de abcessos e fístulas. Incorreta a alternativa “d”: A apendicectomia com confecção de bolsa de tabaco (técnica de Ochsner) não diminui a incidência de fístulas e/ou formação de abscessos. As técnicas mais utilizadas na apendicectomia são a ligadura simples, a de Ochsner (sutura em bolsa no ceco, junto à base do apêndice com sepultamento do coto) e a de Parker-kerr (dois planos de sutura invaginantes, indicada para bases largas). Questão 4/100:Ref: 4000064210 A causa mais comum do abdomem agudo inflamatório é: a) úlcera péptica perfurada Incorreta a alternativa “a”: A úlcera péptica perfurada é a causa mais comum de abdome agudo perfurativo. Clinicamente se manifesta com dor epigástrica de forte intensidade, abdome tenso, “em tábua”. Na radiografia simples de tórax em ortostase pode apresentar o pneumoperitônio, que confirma o diagnóstico de um abdome agudo perfurativo. b) colecistite aguda Incorreta a alternativa “b”: A colecistite aguda é uma causa de abdome agudo inflamatório. É uma complicação da colelitíase e ocorre quando um cálculo biliar, geralmente grande, se impacta no infundíbulo causando obstrução à saída da bile. Clinicamente se manifesta com dor em hipocôndrio direito, constante (< 6 horas), associada à febre. No exame físico um sinal característico da colecistite aguda é o Sinal de Murphy que consiste na interrupção abrupta da inspiração profunda por dor à palpação do hipocôndrio direito. Presente nos quadros de colecistite aguda. c) apendicite aguda Correta a alternativa “c”: A apendicite aguda é a principal causa de abdome agudo! Estima-se que 6 a 7 % da população irá desenvolver a apendicite durante a vida. Tem pico de incidência na 2ª e 3ª décadas de vida. O quadro clínico clássico consiste em uma dor vaga e imprecisa na região periumbilical ou mesogástrica (dor visceral) com posterior irradiação e localização em fossa ilíaca direita (dor parietal), associada a náuseas, vômitos, anorexia e febre baixa. No exame físico é comum apresentar o Sinal de Blumberg positivo, ou seja, dor à descompressão brusca dolorosa no ponto de McBurney, indicativo de peritonite localizada. Pode apresentar leucocitose com desvio à esquerda e aumento da PCR (proteína C reativa). O diagnóstico é eminentemente clínico, o que significa que paciente masculino, jovem, com pouco tempo de evolução (<48 horas), com quadro clínico típico de apendicite aguda não necessita de nenhum exame complementar para se indicar o tratamento cirúrgico. Nos casos duvidosos, ou com maior tempo de evolução e possíveis complicações, o exame de escolha para o diagnóstico é a tomografia de abdome com contraste endovenoso. O tratamento padrão para a apendicite não complicada é a apendicectomia, preferencialmente por videolaparoscopia. d) pancreatite aguda Incorreta a alternativa “d”: A pancreatite aguda se manifesta com em andar superior do abdome, “em faixa”, com irradiação para o dorso, geralmente associada a vômitos. A principal etiologia é biliar. Questão 5/100:Ref: 4000105533 Em relação a classificação topográficade Hinchey, pode-se afirmar que: a) Hinchey IV geralmente é de tratamento clínico, não cirúrgico. Incorreta a alternativa “a”: O tratamento da diverticulite aguda Hinchey IV é cirúrgico, cirurgia de Hartman (ressecção intestinal, colostomia terminal proximal e fechamento do coto retal). b) Hinchey V é, com certeza, de tratamento cirúrgico de urgência. Incorreta a alternativa “b”: Não existe a classificação diverticulite aguda Hinchey V. c) Hinchey IV geralmente é de tratamento cirúrgico. Incorreta a alternativa “c”: O tratamento da diverticulite aguda Hinchey IV SEMPRE é cirúrgico! d) Hinchey II é compatível com sangramento de grande monta. Incorreta a alternativa “d”: A diverticulite aguda Hinchey II quer dizer a presença de abscesso pélvico, bloqueado, sem relação com sangramento intestinal. e) Nenhuma das anteriores. Correta a alternativa “e”: Todas as alternativas estão incorretas. Questão 6/100:Ref: 4000107485 O sinal no qual o paciente apresenta dor localizada na região da parede abdominal direita aproximadamente 2,5 cm superomedial a espinha ilíaca anterossuperior na linha espinoumbilical, quando se comprime o abdome inferior esquerdo, é sugestivo de: a) Diverticulite aguda. Incorreta a alternativa “a: A diverticulite aguda não apresenta nenhum sinal clínico específico. b) Colecistite aguda. Incorreta a alternativa “b”: O sinal clássico da colecistite aguda é o SINAL DE MURPHY positivo que consiste na interrupção abrupta da inspiração profunda por dor à palpação do hipocôndrio direito. c) Pancreatite aguda. Incorreta a alternativa “c”: A pancreatite aguda necro-hemorrágica pode apresentar o Sinal de Cullen (equimose periumbilical) e de Grey Turner (equimose em flancos) e indicam sangramento retroperitoneal. d) Apendicite aguda. Correta a alternativa “d”: O Sinal de Rovsing pode estar presente na apendicite aguda. Questão 7/100:Ref: 4000070517 Qual a causa mais comum de abdome agudo obstrutivo: a) Aderências pós-operatórias Correta a alternativa “a”: A causa mais frequente de obstrução intestinal são as aderências intestinais que tem como principal fator predisponentes cirurgia abdominal prévia. b) Tumores Incorreta a alternativa “b”: As neoplasias metastáticas são a segunda causa mais frequente de obstrução de delgado, com 20% dos casos. E as neoplasias colorretais são a principal causa de obstrução intestinal baixa, com 50% dos casos. c) Volvo Incorreta a alternativa “c”: Volvo de intestino delgado é raro em adultos. d) Hérnias Incorreta a alternativa “d”: Hérnias são a terceira causa mais frequente de obstrução de delgado, com 10% dos casos. Gabarito: correta a alternativa “a” Questão 8/100:Ref: 4000077099 Homem de 50 anos com início súbito de dor em fossa ilíaca esquerda, urgência urinária, pastrão palpável no quadrante inferior esquerdo, distensão abdominal e náusea deve ser submetido à tomografia. O diagnóstico mais provável para esse quadro é de: a) diverticulite do cólon ascendente Incorreta a alternativa A porque o cólon ascendente topograficamente se localiza no lado direito do abdome. Portanto, toda a sintomatologia deveria ser sentida à direita, não à esquerda. b) diverticulite aguda de sigmoide Correta a alternativa B porque sempre que estivermos diante de um paciente com dor em quadrante inferior esquerdo associada a massa palpável no local, devemos desconfiar de diverticulite aguda. A diverticulite aguda é uma doença intestinal causada por inflamação dos divertículos. Os divertículos são herniações das camadas internas da parede intestinal através da camada média que ocorrem em qualquer porção do cólon, sendo mais comum à esquerda (sigmoide). Sintomas urinários, como urgência miccional, podem ser atribuídos à presença de fístula colovesical, comumente causada por diverticulite aguda. c) infecção urinária por prostatite Incorreta a alternativa C porque a infecção urinária por prostatite, embora justifique a urgência urinária, não justificaria os sintomas de dor no quadrante inferior esquerdo e nem a presença de massa palpável no local. d) pancreatite caudal Incorreta a alternativa D porque a pancreatite aguda cursaria com dor em abdome superior (e não em quadrante inferior esquerdo), associada ou não a irradiação para dorso e acompanhada de náuseas e vômitos. Gabarito: Alternativa B Questão 9/100:Ref: 4000077387 Qual a utilidade da tomografia computadorizada na obstrução intestinal com estrangulamento de alça? a) Identificação de pneumoperitôneo. Incorreta a alternativa “a”: A presença de pneumoperitônio indica perfuração de víscera oca, não necessariamente isquemia intestinal. b) Localização do sítio de obstrução. Incorreta a alternativa “b”: Indicar o local da obstrução não tem relação com o estrangulamento de alça. c) Identificação precoce de isquemia intestinal. Incorreta a alternativa “c”: Quando a tomografia apresenta os sinais sugestivos de isquemia (pneumatose intestinal, engurgitamento vascular, gás no sistema portal) ela já irreversível. d) Identificação de pneumatose intestinal. Correta a alternativa “d”: Pneumatose intestinal é um sinal tomográfico de isquemia intestinal. e) Identificação da extensão do segmento comprometido pela isquemia. Incorreta a alternativa “e”: Geralmente a extensão exata da isquemia intestinal só é identificada no intraoperatório. Gabarito: correta a alternativa “d” Questão 10/100:Ref: 4000033987 Diogo, 64 anos de idade, dá entrada no Pronto Socorro com quadro de dor abdominal distensão e parada de eliminação de fezes e flatos. Refere dois episódios de vômitos amarelados. Encontra-se em BEG, taquicárdico e afebril. Tem hemograma com leucocitose e desvio à esquerda. Ao exame o abdome está globoso, distendido, com RHA diminuídos e tem dor leve à palpação profunda. Nota-se uma cicatriz cirúrgica mediana infraumbilical (apendicectomia há 10 anos). A suspeita clínica é de uma obstrução intestinal. Assinale a alternativa INCORRETA com relação ao caso clínico. a) A presença de leucocitose não necessariamente denota isquemia intestinal. Alternativa “A”, correta. A leucocitose pode ser encontrada em pacientes com estrangulamento; apesar de que uma leucocitose não denota necessariamente a presença de estrangulamento, da mesma forma que sua ausência não descarta a possibilidade desta complicação. b) A isquemia intestinal não pode ser diagnosticada ou excluída com grande certeza no pré-operatório. Alternativa “B”, correta. Os sinais clássicos de isquemia e infarto intestinal incluem taquicardia, febre, leucocitose e uma dor abdominal constante, que não é em cólica, mas a ausência destes não exclui esta complicação. A tomografia é útil apenas para determinação dos estádios tardios de isquemia irreversível – pneumatose intestinal e gás venoso portal. c) Os pacientes com obstrução intestinal, em geral, estão desidratados e depletados de sódio, cloreto e potássio. Alternativa “C”, correta. Conforme o intestino dilata-se, os líquidos e eletrólitos acumulam-se tanto intraluminalmente quanto na própria parede intestinal. Essa maciça perda de fluidos para o terceiro espaço é responsável pela desidratação e hipovolemia. Os efeitos metabólicos da perda de líquidos dependem do local e da duração da obstrução. A obstrução mecânica pode ocorrer na parte proximal do intestino delgado (obstrução alta), ou na parte distal do intestino delgado (obstrução baixa). Os pacientes com obstrução mecânica alta apresentam vômitos precoces e distensão abdominal mínima; a desidratação pode ser acompanhada de hipocloremia, hipopotassemia e alcalose metabólica, associada aos vômitos. Os pacientes com obstrução distal vomitam tardiamente no curso da doença e apresentam distensão abdominal mais pronunciada; estes, perdem maiores quantidades de líquidopara o lúmen intestinal, no entanto, as anormalidades dos eletrólitos séricos são, em geral, menos drásticas. Oligúria, azotemia e hemoconcentração podem acompanhar a desidratação. Pode ocorrer hipotensão e choque. d) As radiografias simples do abdome em geral confirmam o diagnóstico de obstrução intestinal. Alternativa “D”, correta. O diagnóstico de abdome agudo obstrutivo realizado com base na história e exame físico, associados a uma radiografia simples do abdome. Nas obstruções intestinais, a radiografia permite diferenciar o íleo adinâmico do da obstrução intestinal mecânica e estimar a altura da obstrução mecânica (jejuno, íleo ou cólon), além de conseguir identificar algumas etiologias possíveis para o quadro, tais como o volvo do cólon sigmoide. e) A tomografia de abdome só tem valor se a etiologia da obstrução intestinal for por um tumor ocasionando a obstrução extrínseca. Alternativa “E”, incorreta. A tomografia computadorizada é particularmente sensível para o diagnóstico de uma obstrução completa e/ou obstrução alta do intestino delgado, sobretudo para determinar a localização e a causa da obstrução. O exame de TC é menos sensível, no entanto, em pacientes com obstrução parcial do intestino delgado. Além disso, a TC é útil se houver suspeita de obstrução parcial do intestino delgado – por exemplo, tumores, doença inflamatória ou abscessos. Portanto, a alternativa incorreta é a letra “E”. Questão 11/100:Ref: 4000085924 Sigmoidectomia seletiva, após episódio isolado de diverticulite, deve ser considerada em paciente: a) com doença diverticular hipertônica. Incorreta a alternativa “a”: A doença diverticular hipertônica ocorre em indivíduos mais jovens (50 anos), portadores de constipação intestinal. Os divertículos ocorrem mais comumente no cólon sigmóide, possuem base estreita e complicam na maioria das vezes com inflamação – diverticulite. Não constitui critério para indicação de cirurgia eletiva. b) com histórico familiar de câncer de colo. Incorreta a alternativa “b”: Histórico familiar de câncer de cólon também não é critério para indicação cirúrgica. c) após dois episódios de diverticulite não complicada. Incorreta a alternativa “c”: Nas diretrizes atuais (Sociedade Americana de Cirurgiões Cólon Retais de 2020 - ASCRS), a idade e o número de ataques anteriores não são mais utilizados como critério de cirurgia. Na época da questão, 2012, a indicação era após o terceiro episódio. d) imunologicamente comprometido. Correta a alternativa “d”: Pacientes imunocomprometidos tem indicação de tratamento cirúrgico após o primeiro episódio, mesmo se a diverticulite tiver sido não complicada. Questão 12/100:Ref: 4000031949 Paciente com dor no andar superior do abdome, iniciada há 1 dia, de caráter contínuo; evoluindo com náuseas e vômitos incoercíveis e episódio febril. Ao exame físico fora evidenciado abaulamento móvel doloroso em hipocôndrio direito e parada súbita na inspiração quando palpado borda lateral do musculo reto abdominal próximo à região subcostal direita. Julgue a alternativa correta: a) O ponto de McBurney descrito acima é normalmente implicado em processos inflamatórios da vesícula biliar. Sendo investigado também durante exame ultrassonográfico. O sinal de Murphy é o achado semiotécnico buscado na palpação deste ponto. Incorreta a alternativa “a”, porque o local descrito é o ponto cístico, e a dor à palpação à inspioração profunda caracteriza o sinal de Murphy. O ponto de Mc Burney, localizado na fossa ilíaca direita é importante no exame físico da apendicite aguda, onde a descompressão brusca positiva neste ponto é denominada de Sinal de Blumberg positivo. b) A indicação de antimicrobianos continua sendo a principal conduta terapêutica para o caso, principalmente em pacientes diabéticos ou usuários de corticosteroides. O “resfriamento do processo inflamatório” nesses casos é conduta segura e coloca o paciente em condições melhores para abordagem eletiva após 5 dias de antibioticoterapia. Incorreta a alternativa “b”, porque pacientes com diagnóstico de colecistite aguda tem como primeira conduta terapêutica a colecistectomia videolaparoscópica. O “resfriamento do processo inflamatório” é uma conduta em desuso. Pacientes diabéticos e em uso de corticoides não respondem bem à antibioticoterapia isolada, sendo um grupo de pacientes que apresentam maiores benefícios com a cirurgia precoce. c) A identificação de duas estruturas tubulares bem definidas e dirigindo-se à vesícula biliar caracteriza a “visão crítica da segurança” e evita intercorrências como lesões iatrogênicas. Correta a alternativa “c”, porque a visão Crítica da Segurança (CVS) proposta é técnica para a identificação dos elementos críticos do triângulo de Calot durante a colecistectomia (artéria e ducto cístico), com o intuito de se evitar lesões iatrogênicas. d) A exposição adequada do trígono de Calot dá-se pela tração cranial do fundo da vesícula e caudal/lateral direita do infundíbulo. A estrutura que pode ser identificada no interior deste trígono é a artéria cística. O trígono é definido pela borda hepática, colédoco e ducto cístico. Incorreta a alternativa “d”, porque o triângulo de Calot é delimitado pelo ducto cístico (lateralmente), ducto hepático comum (medialmente) e borda hepática (superiormente). Questão 13/100:Ref: 4000047449 A incisão de Davis é: a) Muito utilizada em Colecistectomias abertas. Incorreta a alternativa “a”: A incisão mais utilizada nas colecistectomias abertas é a incisão de Kocher, incisão obliqua subcostal direita. b) Localizada em região subcostal esquerda. Incorreta a alternativa “b”: A incisão de Davis é feita na fossa ilíaca direita para apendicectomia e não na região subcostal esquerda. c) Uma incisão transversa em fossa ilíaca direita. Correta a alternativa “c”: A incisão de Davis é uma incisão transversa feita na fossa ilíaca direita. d) Utilizada em partos cesáreos. Incorreta a alternativa “d”: A incisão mais utilizada no parto cesárea é a de Pfannenstiel, uma incisão transversa suprapúbica. e) É preferível em apendicites complicadas, retrocecais, ou com necrose de ceco e peritonite. Incorreta a alternativa “e”: A incisão de Davis está indicada para apendicites não complicadas. Nas apendicites complicadas, retrocecais, com necrose de ceco, nas quais pode ser necessária ressecção intestinal, as incisões longitudinais, como laparotomia mediana e paramediana, são melhores indicadas pelo amplo acesso à cavidade. Questão 14/100:Ref: 4000121698 A sequência em exposição corresponde a um tratamento realizado por via percutânea, sob anestesia local, de um paciente com quadro de dor abdominal em hipocôndrio direito. Observa-se a seguir o material retirado para cultura. A imagem em exposição corresponde a exame realizado com injeção de contraste pelo dreno deixado. Esse tratamento é melhor indicado na seguinte situação: a) Portadores de colelitíase sintomática. Incorreta alternativa “a": Portadores de colelitiase sintomática tem indicação de colecistectomia eletiva. A punção das vesícula fica reservada aos quadros de colecistite aguda em pacientes cujo risco cirúrgico é elevado. b) Colecistite aguda em pacientes com disfunção orgânica. Correta alternativa “b”: A drenagem percutânea da vesícula biliar deve ser considerada para pacientes cujo risco cirúrgico é aumentado, ou seja, pacientes com doenças crônicas graves, como cardiopatias e pneumopatias ,ou ainda, pacientes previamente saudáveis mas em sepse grave ou choque séptico. Sendo assim, essa é a melhor alternativa que responde ao enunciado da questão. c) Úlcera perfurada com peritonite. Incorreta alternativa “c": Tratamento de ulcera perfurada com peritonite é cirúrgico! Consiste em rafia primaria da ulcera com adição de um patch de omento(epiplonplastia). d) Colecistite aguda em pacientes hígidos e sem comorbidades. e) Perfuração de víscera oca. Incorreta alternativa “e": Tratamento de perfuração de víscera oca é feito através de cirurgia, com reparo ou ressecção do segmento acometido. Questão 15/100:Ref: 4000022599 Jesuíno, portador de hérnia inguinal direta à esquerda, apresenta-se ao pronto- socorro com 4 horas de encarceramento. Qual síndrome abdominal pode se desenvolver caso não seja reduzido o conteúdo herniário? a) Abdome agudo hemorrágico. Incorreta a alternativa “a”: O abdome agudo hemorrágico significa a presença de uma patologia que cursa com hemoperitônio e geralmente se apresenta com dor abdominal difusa, taquicardia e hipotensão significativa. Como exemplos podemos citar a prenhez ectópica rota, cisto ovariano roto, ruptura de aneurisma de aorta abdominal e rotura esplênica espontânea. b) Abdome agudo traumático. Incorreta a alternativa “b”: Para se ter um abdome agudo traumático, contuso ou penetrante, é necessária uma história de trauma prévio. c) Abdome agudo inflamatório. Incorreta a alternativa “c”: O abdome agudo inflamatório geralmente se apresenta com sinais de peritonite, por irritação peritoneal. Como exemplos podemos citar a apendicite aguda (principal causa) e a diverticulite aguda. Não é uma complicação da hérnia encarcerada. d) Abdome agudo isquêmico. Correta a alternativa “d”: Uma hérnia encarcerada não resolvida irá evoluir para estrangulamento (isquemia intestinal) e posterior perfuração intestinal. Apenas relembrando, o tratamento padrão para hérnia encarcerada é cirúrgico de urgência, via inguinotomia, através desta é realizada a herniorrafia e até ressecção intestinal se for necessário. e) Síndrome compartimental abdominal. Incorreta a alternativa “e”: A Síndrome Compartimental Abdominal (SCA) pode ocorrer no pós-operatório de uma herniorrafia na qual a conteúdo da hérnia era volumoso, geralmente em hérnias incisionais com perda de domicílio (mais de 50% das vísceras fora da cavidade abdominal). Na SCA há um aumento da pressão intra-abdominal (PIA) evidenciada clinicamente com a aumento da pressão inspiratória, o aumento da pCO₂ e diminuição da pO₂ arteriais, instabilidade hemodinâmica e oligúria, explicada pela compressão vascular abdominal com redução da perfusão renal. A maneira de aferir indiretamente a pressão intra-abdominal é através da medida da pressão vesical. Vale lembrar que a hipertensão abdominal ocorre quando a PIA ≥12 mmHg e a SCA quando a PIA ≥ 20 mmHg, quando já ocorre uma disfunção orgânica. Questão 16/100:Ref: 4000045289 Para um paciente com suspeita de diverticulite aguda, o exame mais indicado para avaliação é: a) US abdominal total. INCORRETA. O ultrassom de abdome é examinador dependente e não fornece tantas informações quanto a tomografia computadorizada. b) Retossigmoidoscopia flexivel. INCORRETA. A retossigomoidoscopia no contexto da diverticulite aguda apresenta maior risco de perfuração intestinal, devendo ser evitada. c) Videocolonoscopia. INCORRETA. A videocolonoscopia, assim como a retossigmoidoscopia, deverá ser evitada no contexto da diverticulite aguda devido ao risco de perfuração intestinal. d) Enema Opaco. INCORRETA. O enema opaco era utilizado no passado, quando não havia tomografia computadorizada disponível. Atualmente, está em desuso pela menor quantidade de informações que pode fornecer em relação à TC, além de ser exame contra-indicado na suspeita de perfuração. e) TC abdominal. CORRETA. A tomografia computadorizada é exame padrão-ouro para avaliação de diverticulite aguda, fornecendo informações precisas sobre localização, extensão e complicações da doença. Apresenta sensibilidade de 94% e especificidade de 99% para diagnóstico de diverticulite aguda. GABARITO: Alternativa E Questão 17/100:Ref: 4000119531 Qual, dentre os seguintes tipos de obstrução intestinal, requer cirurgia de emergência? a) Tumor obstrutivo de cólon. Incorreta a alternativa “a”: Um tumor obstrutivo de cólon (geralmente o cólon esquerdo é o mais acometido), requer tratamento cirúrgico de urgência, principalmente se for uma obstrução completa com válvula ileocecal competente. Como não temos estas informações, consideramos a próxima alternativa “mais correta”. b) Obstrução em alça fechada. Correta a alternativa “b”: Na obstrução em alça fechada há um maior risco de isquemia e perfuração intestinal, por isso a cirurgia é uma emergência. Como exemplo de uma obstrução em alça fechada, podemos citar uma neoplasia obstrutiva de sigmoide com válvula ileocecal competente. c) Hérnia inguinal encarcerada. Incorreta a alternativa “c”: Uma hérnia inguinal encarcerada requer tratamento cirúrgico de urgência. Mas se tiver pouco tempo de evolução, < 6 horas, e o paciente for de alto risco cirúrgico, podemos reduzir manualmente a hérnia (manobra de Taxe) e programar uma cirurgia eletiva, o mais precocemente possível. d) Semioclusão por ascaris. Incorreta a alternativa “d”: Uma semioclusão por áscaris pode ser tratada clinicamente, com sucção nasogástrica e reposição de líquidos e eletrólitos. Uma vez restaurada a motilidade intestinal, deve ser administrada a terapia anti-helmíntica (ex. albendazol, mebendazol, citrato de piperazina), pela ação paralisante que facilita a eliminação do parasita. As indicações para cirurgia incluem obstrução completa com descompressão inadequada, falta de resposta clínica em 24 a 48 horas, volvo, intussuscepção, apendicite ou perfuração. e) Hérnia diafragmática adquirida. Incorreta a alternativa “e”: Pacientes com trauma toracoabdominal prévio que apresentam dor abdominal, náuseas e vômitos devem ser avaliados quanto a uma possível lesão diafragmática perdida como causa de obstrução gastrointestinal por herniação. Uma hérnia diafragmática adquirida tem indicação cirúrgica pelo risco de estrangulamento, mas não é uma emrgência. Gabarito: correta a alternativa “b” Questão 18/100:Ref: 4000010482 Um paciente de 21 anos de idade apresenta histórico de dor em fossa ilíaca direita e hipogástrio há 24 horas, febre não aferida e hiporexia. Ao exame físico, apresenta dor à palpação profunda em fossa ilíaca direita e hipogástrio, sem dor à descompressão. Sem queixas ginecológicas, possui vida sexual ativa. Com relação a esse caso clínico, assinale a alternativa correta. a) Não é necessária avaliação da ginecologia. Incorreta a alternativa “a”: Paciente do sexo feminino, jovem, com vida sexual ativa, apresenta várias patologias ginecológicas como diagnósticos diferenciais da apendicite aguda. Por esse motivo, é necessário um exame de imagem, sendo a ultrassonografia a melhor indicação, além de uma avaliação da equipe de Ginecologia. b) A paciente pode ser mantida em observação domiciliar, com retorno caso haja piora dos sintomas. Incorreta a alternativa “b”: Somente com os dados apresentados não é possível estabelecer o diagnóstico da nossa paciente. Dentre as possibilidades temos uma apendicite aguda, patologias ginecológicas como Doença Inflamatória Pélvica Aguda (DIPA), abscesso tubo-ovariano, cisto ou torção ovariana, dentre outras. E muitas dessas patologias exigem o tratamento cirúrgico. Então, não podemos liberar a paciente para casa sem um diagnóstico definido. c) Não são necessários exames de imagem para esse caso. Incorreta a alternativa “c”: Mulheres em idade fértil constituem uma das principais indicações de exames de imagem para diagnosticar uma apendicite aguda ou outra patologia. Tanto a ultrassonografia, em mãos experientes, como a tomografia, são excelentes exames para se diagnosticar a causa da dor abdominal. E se ainda persistir a dúvida, o próximo passo será uma laparoscopia diagnóstica. d) O tratamento dessa paciente serácirúrgico. Incorreta a alternativa “d”: Não é possível afirmar que o tratamento da nossa paciente será cirúrgico sem definir a causa da dor abdominal. Se for uma DIPA, por exemplo, o tratamento a princípio é clínico com antibióticos, sem necessidade de cirurgia. e) A videolaparoscopia pode ser usada tanto para diagnóstico quanto para eventual tratamento. Correta a alternativa “e”: A laparoscopia permite tanto o diagnóstico quanto o tratamento da causa do abdome agudo, por exemplo, apendicectomia na apendicite aguda, ooforectomia na torção ovariana com isquemia. Questão 19/100:Ref: 4000004968 Paciente de 70 anos apresenta quadro febril com dor em fossa ilíaca esquerda, obstipação intestinal e massa palpável na região; ruídos hidroaéreos presentes e ausência de vômitos. Rx abdômen sem alteração elucidativa. Diante desse quadro. qual a conduta mais apropriada? a) Tomografia computadorizada de abdômen. CORRETA. O diagnóstico de diverticulite aguda é feito por meio de avaliação tomográfica, que revelará a presença de b) Colonoscopia. INCORRETA. A colonoscopia deve ser evitada nos quadros agudos pelo risco de perfuração, porém todo paciente que apresentar diverticulite aguda deverá ser submetido a colonoscopia após o esfriamento do processo para avaliação da extensão da doença diverticular e, principalmente, para excluir outros diagnósticos diferenciais como carcinoma colorretal e doença de Crohn. c) Laparotomia exploradora. INCORRETA. A maioria dos casos de diverticulite aguda resolve-se com tratamento conservador (clínico) como analgesia, antibioticoterapia e orientação dietética (dietas pobres em resíduos são preconizadas no quadro agudo). d) Enema opaco. INCORRETA. Enema opaco deve ser evitado na diverticulite aguda pelo risco de perfuração intestinal. e) Manitol via oral. INCORRETA. Manitol via oral é uma substância utilizada no preparo para a colonoscopia, por permitir a limpeza dos resíduos fecais presentes no cólon. GABARITO: Alternativa A Questão 20/100:Ref: 4000133688 O sinal Fothergill está presente no(a): a) colecistite aguda Incorreta a alternativa “a”: O sinal clínico presente na colecistite aguda é o sinal de Murphy. Este consiste na parada abrupta da inspiração durante a palpação do rebordo costal direito. b) apendicite aguda Incorreta a alternativa “b”: A apendicite aguda apresenta vários sinais clínicos que podem ser encontrados, sendo o mais clássico o sinal de Blumberg. Este consiste na descompressão brusca dolorosa no ponto do Mc Burney. c) diverticulite de sigmoide Incorreta a alternativa “c”: Não há descrição de nenhum sinal clínico específico para diverticulite aguda. d) hematoma do reto abdominal Correta a alternativa “d”: O sinal de Fothergill consiste na presença de massa da parede abdominal que não cruza a linha média e permanece palpável quando contraído o reto, sugestivo de hematoma músculo reto abdominal. Questão 21/100:Ref: 4000128241 Em relação ao abdome agudo, assinale alternativa ERRADA: a) Ausência de leucocitose não exclui apendicite aguda Correta a alternativa “a”: É comum o paciente com apendicite aguda apresentar leucocitose, mas sua ausência não exclui o diagnóstico. Nas fases iniciais pode não estar presente, bem como em pacientes idosos e imunocomprometidos, os quais apresentam uma resposta inflamatória diminuída. b) Ausência de pneumoperitônio inviabiliza o diagnóstico de úlcera perfurada Incorreta a alternativa “b”: É possível a visualização do pneumoperitônio nas radiografias simples de tórax/abdome em até 75% dos pacientes com úlcera péptica perfurada, mas a sua ausência não exclui o diagnóstico de um abdome agudo perfurativo. Além disso, pode haver uma perfuração de úlcera duodenal na segunda ou terceira porção duodenal, que são retroperitoneais. Nestes casos, o paciente pode apresentar retropneumoperitônio (geralmente visto na tomografia de abdome), mas não pneumoperitônio. c) Níveis normais de amilase e lipase séricos não excluem pancreatite aguda Correta a alternativa “c”: Um aumento de amilase acima de 3 vezes o limite superior da normalidade apresenta sensibilidade de 67 a 87% e especificidade de 85 a 98% para diagnóstico de pancreatite aguda. No entanto, é de suma importância lembrar que não apenas a pancreatite aguda pode cursar com hiperamilasemia, existindo uma série de outros distúrbios que podem apresentar com tal achado. Além disso, o aumento da amilase não é achado obrigatório na pancreatite aguda, e algumas situações especiais podem fazer com que este aumento não seja possível: • Pacientes com pancreatite alcóolica: alguns desses pacientes apresentam lesão pancreática subjacente que torna o pâncreas incapaz de produzir amilase (cerca de 20% dos doentes); • Pacientes com hipertrigliceridemia: os triglicérideos aumentados podem interferir no método laboratorial pelo qual a amilase é dosada (cerda de metade dos doentes); d) Os níveis de lactato e as determinações da gasometria arterial auxiliam no diagnóstico de isquemia ou infarto intestinal Correta a alternativa “d”: Acidose metabólica e aumento do lactato, sinais de hipoperfusão tecidual, são frequentes nos pacientes com abdome agudo vascular por isquemia mesentérica. Questão 22/100:Ref: 4000013684 No que se refere às enfermidades gastrointestinais, julgue o item que se segue. Na presença de múltiplos cálculos, o empiema de vesícula biliar é a complicação mais grave da colelitíase. a) Certo. b) Errado. Questão 23/100:Ref: 4000071611 Paciente de 67 anos com dor abdominal súbita com piora nas últimas horas, temperatura de 38ºC, abdômen em franca irritação peritoneal e ao estudo radiológico de abdômen agudo presença de pneumoperitôneo. À laparotomia, descoberta de divertículo de sigmoide perfurado não bloqueado com peritonite difusa. A melhor conduta seria: a) Ressecção do segmento perfurado e colostomia (operação em dois tempos). Correta a alternativa “a”: A conduta na diverticulite aguda complicada com peritonite difusa, purulenta ou fecal (Hinchey III ou IV) é a cirurgia de Hartmann, ou seja, sigmoidectomia, colostomia proximal e sepultamento do coto distal. Lembrando que alguns autores indicam a laparoscopia, irrigação e drenagem da cavidade para a diverticulite Hinchey III, mas não é uma conduta consensual. b) Ressecção do segmento perfurado e anastomose primária. Incorreta a alternativa “b”: Não devemos realizar anastomose primária na presença de peritonite difusa pelo risco de deiscência de anastomose. c) Colectomia total com íleo-reto anastomose. Incorreta a alternativa “c”: Não há indicação de colectomia total, apenas ressecção do segmento acometido e SEM anastomose primária. d) Sutura do segmento perfurado e colostomia protetora. Incorreta a alternativa “d”: O segmento perfurado deve ser ressecado e não apenas suturado. e) Exteriorização do segmento perfurado como colostomia mais drenagem ampla da cavidade. Incorreta a alternativa “e”: Esta não é uma conduta para diverticulite aguda. Se o paciente for operado, a segmento acometido deve ser ressecado. Questão 24/100:Ref: 4000056206 Mulher de 84 anos, obesa, hipertensa severa, diabética insulino dependente, infarto agudo do miocárdio há 2 meses, em uso de anti-agregante plaquetário, apresentou quadro de dor abdominal difussa sem sinais de irritação peritoneal, distensão abdomial importante, vômitos fecalóides, parada de eliminação de fezes; toque retal mostra poucas fezes líquidas na ampola retal; tomografia abdominal amostra distensão difusa de delgado e cólon, processo expansivo e estenosante de aspecto tumoral ao nível do sigmóide distal, além de doença diverticular de sigmóide não complicada. Qual a conduta mais adequada e segura a ser tomada após medidas iniciais de suporte clínico: a) Laparotomia exploradora,apendicectomia, cecostomia tubular descompressiva; Incorreta a alternativa “a”: Nossa paciente é de alto risco cirúrgico e uma laparotomia seria altamente mórbida. Além disso, apendicectomia e cecostomia tubular não é conduta muito eficaz, pois o tudo obstrui com frequência. b) Laparotomia exploradora, sigmoidectomia, colostomia terminal tipo hartmam; Incorreta a alternativa “b”: Esta seria uma conduta correta se nossa paciente não apresentasse alto risco cirúrgico. A cirurgia de Hartmann consiste na ressecção do segmento intestinal acometido, colostomia do coto proximal terminal e fechamento do coto distal. c) Transvestomia descompressiva com incisão transversa no hipocôndrio direito sem laparotomia; Correta a alternativa “c”: Por se tratar de uma paciente idosa e com alto risco cirúrgico, a melhor conduta é tirá-la da urgência, ou seja, resolver a obstrução intestinal de maneira rápida e efetiva, através de uma transversostomia. Posteriormente, se ela apresentar melhores condições clínicas, poderá ser operada de forma eletiva. d) Laparotomia exploradora, sigmoidectomia, preparo colônico intra- operatório, anastomose colorretal com grampeador. Incorreta a alternativa “d”: Esta também seria uma conduta correta se a paciente apresentasse boas condições clínicas para ser operada. e) Nenhuma das alternativas acima. Incorreta a alternativa “e”: A alternativa “c” está correta. Gabarito: correta a alternativa “c” Questão 25/100:Ref: 4000085182 A presença de pneumobilia e níveis hidroaéreos em intestino delgado, ao exame radiológico simples do abdome, é sugestivo de: a) Úlcera péptica perfurada. Incorreta a alternativa “a”: A úlcera péptica perfurada, principal causa de abdome agudo perfurativo, apresenta pneumoperitônio, e não pneumobilia! b) Íleo biliar. Correta a alternativa “b”: Pneumobilia e obstrução intestinal são típicos de íleo biliar. c) Síndrome de Bouveret. Incorreta a alternativa “c”: Na Síndrome de Bouveret, há uma obstrução gástrica por um cálculo proveniente de uma fístula colecistogástrica ou colecistoduodenal Pode apresentar pneumobilia, mas não níveis hidroaéreos do intestino delgado. d) Síndrome de Mirizzi. Incorreta a alternativa “d”: A síndrome de Mirizzi é definida como obstrução do ducto hepático comum causada por compressão extrínseca de uma pedra impactada no ducto cístico ou no infundíbulo da vesícula biliar. Pacientes com síndrome de Mirizzi podem apresentar icterícia, febre e dor no quadrante superior direito. Se não estiver associada a uma fístula colecistoentérica e íleo biliar, não apresenta pneumobilia e obstrução intestinal, respectivamente. e) Pâncreas anular. Incorreta a alternativa “e”: O pâncreas anular é uma anomalia congênita rara. Caracteriza-se por uma banda ou anel de tecido pancreático, que circunda a porção descendente do duodeno, causando graus variados de obstrução extrínseca (75% dos casos apresentam obstrução parcial). Se manifesta com um quadro de obstrução intestinal alta, ou seja, distensão gástrica e vômitos biliosos. Não apresenta pneumobilia e níveis hidroaéreos em intestino delgado. Questão 26/100:Ref: 4000036218 A complicação mais frequente da diverticulite aguda é: a) Obstrução intestinal. INCORRETA. Embora na diverticulite aguda uma obstrução intestinal parcial possa ocorrer devido à inflamação da parede colônica ou compressão pela presença de abscesso, obstrução colônica importante é evento raro. b) Peritonite purulenta. INCORRETA. A peritonite purulenta ocorre em decorrência de diverticulite aguda complicada com perfuração e é evento raro, ocorrendo em apenas 1 a 2% dos pacientes com diverticulite aguda. c) Fístula colovesical. INCORRETA. As fístulas correspondem a apenas 2% das complicações da diverticulite aguda, sendo a fístula colovesical a mais comum dentre as fístulas. d) Abscesso pericólico. CORRETA. Abscesso diverticular ocorre em cerca de 17% dos pacientes internados por diverticulite aguda, sendo a mais comum dentre as citadas. GABARITO: Alternativa D Questão 27/100:Ref: 4000145142 A apresentação clássica da colangite se dá através da tríade de Charcot (febre, icterícia e dor abdominal em quadrante superior direito). Já os casos de evolução mais graves são caracterizados pela pêntade de Reynolds, cujos sinais, além dos já descritos na tríade de Charcot, são: a) Hipotensão arterial e alteração do estado mental A Pêntade de Reynolds é formada por: dor abdominal, febre, icterícia, hipotensão e alteração do estado mental. b) Vômitos e hematêmese Vômitos e hematêmese não fazem parte do quadro clínico característico da colangite. c) Hipertensão arterial e taquisfigmia A hipotensão faz parte da pêntade e não hipertensão, e a taquisfigmia (aceleração do pulso) pode estar presente, mas não preenche os 5 sintomas clássicos. d) Bradicardia e obstrução intestinal Nenhum dos dois são sintomas da pêntade de Reynolds. Questão 28/100:Ref: 4000077570 A dor abdominal de início súbito e lancinante sugere: a) Perfuração intestinal ou embolização arterial com isquemia. Correta a alternativa “a”: A perfuração intestinal, que tem como causa principal a úlcera péptica perfurada, e a isquemia mesentérica por embolia arterial, apresentam dor abdominal de início súbito e de forte intensidade. b) Obstrução intestinal sem perfuração visceral. Incorreta a alternativa “b”: A dor abdominal associada à obstrução do intestino delgado é frequentemente descrita como periumbilical e em cólicas, com paroxismos de dor que ocorrem a cada quatro ou cinco minutos. Nas obstruções colônicas a dor abdominal é descrita como infraumbilical e em cólica, com paroxismos de dor ocorrendo a cada 20 a 30 minutos. Uma progressão de cólicas para dores mais focais e constantes pode indicar irritação peritoneal relacionada a complicações como isquemia e necrose intestinal. Um início repentino de dor intensa pode sugerir perfuração intestinal aguda. c) Hemorragia digestiva alta. Incorreta a alternativa “c”: A hemorragia digestiva alta se exterioriza por hematêmese e/ou melena, tem como principais causas as úlceras pépticas e ruptura de varizes esofágicas. A dor abdominal, quando presente, não é lancinante e de forte intensidade. d) Hemorragia digestiva baixa. Incorreta a alternativa “d”: A hemorragia digestiva baixa se exterioriza por enterorragia, tem como principal causa a doença diverticular. Também não tem a dor abdominal como sintoma marcante. e) Obstrução geniturinária. Incorreta a alternativa “e”: A dor por obstrução geniturinária, por exemplo uma ureterolitíase, é aguda e de forte intensidade. No entanto a localização mais comum é na região lombar e em flanco. Questão 29/100:Ref: 4000083938 Paciente do sexo feminino 22 anos, refere disúria e dor abdominal no quadrante inferior direito. O hemograma mostra leucocitose com desvio a esquerda, hematócrito normal, sumário de urina com leucocitúria discreta e ausência de hematúria. Encontra- se estável normotensa, febril, anorética e ao exame físico não se encontra dor a descompressão brusca na fossa ilíaca direita, mas ao realizar a manobra de hiperextensão da perna refere piora da dor. Observando essas informações a provável hipótese diagnóstica e o nome da manobra realizada que piorou a intensidade da dor é: a) Prenhez ectópica rota- Manobra do Obturador. Incorreta a alternativa “a”: A prenhez ectópica rota é causa de abdome agudo hemorrágico. Acomete pacientes jovens, em idade fértil, e se manifesta com dor abdominal súbita e intensa no abdome inferior associada a sinais de choque como taquicardia e hipotensão e sangramento vaginal. O diagnóstico é confirmado pela ultrassonografia abdominal e pélvica e dosagem do BHCG, que sempre é positivo! O hematócrito normal fala contra a prenhez ectópica, masnão exclui o seu diagnóstico. No entanto, a presença de febre fala contra. E o Sinal do Obturador pode estar presente na apendicite aguda e consiste na presença de dor hipogástrica com a flexão da coxa seguida de rotação interna do quadril direito. Ocorre devido ao contato do apêndice inflamado com o músculo obturador interno. Associado a apêndices pélvicos. b) Apendicite Aguda pélvica- Manobra de Blumberg. Incorreta a alternativa “b”: Uma apendicite pélvica é um diagnóstico provável para a nossa paciente, inclusive justifica a presença de leucocitúria discreta. Mas a manobra de Blumberg, descompressão brusca dolorosa em FID, é negativa. c) Colite Aguda- manobra de Provisiona. Incorreta a alternativa “c”: Um dos sintomas mais comuns na colite aguda é a diarreia. E esta manobra de “Provisiona” não existe na literatura médica. d) Apendicite aguda retrocecal- Manobra do Psoas. Correta a alternativa “d”: Nossa paciente tem sintomatologia compatível com um quadro de apendicite aguda e o Sinal do Psoas positivo que seria a piora da dor com a extensão da coxa direita, realizada com o paciente em decúbito lateral esquerdo, reforça o diagnóstico de uma de apendicite retrocecal. Lembrando que esta paciente deve ser submetida a um exame de imagem (ultrassonografia ou tomografia) antes de indicar o tratamento cirúrgico. Questão 30/100:Ref: 4000117319 Assinale a alternativa correta. Uma senhora de 71 anos, apresenta, há alguns meses, episódios de dor em cólica no hipocôndrio direito, principalmente após refeições copiosas. Os sintomas melhoram com o uso de Dipirona. Há 3 dias apresenta os mesmos sintomas, porém, mais intensos e associados à náuseas e vômitos. Há 1 dia, além destes sintomas, apresenta também distensão abdominal. Ao exame físico, apresenta-se anictérica, com distensão abdominal, dor à palpação difusa do abdome, mais intensa no hipocôndrio direito. A ultrassonografia de abdome mostra distensão de alças de delgado, vesícula biliar de paredes espessadas e delaminadas, além de aerobilia. O diagnóstico e o tratamento para esta paciente são, respectivamente: a) Colangite; papilotomia endoscópica e antibióticos Incorreta a alternativa “a”, porque a colangite apresenta-se com dor, febre e icterícia, a chamada Tríade de Charcot. Além da paciente não apresentar febre e icterícia, a ultrassonografia não mostrou dilatação de vias biliares e coledocolitíase que geralmente estçao presentes nos quadros de colangite aguda. b) Íleo biliar; retirada do cálculo por enterotomia e colecistectomia Correta a alternativa “b”, porque a paciente apresenta um quadro de colelitíase associada à obstrução intestinal. E uma ultrassonografia com distensão de alças de delgado e aerobilia fecham o diagnóstico de íleo biliar. O tratamento é cirúrgico, ou seja, laparotomia, enterotomia com retirada do cálculo e colecistectomia com fechamento da fístula. c) Doença inflamatória intestinal ileocolônica; ressecção do íleo terminal e cólonascendente, e iniciar corticóide Incorreta a alternativa “c”, porque a doença inflamatória intestinal até pode se apresentar com um quadro de obstrução intestinal, não sendo o mais comum, mas não cursa com aerobilia e espessamento da vesícula biliar. d) Neoplasia de ângulo hepático do cólon; hemicolectomia direita Incorreta a alternativa “d”, porque uma neoplasia de cólon direito pode se apresentar com um quadro de obstrução intestinal. Mas não apresentaria espessamento de vesícula biliar e aerobilia. Questão 31/100:Ref: 4000117636 Uma paciente de 28 anos refere dor abdominal há cerca de 12 horas. A dor é difusa e acompanhada de náuseas, vômitos e distensão abdominal. Nega febre. Está desidratada (+/4+) e muito descorada (3+/4+). O abdome está distendido e é maciço à percussão. Não se auscultam ruídos hidroaéreos. O toque retal não denota lesões e evidencia fezes na ampola retal. P = 120 bpm, PA = 100 x 80 mmHg, IMC = 35 kg/m². A paciente está em uso de anticoagulante oral, por trombose de membro inferior direito, há 3 meses. A hipótese diagnóstica mais provável é abdome agudo: a) Hemorrágico. Correta a alternativa “a”: Nossa principal hipótese diagnóstica é um abdome agudo hemorrágico, principalmente pelo quadro de dor abdominal difusa, associada à taquicardia, macicez à percussão (significa líquido livre na cavidade peritoneal) e o histórico de uso de anticoagulantes. Em uma paciente jovem, em idade fértil, as principais hipóteses seriam uma gravidez ectópica rota ou cisto ovariano roto. b) Obstrutivo. Incorreta a alternativa “b”: O quadro clínico sugestivo de um abdome agudo obstrutivo é a presença de dor e distensão abdominal, vômitos, parada de eliminação de fezes e flatos, e ampola retal vazia ao toque. À percussão observamos timpanismo devido a distensão gasosa. c) Perfurativo. Incorreta a alternativa “c”: O quadro clínico sugestivo de um abdome agudo perfurativo é a presença de dor abdominal súbita e de forte intensidade no abdome superior. Ao exame físico o abdome está tenso, “em tábua”, com sinais de peritonite difusa. Podemos encontrar o sinal de Jobert, que seria a presença de timpanismo à percussão do hipocôndrio direito ao invés da macicez hepática, indicativo de pneumoperitônio. A principal causa é a doença ulcerosa péptica perfurada. d) Vascular. Incorreta a alternativa “d”: O abdome agudo vascular ou isquemia mesentérica ocorre principalmente em pacientes idosos e decorre de uma obstrução ao suprimento sanguíneo intestinal, sendo as causas mais comuns a embolia e trombose da artéria mesentérica superior. A clínica apresentada é dor abdominal difusa e de forte intensidade, com exame físico desproporcional. Além da faixa etária não ser condizente, a paciente estava em uso de anticoagulantes, o que afasta a hipótese de um abdome agudo vascular. e) Inflamatório. Incorreta a alternativa “e”: A principal causa de abdome agudo inflamatório nesta faixa etária é a apendicite aguda. Outras hipóteses seriam patologias ginecológicas como Doença inflamatória pélvica (DIP) e abscesso tubo-ovariano. A clínica apresentada normalmente é dor abdominal inferior, com sinais de peritonite localizada, associada à febre e leucocitose. Na DIP pode referir leucorreia e dispareunia. Questão 32/100:Ref: 4000001717 Paciente feminina, 84 anos, deu entrada na UPA com queixas de dor abnominal difusa, tipo cólicas e vômitos com evolução de 48h. Há 24h com parada de eliminação de fezes e flatos. Solicitaram, RX de abdome em pé e deitado, que demostrou distensão difusa de delgado e de todo cólon. Com base apenas nesses dados, como diferenciar uma obstrução mecânica de um íleo metabólico? a) Verificar se há macicez móvel; Incorreta a alternativa “a”: Uma macicez móvel é um sinal de ascite e não de obstrução intestinal. Quando o paciente está em decúbito dorsal o líquido acumula-se na região lateral do abdome, revelando timpanismo na região anterior, quando o paciente está em decúbito lateral, o líquido desloca-se para o mesmo lado, onde fica maciço e a região acima fica timpânica (Círculo de Skoda). b) Realizar toque retal; Correta a alternativa “b”: Realizar o toque retal é mandatório no exame físico de uma suspeita de obstrução intestinal. É possível diagnosticar fecaloma, neoplasia obstrutiva de reto médio/baixo, presença de corpos estranhos, o que auxilia no diagnóstico diferencial de uma obstrução mecânica da funcional. c) Avaliar se o Sinal de Joubert é positivo; Incorreta a alternativa “c”: O Sinal de Jobert é a presença de timpanismo à percussão do hopocôndrio direito, ao invés da macicez hepática. Significa pneumoperitônio, ou seja, um indicativo de perfuração de víscera oca. d) Realizar tonometria do suco gástrico. Incorreta a alternativa “d”: A tonometria gástrica descreve a medição do dióxido de carbono (CO₂) no interior do estômago, a fim deavaliar o grau de fluxo sanguíneo para o estômago e intestino. Pouco utilizado na prática. Questão 33/100:Ref: 4000123455 Considere as assertivas abaixo sobre apendicite aguda em mulheres na faixa etária fértil. I - O diagnóstico diferencial nesse subgrupo de pacientes é mais abrangente, sendo particularmente desafiador no que se refere à doença inflamatória pélvica. II. - Dor à mobilização do colo uterino ao exame ginecológico exclui o diagnóstico de apendicite. III. - Em relação à apendicectomia aberta, a laparoscópica tem a vantagem de permitir uma melhor avaliação dos órgãos pélvicos nesse cenário. Quais são corretas? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas III d) Apenas I e III e) I, II e III Questão 34/100:Ref: 4000072926 Paciente de 62 anos apresenta quadro súbito de dor intensa localizada no andar superior do abdome, seguida de tentativas recorrentes de vômito, porém com eliminação de pouca quantidade de secreção gástrica. A palpação abdominal é dolorosa em epigástrio, sem dor à descompressão. Várias tentativas de introduzir um cateter nasogástrico além do nível inferior do esôfago foram mal-sucedidas. O diagnóstico mais provável nesse caso é: a) Volvo gástrico. Correta a letra A: O volvo gástrico é uma condição incomum. A torção ocorre ao longo do eixo longitudinal do estômago (organoaxial) em cerca de dois terços dos casos e ao longo do eixo vertical (mesenteroaxial) no terço restante. Os principais sintomas na apresentação são dores abdominais que tem início súbito, distensão, vômitos e hemorragia digestiva alta. O início súbito de dores em abdome superior constantes e graves, náusea recorrente com produção de pouco vômito, e a incapacidade de passar um tubo nasogástrico constitui a tríade de Borchardt. O tratamento é cirúrgico. b) Esofagite aguda. Errada a letra B: Na esofagite aguda, não teríamos motivo para não conseguirmos passar um cateter nasogástrico para o estômago. c) Úlcera perfurada. Errado a letra C: Na úlcera perfurada teríamos um quadro de peritonite, com dor a descompressão brusca, o que não é observado no enunciado. d) Laceração esofagiana. Errada a letra D: Na laceração esofagiana (Mallory-Weiss), temos um quadro de hemorragia digestiva alta auto-limitada. Questão 35/100:Ref: 4000017602 Um jovem de 19 anos retorna à UPA após 8 horas do primeiro atendimento, com persistência de dor abdominal, antes tratada com analgésico endovenoso. No momento, queixa-se de dor periumbilical com predominância à direita, náuseas e anorexia. Em sua avaliação, observam-se os achados de leve sensibilidade à descompressão em fossa ilíaca direita, temperatura = 37,8°C, sinais de Dunphy e do obturador positivos. Laboratório com Hb = 11,7 g/dl, leucócitos = 11.840/mm³ e 7% de bastões. O paciente realizou ultrassonografia abdominal que foi prejudicada pela presença gasosa e descreve pouco líquido livre em pelve. Qual a conduta a ser tomada? a) Iniciar protocolo de tratamento clínico de apendicite aguda. Incorreta a alternativa “a”: Apesar de alguns autores defenderem o tratamento clínico com o uso de antibióticos para a apendicite aguda não complicada, ainda não há consenso sobre esta conduta. O tratamento padrão da apendicite aguda não complicada é a apendicectomia, de preferência por laparoscopia. b) Indicar tratamento cirúrgico para realização da apendicectomia. Correta a alternativa “b”: Nosso paciente apresenta diagnóstico clínico de apendicite aguda, o suficiente para se indicar o tratamento cirúrgico, ou seja, a apendicectomia, sem a necessidade de nenhum exame de imagem. c) Transferir para realização de tomografia abdominal sem contraste. Incorreta a alternativa “c”: A tomografia computadorizada de abdome COM contraste endovenoso é considerada o melhor exame para o diagnóstico de apendicite aguda, apresenta alta sensibilidade (90-100%) e especificidade (91-99%). Mas está reservado para casos duvidosos, ou com maior tempo de evolução e possíveis complicações, como abscesso intracavitário. d) Analgesia e antibiótico venoso, repetir o ultrassom com 8 a 12 horas. Incorreta a alternativa “d”: Nosso paciente já tem indicação de apendicectomia, não há necessidade de repetir nenhum exame. Questão 36/100:Ref: 4000009785 Paciente de 20 anos, sexo feminino vai a um pronto atendimento com queixa de dor abdominal, que no início era na região epigástrica, depois na região umbilical e agora no quadrante inferior direito. Associada à anorexia, náuseas e, vômitos e febre (37ºC). Nega atraso menstrual e leucorreia. Ao exame físico: abdome com RHA diminuídos, doloroso à palpação superficial e profunda, espasmo muscular e descompressão brusca dolorosa no quadrante inferior direito. O hemograma com leucocitose (15.5000 células/mm³) com desvio para a esquerda, sem outras alterações laboratoriais. Diante deste quadro, qual a hipótese diagnóstica principal, conduta propedêutica e terapêutica? (VER IMAGEM) a) DIPA, toque vaginal, antibioticoterapia. Incorreta a alternativa “a”: A ausência de leucorréia fala contra o diagnóstico de DIPA. E para este diagnóstico é necessário, além do toque vaginal, um exame especular. O tratamento da DIPA se faz com antibióticos. b) Intussuscepção, toque retal e ressecção intestinal. Incorreta a alternativa “b”: A intussuscepção é mais comum em crianças. No adulto, a clínica apresentada é dor abdominal intermitente que pode evoluir para sintomas típicos de obstrução intestinal como náusea, vômito e constipação. Podem apresentar melena ou hematoquezia. O diagnóstico não é feito por toque retal e sim com exames de imagem como a ultrassonografia ou tomografia onde é visualizada uma imagem “em alvo”. O tratamento é cirúrgico com ressecção intestinal do segmento acometido. Não há indicação de tentativa de redução por enema como nas crianças. c) Diverticulite de Meckel, estudo radiológico e diverticulectomia. Incorreta a alternativa “c”: O divertículo de Meckel é a anomalia congênita mais comum do trato gastrointestinal, é um remanescente do ducto onfalomesentérico levando à formação de um divertículo verdadeiro do intestino delgado (contém todas as camadas da parede do intestino). Surgem da superfície antimesentérica e está localizado no intestino delgado a aproximadamente um metro da válvula ileocecal. Geralmente é assintomático, mas pode causar sangramento retal indolor (complicação mais comum na criança), devido a presença de mucosa gástrica ectópica. Também pode apresentar inflamação (quadro clínico muito semelhante à apendicite aguda) e obstrução intestinal (complicação mais comum no adulto). Devemos estar atentos a esse diagnóstico principalmente em crianças pré-escolares e, se no intraoperatório for evidenciada uma diverticulite de Meckel, ele pode ser ressecado por diverticulectomia simples (excisão do divertículo em sua base) ou por ressecção segmentar do intestino delgado e anastomose primária. d) Apendicite aguda, ultrassonografia e apendicectomia. Correta a alternativa “d”: Nossa principal hipótese diagnóstica é uma apendicite aguda e o tratamento de escolha é a apendicectomia se confirmada pela ultrassonografia ou tomografia. e) Doença de Crohn, estudo radiológico contrastado e sulfassalazina. Incorreta a alternativa “e”: Uma exacerbação aguda da doença de Crohn pode apresentar sintomas semelhantes à apendicite, principalmente quando localizada no íleo distal. A incidência da Doença de Crohn é maior em adultos jovens, entre 20 e 30 anos, e geralmente apresentam sintomas prévios como fadiga, diarreia prolongada com dor abdominal (com ou sem sangue), perda de peso e febre. Questão 37/100:Ref: 4000082450 Considerando a causa mais frequente de abdome agudo obstrutivo em adultos, qual dos achados abaixo é esperado no exame físico? a) Circulação colateral proeminente. A) Errada. Circulação colateral proeminenteme faz pensar em pacientes com hipertensão portal ou outras causas de alteração vascular... Não cabe aqui como resposta. b) Sinal de Sister Mary-Joseph. B) Errada. Sinal de Sister Mary-Joseph é um nódulo umbilical sugestivo de doença maligna, como correlato de carcinomatose peritoneal. A neoplasia maligna é a terceira causa mais comum de obstrução no adulto. c) Cicatriz cirúrgica abdominal. C) Correta. As bridas/aderências pós-operatórias são a principal causa de abdome agudo obstrutivo do adulto. A conduta inicial é não cirúrgica, ou seja, devemos iniciar com hidratação venosa, descompressão gástrica (com cateter nasogástrico) e jejum. A não resolução do quadro em até 48 horas deve nos alertar para a possibilidade de cirurgia, com o risco da obstrução evoluir com isquemia e necrose, evoluindo para um quadro de abdome agudo perfurativo. d) Massa palpável em fossa ilíaca direita. D) Errada. A neoplasia é a terceira causa mais comum de abdome agudo obstrutivo. Questão 38/100:Ref: 4000020029 Em relação a imagem abaixo podemos afirmar: a) Trata-se de um volvo de sigmoide. Correta a alternativa “a”: A imagem é típica de um volvo de sigmoide que corresponde ao cólon sigmoide dilatado que se estende da pelve até o quadrante superior direito. Pode ser visualizado um nível hidroaéreo no cólon dilatado, e quase sempre há ausência de ar no reto. b) A colonoscopia está contra-indicada nesses casos. Incorreta a alternativa “b”: O tratamento de escolha para o volvo de sigmoide, sem sinais de complicações como isquemia ou perfuração, é a colonoscopia descompressiva. c) Trata-se de um tumor de reto obstrutivo. Incorreta a alternativa “c”: A imagem é típica de volvo. Uma neoplasia de reto obstrutiva geralmente apresenta dilatação colônica com um “stop” no local do tumor, sem ar na ampola retal. d) A tomografia é o melhor exame para elucidação do diagnóstico. Incorreta a alternativa “d”: A tomografia só está indicada quando há dúvida diagnóstica. A imagem apresentada é típica de um volvo de sigmoide, o suficiente para realizar o tratamento. Gabarito: correta a alternativa “a” Questão 39/100:Ref: 4000002191 Qual a contraindicação absoluta à videolaparoscopia? a) Doença cardíaca. Errada a letra A: contraindicação relativa. Pacientes com doença cardíaca compensada ou de baixo risco podem se submeter a tratamento laparoscópico. b) Abdome agudo obstrutivo. Errada a letra B: Apesar da dificuldade técnica, não constitui contraindicação. c) Abdome agudo em gestante. Errada a letra C: Apesar da dificuldade técnica, não constitui contraindicação. d) Ferimento penetrante abdominal. Errada a letra D: Se paciente estável hemodinamicamente, não constitui contraindicação absoluta. e) Diverticulite perfurada com instabilidade hemodinâmica. Correta a letra E: A palavra-chave aqui é INSTABILIDADE HEMODINÂMICA = CONTRAINDICAÇÃO ABSOLUTA. Perfeito. Questão 40/100:Ref: 4000137318 Paciente de 48 anos, diabética tipo 2, tabagista, com diagnóstico de neoplasia de mama esquerda, submetida a tratamento cirúrgico (mastectomia radical e linfadenectomia) e quimioterapia adjuvante há 6 meses. Durante o tratamento quimioterápico, apresentou importante perda ponderal, aproximadamente 25 kg, sendo o seu peso atual apenas 43 kg. Comparece ao Pronto-Socorro com queixa de dor abdominal em região epigástrica, sensação de plenitude pós-prandial, saciedade precoce, anorexia, náuseas e vômitos biliares. Esses sintomas eram esporádicos, porém tornaram-se mais intensos nos últimos três dias. Refere alívio da dor ao assumir a posição genupeitoral. Ao exame físico: emagrecida, descorada ++/4, desidratada ++/4, eupneica, afebril. Ausculta pulmonar e cardíaca sem alterações. FC: 102 bpm, PA: 100 x 60 mmHg, FR: 18 irpm. Abdome escavado, flácido, pouco doloroso e distendido no andar superior do abdome, sem massas palpáveis, RHA presentes. Exames laboratoriais: Hb: 9,7 g/dL; Leuco: 10,50 mil/mm³ (sem desvio à esquerda); PCR: 15 mg/dL; K: 3,0 mmol/L, Creatinina: 1,22 mg/dl; Ureia: 34 mg/dl. Gasometria compatível com alcalose metabólica. Após passagem de sonda nasogástrica, hidratação endovenosa e início da correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos, foi realizada tomografia contrastada de abdome (imagem a seguir). Em relação ao caso, qual é o provável diagnóstico e o respectivo tratamento? a) Volvo gástrico, distorção e gastropexia endoscópica. Incorreta a alternativa A: A tríade clássica do volvo gástrico agudo, denominada tríade de Borchardt, presente em até 70% dos pacientes, consiste em dor súbita e intensa no abdome superior ou no tórax, associada a vômitos severos, claros ou regurgitação, e incapacidade de passar uma sonda nasogástrica. Note que a paciente apresenta vômitos biliosos e foi realizada sondagem nasogástrica sem intercorrências. Além disso, a tomografia no volvo gástrico mostraria uma posição anormal do estômago, podendo ser intratorácica, bem como anormalidades anatômicas associadas, como defeitos diafragmáticos. VOLVO GÁSTRICO ORGANOAXIAL b) Síndrome de Bouveret, endoscopia digestiva alta e litotripsia. Incorreta a alternativa B: A Síndrome de Bouveret é uma complicação rara da colecistite aguda e consiste na impactação de um cálculo biliar grande (> 2,5 cm) no duodeno ou no canal pilórico, decorrente de uma fístula colecistoduodenal. Os sintomas apresentados são: início abrupto de dor epigástrica, náuseas e vômitos. O tratamento de escolha é a litotripsia endoscópica do cálculo, ficando o tratamento cirúrgico reservado para falha do tratamento endoscópico. Na tomografia apresentada, não há imagem compatível com obstrução duodenal por cálculo biliar. c) Síndrome de Wilkie, duodenojejunostomia. Correta a alternativa C: Como foi explicado anteriormente, a sintomatologia e a imagem tomográfica apresentada são compatíveis com a Síndrome de Wilkie. E a duodenojejunostomia é o tratamento de escolha para essa Síndrome, pois oferece melhores resultados. d) Gastroparesia diabética, tratamento clínico com controle glicêmico, mudanças dietéticas e procinéticos. Incorreta a alternativa D: A história clínica e a imagem tomográfica demonstrando um afilamento duodenal na sua passagem pela artéria mesentérica superior, com consequente dilatação duodenal e gástrica, falam contra o diagnóstico de uma gastroparesia diabética. e) Estenose pré-pilórica por doença ulcerosa péptica, antrectomia, vagotomia troncular e reconstrução a Billroth II. Incorreta a alternativa E: Os sintomas digestivos apresentados podem estar presentes em uma obstrução pilórica por doença ulcerosa péptica, mas não tem relação com a perda ponderal importante e os exames radiológicos demonstrariam apenas uma dilatação gástrica e não duodenal. O diagnóstico de estenose pilórica é confirmado pela endoscopia digestiva alta (lembrar de biopsiar a úlcera, para Fístula colecisto duodenal com passagem de cálculo biliar. excluir neoplasia), e o tratamento cirúrgico para úlceras tipo III (pré-pilória, com hipercloridria) consiste em antrectomia, vagotomia troncular e reconstrução do trânsito, que pode ser feita por Billroth I, II ou Y de Roux. Questão 41/100:Ref: 4000116479 O médico está tratando uma paciente com colite neutropênica. Uma tomografia de controle revela a presença de pneumatose intestinal. O doente está em ventilação espontânea. Não há hipotensão, sinais de peritonite, insuficiência renal. O fator preditivo que mais indica a necessidade de intervenção cirúrgica é: a) idade > 60. A idade não é um fator preditivo de necessidade de intervenção cirúrgica. b) gás na veia porta. Gás na veia porta é um sinal de alarme; no entanto, nos pacientes assintomáticos, a presença de gás na veia porta não é indicação absoluta de cirurgia. c) se estiver usando corticoide. O usode corticoide não é fator preditivo de necessidade de intervenção cirúrgica. d) lesão pulmonar aguda. A lesão pulmonar aguda não é fator preditivo de necessidade de intervenção cirúrgica e) lactato > 2 mmol/L. Lactato > 2mmol e acidose metabólica (pH arterial <7,3, HCO3 <20 mmol / L) são os principais fatores preditivos de necessidade de intervenção cirúrgica. Questão 42/100:Ref: 4000037857 Paciente internada com diagnóstico de colelitíase apresentando-se ictérica, com dor abdominal e febre. Após 24 horas, passou a apresentar hipotensão e confusão mental. Qual é a melhor conduta? a) Provável colangite, que deve ser tratada com antibioticoterapia de amplo espectro e CPRE. Correta a alternativa “a”: Nossa principal hipótese diagnóstica é uma colangite aguda e como a paciente está instável, exige tratamento de urgência, ou seja, drenagem endoscópica da via biliar (Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica - CPRE). b) Trata-se de um quadro de colecistite aguda, devendo-se realizar colecistectomia laparoscópica o quanto antes. Incorreta a alternativa “b”: A colecistite aguda pode até apresentar uma icterícia discreta, porém não é comum. E se fosse uma colecistite aguda em uma paciente séptica e instável, a conduta seria uma drenagem percutânea da vesícula biliar, uma colecistostomia e não a colecistectomia. c) Provável quadro de pacreatite aguda grave, devendo-se realizar tomografia de abdome, dieta zero e encaminhar à unidade de terapia intensiva. Incorreta a alternativa “c”: A dor típica da pancreatite aguda é uma dor de forte intensidade em abdome superior, com irradiação para o dorso, em “faixa”, geralmente acompanhada de vômitos. A principal causa é a litíase biliar. Não costuma apresentar febre e icterícia importante. O tratamento a princípio é clínico, com medidas de suporte, ou seja, jejum, reposição volêmica, correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e controle da dor. Lembrando que não há indicação de antibióticos profiláticos. Certamente nossa paciente apresenta um quadro séptico grave e necessita de UTI. d) Provável quadro de colangite, devendo-se iniciar antibioticoterapia de amplo espectro, tomografia de abdome e encaminhar à unidade de terapia intensiva. Incorreta a alternativa “d”: A presença de instabilidade é contraindicação à realização de tomografia. Além disso, a paciente necessita de drenagem da via biliar de urgência! Questão 43/100:Ref: 4000021661 Paciente de 53 anos, admitido em pronto-socorro por vômitos há 3 dias, associado à dor abdominal importante, em cólicas, que vem se tornando progressiva. Nega febre. Queixa-se de hiporexia. Nega sintomas urinários. Ao exame físico, apresenta-se em regular estado geral, desidratado, discretamente taquicárdico, com exame físico cardiopulmonar normal. Ruídos reduzidos em todo o abdome, doloroso difusamente, distendido, sem sinais de irritação peritoneal. Foi submetido à radiografia abaixo, com achado pouco comum destacado pela seta. Hemograma com discreta leucocitose, função renal normal. Análise de exame de urina normal. A principal hipótese diagnóstica é: a) Volvo de sigmóide. Incorreta a alternativa “a”: O volvo de sigmóide é causa de obstrução intestinal baixa, que acomete principalmente pacientes idosos, com megacólon e constipação crônica. O sinal radiológico típico é denominado “sinal do U invertido” ou “sinal do grão de café”, que corresponde ao cólon sigmoide dilatado que se estende da pelve até o quadrante superior direito. Geralmente há ausência de ar na ampola retal. Sinal do" grão de café” b) Úlcera perfurada. Incorreta a alternativa “b”: A úlcera gástrica perfurada é a principal causa de abdome agudo perfurativo. Se manifesta com dor epigástrica súbita e de forte intensidade e abdome tenso, “em tábua”. O sinal radiológico clássico do abdome agudo perfurativo é o pneumoperitônio. c) Íleo Biliar. Correta a alternativa “c”: O íleo biliar é uma complicação rara da litíase vesicular que ocorre com uma frequência de 0,3-0,5% dos casos e 2 a 3% na presença de colecistite aguda. É responsável por apenas 1 a 4% das obstruções intestinais. Acomete principalmente pacientes do sexo feminino e idosos. A maioria dos casos, até 90%, apresenta a Síndrome e Mirizzi coexistente. Se caracteriza pela impactação de um ou mais cálculos grandes, geralmente maior que 2,5 cm, no intestino delgado, decorrente da passagem através de uma fístula colecistoduodenal, o qual impacta no íleo terminal (local mais comum da obstrução), próximo à válvula ileocecal. Causa um quadro de obstrução intestinal alta com dor e distensão abdominal associada a vômitos biliosos. Raramente o cálculo biliar é impactado dentro do canal pilórico ou duodeno, causando obstrução da saída gástrica (Síndrome de Bouveret). Nestes casos, os sintomas apresentados são início abrupto de dor epigástrica, náuseas e vômitos. O diagnóstico do íleo biliar é confirmado por exames de imagem, sendo a tomografia o exame de escolha. Os principais achados incluem: Espessamento da parede da vesícula biliar Pneumobilia (aerobilia) – 30 a 60% dos pacientes, é um achado inespecífico. Padrão de obstrução intestinal alta (distensão de alças, níveis hidroaéreos) Cálculo biliar > 2,5 cm no íleo terminal Tríade de Riegler: obstrução de delgado, cálculos biliares ectópicos e pneumobilia O tratamento é cirúrgico, laparotomia e enterotomia e retirada do cálculo. Em pacientes de baixo risco, devemos acrescentar o procedimento íleobiliar (colecistectomia e fechamento da fístula). d) Ureterolitíase. Incorreta a alternativa “d”: A dor da ureterolitíase é de forte intensidade, aguda, em região lombar e/ou flanco, geralmente acompanhada de vômitos. A radiografia simples de abdome pode evidenciar cálculos renais, pois 85 a 90% são radiopacos. Mas o padrão de obstrução intestinal alta, o tamanho do cálculo (3 a 4 cm) e a presença de pneumobilia falam contra o diagnóstico de ureterolitíase. Questão 44/100:Ref: 4000041685 Dentre as complicações abaixo todas podem ser devido à colecistite aguda EXCETO: a) Pancreatite aguda. Incorreta a alternativa “a”: A pancreatite aguda de origem biliar (mais comum) é uma complicação da colelitíase, geralmente na presença de microcálculos que migram para via biliar principal e se impactam temporariamente no esfíncter de Oddi. b) Perfuração com formação de abscesso. Corretas as alternativas “b”, “c” e “d”: Essas são possíveis complicações da colecistite aguda. Lembrando que o melhor exame para o diagnóstico das complicações é a tomografia computadorizada. c) Fístula colecistoduodenal. d) Íleo biliar. Questão 45/100:Ref: 4000088357 Paciente 78 anos, chega a emergência com quadro de dor abdominal intensa e constante no abdome superior, regurgitações com pouco vômito e insucesso de sondagem gástrica (tríade de Borchardt). RX e TC do tórax revelaram víscera com gás no tórax. Qual o diagnóstico provável? a) Hérnia de hiato estrangulada. Incorreta a alternativa “a”: A hérnia de hiato pode ser: Por deslizamento – Tipo I: ocorre um deslocamento da junção gastroesofágica (GE) acima do diafragma. O estômago permanece em seu alinhamento longitudinal normal e o fundo permanece abaixo da junção GE. Hérnias paraesofágicas: é uma hérnia verdadeira com um saco herniário e é caracterizada por um deslocamento para cima do fundo gástrico através de um defeito na membrana frenoesofágica. Pode ser tipo II, III ou IV: ●Tipo II resulta de um defeito localizado na membrana frenoesofágica, onde o fundo gástrico serve como um ponto principal da hérnia, enquanto a junção GE permanece fixa à fáscia pré-aórtica e ao ligamento arqueado mediano ●Tipo III têm elementos de ambas as hérnias do tipo I e II e são caracterizadas pela junção GE e pela hérnia do fundo através do hiato. O fundo fica acima da junção
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