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Crimes contra a vida

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Ana Luiza Bittencourt 
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL I 
Crimes contra a vida 
HOMICÍDIO (art. 121) 
- Art. 121. Matar alguém: 
Pena – reclusão, de seis a vinte anos. 
- Conceito: é a eliminação da vida humana extrauterina. 
- Objetividade jurídica (proteção a um bem importante): proteger; preservar; tutelar a vida humana extrauterina > 
crime simples (protege só um bem jurídico). 
- Sujeito ativo (pratica a conduta): qualquer pessoa (crime comum) > quando exige especificidade é crime próprio. 
- Sujeito passivo (sofre a conduta): qualquer pessoa (crime comum) 
- Tipo objetivo (elemento objetivo do tipo): conduta, que pode ser ação ou omissão > matar (de forma livre, podendo 
ser por ação ou omissão > omissão própria ou imprópria). 
- Tipo subjetivo (elemento subjetivo do tipo > no direito penal não existe responsabilidade objetiva): dolo (direto ou 
eventual) ou culpa (§3º). 
 
 
 
- Consumação: crime material > se consuma com a ocorrência de um resultado naturalístico > mudança clara no 
mundo externo > sujeito estava vivo e agora está morto. Crime instantâneo (o crime acaba assim que a pessoa mata) 
com efeito permanente (a pessoa que morreu não vai voltar a viver). O crime permanente é quando o crime acontece 
a cada momento, como o sequestro. 
- Tentativa: admite > crime plurissubsistente > vários atos, conseguindo separar os atos de execução e consumação. 
Todo crime plurissubsistente cabe a tentativa. 
 
 
 
 
- Tipos de homicídio 
DOLOSO: 
- Homicídio Simples: art. 121, caput. Matar alguém: Pena – reclusão, de seis a vinte anos. Não tem nada que vá 
interferir na pena. 
- Homicídio Privilegiado: art. 121, §1º. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou 
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a 
pena de um sexto a um terço. 
*Impelida por motivo de relevante valor moral: relacionado à dignidade e piedade. Ex.: eutanásia. 
*Impelida por motivo de relevante valor social: sujeito age em prol da sociedade. Ex.: matar um terrorista. 
*Sob o domínio de violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima: DOMÍNIO, a pessoa está totalmente 
tomada dessa emoção (não é influência) + imediatidade 
Obs.: tipicidade: quando a conduta se amolda ao tipo penal > tipo normal > deve ter elemento objetivo E elemento 
subjetivo, podendo ter um elemento normativo (aí vai ser tipo anormal). 
 
Obs.: iter criminis: fase interna (cogitação e preparação); fase externa (execução e consumação). A fase interna, 
isoladamente, não é punível. Mas se você compra uma arma clandestinamente, por exemplo, você responde por 
posse ilegal de arma de fogo. A fase externa pode ocorrer punição, mesmo que não chegue a consumação por 
circunstâncias ALHEIAS à vontade do agente. 
 
- Homicídio Qualificado: CRIME HEDIONDO (Lei nº 8072/90) > com resultado morte não aceita livramento 
condicional > 12 a 30 anos 
 §2º Se o homicídio é cometido: 
I – mediante paga ou promessa de recompensa (homicídio mercenário), ou por outro motivo torpe (nojento, 
repugnante, que causa enorme repulsa na sociedade, ignóbil, que demonstra maior depravação do espírito do sujeito 
ativo); 
II – por motivo fútil; Banal, pequeno, insignificante, desproporcional, que não justifica a violência perpetrada. 
III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar 
perigo comum; Interpretação analógica > outros que se assemelham podem ser considerados também. É diferente 
de analogia (só pode “pegar outra lei emprestada” se for para o bem do réu). Se a pessoa sabe que está tomando 
veneno (mesmo sob ameaça), essa qualificadora de veneno não pode ser aplicada > deve ludibriar a inteligência da 
vítima, sem que ela saiba que irá tomar o veneno. Existem 4 tipos de asfixia (falta de ar): 
- Enforcamento: constrição do pescoço pelo próprio peso. 
- Estrangulamento: constrição do pescoço com fios, cordas, cintos. 
- Esganadura: constrição do pescoço com as mãos. 
- Afogamento: imersão em líquido. 
- Soterramento: a pessoa fica embaixo da terra. 
- Sufocamento: o sujeito ativo tampa as vias aéreas da vítima com objetos. 
IV – à traição, de emboscada (surpresa), ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível 
a defesa do ofendido; 
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Execução: conexão ideológica ou teleológica > conexão entre crimes, que pode ser de pessoas, fatos, coisas > 
acontecem dois crimes (latrocínio não encaixa nisso, porque é um crime só, então não o que se falar em conexão). Ex.: 
mata uma pessoa para que consiga estuprar outra pessoa. Nesse caso, a pessoa responde por homicídio qualificado e 
por estupro. 
Ocultação: conexão consequencial > homicídio é praticado para ocultar > exemplo: primeiro pratica um crime e, para 
acobertar esse crime, a pessoa mata. 
Obs.: não é possível a pessoa ser acusada de motivo fútil ou torpe ao mesmo tempo > cai no “non bis in idem” 
 
Feminicídio – é quando o crime é praticado contra mulher, por razões do sexo feminino (violência de gênero quanto 
ao sexo) > 09/03/2015 > novacio legis impejus (nova lei prejudicial ao réu, então só vigora nos fatos ocorridos após 
essa data). 
VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino; 
Pena – reclusão, de doze a trinta anos. 
§2º -A. Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I – violência doméstica e familiar; 
II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
 
Homicídio funcional – 06/07/2015 (maléfica para o réu) 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional 
e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, 
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: Mata a pessoa em razão da função 
que a pessoa ocupa > polícias, corpo de bombeiros militares 
 
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido – 23/01/2003 (maléfica para o réu) > arma de fogo é 
feita com a finalidade de matar > a arma de fogo com uso permitido não configura qualificadora (ex.: calibre 22) > 
arma de fogo é de uso exclusivo das forças armadas (o cidadão comum não pode ter em sua casa). 
 
IX – contra menor de 14 anos – 24/05/2022 (lei nº 14.344) 
 
 
 
Aumento de pena no homicídio doloso (simples, privilegiado, qualificado) 
+1/3 em razão da idade da vítima: menor de 14 anos*** e maior de 60 anos 
 
§4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica 
de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as 
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada 
de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
***BIS IN IDEM > lei nova > não atualizaram o §4º > essa regra nova só vai valer antes da vigência da lei nova. 
 
+1/3 até 1/2: 
● Milícia privada: §6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia 
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. Milícia privada é 
uma organização ilegal paramilitar 
● Feminicídio: §7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
 I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
II – contra pessoa maior de 60 (sessenta) ano, com deficiência com doenças degenerativas que acarretem 
condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; 
III – na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima. 
IV – em descumprimento das medidas protetivas de urgênciaprevistas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 
da Lei nº 11.340. 
 
CULPOSO 
 
§3º Se o homicídio é culposo: Pena – detenção, de um a três anos. 
 
- Se for a título de culpa PRECISA estar codificado. 
- Culpa é a violação 
- O agente NÃO quis o resultado (dolo direto) e NÃO assumiu o risco (dolo indireto/eventual: não quer, mas acaba 
aceitando para cumprir sua finalidade) de sua ocorrência. 
- O resultado ocorre em razão de: negligência (falta de cuidado), imprudência (prática de conduta extremamente 
arriscada) ou imperícia (falta de habilidade): modalidades de culpa 
- Culpa: VIOLAÇÃO A UM DEVER OBJETIVO DE CUIDADO. 
- A essência da culpa reside na PREVISIBILIDADE. 
Obs.: ninguém pode ser culpado por obra do acaso. 
- Admite SUSPRO (suspensão condicional do processo) > art. 89 lei 9.099 > pena igual ou inferior a 1 ano. 
- Admite ANPP (acordo de não persecução penal) > art. 28-A CPP > a pessoa não chega a ser processada > pena mínima 
igual ou inferior a 4 anos (não perde réu primário). 
 
PERDÃO JUDICIAL 
§5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem 
o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. BENEFÍCIO DO PERDÃO JUDICIAL. 
Causa de extinção de punibilidade. As consequências da infração atingiram o próprio agente de forma tão grave que 
a sanção penal se mostra desnecessária. 
 
 
 
 
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO OU À AUTOMUTILAÇÃO (art. 122) 
 
Estudar pela lei nº 13.968, de 25/12/2019 > novatio legis in pejus (pior) > os crimes cometidos antes serão tutelados 
pelo art. 122 “velho” 
- Conceito do suicídio: eliminação da vida humana pela própria pessoa. 
- Conceito da automutilação: lesão corporal que a pessoa faz em si mesma. 
- Objetividade jurídica: preservar a vida humana e a integridade física. 
- Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum). 
- Sujeito passivo: pessoa capaz (com consciência e discernimento). Se é praticado contra uma pessoa que não tenha 
discernimento: irá responder pelo 121 (art. 122, §7º) se a pessoa morreu ou pelo 129 (art. 122, §6º) se resultou lesão 
corporal. 
Obs.: A PESSOA NÃO PODE TER DOMÍNIO DO FATO > se ela tiver e a pessoa morre, vai ser HOMICÍDIO. 
- Tipo objetivo: crime de ação múltipla ou conteúdo variado (tipo misto alternativo) > existem 3 formas de praticar 
esse crime: 
• Induzir: incutir a ideia na cabeça da vítima > faz nascer a ideia de se matar ou automutilar. 
• Instigar: reforçar a ideia pré-concebida da vítima; 
• Prestar auxílio (material): presta efetiva assistência material, emprestando objetos ou indicando meios, sem 
intervir nos atos executórios. 
Obs.: se houver participação direta nos atos executórios, o agente colaborador irá responder por homicídio se a pessoa 
morrer ou lesão corporal caso não morra. 
- Tipo subjetivo: doloso > direto (quer o resultado) / eventual (não quer o resultado, mas aceita que ele aconteça). 
- Resultados e penas: vai depender da data do crime. 
ATÉ 25/12/2019 (não engloba automutilação) A PARTIR DE 26/12/2019 (engloba automutilação e 
suicídio) 
Sem lesão ou lesão leve 
Pena: sem pena 
Sem lesão ou apenas lesão leve: 
Pena: 6 meses a 2 anos. 
Se a vítima sofrer lesão grave ou gravíssima 
Pena: 1 a 3 anos 
Se houver lesão grave ou gravíssima: 
Pena: 1 a 3 anos 
Se houver morte: 
Pena: 2 a 6 anos. 
Se houver morte: 
Pena: 2 a 6 anos. 
 
- Majorantes (causas de aumento de pena): 
§3º - PENA DUPLICADA (já existia) 
• I – se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil 
• II – se a vítima é menor (maior ou igual a 14 anos e menor de 18 anos) ou tem diminuída por qualquer causa, 
a capacidade de resistência. Então, se é praticado contra uma criança de 6 anos, por exemplo, é uma pessoa 
que não tem discernimento > responde pelo 121 (homicídio) ou pelo 129 (lesão corporal) 
 
 
 
§4º - PENA AUMENTADA ATÉ O DOBRO (26/12/2019) 
• Se a conduta é realizada por meio de rede de (mundial) computador, de rede social ou transmitida em tempo 
real. 
 
§5º - PENA AUMENTADA EM METADE (26/12/2019) 
• Se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. 
 
- Sucessão de leis penais no tempo: tempus regit actum > o ato é regido pela lei do seu tempo. Até 25/12/2019 a pena 
será uma (princípio da irretroatividade de lei maléfica), a partir de 26/12/2019 a pena será outra, conforme lei atual 
(pois a lei é maléfica para o réu). 
 
- Ação penal e competência: ação penal pública incondicionada e competência do Tribunal do Júri (crimes dolosos 
contra a vida). 
- ARTIGO: 
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para 
que o faça: 
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
§1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos 
dos §§1º e 2º do art. 129 deste Código: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
§2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
§3º A pena é duplicada: 
I – se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; 
II – se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
§4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou 
transmitida em tempo real. 
§5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. 
§6º Se o crime de que trata o §1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra 
menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário 
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o 
agente pelo crime descrito no §2º do art. 129 deste Código. (lesão corporal) 
§7º Se o crime de que trata o §2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não 
tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, 
responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. (homicídio) 
 
INFANTICÍDIO (art. 123) 
 
- Conceito: matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. 
- Objetividade jurídica: proteger a vida humana extrauterina. 
- Sujeito ativo: parturiente (mãe) sob influência do estado puerperal. Crime próprio (especifica o sujeito ativo). 
Obs.: estado puerperal é diferente de puerpério. Puerpério é resguardo; repouso pós-parto. Já o estado puerperal é 
um estado de anormalidade psíquica da mãe em razão do trabalho de parto. Necessidade de perícia psiquiátrica. 
Obs.: a doutrina, em sua maioria, admite concurso de pessoas (art. 29): participação (quando há simples auxílio) e 
coautoria (quando outrem pratica, juntamente com a mãe, o núcleo do tipo), concluindo que o estado puerperal é 
elementar subjetiva do tipo, comunicável nos termos do art. 30 CP. 
Quem ajudou o crime vai ser punido de que forma? Correntes de pensamento: 
• Homicídio, pois a pessoa não se encontra em estado puerperal; 
• Depende: 
- Homicídio, se ela praticou ato executório da morte; 
- Infanticídio, se ela não praticar o ato executório da morte, sendo colaboração acessória. 
• Infanticídio: art. 29 e 30 > estado puerperal é elementar do crime > nesse caso, as circunstâncias e as condições 
de caráter pessoal se comunicam, então as duas pessoas vão responder por infanticídio > corrente 
PREDOMINANTE 
- Sujeito passivo: bebê > feto nascente / infante nascido / recém-nascido. Crime próprio. Obs.: o erro quanto à pessoa 
contra a qual o crime é praticado não isenta o agente de pena. Contudo, nesse caso, não se consideram as condições 
ou qualidades da vítima real, mas sim as da pessoacontra quem o agente queria praticar o crime (vítima virtual). 
- Tipo objetivo: matar 
- Tipo subjetivo: dolo 
- Consumação: com a morte do bebê. Crime material (resultado naturalístico). Crime instantâneo (se consome no 
instante com efeito permanente). 
- Tentativa: admite-se. Crime plurissubsistente (pode interromper o inter criminis > apesar de iniciada a execução não 
se consome). 
Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: 
Pena – detenção, de dois a seis anos 
 
ABORTO (art. 124 – 128) 
 
1. ABORTO CRIMINOSO 
 
- Conceito: é a destruição da vida humana intrauterina > do produto da concepção. 
 
- Consumação: com a morte definitiva do feto. Crime material (resultado naturalístico). Crime instantâneo, de efeito 
permanente. 
 
- Tentativa: sim. Crime plurissubsistente. 
 
- Objetividade jurídica: preservar a vida humana intrauteriba. 
 
- Elemento subjetivo do tipo: DOLO > não admite modalidade culposa. 
 
Art. 124 Art. 125 Art. 126 Art. 127 
 
Auto Aborto 
Aborto praticado por 
terceiro sem consentimento 
da gestante 
Aborto praticado por 
terceiro com consentimento 
da gestante 
Causas de Aumento de 
Pena (p/ 125 e 126) 
 
Condutas: 
• Praticar aborto 
em si mesma ou 
• Consentir que 
outrem lhe 
pratique. 
 
Pena: detenção de 1 a 3 
anos. 
 
Sujeito ativo: GESTANTE > 
crime próprio. 
 
Sujeito passivo: feto > 
crime próprio. 
 
Tipo subjetivo: dolo 
 
Consumação: morte do 
feto. 
 
Tentativa: admite. Crime 
plurissubsistente. 
 
Ação penal: pública 
incondicionada. 
Conduta: interromper, 
violenta e intencionalmente, 
uma gravidez destruindo o 
feto, sem o consentimento 
VÁLIDO da gestante. 
 
Pena: reclusão, 3 a 10 anos. 
 
Sem consentimento: 
discordância. 
• Real: sou capaz pra 
concordar e não 
concordei. 
• Presumida: não é 
capaz para 
concordar, então 
não é permitido. 
 
Sujeito ativo: qualquer 
pessoa > crime comum. 
 
Sujeito passivo: DUPLA 
SUBJETIVIDADE PASSIVA > 
feto e gestante. 
 
Tipo subjetivo: dolo (direto 
ou eventual). 
 
Consumação: morte do feto. 
 
Tentativa: admite. Crime 
plurissubsistente. 
 
Ação penal: pública 
incondicionada. 
 
Pode ser de forma omissiva! 
Ex.: médico que podia (e 
devia) fazer o parto por 
cesárea, mas não faz para 
aguardar o parto normal e o 
bebê acaba morrendo. 
 
 
 
Conduta: provocar aborto 
COM o consentimento 
VÁLIDO da gestante > aborto 
consensual. 
 
Pena: reclusão de 1 a 4 anos. 
 
Sujeito ativo: qualquer 
pessoa > crime comum. 
 
Sujeito passivo: feto > crime 
próprio. 
 
Tipo subjetivo: dolo 
 
Consumação: interrupção da 
gravidez. 
 
Tentativa: admite. Crime 
plurissubsistente. 
 
Ação penal: pública 
incondicionada. 
 
O consentimento não terá 
validade: 
• Quando a grávida 
não é maior de 14 
anos; 
• Alienada, débil 
mental; 
• Consentimento 
mediante fraude, 
violência ou grave 
ameaça. 
 
 
 
 
 
SOMENTE PARA OS 
ARTIGOS 125 E 126 
 
Pena duplicada: se em 
razão das manobras 
abortivas ocorre a 
morte da gestante, 
mas o sujeito ativo não 
quis nem assumiu o 
risco da morte. 
 
Caso contrário (dolo), 
haverá concurso de 
crimes. Irá responder 
pelo 125 ou 126 
(conforme 
consentimento) + 
homicídio. 
 
Aumenta em 1/3: se 
gera lesão grave (§1º) 
ou gravíssima (§2º). 
 
Crime preterdoloso: 
dolo (aborto) + culpa 
no resultado (lesão 
grave/gravíssima) = 
concurso formal (quer 
um crime e assume 
risco de outro). 
Ex.: intenção de aborto 
e mulher que perde sua 
função reprodutiva 
devido a culpa da 
pessoa que abortou. 
 
- Aborto legal ou permitido: 
• Aborto humanitário, piedoso, sentimental: a gravidez resulta de estupro e a grávida deseja o aborto. 
• Aborto necessário ou terapêutico: quando não há outro meio de salvar a vida da gestante. 
 
- Aborto de feto anencefálico: permitido. 
 
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
 
Aborto provocado por terceiro 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de três a dez anos. 
 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou 
debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência 
 
Forma qualificada 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto 
ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, 
por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
 
Aborto necessário 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu 
representante legal.