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RESUMO NEUROSE HISTÉRICA - PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA

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RAFAELA FIDELIS – PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA– AULA 03 - 1º 
BIMESTRE – 8º PERÍODO 
RAFAELA FIDELIS – RESUMOS PSICOLOGIA 
 
Aula 03: A neurose histérica 
Histeria 
A histeria comporta-se como se a anatomia não 
existisse: As histéricas eram conhecidas como 
doentes dos nervos pois apresentavam certas 
afecções como cegueiras, contrações musculares, 
paralisias, paravam de falar. E quando eram 
examinadas não havia nada da ordem biológico, 
mas do psiquismo. Por isso a afirmação que a 
anatomia não existe. 
Assim, haviam as grandes conversões, ou seja, 
uma vivência traumática que retorna ao ponto 
onde o trauma aconteceu do elemento que 
deveria ter sido recalcado, mas que sempre 
retorna. 
A histeria sempre se demonstrou como algo que 
busca responder a demandas da sociedade atual. 
Quando pensamos no ideal de beleza feminina 
perpetuado hoje, vemos mulheres insatisfeitas 
com o próprio corpo e em busca de reivindicar 
esse padrão. 
Então hoje a histeria se apresenta dentro de 
sintomas de conversão mais graves (anorexia, 
bulimia), mas ainda assim é preciso ouvir a mulher 
para saber a forma que ela se coloca diante de 
questões fálicas. 
Que a questão dos sintomas histéricos é 
transitória, varia de acordo com a sociedade na 
qual a pessoa vive. 
Para poder estabelecer um diagnóstico 
psicanalítico, é preciso entender qual é a posição 
diante da castração e o sintoma surge diante da 
castração. 
O diagnóstico médico, por si só, é um ato médico 
que se baseia em sintomas e sinais; é baseado 
numa lógica causal. O médico se utiliza de meios 
como entrevista, anamnese, exame físico e de 
imagens, etc; para poder estabelecer um 
diagnóstico etiológico e diferencial. 
 
O neurótico oferece a própria castração para 
manter um Outro não-castrado 
Existe um momento que o sujeito neurótico 
percebe que o Outro é castrado (apresenta falhas), 
então ele oferece a própria castração para manter 
um Outro não-castrado. Esse sujeito se cobra 
como alguém capaz de suprir essa falha. 
Uma vez que existe angústia, o neurótico busca 
formas como saída para essa angústia e é aí que 
surgem os sintomas, o chiste, os sonhos, etc. 
A insatisfação histérica 
Diante do Outro não castrado, o neurótico faz de 
tudo para não se angustiar. A saída por excelência 
é trazer a castração para si, mantendo o Outro 
completo, e, portanto, livrando-se da angústia. 
Dessa forma, a suposição de uma estrutura 
perfeita, aquilo que seria da ordem de uma 
impossibilidade estrutural (e portanto, produtor 
de angústia) é transformada em impotência e 
insatisfação. E a histérica se apresenta sempre 
como insatisfeita. 
O sujeito neurótico ao ser confrontado com a 
castração do Outro “sabe” dessa castração. Mas, 
pelo recalque, esse “saber” é afastado da 
consciência, e o sujeito mesmo sabendo disso, faz 
como se não soubesse. A neurose se estrutura em 
torno desse “saber” inconsciente, a partir da ação 
do recalque. 
Diante da castração, a histérica fica ressentida e 
cobra “um filho do pai”, isso quer dizer que ela 
busca um lugar de privilégio diante daquele que é 
suposto detentor do falo. 
Condições de estrutura 
Essas condições vão produzir o aparecimento de 
certar questões que assumindo as mais diferentes 
formas, e estarão presentes durante toda a vida. 
Essas questões vão funcionar como eixo e guia da 
histérica, e toda sua vida vai estar dedicada a 
tentar achar uma resposta a essas perguntas, 
colocando-a numa posição de supostamente estar 
sempre “querendo saber”. 
RAFAELA FIDELIS – PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA– AULA 03 - 1º 
BIMESTRE – 8º PERÍODO 
RAFAELA FIDELIS – RESUMOS PSICOLOGIA 
 
• Ausência de um objeto sexual fixo, previamente 
determinado: 
A partir dos “Três ensaios sobre a sexualidade”, 
Freud coloca a noção de instinto sexual (colocada 
na época com a heterossexualidade compulsória) 
como falsa, já que a própria ideia de relação sexual 
somente para reprodução não existe e todos são 
pervertidos diante disso, já que há a relação sexual 
para além da reprodução. 
A pulsão diferente do instinto não possui um único 
objeto. 
Tal independência em relação ao objeto indica que 
para o ser humano não há nada que indique o que 
desejar, ou seja, qual o objeto da satisfação sexual. 
Desse modo, não há nenhuma indicação se o 
objeto ao qual se vai dirigir deve ser uma pessoa 
do sexo oposto. 
Aliás, o objeto se constitui como resultado de um 
processo, e é sempre apresentado por um Outro. 
Essa condição de estrutura sobre a 
indeterminação prévia do objeto sexual, um não 
saber acerca desse objeto, é uma das condições 
que possibilitam a estruturação da histeria. Dado 
que não se sabe previamente acerca do objeto, 
abre-se então uma das perguntar fundamentais ao 
quadro da histeria, mais precisamente uma 
pergunta sobre o que desejar. 
• Estrutura do desejo como desejo que está 
sempre mediatizado pelo desejo do Outro: 
Retomando o início da constituição do sujeito, ao 
nascer a criança ocupa o lugar de falo da mãe, ou 
seja, essa criança vai ser inicialmente o falo da 
mãe, aquilo que torna a mãe completa. Nesse 
momento existe uma fusão mãe/criança, um 
momento na qual a criança identifica-se com o que 
supõe ser o objeto de desejo da mãe. 
Nessa condição de suposta completude, a 
dimensão do desejo está abolida, não existindo a 
possibilidade de a criança desejar qualquer coisa: 
ela é tudo que a mãe deseja. 
Essa relação é abalada quando surge na mãe a 
possibilidade de um desejo que não possa ser 
satisfeito pelo filho; quando entra em cena o pai 
como aquele para o qual se dirige o desejo da mãe. 
A percepção do desejo na mãe coloca para o filho 
a questão de que ele não a preenche, que a mãe 
não fica completa com ele, que ele não é tudo que 
a mãe precisa, quer. Nesse sentido, o desejo da 
mãe está submetido a uma lei terceira. 
O desejo enquanto estrutura não é dado, pode ou 
não surgir. Aqui, trata-se dele sempre em 
referência ao Outro. 
Acerca desse momento, há o questionamento 
sobre o desejo da mãe, o que ela deseja? 
E a resposta sobre o desejo da mãe coloca-o em 
relação ao desejo de um Outro e, insensivelmente, 
a criança se dá conta da relação do desejo da mãe 
com o do pai. 
Num primeiro momento, dada a diferença dos 
sexos, a criança pode perceber que o desejo da 
mãe se direciona para o falo, como objeto 
concreto, como algo que alguém possui, portanto, 
alguém pode vir a possuir. Num segundo 
momento, a criança vai perceber que aquilo que a 
mãe deseja não é o falo, objeto concreto que o pai 
possui, aquilo que ela deseja é o desejo do pai, o 
que vai ser correlativo à percepção de que o que o 
pai deseja é o desejo da mãe. 
Nesse ponto, teríamos o estabelecimento do 
desejo como desejo de desejo, como desejo que 
nunca pode ser realizado, uma vez que está 
estruturado em função de uma falta. 
Constituir-se enquanto sujeito implica abrir para a 
criança a dimensão do desejo, ao mesmo tempo 
em que a resposta sobre o que desejar encontra-
se mediatizada pelo desejo de um terceiro, de um 
outro. 
Para um objeto ser tomado como objeto de 
desejo, é essencial a referência de um Outro, 
RAFAELA FIDELIS – PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA– AULA 03 - 1º 
BIMESTRE – 8º PERÍODO 
RAFAELA FIDELIS – RESUMOS PSICOLOGIA 
 
Dada a ausência de indicações prévias sobre o 
objeto, é o desejo do Outro que vai apontar para 
o objeto e marca-lo como objeto de desejo. 
Assim, essa condição resulta de uma indagação 
daquilo que é desejado pelo Outro, condição 
necessária para que o sujeito possa ter uma 
referência acerca do seu próprio desejo. 
Ausência de complementaridade entre os sexos 
Retomando parte do processo da constituição do 
sujeito, a criança que no início ocupa o lugar de 
falo da mãe tem essa relação rompida quando 
percebe que a mãe tem o seu desejo voltado para 
outro lugar e que, supostamente,o que ela deseja 
é o falo. Já que a criança foi afastada do lugar de 
ser o falo da mãe, e dado que é o falo aquilo que a 
mãe deseja, a questão de ter ou não ter o falo 
ganha dimensão. 
Para Freud, há uma crença infantil de que todos 
possuem o pênis, há então a desconsideração de 
que alguém não tenha o pênis. Essa crença sofre 
um abalo com a constatação da diferença entre os 
sexos, ou seja, é instaurada para a criança a 
possibilidade da existência de seres sem pênis. 
A diferença entre os sexos é colocada para a 
criança em relação a uma falta. De fato, tudo isso 
poderia ser simplificado caso a diferença entre os 
sexos fosse “apenas” uma diferença segundo a 
qual um sexo é constituído de uma maneira e 
outro de outra, mas o que ocorre é que fica a 
suposição de que algo falta. 
Quando há essa ideia de que “alguém tem” e 
“alguém falta” traz algumas consequências, entre 
elas o fato de “ter” ou “não ter” ser reconhecido 
como uma doação ou não-doação feita por um 
Outro, no caso pela mãe. 
Não é o pênis em si, mas o pênis enquanto símbolo 
daquilo que foi dado a um e negado ao outro. 
Aqui, a estrutura na qual os conjuntos são 
delimitados em função da presença ou ausência 
de um único elemento, o falo. E supostamente o 
homem está no conjunto dos que têm e as 
mulheres dos que não têm. Aqui surge a ideia de 
uma simetria, na qual poderia haver uma 
completude (a ideia das metades da laranja). 
A crença nesse “todo” e de que esse “todo” está 
incompleto apenas temporariamente supõe que 
essa incompletude pode ser sanada. E essa 
suposição equivale a uma não conformidade com 
a incompletude como inerente à estrutura. 
E esse mito tem muita importância na histeria; a 
histérica vai buscar sustentá-lo. Não se 
conformando em ter de se definir por uma 
negatividade, a histérica busca permanentemente 
uma resposta para a sua identificação, que não 
seja o falo, permanentemente indagando sobre o 
que é ser mulher. 
Particularidades do Édipo na mulher 
Freud coloca que no complexo de édipo é muito 
mais fácil para o menino cuja saída normal é uma 
intensificação de sua identificação com o pai e 
uma relação afetuosa com a mãe é mantida. Para 
menina e menino o primeiro objeto de amor é a 
mãe, nesse sentido, no complexo de édipo da 
menina, ela precisa de mais uma ação, que é a de 
substituição de objeto: abandonar a mãe (objeto 
do mesmo sexo que o dela) e dirigir-se ao pai 
(objeto de sexo diferente do dela). 
Para Freud, quando a menina se vê sem o falo, 
surge um sentimento de inveja diante disso. A 
menina quer ter o falo e sente inveja por não ter. 
Uma outra consequência do complexo da 
castração para a menina é o afrouxamento da 
relação afetuosa dela com seu objeto materno. A 
percepção do pênis como algo que se constitui 
como traço identificatório do sexo, faz com que a 
intensidade da relação da menina com sua mãe 
diminua, na medida em que a mãe é 
responsabilizada pelo fato de a menina não 
possuir o falo. 
Tal situação faz com que a menina volte seu 
interesse para o pai, esperando receber dele o que 
a mãe lhe negou, e o que ela espera receber dele 
é um filho. Com esse fim em vista o pai se torna 
objeto de amor. 
RAFAELA FIDELIS – PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA– AULA 03 - 1º 
BIMESTRE – 8º PERÍODO 
RAFAELA FIDELIS – RESUMOS PSICOLOGIA 
 
Uma característica marcante do Édipo feminino 
consiste numa “dupla identificação”, masculina e 
feminina, estruturada em torno da pergunta de o 
quê que os homens desejam nas mulheres e o quê 
as mulheres desejam nos homens, pergunta 
presente de forma marcante no quadro da 
histeria. 
 
Referências da aula: Estruturas Clínicas da clínica: 
a histeria – Cíntia Palonsky