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Corrente Galvânica É uma corrente direta, ou seja, o fluxo de elétrons se dá na mesma direção de forma ininterrupta. É também conhecida como corrente contínua ou constante. Por ser uma corrente direta, a intensidade de corrente é constante em valor e sentido, apresentando apenas uma fase. Os efeitos fisiológicos e terapêuticos da corrente galvânica ocorrem devido aos efeitos vasomotores e polares da corrente sobre as células. Os tecidos biológicos apresentam uma grande quantidade de íons, que podem ser colocados em movimento quando aplicamos um campo elétrico polarizado na superfície da pele. Esse movimento ordenado dos íons dentro dos tecidos resulta em modificações físicas e químicas. Efeitos fisiológicos e terapêuticos Quando aplicamos a corrente contínua, os íons dos líquidos corporais se movimentam segundo sua polaridade em direção à região subcutânea próxima da colocação dos eletrodos na superfície da pele, ocorrendo uma dissociação iônica. Assim, os ânions (-) vão em direção ao polo positivo (ânodo) e, os cátions (+), em direção ao polo negativo (cátodo). Essa movimentação é chamada de eletroforese, e é o princípio da iontoforese, que veremos mais adiante. Após essa concentração dos íons, ocorrem reações químicas secundárias sob cada eletrodo. No eletrodo positivo, os elétrons são liberados, ocorrendo o processo de oxidação. No eletrodo negativo ocorre o processo de redução, no qual o íon aceita elétrons. Correntes Terapêuticas de Baixa Frequência Quando falamos em frequência, nos referimos ao número de ciclos emitidos por segundo. Nas correntes de baixa frequência são emitidos menos de 1000 pulsos por segundos, ou seja, menos de 1000 Hz. A frequência interfere no limiar sensitivo. Frequências maiores desencadeiam percepções menores, isso porque elas apresentam menor resistência da pele à passagem de corrente elétrica, e por isso são mais agradáveis. Correntes Galvânica Os ânions (-) fluem para o ânodo (+), perdem sua carga elétrica e, reagindo com a água, produzem uma reação ácida, com liberação de oxigênio. Já os cátions (+) fluem para o cátodo (-), perdem sua carga elétrica e produzem uma reação alcalina ao reagirem com a água, havendo liberação de hidrogênio. Cada eletrodo promove, então, efeitos nos tecidos biológicos, como vemos de forma resumida na tabela a seguir: Iontoforese Consiste no uso de corrente contínua para facilitar a penetração de substâncias ionizáveis através da pele. Administra fármacos utilizando uma frequência constante; não invasiva e indolor, apresenta várias vantagens mediante outras formas de administração. Os benefícios sobre a administração oral é que, a medicação possui concentração na área específica (focal) e não precisa ser absorvida dentro do trato gastrointestinal. Sobre a injeção, é menos traumática e dolorosa. Os efeitos iônicos podem ser utilizados para repelir moléculas de medicamento ionizados, favorecendo a penetração transdérmica de medicamentos, técnica conhecida por iontoforese. Podem ser também utilizados para tratar condições inflamatórias, facilitar a cicatrização tecidual e reduzir a formação de edema. O objetivo da iontoforese dependerá das características das substâncias utilizadas e dos efeitos polares da corrente galvânica. As substâncias se movimentam de acordo com sua polaridade e a polaridade do eletrodo ativo, utilizado para carregar o íon dentro do tecido. Íons positivos são introduzidos através do ânodo (polo positivo e os íons negativos a partir do cátodo (polo negativo). Essa é a base da Lei de Du Fay - “Cargas de mesmo sinal se repelem e cargas de sinais diferentes se atraem.” Assim, os íons aplicados desviarão em direção aos eletrodos de cargas opostas. Eletrodos e técnicas de aplicação – Corrente Galvânica A escolha dos eletrodos influencia na terapêutica. Sabemos que quanto menor for a área do eletrodo, maior será a densidade de corrente, ou seja, maior será a concentração de energia. Outro ponto bem relevante é que os eletrodos devem ser utilizados sempre com um meio de acoplamento entre eles e a pele, e é preciso identificar os polos positivo e negativo ao se aplicar a técnica. Técnica de aplicação e eletrodos – corrente galvânica Os principais eletrodos utilizados na corrente galvânica são as placas metálicas de alumínio, as placas de borracha/silicone, os autoadesivos; geralmente, na área da fisioterapia dermato-funcional, utilizamos também a caneta estimuladora, o rolo, o bastão ou tubo e os do tipo máscara. Deve-se determinar o polo positivo ou negativo dos eletrodos para a aplicação da técnica de iontoforese; Escolher o medicamento em forma de gel ou líquido; as substâncias devem ser hidrossolúveis; Untar/molhar a esponja, ou um pedaço de algodão, com a solução ionizável nas concentrações adequadas; Aplicar o eletrodo ativo com o medicamento sobre a área, e o outro eletrodo dispersivo próximo a ela, embebido em água salina. Existem eletrodos fabricados especialmente para o uso da iontoforese. Esses eletrodos são descartáveis, possuem uma câmara pequena, na qual o medicamento é armazenado, e um tipo de membrana semipermeável. Esse eletrodo é o ativo; a polaridade do fio deve ser a mesma do íon em solução para repelir a substância, de modo que ela penetre nos tecidos e vá em direção ao eletrodo dispersivo. Os eletrodos devem ser bem acoplados sobre a pele para evitar queimaduras. Dosimetria Utiliza-se correntes com intensidade de 2 a 4mA para eletrodos pequenos, e de 10 a 15 mA para eletrodos grandes; O tempo de aplicação gira em torno de 20 a 30 minutos. Os tipos mais comuns de medicamentos utilizados para a iontoforese são substâncias anestésicas, analgésicas e anti- inflamatórias. Devemos ter conhecimento do Acórdão n° 611, de 1 de abril de 2017, do COFFITO, que normatiza a utilização e/ou indicação de substâncias de livre prescrição pelo fisioterapeuta. Cuidados e precauções: Acoplar bem os eletrodos; Não cruzar os cabos; Não aplicar sobre áreas com alteração de sensibilidade; Observar sempre a polaridade do cabo; A intensidade da corrente deve estar tolerável para o paciente e pode ser aumentada à medida que ocorrer acomodação; Aplicar sobre a pele intacta; Sempre devemos inspecionar a pele do paciente antes e depois da aplicação; Desvantagens ✓ Sabemos que o estrato córneo da pele é a principal fonte de resistência da corrente elétrica, o que pode dificultar a transferência de substâncias através da pele; assim, a maioria das substâncias penetra através dos folículos pilosos ou poros das glândulas sudoríparas; ✓ A quantidade eficaz do medicamento introduzido é dificilmente controlada; ✓ Certos medicamentos produzem resultados não-confiáveis, podendo surgir dúvidas sobre seu alcance nos tecidos, e limitando seu uso para tratar estruturas profundas; ✓ A dificuldade de determinar a janela terapêutica: Concentração mínima necessária para um efeito terapêutico e concentração efetiva máxima acima da qual os efeitos adversos possam ocorrer. Poucos medicamentos tiveram comprovação para a iontoforese; ✓ Podemos encontrar no mercado substâncias contendo íons de ambas as polaridades, o que pode dificultar sua penetração total no tecido; ✓ Risco de queimaduras. Técnica muito utilizada na área de dermato-funcional. Utilizamos o eletroligting para atenuar, suavizar ou eliminar rugas ou linhas de expressão, bem como no tratamento de estrias. O objetivo é causar um processo inflamatório que será responsável pelo efeito de reparo (nas rugas e estrias). Utiliza-se um eletrodo caneta, ativo (polo negativo), cuja ponta contém uma agulha rígida de 4mm de comprimento. Essa agulha é utilizada para causar uma lesão traumática na epiderme, levando a um mecanismo de “reparo” dessa lesão. Os efeitos galvânicos da corrente (microampères)no polo negativo, como vasodilatação, maior hiperemia e hidratação, também são a base para o tratamento. Utiliza-se o eletrodo dispersivo acoplado no braço ou na nuca, quando a aplicação é na face; ou no tronco ou membro inferior, se a aplicação for no corpo. Dosimetria – eletrolifting O paciente pode relatar uma sensação de formigamento ou ardência quando submetido à corrente galvânica. A dosagem ideal gira em torno de 0,5 a 1mA por cm2 de área de eletrodo ou de 2 a 20 mA, tendo como base a sensação de formigamento referida pelo paciente, que deve ser sempre agradável. Obs.: na técnica de galvanopuntura, o recomendável é 70 a 100 µA no tratamento de estrias e 150 a 200 µA no tratamento de rugas. O tempo de aplicação gira em torno de 15 a 30 minutos. Formas de aplicação Há duas formas de aplicação da técnica de galvapontura: Longitudinal – os eletrodos estão acoplados na mesma face anatômica; Transversal – os eletrodos são acoplados em faces anatômicas diferentes; Na técnica de galvanopuntura, o recomendável é 70 a 100 µA no tratamento de estrias e 150 a 200 µA no tratamento de rugas. O tempo de aplicação gira em torno de 15 a 30 minutos. Cuidados e precauções O paciente pode relatar uma sensação de formigamento ou ardência quando submetido à corrente galvânica. A dosagem ideal gira em torno de 0,5 a 1mA por cm2 de área de eletrodo ou de 2 a 20 mA, tendo como base a sensação de formigamento referida pelo paciente, que deve ser sempre agradável. Galvapontura ou Eletrolifiting INDICAÇÕES: → Analgesia; → Processos inflamatórios; → Aumento da condução nervosa; → Diminuição do espasmo muscular; → Vasodilatação periférica; → Redução de edema; → Artrites; → Lesões por pressão crônicas; → Processos cicatriciais; → Afecções estéticas: flacidez cutânea, hidratação da pele. CONTRAINDICAÇÕES → Alterações de sensibilidade; → Alérgicos aos medicamentos: à frutos do mar (iodo) ou à aspirina (salicilatos); → Sensibilidade da pele; → Sensibilidade à metais: cobre, zinco, magnésio; - Cefaleias e vertigens; - Colapso circulatório; → Região precordial (acima do coração); → Déficit cognitivo; → Implantes metálicos na área de aplicação; → Útero gravídico; → Gônadas e olhos; → Neoplasias. Na técnica de galvanopuntura, o recomendável é 70 a 100 µA no tratamento de estrias e 150 a 200 µA no tratamento de rugas. O tempo de aplicação gira em torno de 15 a 30 minutos. Considerada a precursora das correntes excitomotoras, é uma corrente polarizada (direta) e pulsada, com pulso triangular/retangular, com duração entre 0,1 e 1ms, com intervalos de 19ms, e numa frequência de 50 a 100Hz. Efeitos fisiológicos e terapêuticos O principal efeito da corrente farádica é a estimulação dos nervos motores e sensitivos, provocando contração muscular. A estimulação elétrica neuromuscular pela corrente farádica provoca nos músculos mudanças semelhantes àquelas produzidas por contração voluntária, como aumento do metabolismo muscular, aumento do aporte sanguíneo e consequentemente aumento da oxigenação, além de favorecer o retorno venoso e linfático. Entretanto, devemos ter em mente que a contração muscular provocada eletricamente é mais desgastante e fatigante do que a contração voluntária. O músculo é dividido em unidades motoras, conjunto de fibras musculares inervadas por uma única fibra nervosa. Quando há o estímulo de uma fibra nervosa, a força de contração é proporcional ao número de fibras musculares que a fibra nervosa inerva. Assim, o número de unidades motoras acionadas controla a intensidade da corrente. Ou seja, quanto maior a intensidade da corrente, maior será o número de unidades motoras recrutadas. Para aumentar a força de contração de um músculo, devemos aumentar tanto a frequência quanto a amplitude de pulso. INDICAÇÕES → Diminuição de edemas; → Afecções estéticas como rugas e estrias; → Eletrólise depilatória: através de uma agulha especial, devido à reação alcalina no pólo negativo; → Processos álgicos (polo positivo); → Lesões de nervos periféricos (polo negativo); → Transtornos circulatórios; → Estimulação da irrigação sanguínea; → Iontoforese; CONTRAINDICAÇÕES → Idades extremas; → Região precordial (acima do coração); → Portadores de marcapasso; → Alterações de sensibilidade; → Déficit cognitivo; → Irritabilidade cutânea; → Feridas abertas; → Implantes metálicos na área de aplicação; → Útero gravídico; → Gônadas e olhos; → Neoplasias; Corrente Farádica Hoje em dia, pouco se utiliza a corrente farádica para a estimulação neuromuscular, pois correntes bifásicas são mais agradáveis e minimizam o componente iônico causado pela farádica. Efeitos fisiológicos e terapêuticos - Corrente Farádica O principal efeito da corrente farádica é a estimulação dos nervos motores e sensitivos, provocando assim a contração muscular. A contração muscular provocada eletricamente é mais desgastante e fatigante que a contração voluntária. Quando há o estímulo de uma fibra nervosa, a força de contração é proporcional ao número de fibras musculares que a fibra nervosa inerva. O número de unidades motoras acionadas controla a intensidade da corrente. quanto maior a intensidade da corrente, maior será o número de unidades motoras recrutadas. Para aumentar a força de contração de um músculo, devemos aumentar tanto a frequência quanto a amplitude de pulso. Eletrodos e técnicas de aplicação - Corrente Farádica Os eletrodos devem estar protegidos com esponjas embebidas em água. O eletrodo ativo é colocado sobre o ponto motor ou sobre o ventre do músculo a ser tratado. Define-se como ponto motor o local de maior excitabilidade do músculo, onde temos menor resistência à passagem de corrente. As formas de aplicação são as mesmas da corrente galvânica. Dosimetria - 15 minutos de duração. Cuidados e precauções A esponja deve cobrir todo o eletrodo metálico, para evitar risco de queimaduras; Não cruzar os cabos; Não aplicar sobre áreas com alteração de sensibilidade; Observar sempre a polaridade do cabo; A intensidade da corrente deve estar tolerável para o paciente e pode ser aumentada à medida que ocorrer acomodação; - Aplicar sobre a pele intacta. Sempre devemos inspecionar a pele do paciente antes e depois da aplicação; Indicações Estimulação de nervos e músculos; Hipertrofia muscular; Reeducação muscular; Diminuição de edemas. Contraindicações Região precordial; Idades extremas; Alterações de sensibilidade; Espasticidade; Tromboses; Portadores de marca-passo. Déficit cognitivo. São correntes monofásicas pulsáteis, sendo interrompidas com alternância rítmica. Possuem frequência oscilando entre 50 e 100Hz e promovem respostas excitatórias. Entretanto, devido à longa duração de sua fase, são muito desconfortáveis, tendo sido gradativamente substituídas por correntes como o TENS e o FES. São também chamadas de correntes moduladas ou de Bernard. Tipos de correntes diadinâmicas Monofásica fixa - corrente contínua interrompida com frequência de 50Hz. Possui efeito estimulante sobre o tecido conjuntivo e age nos processos dolorosos espasmódicos. Difásica fixa - corrente com retificação de onda completa com frequência de 100Hz. Possui efeito analgésico e age nos transtornos circulatórios e simpaticotônicos. Curtos períodos - combinação das monofásicas com a difásicas fixas, conectadas alternadamente e sem intervalos de repouso. Utilizada em transtornos circulatórios e analgesia. Longos períodos - forma de corrente monofásica combinada com uma segunda forma de onda monofásica. Possui efeito analgésico persistente, sendo considerada a mais analgésica das formas de ondas diadinâmicas. Ritmo sincopado - formade corrente monofásica que dura 1s com intervalos de 1s. Corrente estimulante, atua em atrofias musculares leves por possuir efeito de contração muscular. Técnicas de aplicação e eletrodos Podem ser utilizadas nas formas transversal e longitudinal; Determinar se a colocação dos eletrodos será pela técnica monopolar ou bipolar; Ao estimular nervos periféricos, acoplar os eletrodos no trajeto do nervo. Dosimetria Ao iniciar o tratamento, recomenda-se a aplicação da corrente difásica fixa antes de outras correntes devido ao seu estímulo analgésico forte; Aumentar a intensidade de corrente aos poucos. Inicia-se com a estimulação sensitiva, sensação de formigamento, para depois excitar os nervos motores; A intensidade da corrente contínua de base gira em torno de 2 a 3 mA, e modula-se a intensidade do componente diadinâmico respectivo com intensidade entre 12 e 15mA; Tempo de aplicação de 5 a 15 minutos. Corrente Dinâmica INDICAÇOES Analgesia; Distúrbios circulatórios; Afecções dos nervos periféricos CONTRAINDICAÇOES As mesmas da corrente farádica. É utilizada para a modulação da dor. O termo “TENS” serviria para denominar qualquer tipo de corrente já mencionada, pois, é uma estimulação do nervo através da pele, causando uma despolarização dos nervos sensoriais utilizando uma corrente com intensidade suficiente para esse estímulo. Entretanto, esse termo é utilizado para descrever uma abordagem específica para o controle da dor. Trata-se de uma corrente pulsada, que apresenta uma forma de onda bifásica, simétrica ou assimétrica balanceada com uma semi-onda quadrada positiva e um pico negativo. Essa característica propicia a estimulação de receptores nervosos e apresenta um componente de corrente direta igual à zero, ou seja, as áreas sob as ondas positivas e negativas são iguais, não produzindo efeitos polares. A maioria dos aparelhos oferece pulsos bifásicos simétricos ou assimétricos, ou seja, utiliza a corrente alternada; o terapeuta pode modular a intensidade, a largura de pulso e a frequência. É uma técnica de neuroestimulação sensorial superficial de características não invasivas e não lesivas utilizadas no tratamento da dor que pode até provocar contrações musculares, mas seu principal uso, se não o único, é controlar a dor. É uma corrente alternada de baixa frequência. A utilização da TENS seria então para estimular os nervos sensoriais para alterar a percepção da dor por meio de uma corrente elétrica. Para entendermos mais sobre a dor e sua modulação, precisamos entender a teoria das comportas proposta por Melzack e Wall. Teoria das comportas Essa teoria propõe que conseguimos regular a entrada de impulsos dolorosos no sistema nervoso central (SNC) através da substância gelatinosa presente no corno posterior da medula espinhal, que funciona como um “portão”. Essa substância gelatinosa filtra os impulsos que chegam pelas fibras de grosso e fino calibres. Quem determina o que passa entre as fibras de grosso e de fino calibre é uma substância chamada Substância Gelatinosa de Rolando (portão da dor) Ela diminui a percepção da dor reduzindo a condutividade e a transmissão das pequenas fibras de dor para o SNC, causando um efeito inibitório; como também afeta as fibras de grosso calibre (tato e pressão), facilitando a abertura do estímulo motor e “fechando” a passagem dos estímulos dolorosos (fino calibre). Ou seja, estimulando as fibras não nociceptivas/motoras (grosso calibre), inibimos os efeitos das fibras nociceptivas/dor (fino calibre), fechando a porta. Quando aumentamos o estímulo das fibras de grosso calibre através da aplicação da TENS, podemos reduzir a percepção da dor feita pelas fibras de fino calibre. Classificação das fibras nervosas Na classificação geral essas fibras sensoriais são divididas em fibras do tipo A e C, sendo que as do tipo A são subdivididas em alfa, beta, gama e delta, onde as três primeiras conduzem basicamente informação de tato e pressão e possuem maior velocidade de condução, as do tipo delta e C transmitem sensação de dor e possuem uma menor velocidade de condução. Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea - TENS Quando a TENS é aplicada com os parâmetros apropriados, acionamos seletivamente as fibras nervosas Aβ, aumentando sua atividade, e diminuímos a percepção da dor realizada pelas fibras Aδ e C. Classificação e modo de uso Como a corrente elétrica da TENS é bifásica, pode ser aplicada por longos períodos, pois diminui-se a possibilidade de ocorrerem alterações químicas, como nas correntes monofásicas (polares). Os parâmetros a serem configurados serão intensidade, largura de pulso e a frequência, dependendo do protocolo de estimulação que se queira utilizar e os objetivos de tratamento. TENS Convencional Tipo de TENS mais utilizado, é chamada de TENS de alta frequência. Os pulsos são gerados numa frequência de 40 a 150Hz e baixa intensidade. A duração do pulso é estreita, abaixo de 100µs, o que permite estimular seletivamente as fibras para inibir a dor. A sensação relatada é um leve formigamento sem observar contração muscular. É comumente utilizada em dores agudas. A principal desvantagem é a acomodação, que é a diminuição da percepção do estímulo à medida que o nervo se torna menos excitável com a passagem da corrente de forma repetida. Podemos controlar essa acomodação através da amplitude. A combinação destes parâmetros vai estimular as fibras aferentes A beta Tempo mínimo de 40 a 50 minutos, sendo que o início do alívio inicia aos 20 min. A combinação destes parâmetros vai estimular as fibras aferentes A beta. A sensação gerada por este tipo de TENS é de uma confortável parestesia. O período de analgesia é curto sendo aplicado mais frequentemente no período agudo, na área dolorosa. TENS Acupuntura Possui esse nome devido à possibilidade de também aplicar os eletrodos sobre os pontos de acupuntura. É de alta intensidade e baixa frequência, com pulsos gerados numa frequência com cerca de 2Hz, com intensidades que provocam contrações musculares visíveis. Podemos aplicar esse tipo de modulação a pontos motores do músculo em questão. A principal aplicação é o controle de dores crônicas devido ao grande efeito residual. O TENS acupuntura provoca um tempo de analgesia mais prolongado que o convencional. Largura de Pulso alta (cerca de 230 microseg.) Tempo mínimo de 45 min, ínicio do alívio em 30 min, com duração de 2 a 6 horas; Sensação: Parestesia e contrações musculares leves e rítmicas (visíveis); Utilizado em dores crônicas; Este tipo de TENS estimula as fibras nociceptivas do tipo A delta e C (ou fibras dos grupos III e IV) e as pequenas fibras motoras) TENS Burst ou de Pulso Formação de pacotes de pulsos repetidos 1 a 5 vezes por segundo. É a combinação do TENS convencional com o TENS acupuntura. Cada pacote consiste em um número de pulsos individuais nas frequências de TENS convencional, porém com intensidade mais alta. Possui um período de analgesia mais prolongado, as contrações musculares são mais confortáveis e não leva a uma acomodação rápida. A frequência dos trens varia de 1 a 4Hz com uma frequência interna de pulso de cerca de 100Hz. A largura de pulso varia de 100 a 200 microsegundos. Utilizado para dor crônica, sendo o seu período de analgesia prolongado. TENS Breve-Intensa Utiliza pulsos com frequências mais altas, cerca de 100Hz, com pulsos de duração maior – largos (150 a 250 microssegundos) e intensidade forte (30 a 80 mA), máxima tolerada pelo paciente. Recomenda-se que este tipo seja aplicado por não mais de 15 minutos por vez, bem como para a redução da dor antes de exercícios de reabilitação. É utilizado para redução da dor antes de exercícios de reabilitação ou antes de processos dolorosos como mobilizações articularesou micro massagem transversa profunda (MMTP). • Tempo mínimo de 15 e máximo de 30 min.; • Duração do alívio: apenas alguns min; • Sensação: Fasciculações musculares não rítmicas. • Recomendado antes de procedimentos dolorosos, como por exemplo a debridação de feridas, mobilizações articulares e massagem transversa profunda. Técnicas de aplicação e eletrodos Os eletrodos do TENS são os de borracha/silicone impregnada com carbono ou os autoadesivos. Naqueles de borracha/silicone utiliza-se gel condutor para acoplamento dos eletrodos sobre a pele. A maioria dos aparelhos possui dois canais, cada um com dois eletrodos. A seleção do posicionamento dos eletrodos depende da origem da dor e do protocolo de estimulação. O acoplamento dos eletrodos pode seguir os seguintes critérios: a) Cercando o ponto de dor: bilateral, cruzada (interferencial), proximal e distal; b) Seguindo o trajeto do nervo; c) Sobre os plexos nervosos; d) Sobre os dermátomos; e) Sobre os pontos motores; f) Sobre os pontos de acupuntura. Cuidados e precauções A pele deve ser limpa antes do acoplamento dos eletrodos; Utilizar fitas adesivas ao redor dos eletrodos para garantir uma boa fixação sobre a pele; Colocar gel suficiente para a boa condução da corrente elétrica. Deve-se trocar os eletrodos a cada 6 meses Cuidado com ruptura dos eletrodos Eletrodos de tamanho proporcional à área a ser tratada; Indivíduos com muitos pelos, estes devem ser cortados; Distância entre os eletrodos não deve ser menor do que o tamanho do eletrodo INDICAÇÕES: Dores agudas ou crônicas. Dor pós-cirurgia; CONTRAINDICAÇÕES Cardiopatias ou arritmias; Dores de origem desconhecida; Região precordial (acima do coração); Portadores de marcapasso; Alterações de sensibilidade; Déficit cognitivo; Feridas abertas ou irritação cutânea; Útero gravídico (3 meses de gestação); Gônadas, olhos e boca; Região de cabeça e face; Acidente vascular cerebral (AVC); Acidente isquêmico transitório (AIT); Epilepsia. A FES é utiliza correntes elétricas de baixa frequência para promover uma contração muscular induzida. Essa corrente elétrica é específica de tal forma que possibilita a contração muscular funcional. A técnica FES tem como base a produção da contração através da estimulação elétrica, que despolariza o nervo motor, produzindo uma resposta sincrônica em todas as unidades motoras do músculo. Este sincronismo promove uma contração eficiente, mas é necessário treinamento específico, a fim de evitar a fadiga precoce. De acordo com Prentice (2004), emprega estimuladores elétricos de canal múltiplo controlado por um microprocessador para recrutar músculos em uma sequência sinergística programada, a qual possibilita ao paciente executar um padrão de movimento funcional específico. É uma estimulação de músculos desprovidos de controle motor ou com insuficiência contrátil (músculos enfraquecidos), cujo objetivo é produzir um movimento funcional e/ou substituir uma órtese convencional. A técnica FES tem como base a produção da contração através da estimulação elétrica, que despolariza o nervo motor, produzindo uma resposta sincrônica em todas as unidades motoras do músculo. Entretanto, para se produzir um padrão de movimento específico, é necessária uma série de estímulos com certa duração, seguida por outros com apropriada frequência e repetição. Chamamos essa sequência de estímulos de trem de pulsos. Deve-se alternar os períodos de passagem da corrente com períodos de repouso, sendo esses últimos superiores ou iguais ao da contração a fim de evitar a fadiga muscular. A FES gera uma corrente elétrica de baixa frequência, alternada ou bifásica, pulsada, simétrica com pulsos na forma retangular, sendo considerada, portanto, despolarizada. O fato de se apresentar com baixa frequência (1 a 100 Hz aproximadamente) faz com que tenha uma alta resistência tecidual e pequena profundidade de penetração. Técnicas de aplicação - FES Os aparelhos da FES são portáteis ou clínicos, e devem ter controles para os parâmetros como intensidade, frequência e duração de pulsos, entre outros. Frequência: nos equipamentos nacionais, consegue-se trabalhar em uma faixa de 1 a 200 Hz, porém clinicamente é observada uma faixa mais restrita entre 30 e 80 Hz. Duração de pulso: Os aparelhos tradicionais permitem o ajuste entre 50 e 400 μs, quando se objetiva a contração muscular. Intensidade: ajustada de acordo com os objetivos, sendo que o aumento da intensidade corresponde a uma contração muscular mais efetiva; Tempo de subida e descida: tempo que regula a velocidade de contração, que varia de 1 a 10 segundos. Tempo de subida é o tempo desde o começo até a máxima contração; e, o de descida, da máxima contração até o relaxamento muscular. Tempos altos produzem contração/relaxamento lentos, enquanto tempos baixos produzem contração/relaxamentos repentinos. Ciclo on e off: Ciclo on regula o tempo em que a corrente circula pelo eletrodo durante cada ciclo de estimulação, marca o tempo de máxima contração muscular e varia de 0 a 30s. O ciclo off marca o tempo de repouso de contração muscular e varia de 0 a 60s. Nesse ciclo, a corrente não circula pelos eletrodos. Modo (sincronizado e recíproco) → Sincronizado: Os dois canais funcionam ao mesmo tempo no ciclo on e off selecionados; → Recíproco: Os canais funcionam alternadamente; enquanto um está no ciclo on, o outro está no ciclo off. Estimulação Elétrica Funcional - FES A relação entre o tempo de contração e o tempo de repouso (Ton x Toff) em músculos mais fracos deve ficar em torno de 1:2 e, em músculos mais próximos do normal, relação de 1:1. Um tempo de contração entre 10 e 15 segundos tem sido preferido pela maioria dos autores. Estudos mostram que os níveis da adenosina-tritosfatase (ATPase) são maiores quando se trata eletricamente a musculatura junto com a cinesioterapia, em pacientes que estão se recuperando de atrofias musculares por desuso (por exemplo), comparando com os que fazem só a cinesioterapia. Os eletrodos são de borracha/silicone e deve-se determinar se sua colocação será pela técnica monopolar ou bipolar. Avaliação para aplicação da FES Antes de aplicar a FES, devemos ter em mente que certas condições interferem na realização da técnica, tais como: Obesidade; Presença de neuropatias periféricas; Distúrbios sensoriais importantes; Aceitação do paciente; Conhecimento da técnica pelo terapeuta. Como a técnica da FES tem objetivos funcionais, devemos conhecer o grau da espasticidade do nosso paciente, a capacidade de resposta à corrente e a avaliação da articulação através da goniometria e movimentação passiva. Tipo de estimulação que utiliza correntes com intensidade na faixa dos microampères; opera a menos de 1000µA, sendo então aplicadas em nível subsensorial ou sensorial muito baixo. Os aparelhos de microcorrente liberam no corpo uma corrente elétrica com amperagem de cerca de 1/1000 da TENS, mas com duração de pulso que pode ser até 2500 vezes maior. A principal característica é que a microcorrente não consegue ativar as fibras nervosas sensoriais cutâneas, e não excita os nervos periféricos. Seus estimuladores podem liberar correntes contínuas, alternadas ou pulsadas, em uma ampla variedade de formas de ondas (STARKEY, 2017). Efeitos fisiológicos e terapêuticos - Restabelecimento da bioeletricidade celular A aplicação correta da microcorrente em uma lesão pode aumentar o fluxo de corrente endógena, fazendo com que a área lesada recupere sua capacitância, diminuindo a resistência desse tecido e levando ao reestabelecimento da homeostase. Segundo Borges (2006), a terapia das microcorrentes pode ser vista como um catalizador útil na iniciação de reaçõeseletroquímicas que ocorrem no reparo tecidual. Microcorrentes INDICAÇÕES: Facilitação neuromuscular; Fortalecimento muscular; Aumento ou manutenção de amplitude de movimento articular; Espasticidade e contraturas musculares; Substituição ortótica; Esclerose múltipla; Hemiplegia; Lesão medular; CONTRAINDICAÇÕES Cardiopatias e arritmia; Portadores de marcapasso; Região dos olhos e mucosas; Região cardíaca; Útero gravídico Lesão nervosa periférica; Incremento a síntese de trifosfato de adenosina (ATP) Quando um tecido é lesionado, ocorre aumento da resistência elétrica e baixa na síntese de ATP. Essa resistência causa redução no suprimento de oxigênio e nutrientes e do fluxo sanguíneo. Essa circulação diminuída leva ao acúmulo de resíduos metabólicos, demostrando que há redução da síntese de ATP. A microcorrente consegue reestabelecer a síntese de ATP, favorecendo o fluxo de nutrientes para as células lesionadas e eliminando os resíduos metabólicos. O ATP também é responsável por favorecer o transporte de íons e aminoácidos através das membranas, fornecendo energia para a síntese de proteínas, como o colágeno. Dessa forma, a microcorrente auxilia no processo de reparo tecidual. Efeitos fisiológicos terapêuticos → Analgesia; → Aceleração do reparo tecidual; → Reparo de fraturas ósseas por aumentar a osteogênese; → Anti-inflamatório; → Bactericida; Técnica de aplicação e eletrodos Nas microcorrentes, os eletrodos mais efetivos são os de prata, mas podemos utilizar os eletrodos de borracha/silicone, autoadesivos e os do tipo caneta. Quanto aos parâmetros de modulação, utilizamos frequências que giram em torno de 100 a 200Hz no tratamento de áreas mais superficiais, e de 600 a 1000Hz para estruturas mais profundas, com os eletrodos posicionados transversalmente. Deve-se fixar o nível de intensidade à posição confortável mais alta, cerca de 500- 600µA, para eletrodos do tipo caneta. INDICAÇÕES: Analgesia; Processo cicatricial; Inflamação; Diminuição de edema; Lesões por pressão; Disfunções musculoesqueléticas; Fraturas e calcificação óssea; Disfunção temporomandibulares (DTMs).; CONTRAINDICAÇÕES: Síndromes dolorosas e de causa desconhecida; Gravidez; Marcapasso; Lesões infectadas; Neoplasias; Região do globo ocular; Seio carotídeo; Região da musculatura laríngea; Osteomielite;
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