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Fisiot Aplicada a Saude da Mulher - Unid II

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59
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Unidade II
5 UROGINECOLOGIA
A uroginecologia é uma das áreas, na saúde da mulher, em que o fisioterapeuta tem seu trabalho 
bastante reconhecido, principalmente no tratamento da incontinência urinária (IU). Atualmente, é difícil 
uma mulher com IU realizar uma cirurgia como tratamento inicial sem antes passar pelo tratamento 
conservador com o fisioterapeuta. Além disso, mesmo realizando a cirurgia, essa mulher precisará de 
fisioterapia no pós-operatório para garantir o sucesso da intervenção.
Entretanto, antes de estudar a uroginecologia em si, é preciso conhecer bem a anatomia e a fisiologia 
do sistema urinário feminino. Anteriormente, vimos rapidamente a anatomia, entretanto, a partir de 
agora, o assunto será mais detalhado e relacionado ao sistema urinário.
5.1 Anatomia do sistema urinário
5.1.1 Bexiga
A bexiga é um órgão autônomo, de musculatura lisa, cuja função é armazenar a urina sem esforço, 
dor ou perda involuntária e eliminá-la de forma voluntária, também sem dor ou esforço. Ela é envolvida 
pelo músculo detrusor e inervada pelos nervos hipogástrico e pélvico.
5.1.2 Uretra
A uretra é constituída por músculos estriado e liso da parede uretral. Sua função é realizar o fechamento 
uretral e manter a resistência elevada durante a fase de armazenamento, independentemente de fatores 
intrínsecos e extrínsecos.
Entre os fatores intrínsecos estão a integridade das estruturas anatômicas da uretra, elasticidade e 
tônus. Já entre os extrínsecos estão as estruturas que sustentam a uretra, ou seja, músculos, fáscias 
e ligamentos.
5.1.3 Fáscia endopélvica
A fáscia endopélvica pode ser dividida em dois folhetos, o parietal e o visceral. O folheto parietal 
reveste as paredes abdominal e pélvica, e o folheto visceral funciona como um “envelope” para o útero, 
a vagina, a bexiga e o reto.
Dentro do folheto visceral, encontra-se uma fáscia importante na manutenção do suporte vesical 
e do eixo uretrovesical, a fáscia pubocervical, que ainda pode ser dividida em porção horizontal e 
porção vertical.
60
Unidade II
A porção horizontal da fáscia pubocervical sustenta a vagina e a bexiga, enquanto a porção vertical 
sustenta a uretra e fornece apoio a esta durante o esforço. Portanto, pode-se observar que as fáscias 
têm um importante papel na continência.
 Lembrete
Fáscias são estruturas formadas por tecido conjuntivo fibroso que 
interligam e envolvem estruturas do nosso corpo, além de desempenhar 
um importante papel de apoio ao sistema musculoesquelético.
5.1.4 MAP
Anteriormente, foram detalhados todos os músculos que compõem os MAP. Nesta etapa, é 
importante saber que toda essa musculatura é composta por fibras rápidas e lentas – 70% dos MAP 
são compostos por fibras de contração lenta ou sustentadas, fibras tônicas ou fibras do tipo I e os 
outros 30% são formados por fibras de contração rápida, fibras fásicas ou do tipo II. Assim, a principal 
função dos MAP é sustentar estruturas, como pode ser observado na figura a seguir. A compreensão 
a respeito dos MAP é muito importante, uma vez que os exercícios propostos à paciente estarão 
relacionados a essa função.
A contração dos MAP é diferenciada por três camadas, e cada uma delas contrai em sentidos diferentes. 
A camada superior, por exemplo, participa do mecanismo de continência, realizando contrações na 
direção horizontal, com o músculo elevador do ânus contraindo na direção horizontal posterior, e todos 
os outros na direção horizontal anterior. A camada inferior também realiza contrações horizontais, mas 
com a função de sustentação. Já a camada intermédia apresenta cotrações no sentido caudal.
Musculatura longitudinal 
do ânus 
Elevadores do ânus
Região Região 
lombossacralombossacra
(EA)(EA)
Esfíncter Esfíncter 
externo do ânusexterno do ânus
Região doRegião do
PúbisPúbis
Músculo puborretal
Músculo 
pubococcígeo
Figura 34 – Sustentação dos órgãos pelos MAP
Disponível em: https://bit.ly/3C5QPVG. Acesso em: 3 fev. 2021.
61
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
5.1.5 Inervação dos MAP
Dois nervos principais realizam a inervação dos MAP: o nervo sacral, raízes S3 e S4, que inerva o 
músculo elevador do ânus, e o nervo pudendo, raízes de S2 a S4, que inerva os músculos esfíncter externo 
do ânus e da uretra, transverso superficial e profundo do períneo, isquiocavernoso e bulboesponjoso.
5.1.6 Ligamentos do assoalho pélvico
Os ligamentos são estruturas resultantes de condensações da fáscia endopélvica. São estruturas 
contráteis, portanto têm um importante papel no suporte dos órgãos pélvicos, e a falta de integridade 
deles pode induzir a algumas disfunções pélvicas.
A vagina e o útero são sustentados com auxílio dos ligamentos uterosacral e cardinal, a bexiga é 
sustentada pelo ligamento pubovesical, e a uretra e o ânus pelos ligamentos pubouretral e anococcígeo, 
respectivamente. Os principais ligamentos podem ser visualizados na figura a seguir.
Região Região 
lombossacralombossacra
PúbisPúbis
Ligamentos
Ligamentos
Útero
CérvixCérvix
Corpo perinealCorpo perineal
Bexiga
LC
Ligamentos
Ligamento 
cardinal
Reto
Figura 35 – Ligamentos
Disponível em: https://bit.ly/3k6ErhE. Acesso em: 3 fev. 2021.
5.2 Fisiologia da micção
A micção é um processo cíclico do nosso organismo no qual a urina é armazenada e eliminada. 
Essa função é autonômica, portanto, mediada pelo sistema nervoso autônomo, apesar de poder ser 
influenciada por aspectos culturais, comportamentais, sociais, neurológicos, alterações emocionais, bem 
como pelo gênero e pela idade.
Para compreender melhor como ocorre a micção e todas as suas etapas, ela será dividida em duas 
fases: fase de armazenamento e fase de esvaziamento, que serão exploradas a seguir.
62
Unidade II
A fase de armazenamento tem função mediada pelo sistema nervoso simpático. Nessa fase, com 
a distensão da parede vesical para o acúmulo de urina na bexiga, mecanoceptores são estimulados e 
encaminham a informação ao cérebro através das vias aferentes sensitivas, mais especificamente ao 
córtex pré-frontal e ao centro pontino da micção, que mantêm o sistema nervoso parassimpático inibido. 
Ocorre, assim, a atuação do sistema nervoso simpático, com a informação retornando via eferente, na 
medula, e utilizando como neurotransmissor pós-ganglionar a noradrenalina (Nor) através do nervo 
hipogástrico (T10-L2), que se liga aos receptores nicotínicos α1 uretrais e β3 vesicais, os quais promovem 
a contração do esfíncter interno e o relaxamento vesical, respectivamente. Simultaneamente, o nervo 
pudendo é ativado, que, por sua vez, realiza a contração do esfíncter uretral externo, aumentando o 
tônus e o fechamento uretral.
Então, quando se tem aquela sensação de repleção vesical, a “bexiga cheia”, após o enchimento 
de determinado volume de urina, essa informação é enviada ao encéfalo por receptores de 
tensão-estiramento e é desencadeado o reflexo miccional no momento e no local adequados, iniciando 
a fase de esvaziamento vesical.
A fase de esvaziamento é mediada pelo sistema nervoso parassimpático. Quando a micção é desejada, 
o centro pontino da micção interrompe a comunicação com o sistema nervoso parassimpático, fazendo 
com que este comece a atuar e interrompa a ação do sistema nervoso simpático. Nessa fase, utiliza-se a 
acetilcolina (Ach) como neurotransmissor através do nervo pudendo (S2-S4), que estimula os receptores 
muscarínicos, provocando a contração vesical e o relaxamento do esfíncter uretral externo.
As funções de armazenamento e esvaziamento vesicais dependem da interação de várias estruturas, 
sistemas nervoso simpático e parassimpático, neurotransmissores, medula espinhal e áreas superiores 
do sistema nervoso central (SNC).
O principal centro facilitador da micção é o centro pontino da micção, localizado no tronco encefálico, 
na substância cinzenta pontina-mesencefálica, e funciona como uma via final de todos os neurônios 
motores vesicais.
O cerebelo tem um importante papel na coordenaçãoe no relaxamento do assoalho pélvico, bem 
como na frequência, força e amplitude de contração do detrusor, além de fazer as interconexões com 
centros encefálicos.
O córtex cerebral, por sua vez, exerce um efeito inibitório sobre a micção.
Portanto, a micção é deflagrada pelo sistema nervoso periférico, mas controlada e mediada pelo SNC.
 Lembrete
A fase de armazenamento vesical, na qual ocorre o relaxamento da bexiga 
e a contração uretral, é mediada pelo sistema nervoso simpático. Já a fase 
de esvaziamento vesical é mediada pelo sistema nervoso parassimpático e 
nela ocorrem a contração da bexiga e o relaxamento da uretra.
63
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
5.3 Fisiopatologia da incontinência urinária
Para entender a fisiopatologia da IU, é necessário conhecer as estruturas que compõem a continência 
urinária. A continência urinária é mantida pela integridade funcional, anatômica e nervosa dos MAP, 
juntamente com a fáscia endopélvica e as estruturas uretrais. Sempre mantemos uma pressão uretral 
maior que a pressão vesical e qualquer interrupção nessa integridade gera disfunções, como a IU.
A IU é definida como queixa de qualquer perda involuntária de urina, exceto em crianças. Ela é mais 
comum em mulheres e pode acometer até 50% delas em alguma fase da vida. A IU pode ser classificada 
em três diferentes tipos:
• Incontinência urinária de esforço (IUE): caracterizada por uma perda involuntária de urina por 
esforços, durante o exercício físico, ou ao tossir, rir ou espirrar.
• Incontinência urinária de urgência (IUU) ou emergência ou urgecontinência: caracterizada 
por uma perda urinária acompanhada de forte desejo miccional.
• Incontinência urinária mista: quando há IUE e IUU, simultaneamente.
Antes de discutir mais sobre a IU, é necessário conhecer algumas nomenclaturas importantes, que 
podem ser classificadas de acordo com os sintomas da mulher. Nos sintomas de armazenamento vesical, 
é possível falar em: frequência miccional diurna aumentada, em que a paciente revela urinar muitas 
vezes ao dia; enurese, qualquer perda de urina durante o sono; noctúria, acordar todas as noites, uma 
ou mais vezes, para urinar; e urgência, que é caracterizada por um desejo repentino e dificilmente 
adiável de urinar.
Entre os sintomas de esvaziamento durante o ato miccional estão: jato fraco, em que ocorre a 
diminuição da força do jato de urina; hesitação, dificuldade em iniciar a micção; e esforço para urinar, 
fazer um esforço para iniciar, manter ou aperfeiçoar a micção.
Por último, os sintomas pós-miccionais que ocorrem imediatamente após a micção: sensação 
de esvaziamento incompleto, sensação de ainda ter urina na bexiga após a micção; e gotejamento 
pós-miccional, caracterizado por uma perda involuntária de urina após a micção, que nas mulheres 
ocorre assim que levantam do vaso sanitário, ou seja, quando realizam um esforço.
5.3.1 IUE
Como visto anteriormente, a IUE é definida como qualquer perda involuntária de urina por esforços, 
tosse ou espirro, ou seja, quando há aumento da pressão intra-abdominal. Esse tipo de incontinência é 
a mais comum e afeta cerca de 23% da população mundial. A perda de urina causa constrangimento, 
isolamento social e impacto negativo na qualidade de vida.
Normalmente, quando aumentamos a pressão intra-abdominal, realizamos reflexamente a contração dos 
MAP e, consequentemente, ocorre maior deslocamento do colo vesical, coaptação uretral e manutenção 
64
Unidade II
da pressão uretral maior que a pressão vesical para que não ocorra a perda de urina. Faça um teste: tente 
forçar uma tosse ou realize uma manobra de Valsalva, na qual você inspira o ar e o prende, aumentando 
a pressão intra-abdominal. Perceba como, reflexamente, você contrairá os MAP.
No caso da IUE, essa contração reflexa não acontece ou é insuficiente. Portanto, esse tipo de IU 
ocorre, principalmente, por três motivos: fraqueza ou atrofia dos MAP, ruptura ou estiramento da fáscia 
endopélvica ou alteração na vascularização da mucosa, que causa um fechamento anormal da uretra, 
gerando uma pressão vesical maior que a pressão uretral e, por isso, ocorre a perda da urina.
Existem alguns fatores de risco que predispõem pacientes a terem IUE: atletas de alto nível, exercícios 
de alto impacto, obesidade, tabagismo, constipação intestinal, multiparidade (acima de três gestações), 
IU gestacional, uso de fórceps, episiotomia, recém-nascido acima de 4 kg, tempo prolongado de trabalho 
de parto, déficit de colágeno no tecido conectivo pélvico e déficit de elastina na matriz celular.
5.3.2 IUU
Na IUU, a mulher se queixa de perda involuntária de urina acompanhada por ou imediatamente 
precedida de urgência, o desejo súbito de urinar e difícil de adiar. Nesse tipo de IU ocorre a contração 
involuntária do detrusor, que assim como na IUE, acarretará uma pressão vesical maior que a 
pressão uretral.
Uma patologia que tem entre seus sintomas a IUU e que muitas vezes é diagnosticada como tal 
é a síndrome da bexiga hiperativa ou hiperatividade do detrusor. Esses pacientes apresentam como 
característica a presença de contrações involuntárias do detrusor no estudo urodinâmico, ou seja, 
sem que se dê ordem para urinar, ocorre a contração do detrusor. Além disso, estão presentes outros 
sintomas, como urgência miccional, aumento da frequência, noctúria e enurese.
Essa hiperatividade do detrusor pode ser classificada de acordo com sua etiologia em neurogênica 
ou idiopática. A do tipo neurogênica ocorre em pacientes com disfunções neurológicas, e a idiopática, 
quando não há causa aparente e ocorre em pacientes sem alterações neurológicas.
Normalmente, a IUU, devido à falta do controle miccional, gera maior perda de urina que na IUE, 
impactando negativamente a qualidade de vida das pacientes em virtude da urgência. São pacientes 
que, por exemplo, quando saem de casa, querem saber onde é o banheiro e ficam sempre próximas a ele.
5.4 Diagnóstico da IU
Inicialmente, para diagnosticar um paciente com IU, ele deve ter como queixa a perda involuntária 
de urina. Então, antes de iniciar qualquer avaliação, deve-se excluir a possibilidade de infecção do trato 
urinário (ITU) e, portanto, devem ser solicitados exames de urina I e urocultura. Descartada a hipótese 
de ITU, a IU poderá ser diagnosticada através de dois testes simples: o diário miccional e o pad test ou 
teste do absorvente.
65
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
O diário miccional avalia o horário das micções, o volume de líquido ingerido, os episódios de 
incontinência e o grau da urgência ou incontinência. Já o pad test é utilizado para quantificar a perda 
de urina durante os episódios de incontinência, podendo ser realizado como testes provocativos ou em 
até 24 horas.
O pad test de uma hora é preconizado e validado pela International Continence Society (ICS). 
Nesse teste, a paciente coloca um absorvente, com o peso previamente aferido, e em seguida ingere 
500 mL de água e fica 15 minutos em repouso. Depois, ela executa atividades provocativas, como subir e 
descer escadas, sentar e levantar, tossir, pegar objetos no chão, lavar as mãos e, então, após uma hora, o 
absorvente é retirado e pesado. O teste é considerado positivo para IU quando o peso do absorvente for 
maior que 1,1 gramas. Já no caso do teste de 24 horas, o absorvente será pesado e a mulher irá utilizá-lo 
por 24 horas, sendo sempre orientada a realizar suas atividades comuns, sem alterar a rotina. Após as 
24 horas, o absorvente será novamente pesado; se ele estiver com um peso maior que 4 gramas, a 
paciente será considerada positiva para IU.
Outro exame utilizado para o diagnóstico de IU é a urodinâmica, que realiza um estudo do 
funcionamento da bexiga e da uretra durante as fases de armazenamento, enchimento e esvaziamento.
5.5 Tratamento da IU
O tratamento da IU, assim como em outras patologias que envolvem a saúde da mulher, deve ser 
sempre multidisciplinar. Atualmente, os médicos têm sempre optado, inicialmente, pelo tratamentoconservador e somente diante de um resultado não satisfatório é indicado o tratamento cirúrgico.
A fisioterapia é uma das bases do tratamento da IU, e mesmo quando se opta pelo tratamento 
cirúrgico, a paciente deverá realizar fisioterapia especializada no pré e no pós-operatório.
Além da fisioterapia, no tratamento conservador, a paciente é orientada a diminuir os fatores 
agravantes, como obesidade, tabagismo, ingesta excessiva de líquidos e controle de outras patologias 
que interfiram no trato urinário. Existem também medicamentos específicos que podem ser utilizados, 
como estimulantes α adrenérgicos, hormônios, anticolinérgicos e antimuscarínicos.
Já o tratamento especializado é realizado através de aplicação de toxina botulínica ou neuromodulação. 
Por último, o tratamento cirúrgico é mais utilizado quando o tratamento conservador falha. Existem 
várias técnicas cirúrgicas, que são mais efetivas para IUE, mas, na síndrome da bexiga hiperativa, o 
insucesso é alto e o risco de infecções é grande. As técnicas mais utilizadas para IUE são as suspensões 
suprapúbicas e os slings. Na suspensão suprapúbica, são realizadas de duas a três suturas na via púbica 
e os tecidos são elevados. Os slings são faixas que podem ser inseridas em diferentes vias – abdominal, 
vaginal ou ambas – para compensar o enfraquecimento da musculatura.
66
Unidade II
5.6 Distopias genitais
As distopias genitais ou prolapsos genitais ocorrem devido a um relaxamento generalizado da 
fáscia endopélvica com envolvimento tanto das fibras musculares quanto do tecido fibroso, podendo 
ocorrer um defeito de ligação da fáscia com a parede da pelve. Com isso, quando a paciente faz um 
esforço, as vísceras se deslocam para baixo e ocorre a descida patológica do órgão pélvico, devido ao 
defeito de sustentação.
São patologias mais comuns em mulheres e, com o aumento da idade, há mais risco de ocorrer 
o relaxamento pélvico, por isso há prevalência em mulheres mais velhas. Entretanto, existem vários 
fatores intrínsecos e extrínsecos que contribuem para o aparecimento das distopias.
Entre os fatores intrínsecos estão:
• hereditariedade;
• raça, acometendo mulheres brancas, com maior frequência;
• doenças neurológicas que causam diminuição da força dos tecidos;
• alterações posturais, como aumento da cifose torácica, diminuição da lordose lombar e orientação 
vertical da bacia;
• alterações no tecido conjuntivo;
• estado nutricional ruim.
Entre os fatores extrínsecos é possível citar condições nas quais as pressões abdominal ou intra-abdominal 
fiquem aumentadas por tempos prolongados e condições hormonais, como:
• fatores relacionados à gravidez e ao parto, como período expulsivo prolongado, aumento de peso 
superior a 13 kg, recém-nascido com peso maior que 4 kg e aumento da progesterona;
• efeitos hormonais que ocorrem na pós-menopausa, como a diminuição do estrógeno;
• condições que aumentam a pressão abdominal, como tosse crônica ou obesidade;
• constipação intestinal crônica;
• tabagismo;
• atletas ou mulheres que praticam atividade física em excesso;
67
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
• trabalho físico em que se realizam atividades com levantamento constante de peso;
• cirurgias na região do assoalho pélvico, como histerectomia.
Pacientes com distopias genitais apresentam um quadro clínico com sintomas que afetam diferentes 
sistemas – urinário, sexual e intestinal –, e sintomas locais. Entre os sintomas urinários, pode estar 
presente IU, aumento da frequência miccional, esvaziamento incompleto e hesitação. Já entre os sintomas 
sexuais, podem-se destacar a dor ou desconforto ao coito, dificuldade na penetração e diminuição 
da sensação vaginal. Os sintomas intestinais, como prisão de ventre, dificuldade ou desconforto para 
defecar, sensação de evacuação incompleta, incontinência fecal ou flatos e urgência fecal são mais 
comuns em prolapsos do reto e do intestino. Por último, a paciente pode relatar sintomas na região do 
prolapso, ou seja, sensação de pressão ou peso na região vaginal, dor vaginal e perineal e visualização 
da protrusão do tecido.
O diagnóstico da patologia é realizado, principalmente, através do exame físico, que consiste em 
exame pélvico padrão utilizando espéculo vaginal, toque, determinação de simetria e força dos MAP 
e exame da extensão máxima do prolapso. Para isso, devem ser realizadas manobras provocativas com 
aumento de pressão abdominal, manobra de Valsalva, tosse e em diferentes posturas, como decúbito 
dorsal, sentada e em pé.
Exames complementares também devem ser realizados, incluindo a urodinâmica, e exames de 
imagem, ressonância nuclear magnética (RNM) e ultrassom (US).
5.6.1 Classificação das distopias
Os prolapsos podem ser classificados por graus através da classificação de Baden Walker. O prolapso 
de cada segmento é avaliado de acordo com sua posição anatômica em relação ao hímen, podendo ser 
graduado de zero a quatro, como demonstrado no quadro e na figura a seguir.
Quadro 1 – Classificação de Baden Walker para distopias genitais
Graduação
Grau 0 Ausência de prolapso
Grau 1 Prolapso leve; antes do hímen
Grau 2 Prolapso moderado; atinge o hímen
Grau 3 Prolapso grave; ultrapassa parcialmente a entrada da vagina
Grau 4 Prolapso total; órgão totalmente para fora
Adaptado de: Baracho (2007).
68
Unidade II
Grau 2
Grau 3
Grau 4
Grau 1 Plano médio vaginal
Anel himenal
Eversão completa
1972
Baden
Introito
Figura 36 – Classificação de Baden Walker
Fonte: Baracho (2007, p. 317).
Os prolapsos são nomeados e classificados de acordo com o órgão que é deslocado para baixo, 
podendo ser do tipo cistocele, enterocele, prolapso uterino, retocele e prolapso da cúpula vaginal.
No tipo cistocele, a bexiga urinária aparece na face anterior da parede vaginal; no enterocele, o 
intestino desce na face posterior da vagina; no prolapso uterino, ocorre a descida do útero, aparecendo 
inicialmente o colo e, depois, o corpo uterino. Já no tipo retocele, o reto desce sobre a face vaginal 
posterior e, por último, no prolapso da cúpula vaginal, a vagina desce sobre ela mesma, como se 
invertesse sua posição. Esse tipo de prolapso é mais comum em mulheres que realizaram histerectomia, 
ou seja, a retirada de útero e ovários.
5.6.2 Tratamento
O tratamento das distopias ou prolapsos deve ser sempre multidisciplinar. Ainda existem poucos 
estudos em relação ao efeito da fisioterapia no tratamento dessas patologias. Entretanto, os melhores 
resultados demonstrados são nos graus 1 e 2, ou seja, até o prolapso moderado. Nos estágios mais 
graves, 3 e 4, a mulher já tem indicação cirúrgica, mas, após a intervenção, haverá necessidade da 
atuação da fisioterapia. Bons resultados também são apresentados em relação à fisioterapia como 
forma de prevenção dos prolapsos.
69
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Entre as técnicas utilizadas estão, principalmente, a cinesioterapia e o uso dos cones vaginais, que serão 
discutidos adiante. Orientações sobre redução de peso e de esforço físico também são recomendados.
5.7 Avaliação fisioterapêutica nas disfunções uroginecológicas
Antes de discutir as diferentes técnicas de tratamento, é necessário aprender a avaliar a paciente. 
A avaliação uroginecológica apresenta características específicas e deve ser realizada com muito cuidado 
e atenção. Afinal, através de uma avaliação minuciosa, é possível traçar objetivos específicos para a 
paciente e realizar uma conduta precisa e eficaz. Assim, uma boa avaliação é extremamente importante 
para o fisioterapeuta.
A avaliação deve se iniciar por uma anamnese detalhada. Nesse momento inicial, deve-se questionar 
a paciente sobre sua história clínica, incluindo todo o histórico gineco-obstétrico e urológico, perguntar 
sobre a queixa principal, quando os sintomas se iniciaram, se apresenta alguma patologia associada, 
como diabetes, infecções ou doenças neurológicas, pois estas podem estar interferindo na atual 
disfunção, se já realizou cirurgias anteriormente,quais as medicações em uso e quais sintomas apresenta 
atualmente. Entre os sintomas urinários, questionar sobre dor, urgência, noctúria, enurese, aumento de 
frequência miccional e, especificamente, sobre a IU; perguntar sobre a frequência de perdas de urina, 
fatores desencadeantes, impacto social e qualidade de vida.
A paciente deve realizar exames complementares, como urina tipo I, urocultura e urodinâmica. O pad 
test de 24 horas é indicado na avaliação inicial, juntamente com a realização de um diário miccional de, 
no mínimo, 3 dias. Além desses recursos, um questionário deve ser aplicado, como o Questionnaire for 
urinary incontinence diagnosis (Quid), validado e traduzido para o português, o qual distingue sintomas 
de incontinência por esforço e de urgência. A paciente deve responder se possui IU, mesmo que em 
gotas, em seis diferentes situações e com qual frequência. O teste está detalhado no quadro a seguir.
Quadro 2 – Quid
Você apresenta IU mesmo em gotas 
nessa situação? Nunca Raro Às vezes Frequente
Maior parte 
do tempo
O tempo 
todo
1. Tosse/espirra 0 1 2 3 4 5
2. Abaixa/levanta peso 0 1 2 3 4 5
3. Caminha rápido/corre/exercita 0 1 2 3 4 5
4. Ao tirar a roupa para ir ao banheiro 0 1 2 3 4 5
5. Com vontade forte/incontrolável de 
urinar e perde urina antes de chegar 
ao banheiro
0 1 2 3 4 5
6. Corre ao banheiro por sentir desejo 
forte e súbito de urinar 0 1 2 3 4 5
Adaptado de: Baracho (2007).
Após essa anamnese, deve-se realizar um exame físico com a paciente em posição ginecológica, 
em decúbito dorsal e com as pernas flexionadas e abduzidas. Começa-se pela inspeção, que deve ser 
70
Unidade II
realizada em repouso e, depois, solicita-se a contração dos MAP, para observar a coloração da região 
vaginal e se há presença de cicatrizes, feridas, prolapsos, secreções e assimetrias. Após isso, realizar 
manobras chamadas provocativas, ou seja, manobras que aumentam a pressão intra-abdominal, por 
exemplo, tosse. Então, pedir para a paciente tossir e observar se há contração reflexa dos MAP, depois, 
solicitar que faça Valsalva e observar se há prolapsos ou perda de urina. Durante a inspeção, também deve 
ser realizada uma avaliação postural, pois algumas assimetrias pélvicas podem gerar danos nos MAP.
A seguir, deve ser iniciada a palpação uni ou bidigital. Mantendo a paciente em posição ginecológica, 
introduzir o segundo e/ou terceiro dedos até o terço médio da vagina com luva lubrificada e, então, 
sentir se há assimetria, laceração, pontos dolorosos ou atrofia das paredes vaginais e dos MAP. Durante 
a palpação, também deve ser testado o reflexo bulbocavernoso ou clitoriano: ao estimular o clitóris, com 
um leve toque, ele deve realizar uma sutil elevação.
Após a palpação, o fisioterapeuta deve realizar o teste de força muscular manual específico dos MAP, 
mantendo o segundo e/ou o terceiro dedos na vagina da paciente e utilizando o método Perfect (power, 
endurance, repetition, fast contractions, every contraction time) para avaliação e a escala de Oxford de 
zero a cinco para graduação da força, ambos demonstrados nos quadros a seguir.
Quadro 3 – Método Perfect
P Power (força) Medida de força muscular durante a contração voluntária máxima, graduada pela escala de Oxford
E Endurance (duração) Quantidade de tempo que a contração é mantida e sustentada, preferencialmente, acima de 10 segundos
R Repetition (repetição) Número de contrações mantidas, quantas repetições fez e por quantos segundos as sustentou
F Fast contractions (contrações rápidas)
Número de contrações rápidas: contração e relaxamento o mais 
rápido e o mais forte possível 
ECT
Every contraction 
time (tempo de toda 
contração)
Monitorar a habilidade do relaxamento, que deve ser sempre rápido 
e completo
Adaptado de: Baracho (2007).
Quadro 4 – Escala de Oxford para os MAP
Graduação
0 Ausência de contração
1 Esboço de contração
2 Contração fraca
3 Contração média, com elevação dos dedos sem resistência
4 Contração boa, com elevação dos dedos com resistência
5 Contração forte, com elevação e ascensão dos dedos com resistência
Adaptado de: Baracho (2007).
71
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
A avaliação da força muscular pode ser também realizada através de aparelhos conhecidos como 
Perina (figura 38), que utilizam a manometria, a qual avalia a pressão de contração dos MAP. Outra 
avaliação dos MAP pode ser realizada através da eletromiografia de superfície (EMG), que faz a captação 
da atividade mioelétrica do músculo, ou seja, a EMG não avalia a força muscular, mas a ativação 
muscular, podendo ser utilizados nessa avaliação eletrodos de superfície ou intracavitários (figura 39), 
mas estes são mais utilizados devido à menor interferência no sinal a ser tratado. Durante essas duas 
avaliações, o fisioterapeuta deve, inicialmente, observar se a paciente consegue relaxar a musculatura; 
depois, partindo do relaxamento, solicitar que ela faça três repetições máximas e rápidas, e, após esses 
dois testes, solicitar que faça uma contração forte e a sustente por pelo menos 10 segundos, com as 
curvas bem parecidas.
Através das avaliações da força e ativação dos MAP, é possível conseguir detectar a contração e o 
relaxamento muscular voluntário em momentos adequados. Caso essa contração ou relaxamento não 
esteja acontecendo, é detectada a disfunção dos MAP, que pode estar acontecendo por três fatores: 
hiperatividade ou hipertonia dos MAP, hipoatividade ou enfraquecimento dos MAP, ou, então, não 
funcionamento dos MAP.
A partir da avaliação, o fisioterapeuta deve traçar objetivos, metas e condutas de tratamento 
adequados e individualizados.
Figura 37 – Aparelho de manometria Perina
Disponível em: https://bit.ly/3nsYwAN. Acesso em: 3 fev. 2021.
72
Unidade II
Figura 38 – Eletrodo intracavitário
Disponível em: https://bit.ly/3kgbEaB. Acesso em: 3 fev. 2021.
5.8 Disfunções dos MAP
Nas IUE, ocorre uma deficiência no suporte uretral, promovendo uma pressão vesical maior que 
uma pressão uretral, por hiperatividade ou hipoatividade dos MAP. Já nas IUU, é possível destacar a 
hiperatividade do detrusor, devido à bexiga hiperativa.
5.8.1 Hiperatividade dos MAP
Na hiperatividade dos MAP, os músculos não relaxam e podem até contrair quando não são solicitados. 
A paciente, em geral, apresenta dificuldade de micção ou evacuação, infecções urinárias de repetição, 
distúrbios sexuais, como vaginismo (contração involuntária durante o ato sexual) e dispaneuria (dor 
durante o ato sexual) e dor pélvica. Durante a avaliação e o exame físico, a paciente apresentará dor na 
palpação e dificuldade de contração e relaxamento da musculatura. Portanto, o objetivo da fisioterapia 
será relaxar a musculatura e conscientizar a função muscular, ou seja, a mulher deverá perceber quando 
contrair e relaxar a musculatura. Para isso, é possível utilizar como recursos terapêuticos o biofeedback, 
a manometria, a eletroestimulação e a massagem perineal. Todos os recursos serão discutidos a seguir.
5.8.2 Hipoatividade dos MAP
Na hipoatividade, os músculos não contraem de forma efetiva voluntariamente ou quando são 
solicitados, portanto, no exame físico, pode-se notar uma diminuição da força de contração dos MAP, 
com queixas como IUE e anorgasmia por parte da paciente. Devido à perda de força, os principais 
objetivos de tratamento são fortalecer os MAP e conscientizar sobre a função muscular, podendo ser 
utilizados como recursos terapêuticos cinesioterapia, biofeedback, cones vaginais e eletroestimulação.
73
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
5.8.3 Bexiga hiperativa
Não se deve confundir bexiga hiperativa com hiperatividade dos MAP. Na bexiga hiperativa, ocorrem 
as contrações involuntárias do detrusor. Portanto, o tratamento é diferente, por meio da terapia 
comportamental, além da cinesioterapia e da eletroestimulação.
5.9 Recursos terapêuticos nas disfunções uroginecológicas
5.9.1 Terapia comportamental
A terapia comportamental é utilizada com o objetivo de realizar oretreinamento vesical, fazendo com 
que a paciente aprenda a inibir as contrações do detrusor, ou seja, ela irá readquirir o funcionamento 
sadio da bexiga através de hábitos saudáveis.
A terapia se inicia através da análise do diário miccional da paciente, observando o menor intervalo 
em que ela apresentou a perda de urina. A partir disso, a paciente será orientada a realizar micções 
com hora marcada, em intervalos menores que o da perda de urina. Então, aos poucos, esse intervalo é 
aumentado quando a paciente não tiver perdas urinárias. Além disso, a ingesta hídrica também deverá 
ser controlada e, durante toda a terapia comportamental, é aconselhado o uso de absorventes.
5.9.2 Cinesioterapia
Arnold Kegel, no final da década de 1940, foi quem introduziu os exercícios de fortalecimento dos 
MAP para tratar as incontinências urinárias. Atualmente, preconiza-se o treinamento dos músculos 
do assoalho pélvico (TMAP), um programa de exercícios para melhorar força, resistência, potência e 
relaxamento dos MAP, que podem ser realizados em conjunto ou não.
A cinesioterapia deve incluir exercícios de contrações lentas e prolongadas para o recrutamento de 
fibras do tipo I, que representam 70% do assoalho pélvico, exercícios de contrações rápidas e fortes, 
que recrutam fibras do tipo II, presentes em 30% do assoalho pélvico, e exercícios para conscientização 
da região perineal. Os exercícios devem ser realizados em diferentes posturas, associados a outros 
movimentos, realizando contrações isoladas e em conjunto com os músculos sinergistas.
Os exercícios devem sempre ser prescritos de forma individualizada, seguindo a avaliação e os 
objetivos traçados, por isso são considerados uma prática segura, sem efeitos colaterais. Além disso, 
os exercícios devem ser realizados como prevenção e ser mantidos de forma contínua. Outros tipos de 
exercício como relaxamento, alongamentos e exercícios para melhora da consciência corporal também 
podem ser utilizados.
74
Unidade II
Figura 39 – Almofada auxiliando a isolar a ação dos músculos sinergistas
Fonte: Baracho (2007, p. 438).
Figura 40 – Cinesioterapia para assoalho pélvico associada à mobilização pélvica
Fonte: Baracho (2007, p. 419).
75
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Figura 41 – Cinesioterapia para assoalho pélvico associada à contração abdominal
Fonte: Baracho (2007, p. 420).
 Saiba mais
Para conhecer mais sobre os benefícios do TMAP, leia a revisão 
sistemática a seguir:
DUMOULIN, C; CACCIARI L. P.; HAY-SMITH, E. J. C. Pelvic floor muscle 
training versus no treatment, or inactive control treatments, for urinary 
incontinence in women. Cochrane Database of Systematic Reviews, issue 
10, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3zqudgf. Acesso em: 3 fev. 2021.
5.9.3 Biofeedback
O biofeedback é um recurso capaz de fornecer informação imediata à paciente a respeito da 
contração muscular que está sendo realizada, por meio de sinais sonoros ou visuais, levando-a a se 
motivar e a obter controle voluntário dessa contração, promovendo também maior conscientização da 
musculatura. É uma técnica que pode ser utilizada em pacientes desmotivadas ou que não conseguem 
compreender a forma correta de contrair os MAP. Existem dois tipos de biofeedback: o manométrico e 
o eletromiográfico, como mostrados na figura a seguir.
76
Unidade II
O biofeedback manométrico é realizado através do manômetro e capta a pressão dos MAP, utilizando 
uma sonda intracavitária, que pode ser vaginal ou anal. Como o feedback é visual, a paciente vê essa escala 
subindo – que pode ser arbitrária, de luz ou coluna de água ou gel e milímetros de mercúrio (mmHg).
Já o eletromiográfico utiliza a EMG de superfície como meio de captação e registro da atividade 
mioelétrica dos MAP, podendo ser utilizados protocolos para treinamento de força, resistência ou para 
relaxamento muscular. Além disso, podem ser recrutadas as diferentes fibras musculares, utilizando 
contrações sustentadas ou rápidas, diversas situações de esforço e diferentes posturas.
Figura 42 – Biofeedback eletromiográfico (esquerda) e manométrico (direita)
Fonte: Baracho (2007, p. 439).
Figura 43 – Trabalho de fibras musculares do tipo II através do biofeedback eletromiográfico
Fonte: Baracho (2007, p. 459).
77
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Figura 44 – Trabalho de fibras musculares do tipo I através do biofeedback eletromiográfico
Fonte: Baracho (2007, p. 460).
Figura 45 – Relaxamento observado nos MAP
Fonte: Baracho (2007, p. 461).
5.9.4 Cones vaginais
Os cones vaginais são dispositivos intravaginais utilizados para o treinamento dos MAP. Eles treinam 
mais a resistência muscular, portanto, as fibras do tipo I. São pesos vaginais com variações de 25 g 
a 65 g, e a padronização de uso é 15 minutos, duas vezes por dia, podendo ser realizado o treino 
passivo, apenas com a sustentação do cone na cavidade vaginal, e o treino ativo, em que a mulher deve 
sustentar o cone durante os exercícios. Com o treino, o terapeuta deve aumentar o peso dos cones e a 
dificuldade dos exercícios.
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Unidade II
Figura 46 – Cones vaginais
Disponível em: https://bit.ly/3kgbEaB. Acesso em: 3 fev. 2021.
5.9.5 Massagem perineal
A massagem perineal tem como objetivos promover o relaxamento da musculatura, dessensibilizar 
áreas dolorosas e dissolver os pontos dolorosos focais (trigger points). Para a realização da massagem, 
a mulher deve se deitar em decúbito dorsal com as pernas e os joelhos semiflexionados e as pernas 
abduzidas. Além disso, o terapeuta deve utilizar luva de procedimento com gel lubrificante neutro e 
toque uni ou bidigital.
5.9.6 Eletroestimulação
A eletroestimulação pode ser utilizada com diferentes objetivos, como conscientizar a contração 
dos MAP, melhorar a dor, proporcionar a hipertrofia ou o aumento da resistência muscular e inibir a 
contração involuntária do detrusor.
Utiliza-se corrente bifásica com onda simétrica e retangular para evitar acomodação através de 
eletrodos intracavitários vaginais ou anais, ou então eletrodos de superfície perineais, parassacrais e 
tibial posterior.
Figura 47 – Eletrodo intracavitário anal
Disponível em: https://bit.ly/3nAH5wL. Acesso em: 3 fev. 2021.
79
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
A frequência utilizada para ativação muscular é de 30 Hz a 65 Hz e, quanto menor a frequência, 
maior a ativação de fibras do tipo I, e quanto maior a frequência, maior a ativação de fibras do tipo II. 
Para inibição do detrusor e dores crônicas, são utilizadas frequências mais baixas, de 8 Hz a 20 Hz, pois 
ativam fibras eferentes do plexo hipogástrico (SN simpático), relaxam o detrusor junto com a contração 
de esfíncter uretral externo, além de liberar opioides.
A largura de pulso mais confortável é de 200 a 400 µseg, e quanto maior a largura de pulso, maior o 
recrutamento de fibras motoras e sensitivas. A intensidade (mA) é variável de acordo com a sensibilidade 
do paciente e não deve provocar dor. Em relação ao tempo on/off, o tempo de contração (on) deve ser 
metade ou um terço do tempo de relaxamento (off), ou seja, em proporção de 1:2 ou 1:3.
Por último, o tempo de estímulo varia de 20 a 30 minutos, mas sempre deve-se evitar a fadiga 
da paciente.
5.9.7 Eletroestimulação do nervo tibial posterior
O nervo tibial posterior é proveniente de uma ramificação do nervo isquiático (L4-S3) e se projeta na 
mesma região medular do centro sacral da micção. Para estimular esse nervo, são utilizados eletrodos 
de superfície e a Tens, proporcionando uma neuromodulação periférica. A posição dos eletrodos está 
demonstrada na figura a seguir.
Figura 48 – Eletrodos de superfície no nervo tibial posterior
Entretanto, não há ainda uma padronização quanto ao número de sessões e ao tempo de aplicação. 
Usualmente, são realizadas de 10 a 12 sessões durante 20 minutos, com frequência de 10 Hz a 20 Hz e 
largura de pulso de 300 a 500 µseg.
80
Unidade II
5.9.8 Eletroestimulação parassacral
Ainda não há padronização quanto à utilizaçãoda eletroestimulação parassacral, mas usualmente 
são utilizados eletrodos de superfície sobre a região correspondente às raízes sacrais S2-S3, utilizando a 
Tens em frequência de 10 Hz, com largura de pulso de 700 µseg por 20 a 30 minutos, durante 20 sessões.
Todo recurso de eletroestimulação possui algumas contraindicações que também são relevantes 
às pacientes com IU. Mulheres em período menstrual, portadoras de marcapasso e DIU, com prolapsos 
graus III e IV, com neuropatia diabética ou que apresentem déficits cognitivos e de sensibilidade, não 
devem realizar a eletroestimulação.
6 ONCOLOGIA
O câncer de mama é a segunda neoplasia mais frequente nas mulheres, perdendo somente para a 
de pele. Pelo fato de todos os tipos de câncer terem etiologia desconhecida, é caracterizado por ser uma 
doença crônica degenerativa que apresenta evolução prolongada e progressiva, ocasionando danos 
quanto aos aspectos físicos, psicológicos e estéticos.
 Lembrete
Como já discutimos anteriormente, as glândulas mamárias são formadas 
por lobos, e cada glândula é composta por 15 a 20 lobos. Desses lobos 
partem os ductos lactíferos.
As mamas podem ser divididas em três regiões:
• Região periférica: formada por tecido cutâneo, glândulas sebáceas e sudoríparas.
• Aréola: região mais central, de coloração rosa-acastanhada.
• Papilar: centro da aréola, onde os ductos se abrem.
As mamas são inervadas pela porção anterior dos 4º, 5º e 6º nervos intercostais e possuem uma 
rede linfática importante, formada por linfonodos axilares e por linfonodos mamários divididos em 
três níveis.
O nível I é formado por linfonodos localizados na borda do peitoral menor; o nível II é composto por 
linfonodos localizados atrás do peitoral menor; e os linfonodos de nível III estão localizados medialmente 
ao peitoral menor, como mostra a figura a seguir. Além desses, ainda existem linfonodos entre as mamas.
81
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Linfonodos
Figura 49 – Rede linfática da mama
Disponível em: https://bit.ly/3za9Oft. Acesso em: 6 fev. 2021.
Além disso, é importante lembrar que as mamas têm íntima relação com a parede torácica e a 
cintura escapular, incluindo os músculos grande dorsal, peitoral maior, peitoral menor, serrátil anterior, 
abdominais e intercostais. É importante destacar também que o câncer de mama pode atingir qualquer 
uma dessas estruturas.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), em 2020, foram mais de 66 mil novos casos de 
câncer de mama em mulheres. É considerado câncer de mama toda neoplasia que tenha origem em 
qualquer estrutura da mama, ou seja, no epitélio glandular, no mesênquima ou na epiderme.
No epitélio glandular, são formados os carcinomas ductal e lobular, que correspondem a 10% e 85% 
de todas as neoplasias mamárias, respectivamente. No mesênquima ou estroma, estão presentes os 
sarcomas e os filoides malignos, enquanto na epiderme considera-se um melanoma primário da pele da 
mama. Estes últimos correspondem a 5% de todas as neoplasias mamárias.
As metástases mais comuns da neoplasia mamária são os linfonodos regionais, ossos, pulmões, 
fígado, pele e cérebro.
6.1 Fatores de risco
Fatores de risco isolados não devem trazer tanta preocupação, mas deve-se ficar alerta quando eles 
aparecerem em conjunto.
82
Unidade II
O primeiro fator de risco para o câncer de mama é a idade, pois ele é mais comum em mulheres 
acima de 40 anos de idade, com maior incidência em mulheres acima de 70 anos, enquanto menos de 
1% de todas as neoplasias mamárias ocorrem em mulheres com menos de 24 anos.
Um dos fatores de risco mais importantes é o histórico familiar, sendo mais relevante em mulheres 
cujas mãe ou irmã tenham tido câncer de mama antes da menopausa. Este corresponde a cerca de 10% 
do total de casos de câncer de mama. Além disso, outro fator de risco muito significativo é a presença 
de mutações dos genes BRCA-1 e BRCA-2, que são supressores de tumor e podem ser herdados, estando 
presentes em muitos casos familiares.
Os fatores de risco reprodutivo têm muita relação com a exposição maior ao estrógeno, por isso 
envolvem: mulheres que tiveram menarca precoce, ciclos menstruais curtos, nuliparidade ou primeira 
gestação após os 30 anos, que não amamentaram (menor tempo de amenorreia), sofreram aborto, 
tiveram menopausa tardia, e que fizeram uso prolongado de contraceptivos orais e de terapia de 
reposição hormonal, principalmente quando associados estrógeno e progesterona.
Além disso, como qualquer neoplasia, existem fatores de risco ambientais, por exemplo, obesidade, 
tabagismo, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e exposição à radiação.
6.2 Diagnóstico
O melhor prognóstico para qualquer tipo de neoplasia acompanha a importância de um diagnóstico 
precoce, que não é realizado apenas através da mamografia. A seguir, o assunto será discutido com 
mais detalhes.
6.2.1 Autoexame das mamas
O autoexame das mamas deve ser realizado mensalmente, após a menstruação ou no mesmo dia 
de cada mês, devido às alterações hormonais que acontecem durante o ciclo menstrual. Ele é uma 
ferramenta importante no diagnóstico precoce, entretanto, nunca deve substituir o exame físico 
realizado por um profissional da saúde.
Para realizar o autoexame, a mulher deve, inicialmente, em frente a um espelho, observar suas 
mamas, comparando-as e observando se há diferenças de coloração, presença de ondulações ou rugas. 
Depois, em pé, deve elevar um dos braços e examinar cada uma das mamas com a mão oposta. Por 
último, deitada em decúbito dorsal e com uma das mãos atrás da cabeça, deve examinar cada uma das 
mamas com a mão oposta. O exame das mamas deve ser realizado com movimentos circulares para cima 
e para baixo, de um lado para o outro. Para finalizar o autoexame, a mulher deve apertar os mamilos e 
observar se sai alguma secreção. A sequência do autoexame está demonstrada na figura a seguir.
83
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Figura 50 – Autoexame das mamas
Disponível em: https://bit.ly/2XoWKpF. Acesso em: 6 fev. 2021.
6.2.2 Exame clínico
O exame clínico deve ser feito anualmente por um profissional da saúde capacitado, que realizará 
a inspeção e a palpação das mamas. A eficiência desse exame está proporcionalmente ligada à 
experiência do profissional. Achados mais comuns durante esse exame são massas mamárias, secreções 
mamilares, e feridas e alterações mamilares.
6.2.3 Mamografia
A mamografia é um exame que realiza o rastreamento das mamas e é capaz de diagnosticar nódulos 
que muitas vezes não podem ser palpados. Portanto, com esse exame, muitas vezes é possível realizar 
diagnósticos precoces de nódulos que são clinicamente impalpáveis.
O SUS preconiza a realização de mamografia após os 40 anos de idade. Dos 40 a 49 anos, esse exame 
deve ser realizado a cada dois anos e, após os 50 anos, anualmente.
Para uniformizar a interpretação dos resultados e padronizar a conduta, é utilizado o sistema Breast 
Imaging Reporting and Data System (BI-Radis), criado pelo Colégio Americano de Radiologia (ACR), que 
pode ser pontuado de zero a seis:
• BI-RADIS 0: resultado inconclusivo. Conduta: repetir nova mamografia e realizar ultrassom e 
ressonância nuclear magnética.
• BI-RADIS 1: resultado normal. Conduta: repetir exames conforme rotina.
• BI-RADIS 2: achados benignos. Conduta: segmento normal.
• BI-RADIS 3: achados provavelmente benignos. Conduta: repetir mamografia e exames 
complementares em 6 meses.
• BI-RADIS 4 A, B ou C: achados com baixa, intermediária ou moderada suspeita. Conduta: realizar 
investigação cito-histológica (biópsia).
84
Unidade II
• BI-RADS 5: resultado altamente sugestivo de malignidade. Conduta: investigação citohistológica.
• BI-RADS 6: exame com neoplasia maligna já conhecida.
6.2.4 Ultrassonografia
Usualmente, a ultrassonografia (US) é utilizada como complemento à mamografia e para guiar as 
punções cito-histológicas. Por isso, é indispensável sua utilização em mamas densas, pois caracteriza 
bem tumores sólidose císticos. A ressonância nuclear magnética (RNM) também pode ser utilizada para 
complementar o diagnóstico.
6.2.5 Biópsias
Existem alguns tipos de biópsia, sendo responsabilidade do mastologista a sua indicação e 
escolha de tipo. O primeiro tipo é a biópsia aspirativa com agulha fina (Baaf), considerada um 
método seguro, eficaz, rápido e pouco traumático, além de ter acurácia de cerca de 92%. É indicada 
para qualquer tipo de nódulo que é visibilizado pelo US, lesões profundas e não palpáveis.
O segundo tipo é a biópsia percutânea com agulha grossa que, quanto à acurácia, é superior à 
Baaf, mas para sua realização é necessária anestesia local. É uma técnica dolorida, que gera um pouco 
de incômodo à paciente, mas efetiva em nódulos acima de 1,5 cm. Como complicações desse tipo de 
biópsia, a mulher pode apresentar infecções, hematomas e dor.
Outra opção é a biópsia excisional, na qual é realizada a remoção total com ou sem borda do 
parênquima normal circundante. É utilizada em tumores palpáveis e não palpáveis.
A última forma de biópsia é a percutânea com agulha grossa vácuo assistida, que também necessita 
de anestesia local. Contudo, pelo fato de a cânula ser introduzida apenas uma vez, torna-se mais 
cômoda para as pacientes. Ela é mais indicada para lesões não palpáveis e permite o planejamento 
pré-cirúrgico.
6.3 Cirurgias conservadoras
No caso do câncer de mama, existem cirurgias consideradas conservadoras e radicais. Independentemente 
da cirurgia escolhida, o objetivo é ter o máximo de controle loco regional, solucionar e avaliar a terapêutica 
no pós-cirúrgico e gerar um melhor prognóstico com menos morbidades e mutilações.
6.3.1 Tumorectomia
A tumorectomia é uma cirurgia para remoção do tumor sem margem, ou seja, é retirado somente 
o tumor. Ela é indicada apenas para nódulos pequenos de até 1 cm e, após sua conclusão, a 
mulher deve realizar radioterapia. Se houver recidiva após a retirada do tumor, deverá ser realizada 
uma quadrantectomia.
85
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
6.3.2 Quadrantectomia
A quadrantectomia é uma cirurgia na qual é retirado um quadrante da mama, superior ou inferior. 
É realizada em tumores de até 3 cm, portanto, a margem do tumor é de 2 a 2,5 cm. Esta cirurgia pode 
ou não ser acompanhada de uma linfadenectomia axilar (retirada dos linfonodos axilares), e pode ser 
classificada como monobloco (quando está do mesmo lado do tumor e pode ser realizada uma única 
incisão) ou dibloco (quando está separada do tumor e são retirados os quadrantes mediais).
Após essa cirurgia, sempre é indicada a realização da radioterapia.
6.3.3 Linfonodo sentinela
A pesquisa do linfonodo sentinela evita linfadenectomias axilares desnecessárias. A dissecção dos 
linfonodos axilares muitas vezes é realizada, pois os carcinomas de mama se disseminam por essa via, 
portanto, muitas vezes é uma opção para evitar o retorno da doença.
Até o final dos anos 1990, a linfadenectomia axilar era completa e sempre realizada. Entretanto, 
estudos demonstraram que isso poderia ser um exagero para a maioria das mulheres, principalmente 
as que eram acometidas por tumores de até 3 cm. Além disso, essa dissecção axilar ainda favorece 
o aparecimento de outros sintomas, como sensação de peso no braço, diminuição de sensibilidade, 
linfedema e infecções.
Atualmente, é realizada a dissecção axilar seletiva, baseada na biópsia do linfonodo sentinela, que 
é o primeiro linfonodo a drenar o tumor, quando a paciente apresenta tumores menores que 3 cm e 
axila clinicamente negativa, ou seja, sem a presença de nódulos. A identificação do linfonodo sentinela 
é feita através da injeção de um radiofármaco (tecnécio 99m) ou de corantes vitais (como azul patente) 
na região peritumoral, para que seja absorvido pelo primeiro linfonodo, ou seja, o linfonodo sentinela. 
Então, este é retirado e estudado histologicamente. Na presença de células neoplásicas que acometem 
o linfonodo sentinela, a linfadenectomia axilar total é indicada; entretanto, se ele estiver livre, a 
linfadenectomia axilar não é indicada. Após a cirurgia, sempre é indicada a radioterapia.
A pesquisa do linfonodo sentinela é uma técnica relativamente nova que proporciona menor 
morbidade, mas requer treinamento da equipe cirúrgica, disponibilidade de materiais, medicina nuclear 
e patologia.
6.4 Cirurgias radicais
Cirurgias radicais são mais complexas, utilizadas em tumores maiores e com maior gravidade. Nelas, 
tecidos são retirados para maior margem de segurança.
A seguir, são apresentados os tipos de cirurgias radicais.
86
Unidade II
6.4.1 Mastectomia radical de Halsted
Essa técnica cirúrgica é realizada em casos de câncer avançado, com alto índice de morbidade, na 
qual é retirada toda a mama e os músculos peitoral maior e menor. A mastectomia radical de Halsted é 
sempre acompanhada de linfadenectomia axilar e, após a cirurgia, a mulher realiza quimioterapia 
e/ou radioterapia.
6.4.2 Mastectomia radical modificada à Patey
Nessa técnica cirúrgica, é retirada toda a mama e o músculo peitoral maior. O médico opta por esse 
tipo cirúrgico quando a mulher apresenta tumores maiores que 3 cm, mas que não estão fixados à 
musculatura. Também é sempre indicada a linfadenectomia axilar.
6.4.3 Mastectomia radical modificada à Madden
Nesta cirurgia, é realizada a retirada de toda a mama, a aponeurose do músculo peitoral maior e a 
linfadenectomia axilar, preservando os músculos peitorais, o que facilita a reconstrução das mamas. É 
indicada para tumores de até 3 cm.
6.4.4 Mastectomia simples
Na mastectomia simples, é retirada toda a mama e a aponeurose anterior do músculo peitoral maior. 
Nesse caso, não é realizada a linfadenectomia axilar.
6.4.5 Mastectomia higiênica
Neste procedimento cirúrgico, é retirada apenas a mama, funcionando como uma limpeza da região 
mamária. Também não é necessário que a linfadenectomia axilar seja realizada.
6.5 Reconstrução das mamas
A retirada das mamas, após cirurgias radicais, traz para as mulheres um impacto psicológico muito 
grande, por isso, atualmente, existem várias técnicas para a reconstrução das mamas, que pode ser 
imediata, ou seja, no mesmo procedimento de retirada do tumor o médico já realiza a reconstrução, ou 
tardia, quando essa reconstrução é realizada posteriormente, em outra cirurgia.
As técnicas de reconstrução mais comuns são:
• silicone gel;
• retalho do músculo grande dorsal;
• uso de expansor, que é colocado e, depois, é inserida uma solução salina por até 6 meses, que 
posteriormente é retirada para dar lugar ao silicone;
• Transverse rectus abdominis myocutaneous (Tram), através do músculo retoabdominal.
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FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
6.6 Tratamento clínico
O tratamento clínico é realizado através de radioterapia, quimioterapia e/ou hormonioterapia.
6.6.1 Radioterapia
A radioterapia pode ser utilizada de forma paliativa ou curativa, a fim de diminuir recidivas locais. 
Inicialmente, através do exame clínico e dos dados cirúrgicos e radiológicos, são determinados o 
número de sessões e a dose total. Em seguida, são feitas algumas marcações na paciente para orientar 
a incidência dos raios.
Em geral, a aplicação da radioterapia é feita cinco vezes por semana, e aos finais de semana as 
pacientes descansam para que o tecido saudável se recupere. Assim, a dose é distribuída durante 
toda a semana.
Em alguns casos, a radioterapia é indicada no pré-operatório, mas isso ocorre normalmente 
quando a doença está mais avançada localmente, quando não há condições de realizar a ressecção 
e quando não houve resposta à quimioterapia.
Entretanto, a radioterapia pode gerar algumas complicações, como a radiodermite, as modificações 
vasculares, a diminuição de amplitude de movimento (ADM) do ombro e o linfedema.
A radiodermite é caracterizada por uma alteração cutânea que pode ser classificada em quatro graus:
• Grau 1: há presença de hiperemia local, com descamação leve e seca.
• Grau 2: a paciente apresenta hiperemia e descamaçãosevera e seca.
• Grau 3: há presença de descamação severa e úmida.
• Grau 4: a paciente apresenta necrose tecidual.
Nos casos de radiodermite graus 3 e 4, a radioterapia deve ser suspensa por 2 semanas.
Nas modificações vasculares, as pacientes apresentam edema secundário a uma reação inflamatória, 
o que gera diminuição das propriedades elásticas dos tecidos e pode evoluir para fibrose. Além disso, os 
tecidos adjacentes também podem ser afetados, como a pele da parede torácica, o ombro e as cavidades 
axilar e supraclavicular.
A diminuição da ADM do ombro ocorre devido à formação de fibrose nos tecidos, já que os músculos 
suportam muito bem a radioterapia, mas as articulações envelhecem precocemente.
88
Unidade II
Por último, outras complicações bastante comuns são o linfedema, que ocorre consequentemente 
pela diminuição da ADM, as fibroses e as modificações vasculares. O linfedema será discutido 
mais adiante.
Para que as complicações sejam evitadas ou minimizadas, o fisioterapeuta deve orientar as pacientes 
para que evitem o uso de sutiãs, utilizem somente roupas de algodão, mantenham a pele sempre 
hidratada, com o uso de hidrante de pH neutro, e realizem exercícios para posicionamento na maca da 
radioterapia e para aumentar ou manter a ADM.
O fisioterapeuta, durante a radioterapia, atua posicionando a paciente na maca da melhor forma 
possível, a fim de minimizar dores e manter a ADM do membro superior, bem como no tratamento da 
radiodermite em que, nos graus 1 e 2, utiliza laser.
6.6.2 Quimioterapia
O princípio da quimioterapia é a utilização de drogas danosas às células tumorais que podem 
ser aplicadas por vias endovenosa, intra-arterial ou oral. Entretanto, os agentes quimioterápicos 
bloqueiam reações químicas comuns ao tumor, mas também as células sadias, e devido a isso é normal 
que as pacientes apresentem efeitos colaterais ao tratamento. Entre os efeitos colaterais, é possível 
destacar: indisposição às atividades físicas, fadiga, maior suscetibilidade a infecções e sangramentos, 
inflamações do trato digestivo, diarreias, aftas, náuseas e vômito, queda de cabelos e pelos, uma vez que 
o medicamento age sobre a raiz, e flebites.
Para maior eficácia do tratamento, os quimioterápicos são utilizados de forma combinada, pois a 
utilização de diferentes drogas aumenta a chance da destruição completa do tumor.
6.6.3 Hormonioterapia
A terapia hormonal é indicada para mulheres com tumores receptores hormonais positivos e constitui 
uma forma de terapia sistêmica, ou seja, que não atinge exclusivamente as células cancerígenas da 
mama, mas em qualquer parte do corpo.
A hormonioterapia é frequentemente utilizada após a cirurgia para diminuir o risco de recidiva da 
doença e é, em geral, administrada por pelo menos 5 anos.
 Saiba mais
Para ler um pouco mais sobre o câncer de mama, acesse a página do 
Instituto Nacional de Câncer (Inca) do Ministério da Saúde:
BRASIL. Câncer de mama: versão para profissionais de saúde. Inca, 2021. 
Disponível em: https://bit.ly/3CgmQtW. Acesso em: 5 fev. 2021.
89
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
6.7 Fisioterapia oncofuncional
A fisioterapia oncofuncional é uma especialidade recente, reconhecida pelo Coffito apenas em 
2009. O fisioterapeuta que atua nessa área está presente tanto na prevenção primária quanto na 
reabilitação. Na prevenção, o profissional atuará conscientizando e orientando quanto à prevenção 
do surgimento do câncer de mama. Já na reabilitação, a atuação se dá em todas as fases do câncer de 
mama, começando na pré-operatória.
No pré-operatório, deve ser realizada uma avaliação detalhada da paciente para conhecer alterações 
preexistentes e identificar possíveis fatores de risco para o aparecimento de complicações pós-operatórias. 
O tratamento fisioterapêutico terá como objetivos minimizar e prevenir essas alterações, conscientizar 
sobre a importância da fisioterapia no pós-operatório e prestar esclarecimentos sobre a cirurgia.
Já no pós-operatório, a fisioterapia terá como principal objetivo prevenir e tratar complicações 
pós-operatórias. Entre as principais complicações estão: linfedema, seroma, lesões nervosas, dor, 
parestesias, diminuição da ADM e da força muscular do membro superior envolvido, bem como distúrbios 
cicatriciais. Posteriormente, serão discutidas mais detalhadamente cada uma delas.
Essas complicações pós-operatórias trazem prejuízos físicos e emocionais às mulheres. Tais 
complicações podem ser divididas em três tipos: complicações imediatas ou precoces, que surgem em 
até 24 horas após a cirurgia; complicações mediatas, que surgem até o sétimo dia de pós-operatório; e 
complicações tardias, que surgem somente após a retirada do dreno.
No período pré-operatório e nos primeiros dias de pós-operatório, o profissional de fisioterapia deve 
orientar a paciente quanto a alguns cuidados com o membro superior do lado da mama que foi operada. 
A paciente deve manter o membro superior apoiado em um travesseiro, mantendo o braço um pouco 
mais alto que o ombro. Quando for se sentar na cama, deve virar em decúbito lateral, do lado contrário 
da cirurgia, e se apoiar com o cotovelo desse lado para se sentar. Além disso, deve-se orientar para que 
a paciente utilize o membro superior em algumas atividades de vida diária, como lavar e pentear os 
cabelos, vestir-se, alimentar-se, entre outras. Por último, ela deve ter cuidado para não machucar esse 
membro e não exagerar nas atividades, principalmente não realizar atividades repetitivas, pois esse membro 
está mais suscetível a infecções e inflamações.
6.7.1 Complicações nervosas
Atualmente complicações nervosas são mais raras, pois ocorrem devido a manipulações cirúrgicas, 
que hoje são mais precisas. São caracterizadas por alterações sensitivo-motoras transitórias, podendo 
ocorrer em dois nervos: intercostobraquial e torácico longo.
A lesão do nervo intercostobraquial é caracterizada por uma anestesia ou hipoestesia na região 
medial e posterossuperior do braço e da axila. Para o tratamento dessa complicação, deve ser realizada 
a dessensibilização com diferentes texturas na região.
90
Unidade II
Já a lesão do nervo torácico longo ou nervo de Bell gera a escápula alada, pois inerva o músculo 
serrátil anterior. Para minimizar essa complicação, o fisioterapeuta deve realizar exercícios para diminuir 
a fraqueza muscular e evitar as compensações.
6.7.2 Seroma
O seroma é caracterizado por uma coleção subcutânea de fluido seroso com aspecto semelhante 
ao plasma que tem seu aparecimento relacionado a condições como aumento do peso corporal, idade 
superior a 70 anos, retardo em cura de feridas, necrose de bordas da pele, transfusões de sangue, edema 
do braço, curativos apertados e radioterapia.
Normalmente, ele ocorre após as primeiras semanas de pós-operatório e a paciente se queixa de 
desconforto, com uma sensação de deslocamento de líquido e abaulamento local. Para tratar o seroma, 
é necessário realizar a punção local, mas o fisioterapeuta deve restringir a ADM do ombro e realizar uma 
compressão externa com ataduras de crepe na região. Deve-se atentar também para o fato de que a 
drenagem linfática, nesse caso, é contraindicada.
6.7.3 Aderência cicatricial
As aderências cicatriciais ocorrem devido a uma fixação anormal dos tecidos moles, e a fisioterapia 
é fundamental para a prevenção e o tratamento dessas aderências. Como recursos terapêuticos, 
utilizam-se a massagem, que pode ser mecânica, através da vacuoterapia, ou manual cicatricial.
6.7.4 Disfunções no ombro
As disfunções no ombro do lado operado podem ocorrer no pós-operatório por vários motivos, entre 
eles a dor, os cuidados inadequados com o membro ou a imobilização total sem indicação. Além disso, 
outros fatores podem agravar essas disfunções, como a radioterapia, as lesões nervosas e a realização 
de exercícios sem orientação.
A paciente normalmente se queixa de dor e fraqueza muscular, portanto, durante a avaliação desse 
ombro, não se pode esquecerde realizar a goniometria, os testes de força muscular e a avaliação postural.
 Observação
A goniometria é a medição dos ângulos articulares presentes nas 
articulações humanas, através do goniômetro. A avaliação mensura a 
amplitude de movimento passivo e ativo das articulações em graus. No 
caso do câncer de mama, deve ser realizada nos ombros.
Para o tratamento e a prevenção das complicações, devem ser realizados alongamentos das regiões 
cervical e escapular, bem como de membros superiores, mobilização escapular e exercícios ativos 
assistidos, ativos e resistidos com carga inferior a 2 kg. Quando a paciente tem ADM normal, devem ser 
adotados exercícios para reeducação postural e para melhorar o condicionamento cardiorrespiratório, 
iniciando com poucos minutos e aumentando gradativamente.
91
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
6.7.5 Linfedema de membro superior
O linfedema é caracterizado por um inchaço crônico que ocorre em virtude da deficiência do sistema 
linfático, com acúmulo anormal de fluido rico em proteínas no espaço intersticial, que gera desconforto, 
dor, aumento do risco de infecções, diminuição de ADM e alterações sensitivas.
Essa condição está presente em cerca de 20% a 30% das mulheres com câncer de mama, com a 
possiblidade de ocorrer no pós-operatório imediato ou tardio, e ser resultante da retirada dos linfonodos 
axilares ou da obstrução dos canais linfáticos por tumor, cicatriz ou infecção. É importante ressaltar que 
linfedema não tem cura, mas o papel do fisioterapeuta é muito importante na sua contenção.
Alguns fatores podem causar o linfedema, por isso é importante que a mulher tenha alguns cuidados 
com o membro superior do lado operado durante toda a vida. Entre esses cuidados estão: não ferir o 
membro superior com faca, tesoura ou fogo e utilizar luvas para proteção, evitar raspar ou depilar a 
axila, evitar aplicar injeções, vacinas ou realizar acupuntura nesse membro, não realizar grandes esforços 
com o membro superior, como carregar peso, não realizar pequenos movimentos repetitivos, evitar 
calor excessivo, sol ou ambientes muito quentes por muito tempo, não usar relógios, pulseiras e anéis 
apertados, manter a pele sempre hidratada, com o uso de hidratante de pH neutro, ingerir bastante 
líquidos e manter o peso ideal, através de dieta balanceada.
O linfedema pode ser classificado em quatro estágios, que podem ser observados na figura a seguir. 
O estágio 0 é considerado um estágio subclínico, em que o edema não é evidente, mas o transporte 
linfático está prejudicado. No estágio 1, ocorre um acúmulo de fluido relativamente rico em proteínas, 
mas o edema desaparece com a elevação do membro. Já no estágio 2 a elevação do membro não 
reduz o edema e a paciente pode apresentar ou não um início de depressão tecidual. Por último, o 
estágio 3 é caracterizado pela elefantíase linfostática e ocorrem alterações cutâneas, como deposição 
de gordura e verrugas.
Estágio 0 Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3
Figura 51 – Estágios do linfedema
Adaptada de: https://bit.ly/3tHbw6X. Acesso em: 7 fev. 2021.
92
Unidade II
Antes de um aprofundamento acerca do tratamento do linfedema, o fisioterapeuta deve aprender a 
avaliá-lo. Começa-se pela inspeção, devendo observar se há alterações ortopédicas no membro afetado 
e qual é o aspecto da pele (coloração, presença de linfocistos ou cicatrizes e localização do linfedema 
através da comparação com o outro membro). Depois da inspeção, deve-se palpar o membro superior 
para saber quais são a extensão e a consistência do edema (quanto mais duro, mais fibrose tecidual), 
a temperatura (se aumentada, pode ser sinônimo de infecção), presença de dor durante a palpação e 
trofismo muscular. É importante, então, realizar a goniometria para checar se há diminuição de ADM, 
bem como o teste de força muscular. Por último, deve ser realizada a perimetria dos dois membros, com 
o uso da prega do cotovelo como ponto fixo para mensuração. A perimetria deve ser realizada 5, 10 e 
15 cm acima e abaixo da prega; diferenças acima de 2 cm entre os membros são consideradas clinicamente 
significativas para o diagnóstico de linfedema.
O tratamento do linfedema, linfoterapia ou terapia física complexa é dividido em duas fases e seis 
passos de tratamento. Na primeira fase, o objetivo do fisioterapeuta é mobilizar o excesso de líquido 
e reduzir o volume do membro. Já na segunda fase, o linfedema foi reduzido e o objetivo é manter e 
controlar o linfedema, a fim de impedir novo acúmulo de líquido. Os seis passos, por sua vez, consistem 
em: cuidado com a pele, drenagem linfática manual, enfaixamento progressivo, cinesioterapia, contensão 
elástica e automassagem.
Em relação aos cuidados com a pele, a mulher é orientada a manter a higiene e a hidratação do 
membro superior, além dos cuidados apresentados anteriormente. A drenagem linfática manual tem 
como objetivo drenar excesso de líquido acumulado no interstício, no tecido e dentro dos vasos, por 
meio de manobras lentas, rítmicas e suaves e seguindo sempre a anatomia linfática do corpo, No 
entanto, deve-se lembrar que se a mulher realizou linfadenectomia, deve-se drenar o líquido para 
a direção de outros linfonodos, como axila contralateral, linfonodos supraclaviculares e linfonodos 
inguinais do mesmo lado. Para a drenagem, são utilizadas as manobras de evacuação dos linfonodos e, 
depois, de captação.
 Observação
É essencial conhecer as contraindicações da drenagem linfática manual: 
arritmias cardíacas graves, edemas de origem renal ou cardíaca, insuficiência 
renal ou cardíaca e processos inflamatórios ou infecciosos agudos. Portanto, 
se o linfedema apresentar sinais de infecção ou inflamação, encaminhe a 
paciente imediatamente ao médico.
Após a drenagem linfática, é realizado o enfaixamento compressivo para manter e melhorar a absorção 
do fluxo linfático através do aumento da pressão tecidual, a fim de prevenir também novos acúmulos 
de líquido. Essa técnica deve ser realizada de modo que a paciente consiga manter a função do membro 
superior e possa realizar exercícios com o membro. A pressão maior é sempre na região distal e vai 
diminui até a região proximal. O enfaixamento pode ser mantido por até 2 dias, mas é contraindicado em 
pacientes com hipertensão arterial sistêmica grave, que apresentem sinais de infecções ou inflamações, 
façam uso de fixador externo ou tenham grandes déficits sensitivos.
93
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
A cinesioterapia, quando utilizada em conjunto com o enfaixamento compressivo, tem efeitos mais 
positivos na contensão do linfedema. Os exercícios são empregados para estimular o sistema linfático 
e aumentar a absorção da linfa – chamados de exercícios linfocinéticos –, e neles são trabalhadas 
articulações de ombro, cotovelo, punho, dedos e cintura escapular, com grande amplitude e de fácil 
memorização, para que a paciente possa realizá-los todos os dias.
Já a contensão elástica é utilizada na fase 2 do tratamento, para manutenção. São utilizadas malhas 
de compressão, do tipo braçadeiras, feitas sob medida, que devem ser utilizadas de forma contínua e 
retiradas somente para higiene.
Por último, o fisioterapeuta orienta e ensina a automassagem para as pacientes, que deve ser realizada 
em todas as fases do linfedema, a fim de diminuir e conter, mas também prevenir o novo acúmulo de 
líquido. Essa automassagem é similar à drenagem linfática e deve ser realizada em quatro passos, mas 
pode ser orientada a utilização de um rolinho de bambu, que facilita a manobra para as pacientes.
Como primeiro passo da automassagem, a paciente deve evacuar a axila contralateral, por meio 
de movimentos circulares lentos com pressão leve, mas suficientes para promover um deslocamento 
da pele. No passo dois, ela deve realizar a evacuação da virilha, do mesmo lado da mama operada, de 
maneira semelhante ao passo um. No passo três, a paciente irá realizar movimentos em onda com a mão 
apoiada sobre a área massageada ou utilizar umrolinho, com início na região da mama operada, em 
direção à axila do lado oposto, dividindo o tronco em três partes superiores, e realizar cinco movimentos 
em cada parte, da mama operada para a axila contralateral. Repetir por cerca de 10 minutos. No último 
e quarto passo, ela realizará a massagem na região lateral do tronco, no lado da mama operada, também 
dividindo em três partes e repetindo o mesmo processo do passo três, agora com início na axila, em 
direção à virilha. Também deve repetir por cerca de 10 minutos.
 Observação
É importante nunca deixar de orientar a paciente quanto à manutenção 
do ritmo e da direção da massagem.
7 DISTÚRBIOS GINECOLÓGICOS
Entre os distúrbios ginecológicos, existem algumas patologias importantes que afetam a mulher: a 
dor pélvica crônica, a dismenorreia, a endometriose, a síndrome pré-menstrual e as disfunções sexuais 
femininas, como anorgasmia, dispaneuria e vaginismo. A fisioterapia tem um importante papel no 
tratamento dessas patologias, por isso tais distúrbios serão discutidos a seguir.
7.1 Dor pélvica crônica
A dor pélvica crônica (DPC) é uma síndrome com presença de episódios de dor pélvica recorrente 
ou persistente associada a sintomas sugestivos de disfunção no trato urinário baixo, disfunção sexual, 
na bexiga ou de origem ginecológica, na ausência de infecção comprovada ou patologia óbvia. A 
94
Unidade II
paciente apresenta dor cíclica ou acíclica, localizada na pelve, que persiste por 6 meses ou mais e que 
pode causar incapacidade funcional. Além disso, essa dor, embora investigada, não apresenta causa ou 
explicação definida.
A prevalência da DPC é de quase 4% nos países desenvolvidos, e em mulheres em idade reprodutiva a 
prevalência aumenta, numa variação entre 10% a 14%. No Brasil ainda não existem dados de prevalência 
dessa patologia, mas sabe-se que é uma patologia que gera altos custos, pois muitas mulheres se 
afastam do trabalho ou diminuem sua produtividade devido à dor e aos gastos com consultas, exames 
e tratamento, que correspondem a 10% da razão das consultas dos ginecológicas.
A etiologia da DPC é multifatorial e frequentemente está relacionada com queixas de dor na 
região da pelve, na parede abdominal anterior, e nas regiões infraumbilical, lombar e glútea. Assim, 
é considerada uma patologia de difícil manejo, uma vez que suas causas não são identificadas e há 
múltiplos fatores associados, inclusive aspectos sociais e psicossomáticos.
Entre alguns fatores etiológicos estão: cistite intersticial, dispaneuria, aderências cicatriciais, estenose 
vaginal, síndrome da dor miofascial, alterações posturais, doenças ou lesões musculoesqueléticas, 
dismenorreia, endometriose, alterações psicológicas, história de vida, como abusos sexuais, divórcios 
e problemas familiares. Daremos ênfase a três dessas patologias – a dismenorreia, a endometriose e a 
dispaneuria –, que serão discutidas com outras disfunções sexuais femininas.
7.1.1 Endometriose
A endometriose é caracterizada pela implantação do tecido endometrial fora da cavidade uterina, 
que apresenta a mesma resposta fisiológica do ciclo menstrual.
 Lembrete
O endométrio é o tecido localizado na camada mais interna do útero, 
no qual o ovo fecundado se implanta e, caso não ocorra a fecundação, 
sofre hipóxia antes da menstruação e descama. Portanto, a menstruação é 
composta por sangue com células endometriais.
Quando há a descamação do endométrio dentro da cavidade uterina, decorrente da fase do ciclo 
menstrual, os implantes desse tecido que se encontram fora do útero também se descamam e sangram, 
o que causa inflamação, irritação e muita dor.
O quadro clínico é caracterizado por dismenorreia muito forte e progressiva, que aumenta a cada 
ciclo menstrual, DPC em região infraumbilical, com piora na fase pré e menstrual, incapacidade funcional, 
diminuição da qualidade de vida e dispaneuria. Além disso, existem sintomas que são denominados 
sintomas de agravamento, que quando aparecem são indícios de que a patologia está piorando: dor 
acíclica, ou seja, fora do período pré-menstrual e menstrual, e dor que se projeta para a região do 
intestino ou do reto durante o ato sexual.
95
FISIOTERAPIA APLICADA À SAÚDE DA MULHER
Além dos sintomas citados, a endometriose pode gerar complicações. A mais comum e grave é 
a infertilidade, que pode estar presente em até 40% dos casos (principalmente nos estágios mais 
avançados da doença). A mulher também pode apresentar cistos ou tumores preenchidos de sangue 
nos ovários, aderências, hemorragia intestinal, cansaço, alterações de humor e depressão.
O diagnóstico é realizado com base nos dados clínicos da paciente e através da videolaparoscopia, 
na qual será retirado o tecido e encaminhado para biópsia. O tratamento cirúrgico também é realizado 
através da mesma técnica.
7.1.2 Dismenorreia
A dismenorreia incide em mais de 60% das mulheres com idade entre 18 e 25 anos. Entre elas, cerca 
de 10% se tornam incapazes de desenvolver suas atividades habituais. Os sintomas mais frequentes são: 
cólicas, náuseas, vômitos, fadiga, nervosismo, dor lombar, diarreia, tontura e cefaleia.
A dor é caracterizada como espasmódica em forma de cólica, com crises agudas que se manifestam 
horas antes ou no início da menstruação. Essa dor é frequentemente mais intensa no primeiro dia e 
raramente ultrapassa 2 dias.
A dismenorreia pode ser classificada como primária ou secundária. A dismenorreia primária, também 
conhecida como intrínseca, essencial ou idiopática, ocorre na mulher sem nenhuma doença pélvica 
orgânica e é caracterizada por uma dor que surge, em geral, na puberdade, 6 a 12 meses após a menarca, 
bem como quando ocorrem as menstruações ovulatórias. Já a dismenorreia secundária, também 
chamada de extrínseca ou adquirida, está associada a doenças pélvicas orgânicas como a endometriose, 
o mioma submucoso, as doenças inflamatórias, a presença de dispositivo intrauterino (DIU), entre outras 
patologias que causam congestão pélvica no período menstrual, o que origina fenômenos dolorosos.
7.1.3 Tipos de DPC
A DPC pode ter três causas principais: psicogênica, orgânica e musculoesquelética. A causa 
psicogênica, em geral, é a de mais difícil diagnóstico por ser mal definida, pois a mulher tem 
dificuldade em localizar os sintomas pelo fato de eles serem desconexos e não irradiarem. Além disso, 
é possível a relação com eventos emocionais, quando a mulher apresenta histórico de dificuldades 
emocionais e sociais.
Já a causa orgânica é diagnosticada mais facilmente, pois é bem definida: a dor é atribuída a órgãos 
específicos e a mulher apresenta poucos sintomas associados. Além disso, é um tipo de dor que piora 
com a manipulação ou alteração postural.
A causa musculoesquelética geralmente se inicia após um trauma ou uma queda. A paciente relata 
que a dor piora com o esforço e melhora com o repouso, entretanto a dor é difusa e pode irradiar para 
os membros inferiores.
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Unidade II
7.1.4 Avaliação da DPC
Por ser uma patologia de etiologia multifatorial e difícil diagnóstico, a avaliação clínica da paciente 
é de extrema importância para sua confirmação. Inicialmente, é importante que o fisioterapeuta realize 
uma anamnese detalhada e questione pontos como história pregressa, incluindo histórico obstétrico 
e ginecológico, e informações sobre o sistema gastrointestinal e urinário, queixas de dismenorreia e 
dispaneuria, cirurgias prévias e histórico psicológico, bem como doenças e traumas, como depressão, 
problemas conjugais, violência sexual ou doméstica e outros transtornos psíquicos.
Após verificar esses dados iniciais, é importante avaliar a dor da mulher, questionando como ela se 
apresenta, quais são as características dessa dor, a localização, quais fatores melhoram ou pioram a dor 
(por exemplo, durante o trabalho, ao praticar atividades físicas, durante o sono, no ato sexual, durante 
a micção ou evacuação, entre outros), qual a duração e a frequência da dor, se ela tem ou não relação 
com o ciclo menstrual

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