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Dafne Freitas - Odontologia - UFAM Patologia Bucal Doenças da Polpa e do Periápice Patologia proliferativa dos tecidos periapicais: Cistos e Granulomas Agente de baixa intensidade e um organismo de alta resistência Processos crônicos São alterações inflamatórias que ocorrem na região do periápice dental —--> resultam da presença de micro-organismos ou de seus produtos tóxicos no canal radicular, nos tecidos apicais ou em ambos. —--> infecção estabelecida na polpa dentária (não somente, mas principalmente) —-> decorrente da cárie dentária que surge na região do esmalte dentário —-> conforme a progressão atinge a região da dentina e senão houver uma intervenção (tratamento) essa infecção atinge a região da polpa dentária; —--> disseminação através dos canais radiculares e no sentido da região periapical (pode ocorrer por meio dos canais colaterais também); Lesões periapicais não representam entidades individuais e distintas; TRANSFORMAÇÃO —--> REVERSIBILIDADE Interrelações entre os tipos de infecção periapical GRANULOMA PERIAPICAL/GRANULOMA DENTÁRIO (PERIODONTITE APICAL CRÔNICA) Refere-se a uma massa de tecido de granulação crônica ou agudamente inflamado no ápice de um dente desvitalizado —--> mais comum de todas as sequelas da pulpite ou periodontite apical aguda —--> denominação não é totalmente correta, pois a lesão não demonstra, microscopicamente, uma inflamação granulomatosa verdadeira —-> o termo periodontite apical é mais apropriado; Inflamação granulomatosa verdadeira —--> presença de células inflamatórias, células gigantes; Inflamação granulomatosa não verdadeira —-> tecido de granulação Formação de lesões inflamatórias periapicais —-> reação defensiva secundária à presença de infecção microbiana no canal radicular, com a disseminação dos produtos tóxicos relacionados em direção à zona apical. Inicialmente —-> a reação de defesa elimina as substâncias nocivas provenientes dos canais. Se a infecção persistir —-> com o tempo a reação do hospedeiro torna-se menos eficaz em relação à invasão microbiana ou à disseminação de toxinas na região apical. Características clínicas: É uma infecção originalmente bacteriana —--> pode se observar também: ● Presença de leveduras é vista às vezes; ● Citomegalovírus humano; ● Vírus Epstein-Barr (em menores proporções) nas doenças inflamatórias periapicais sintomáticas; Periodontite apical aguda —--> estágio inicial da infecção; ● Resposta exsudativa; ● Predominância de neutrófilos e alterações radiográficas não estão presentes; ● As células inflamatórias envolvidas são primariamente os neutrófilos e as prostaglandinas liberadas —--> ativam os osteoclastos para reabsorver o osso circundante —--> promove uma área radiolúcida periapical detectável; ● Provoca uma dor pulsátil não localizada constante. ● O dente associado responde negativamente ao teste de vitalidade ou revela um resultado positivo retardado; Dafne Freitas - Odontologia - UFAM ● Em geral, a dor provocada durante a oclusão ou percussão está presente e não são observadas alterações radiográficas evidentes. Por que há destruição óssea? É uma tentativa de prevenir a disseminação da infecção e propiciar espaço para a chegada de células de defesa especializadas contra o processo infeccioso. Teste de vitalidade negativo ou revela um resultado positivo atrasado. Periodontite apical crônica —--> as células inflamatórias crônicas começam a dominar a resposta do hospedeiro. ● Resposta proliferativa; ● Mediadores liberados por linfócitos reduzem atividades osteoclásticas futuras, enquanto também estimulam os fibroblastos e a microvascularização. ● As lesões crônicas são muitas vezes assintomáticas (mas pode desencadear dor ou sensibilidade se ocorrer uma exacerbação aguda); ● Demonstram poucas alterações adicionais radiograficamente —--> radiolucidez periapical detectável; ● O dente envolvido não apresenta mobilidade ou sensibilidade significativa à percussão. ● O tecido mole sobrejacente ao ápice pode ou não estar sensível. ● O dente não responde aos testes pulpares térmicos ou elétricos, a menos que a necrose pulpar esteja relacionada a um único canal de um dente multirradicular. O dente envolvido não demonstra mobilidade ou sensibilidade significante à percussão. Não responde aos testes elétricos e térmicos; Não são necessariamente estáticas —--> além da possibilidade de transformação em cistos periapicais, uma piora da infecção pulpar pode levar ao reaparecimento da inflamação, no desenvolvimento de sintomas e o possível aumento de tamanho da área radiolúcida associada —--> nos granulomas periapicais progressivos, o aumento de tamanho muitas vezes não é contínuo, mas acontece em surtos associados a períodos de exacerbações agudas. Como se originam os granulomas periapicais? Podem originar-se após a estabilização de um abscesso periapical quiescente ou podem se desenvolver como uma patologia periapical inicial (um processo crônico desde o início). HIPEREMIA + EDEMA DO LIGAMENTO PERIODONTAL + INFILTRAÇÃO DE CÉLULAS INFLAMATÓRIAS CRÔNICAS —--> agressões químicas e físicas também podem levar ao desenvolvimento de granulomas periapicais (a partir da necrose da polpa); As alterações inflamatórias secundárias agudas que acometem os granulomas periapicais foram denominadas abscesso fênix; Em muitos casos, a doença periapical inflamatória é diagnosticada sem qualquer recordação prévia da ocorrência de uma fase aguda. O epitélio do granuloma periapical também pode originar a partir de: ● Epitélio respiratório do seio maxilar; ● Epitélio oral crescendo através de um trajeto fistuloso; ● Epitélio oral proliferando apicalmente a partir de uma bolsa periodontal ou bifurcação ou envolvimento de trifurcação; Os granulomas periapicais representam quase 75% das lesões inflamatórias periapicais e 50% deles não Dafne Freitas - Odontologia - UFAM responderam a técnicas endodônticas conservadoras. Com o tempo, as células inflamatórias crônicas começam a dominar a resposta do hospedeiro; A e B) Inicialmente, as células inflamatórias (neutrófilos) e prostaglandinas ativam os osteoclastos, ocorre reabsorção óssea e vai favorecer o recrutamento de outras células (C) , assim como a formação de vasos sanguíneos; REM —--> restos epiteliais de Malassez; Características radiográficas Grande parte das lesões é diagnosticada durante exames radiográficos de rotina. ● As áreas radiolúcidas associadas são variáveis, podendo ser lesões pequenas, quase imperceptíveis, até imagens radiolúcidas excedendo 2,0 cm de diâmetro; ● Os dentes acometidos apresentam a perda da lâmina dura periapical. ● A lesão pode ser bem-circunscrita ou mal definida e pode ou não apresentar um halo radiopaco circundante. ● A reabsorção radicular não é incomum. Granulomas periapicais. Áreas radiolúcidas periapicais discretas associadas aos ápices do primeiro molar inferior. Granuloma periapical. Área radiolúcida bem-definida associada ao ápice do primeiro pré-molar superior. As lesões maiores do que 200 mm² representam muitas vezes cistos periapicais —--> toma-se como base para diferenciar cistos periapicais e granulomas periapicais somente o tamanho e o aspecto radiográfico. A doença inflamatória periapical não é estática e os granulomas podem se transformar em cistos ou abscessos (e vice-versa) sem alterações radiográficas significativas —--> as características radiográficas não são suficientes para o diagnóstico. Granuloma periapical. Área radiolúcida extensa e bem definida associada aos ápices do primeiro molar inferior; Granuloma periapical. Área radiolúcida maldefinida associada ao primeiro molar inferior, o qual apresenta reabsorção radicular significativa. Características histológicas Consistem em tecido de granulação circundado por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso. Tecido de granulação: composto por um infiltrado de linfócitos denso variável, que é muitas vezes permeado por neutrófilos, plasmócitos, histiócitos e, menos frequentemente, mastócitos e eosinófilos. Granuloma periapical. Tecidode granulação exibindo um infiltrado inflamatório misto, consistindo em linfócitos, plasmócitos e histiócitos. Elevado número de plasmócitos presente, pode-se observar: ● Glóbulos eosinofílicos de gamaglobulina dispersos (corpúsculos de Russel); ● Agregado de partículas levemente basofílicas (corpúsculos de pironina) em associação com o infiltrado de plasmócitos. Os produtos dos plasmócitos não são específicos para o granuloma periapical, podendo ser encontrados em qualquer agregação de plasmócitos. Os restos epiteliais de Malassez podem ser identificados no tecido de granulação. Podem estar presentes: ● Coleções de cristais de colesterol com células gigantes multinucleadas associadas e Dafne Freitas - Odontologia - UFAM áreas de extravasamento de hemácias com pigmentação por hemossiderina; ● Colesterol —--> esse material é muitas vezes observado em áreas de inflamação a longo prazo e pode ser acumulado proveniente da morte de células inflamatórias, da desintegração de hemácias ou da degeneração de cistos epiteliais —--> atrai macrófagos e células gigantes de corpos estranhos, os quais são incapazes de degradar o material, mas liberam mediadores inflamatórios e de reabsorção óssea. ● acumulação significativa é capaz de continuar o processo inflamatório na ausência de infecção microbiana ativa. ● pequenos focos de inflamação aguda com formação de abscessos focais podem ser encontrados, mas não certificam o diagnóstico de abscesso periapical. Tecido conjuntivo denso exibindo uma resposta crônica com infiltrado inflamatório predominantemente de linfócitos (asterisco amarelo) e plasmócitos (asterisco verde), vasos de neoformação (setas amarelas) e fibras colágenas. Granulomas periapicais Aspectos clínicos ● Dente cariado; ● Necrose pulpar; ● Sensibilidade à percussão; ● Dor moderada; ● Sensação de dente crescido; ● Geralmente assintomáticos; ● Pode haver exacerbação aguda —--> abscesso fênix; Aspectos radiológicos ● Espessamento do ligamento periodontal; ● Radiotransparência; ● Bem circunscrito; ● Linha de esclerose; ● Radiotransparência difusa —--> fase aguda; Zonas de Fish —-> É a zona mais periférica da lesão, onde as toxinas estão a tal ponto diluídas que passam a se comportar como estimulante da atividade celular, favorecendo a produção de fibra colágena e de novo osso, que se organiza irregularmente. 1. Infecção ● Localizada na região do canal radicular; ● Células mortas e restos proteicos; ● Neutrófilo; ● Microorganismos e suas toxinas; 2. Contaminação ● Reação exsudativa (vasodilatação, exsudação e infiltração celular); ● Neutrófilos; ● Macrófagos; 3. Irritação ● Reação proliferativa (proliferação capilar e atividade fibroblástica); ● Linfócitos; ● Macrofágos; ● Osteoclastos; 4. Estimulação ● Região mais periférica do granuloma; ● Atividade fibroblástica; ● Atividade osteoblástica; ● Osso neoformado; Tratamento e prognóstico O sucesso do tratamento depende da redução e do controle dos micro-organismos ou de seus produtos tóxicos no canal radicular, nos tecidos apicais ou em ambos —--> devido à complexidade da anatomia do sistema de canais radiculares a erradicação completa de todos os micro-organismos é improvável; Se o dente puder ser preservado —--> o tratamento endodôntico pode ser realizado. —--> objetivo: reduzir a carga microbiana a um nível insuficiente para que a inflamação periapical seja mantida. —--> devem ser avaliados em intervalos de 1 a 2 anos (no mínimo) para excluir um possível crescimento da lesão e para assegurar uma cicatrização adequada. —--> caso não for bem-sucedido, o retratamento endodôntico representa a melhor abordagem para a minimização da contaminação bacteriana e deve ser considerado antes da cirurgia periapical. Dente sem possibilidades restauradoras —--> devem ser extraídos, seguido pela curetagem de todo o tecido mole apical. Casos sintomáticos —--> uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) é benéfico; Dafne Freitas - Odontologia - UFAM Uso de antibióticos sistêmicos não é recomendado, a menos que estejam presentes tumefação associada ou alterações sistêmicas. Cirurgia periapical —--> permanece como um importante instrumento para a resolução da doença inflamatória periapical; ● Reservada para lesões maiores do que 2,0 cm, ou para aquelas associadas aos dentes que não são adequados para o tratamento endodôntico convencional; ● Deve incluir a curetagem de todo o tecido mole perirradicular, a amputação da porção apical da raiz e o selamento do forame radicular. Todo tecido mole removido durante a cirurgia periapical deve ser submetido a exame histopatológico. As lesões podem não cicatrizar por diversas razões: ● Formação de cisto Infecção pulpar persistente (p. ex., acesso inadequado, canais não encontrados, perfuração de canais, fraturas radiculares verticais, técnica asséptica ou instrumentação inadequadas, extravasamento de material obturador); ● Infecção extrarradicular (geralmente colonização de actinomyces periapical localizada); ● Acúmulo de restos endógenos (p. ex., cristais de colesterol); ● Presença de corpo estranho na região periapical; ● Doença periodontal associada; ● Invasão do seio maxilar adjacente; ● Formação de cicatriz fibrosa; Algumas vezes, o defeito criado pelas lesões inflamatórias periapicais pode ser preenchido por tecido colagenoso denso em vez de osso normal; Tais cicatrizes fibrosas (periapicais) ocorrem com mais frequência quando ambas as corticais lingual e vestibular foram perdidas —---> às vezes surgem em áreas com tábuas corticais intactas. Cicatriz fibrosa periapical. Tecido conjuntivo fibroso denso com osso vital e ausência de infiltrado inflamatório significativo Cicatriz fibrosa periapical. Área radiolúcida periapical na maxila, localizada em região de extração prévia, na qual ambas as tábuas corticais foram perdidas. O sítio foi preenchido por tecido densamente colagenizado. Evolução do granuloma periapical ● Inflamação do ápice persistente; ● Proliferação dos restos epiteliais de Malassez; ● Formação de cisto periapical; ● Escassez de nutrientes - necrose; CISTO PERIAPICAL (CISTO RADICULAR; CISTO PERIODONTAL APICAL) São caracterizados por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso revestida por epitélio com um lúmen contendo líquido e restos celulares. É a sequela comum, mas não inevitável, do granuloma periapical originado de infecção bacteriana e necrose da polpa dentária quase sempre após acometimento de cárie dentária; A maioria dos cistos periapicais cresce lentamente e não atinge um tamanho grande. Duas variações de cistos periapicais foram descritas quando ocorre a total remoção do cisto e da raiz —-> possuem pouca implicação pós-cirúrgica; ● Cistos periapicais baía (cisto em bolsa periapical) —-> revestimento epitelial incompleto devido à extensão da porção apical do dente para o interior do lúmen do cisto. Dafne Freitas - Odontologia - UFAM ● Cistos periapicais verdadeiros —--> formam uma estrutura semelhante a um saco, com revestimento epitelial completo, que se localiza adjacente ao ápice do dente, mas está separado deste. Cisto radicular lateral —--> algumas vezes pode se desenvolver ao longo da porção lateral cisto da raiz; ● Esta lesão também geralmente se origina dos restos epiteliais de Malassez e a fonte da inflamação pode ser uma doença periodontal ou a necrose pulpar com disseminação através de um forame lateral. ● Radiograficamente —-> imitam o desenvolvimento de cistos periodontais laterais; ● Histopatologicamente —--> são compatíveis com cistos de origem inflamatória. O tecido inflamatório periapical que não foi curetado no momento da extração do dente pode dar origem a um cisto inflamatório chamado de cisto periapical residual. Com o tempo, muitos destes cistos exibem uma redução no tamanho e pode ocorrer uma resolução espontânea devido à ausência do estímulo inflamatório contínuo. Patogênese Pode ser dividida em: ● Fase de iniciação —--> seria a formação do granuloma periapical, com espessamento da zona periapical, onde se tem primeiramentea ativação do sistema imune inato com a ativação de neutrófilos e liberação de prostaglandinas; ● Fase de formação do cisto —---> proliferação das células epiteliais (restos epiteliais de Malassez), processo crônico, com a presença de linfócitos, plasmócitos; ● Fase de ampliação —--> estruturação do cisto (da cavidade patológica revestida por epitélio), formação da cápsula contendo fibras colágenas e células inflamatórias; À medida que o epitélio se descama para o interior do lúmen, aumenta o conteúdo protéico —-> ocorre a entrada de fluido no lúmen, na tentativa de equilibrar a pressão osmótica, promovendo um crescimento lento. O epitélio na região do ápice de um dente desvitalizado presumivelmente pode ser estimulado pela inflamação para formar um cisto verdadeiramente revestido por epitélio ou cisto periapical —--> a resposta inflamatória parece aumentar a produção do fator de crescimento de ceratinócitos pelo estroma das células periodontais, levando ao aumento da proliferação de epitélio normalmente quiescente na região. Teoria da nutrição —-> as células na porção central da massa tornam-se cada vez mais separadas de sua fonte de nutrição. A fonte de nutrição está localizado na região mais periférica (tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e células inflamatórias); Por perder a fonte de nutrição, as células centrais começam a degenerar, se tornar necróticas e se liquefazer; O cisto periapical ocorre, portanto, devido à necrose central das células que foram proliferando. O resultado seria a cavidade patológica revestida de epitélio cheia líquido; Fonte epitelial -—> formada pelos restos epiteliais de Malassez, mas também pode estar relacionada ao epitélio crevicular, ao revestimento sinusal ou ao revestimento epitelial dos tratos fistulosos. —--> desenvolvimento cístico é comum; —--> frequência relatada varia de 7% a 54% das imagens radiolúcidas periapicais. Teoria do abscesso —--> proliferação de células epiteliais é estimulada com a formação do abscesso e consequente formação de cordões que o envolvem; Última teoria (junção da teoria da nutrição e do abscesso) —--> Cordões epiteliais são formados e se fundem para formar uma cavidade, isso acontece com a proliferação dos restos epiteliais de Malassez, e a entrada de líquido na cavidade corrobora para que haja equilíbrio osmótico, já que dentro existe uma quantidade considerável de conteúdo proteico. À medida que o epitélio descama no lúmen, o teor de proteína é maior. O fluido entra no lúmen, em uma tentativa para equalizar a pressão osmótica, ocorrendo uma dilatação lenta. A pressão osmótica não é responsável isoladamente pelo crescimento do cisto, o sistema imune tentando conter a lesão e o epitélio cístico contribuem também, a reabsorção óssea associada à inflamação Dafne Freitas - Odontologia - UFAM crônica da região e as prostaglandinas e colagenases oriundas dos fibroblastos da cápsula cística contribuem no processo. Características clínicas e radiográficas Cisto periapical -—-> se tiver epitélio, é considerado cisto; ● Pacientes não apresentam sintomas, a menos que exista uma exacerbação inflamatória aguda. ● Sem evidência clínica de sua presença; ● Se o cisto atingir um tamanho grande —-> podem ser observadas tumefação e sensibilidade leve, mobilidade e deslocamento dos dentes adjacentes —--> com o crescimento, a imagem radiolúcida muitas vezes se torna achatada conforme a lesão se aproxima dos dentes adjacentes. ● O dente de origem não responde ao teste pulpar térmico e elétrico. ● O padrão radiográfico é idêntico ao do granuloma periapical —---> podem desenvolver-se mesmo como imagens radiolúcidas periapicais pequenas, e o tamanho radiográfico da lesão não pode ser utilizado para o diagnóstico definitivo. ● Observa-se perda da lâmina dura ao longo da raiz adjacente e uma imagem radiolúcida arredondada circunda o ápice do dente acometido (imagem A). ● A reabsorção radicular é comum (imagem B). ● É possível que ocorra um crescimento significativo e podem ser observadas lesões ocupando todo um quadrante.. ● Ainda que os cistos periapicais atinjam com mais frequência tamanhos maiores do que os granulomas periapicais, nem o tamanho nem a forma da lesão podem ser considerados critérios para o diagnóstico definitivo. ● São comumentes vistos em entre as idades de 20 e 60 anos; ● Também são conhecidos por envolverem dentes decíduos —--> mais associados aos molares e aparecem como uma zona radiolúcida circundante às raízes e que preenche o espaço interradicular na região de furca. ● Área radiolúcida unilocular, circunscrita, arredondada/ovalada, com fina linha radiopaca; Diagnóstico clínico preliminar de cisto periapical pode ser feito: ● A lesão envolver um ou mais dentes com necrose pulpar; ● A lesão for maior do que 20mm ou área transversal de 200mm²; ● Cor palha no líquido de aspiração ou drenagem; ● O fluido conter cristais de colesterol; A B A. Cisto periapical. Área radiolúcida bem circunscrita intimamente associada ao ápice do incisivo central inferior. Observe a perda da lâmina dura na região da lesão. B. Cisto periapical. Área radiolúcida associada ao incisivo central superior, o qual apresenta reabsorção radicular significativa. Cisto periapical. Área radiolúcida envolvendo a região de furca e os ápices do segundo molar decíduo inferior direito. Cisto periapical. Área radiolúcida unilocular de grande dimensão estendendo-se do primeiro molar inferior ao primeiro molar contralateral. Cisto radicular lateral ● Apresenta-se como uma imagem radiolúcida discreta ao longo da porção lateral da raiz. ● A perda da lâmina dura e uma fonte de inflamação evidente podem não ser detectadas sem um alto índice de suspeita. ● Antes da exploração cirúrgica de áreas radiolúcidas posicionadas lateralmente, deve ser executada uma avaliação completa do estado periodontal e da vitalidade dos dentes adjacentes. A B Cisto radicular lateral. A, Radiografia periapical da região posterior da mandíbula do lado esquerdo obtida na época da finalização do tratamento endodôntico dos pré-molares e molares. B, Radiografia subsequente obtida 27 meses mais tarde. Observe a área radiolúcida entre o pré-molar e o Dafne Freitas - Odontologia - UFAM primeiro molar estendendo-se lateralmente da raiz mesial do primeiro molar. Cisto radicular lateral. Área radiolúcida em forma de pêra invertida entre o incisivo lateral e o canino superiores (seta). Por fim, o incisivo lateral foi diagnosticado como não vital. Todos os focos inflamatórios na área de um cisto radicular lateral devem ser eliminados e o paciente deve ser observado de maneira semelhante à descrita para o cisto periapical. Cisto periapical residual ● Apresenta-se como uma imagem radiolúcida de forma circular a oval, de tamanho variável, localizada no processo alveolar em um sítio de uma extração dentária prévia. ● Com o envelhecimento da lesão, a degeneração dos constituintes celulares no lúmen leva ocasionalmente à calcificação distrófica e à radiopacidade central do lúmen. A B C A.Cisto periapical residual. Área radiolúcida remanescente na região do corpo mandibular no sítio de extração dentária prévia. B. Cisto periapical residual. Área radiolúcida bem-circunscrita no sítio de extração do primeiro molar inferior esquerdo. C. Cisto periapical residual. Área radiolúcida com radiopacidade central no corpo mandibular do lado direito. Como grande parte dos cistos e tumores odontogênicos e não odontogênicos pode imitar a aparência de um cisto periapical residual, em todos estes cistos deve ser realizada a excisão cirúrgica. Características histopatológicas As características histopatológicas de todos os três tipos de cistos inflamatórios são semelhantes. A cápsula do cisto consiste em tecido conjuntivo fibroso denso, muitas vezes com infiltrado inflamatório contendo linfócitos variáveis, permeados por neutrófilos, plasmócitos, histiócitos e (raramente) mastócitos e eosinófilos. O cisto é revestidopor epitélio escamoso estratificado, o qual pode apresentar exocitose, espongiose ou hiperplasia. Cisto periapical. Cisto revestido por epitélio escamoso estratificado. Observe a cápsula de tecido conjuntivo, a qual contém um infiltrado inflamatório crônico e diversos cristais de colesterol. Células mucosas dispersas ou áreas de epitélio colunar pseudoestratificado ciliado podem ser observados nos cistos periapicais. Cisto periapical. Revestimento epitelial escamoso estratificado contendo diversas células mucosas. Apesar de alguns cistos periapicais em maxila revestidos por epitélio colunar pseudoestratificado poderem ter sido originados do revestimento sinusal adjacente, a presença de células mucosas ou epitélio semelhante ao respiratório também pode ser observada nos cistos em mandíbula. O lúmen do cisto pode ser preenchido por fluido e restos celulares. Algumas vezes, o revestimento epitelial pode apresentar calcificações lineares ou em forma de arco, conhecidas como corpúsculos de Rushton. Cisto periapical. Revestimento epitelial escamoso do cisto exibindo diversos corpúsculos de Rushton irregulares e curvilíneos Calcificações distróficas, cristais de colesterol com células gigantes multinucleadas, hemácias e áreas de pigmentação por hemossiderina podem estar presentes no lúmen, na cápsula ou em ambos. Dafne Freitas - Odontologia - UFAM As cápsulas dos cistos inflamatórios podem conter corpos hialinos (pulse granuloma, angiopatia hialina de células gigantes) dispersos —--> se apresentam como pequenas poças circunscritas de material eosinofílico que exibe uma periferia ondulada de colágeno condensado muitas vezes circundado por linfócitos e células gigantes multinucleadas. Corpos hialinos. A, Múltiplos corpos hialinos apresentando-se como anéis colagenosos ondulados circundando linfócitos e plasmócitos; observe os corpos hialinos iniciais preenchidos com exsudato seroso. B, Múltiplos corpos hialinos com diversas células gigantes multinucleadas no interior e ao redor dos anéis de colágeno ondulados. Material eosinofílico —--> pode ser uniforme ou conter uma variável mistura de linfócitos, plasmócitos, células gigantes multinucleadas, neutrófilos, restos necróticos e calcificação distrófica. Esses corpos parecem representar lagos de exsudato inflamatório (p. ex., serum extravasado) que por fim sofre fibrose e ocasionalmente calcificação distrófica. As células gigantes multinucleadas são levadas ao local para remoção de grânulos de hemossiderina insolúvel. Os corpos hialinos podem ser encontrados em qualquer área de inflamação crônica intraóssea, especialmente na doença inflamatória periapical. A habilidade de o epitélio odontogênico demonstrar tal diferenciação especializada representa um exemplo de prosoplasia (metaplasia avançada) e enfatiza o potencial diverso do epitélio odontogênico. Dependendo da localização do dente, ou seja, mais próximo do seio maxilar, o cisto pode ter características do epitélio do seio maxilar (epitélio ciliado). Tratamento e prognóstico O cisto periapical é tratado da mesma maneira que o granuloma periapical. Quando as características clínicas e radiográficas apontam para uma lesão inflamatória periapical, a extração ou o tratamento endodôntico conservador não cirúrgico deve ser realizado —-> a cirurgia periapical é indicada para lesões que excedem 2,0 cm e para aquelas associadas a dentes nos quais não é viável o tratamento endodôntico convencional —--> a biópsia é indicada para afastar outros possíveis processos patológicos. Lesões maiores associadas a dentes com possibilidade de restauração têm sido tratadas com sucesso por meio de tratamento endodôntico conservador quando combinado à biópsia e marsupialização, descompressão ou fenestração —--> é fortemente aconselhado um acompanhamento mínimo de 1 a 2 anos. Se a imagem radiolúcida não desaparecer, a lesão poderá muitas vezes ser tratada com sucesso pelo retratamento endodôntico não cirúrgico. Os cistos de origem inflamatória não recidivam após um tratamento adequado. Podem ocorrer cicatrizes fibrosas, especialmente quando ambas as tábuas corticais tiverem sido perdidas; uma vez diagnosticados, não é indicado outro tratamento para as cicatrizes fibrosas. Em casos raros, relata-se o desenvolvimento de carcinoma de células escamosas nos cistos periapicais; portanto, mesmo na ausência de sintomas, o tratamento é necessário para todas as alterações intraósseas cujo exame histopatológico não tenha fornecido um diagnóstico definitivo. Referências: NEVILLE, Brad W. et al. Patologia oral e maxilofacial. Shear, 2007; Shafer, 1987; http://patoestomatoufrgs.com.br/patologia-basica/7_patol ogia_periapical.php#Granuloma-Apical; https://www.endo-e.com/images/doencas_polpa/doencas _polpa.htm; http://patoestomatoufrgs.com.br/patologia-basica/7_patologia_periapical.php#Granuloma-Apical http://patoestomatoufrgs.com.br/patologia-basica/7_patologia_periapical.php#Granuloma-Apical https://www.endo-e.com/images/doencas_polpa/doencas_polpa.htm https://www.endo-e.com/images/doencas_polpa/doencas_polpa.htm
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