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Pato 05/08/2022 SISTEMA CARDIOVASCULAR ANATOMIA - CORAÇÃO • Situa-se no mediastino anterior entre os dois pulmões • Relação ântero-superior: pulmões, esterno, costelas, músculos intercostais • Relação lateral: hilos pulmonares, pulmões, nervos frênicos e vasos pericardiofrênicos • Relação posterior: esôfago, aorta descendente, veias ázigo e hemiázigo • Relação inferior: músculo diafragma • Órgão muscular oco, grosseiramente cônico • Endocárdio: reveste internamente o coração (endocárdio mural) e forma as valvas cardíacas (endocárdio valvar) • Miocárdio: músculo esquelético estriado cardíaco • Epicárdio (pericárdio visceral –recobre o miocárdio e se reflete as raízes dos grandes vasos da base, se continua com o pericárdio parietal formando o saco pericárdico) • Envolvido pelo saco pericárdico (membrana serosa) • Contém líquido pericárdico (20 a 50 ml): líquido amarelo-citrino que tem a função de promover a lubrificação do órgão, facilitando a sua movimentação – em casos de derrame há dificuldade de promover a lubrificação do órgão HISTOLOGIA Átrios: paredes finas que são câmaras de receptação • AD: sangue venoso sistêmico • AE: sangue arterial pulmonar Ventrículos: paredes espessas e funcionam como bombas de propulsão do sangue • VD: para os pulmões • VE: para a circulação sistêmica Peso do coração normal • Homem: 300-350g • Mulher: 250 a 300g VE: tem a forma de um cone, ligeiramente curvo e forma o ápice do coração • Espessura do VE (adulto normal: 11 a 15 mm) 4 valvas, cada uma formada por válvulas 2 atrioventriculares (cúspides) • Tricúspide (direita) • Mitral (esquerda) 2 arteriais (folhetos semilunares) • Pulmonar (direita) • Aórtica (esquerda) Irrigação do miocárdio: artérias coronárias • Artéria coronária esquerda: divide-se em o interventricular anterior (ramo descendente anterior), irriga parede anterior do VE, 2/3 anteriores do septo interventricular e parte da parede anterior do VD o circunflexa – irriga parede lateral do VE o Artéria coronária direita (geralmente dominante e irriga todo o restante do coração), origina em face posterior • A. Interventricular posterior (descendente posterior) • Fluxo intramiocárdico (diástole): artérias epicárdicas emitem ramos em ângulo reto que se dirigem ao endocárdio e se ramificam até ramos terminais CARDIOPATIA HIPERTENSIVA • Conjunto de alterações que ocorrem no coração em consequência de hipertensão arterial sistêmica (hipertensão essencial) • Achado principal: hipertrofia concêntrica do VE e quadro de hipertensão arterial Hipertensão arterial essencial: condição muito prevalente na população adulta • mais de 50% da população adulta acima dos 50 anos (mais frequente sexo feminino) • Segunda causa mais frequente de óbito por cardiopatias (em países desenvolvidos) • Causa muito importante de morbidade e mortalidade Hipertensão arterial (HA) • Doença assintomática • Evolui em muito tempo sem ser diagnosticada • Causa sobrecarga no coração, vasos sanguíneos e outros órgãos o que resulta em doenças de gravidade variada • Valores normais de pressão arterial variam de acordo com situações durante a vida • Valor a ser considerado como hipertensão arterial é muito impreciso: acima de 140/90 mmHg considerado consenso para HA por risco aumentado de lesões vasculares, cardíacas, renais e cerebrais Regulação da pressão arterial: • PA=DC x RVP • Débito Cardíaco (DC) é produto da frequência cardíaca pelo volume sistólico (depende da volemia – volume de sangue circulante) • Resistência vascular periférica (RVP) depende do grau de contração das arteríolas de todo o organismo que depende de fatores nervosos (SN simpático), humorais (óxido nítrico, endotelinas, cininas, prostaglandinas) e locais (ph e disponibilidade de O2 -Hipóxia) • Volemia (quantidade de H2O no organismo) regulada pelos rins - sistema renina- angiotensina-aldosterona • Frequência cardíaca (sistema nervoso autonômico e catecolaminas) Classificação da HA • Primária (essencial) – 90-95% dos casos • Secundária (5-10%) – associada a doenças renais (nefropatias crônicas), endócrinas (adrenaisfeocromocitoma e tireoide- hipertireoidismo), doenças cardiovasculares, doenças neurológicas (apneia do sono), doenças gestacionais (produtos da placenta interferem no controle da PA) Gravidade • 90-95% – cifras tensionais não muito elevadas, complicações muito tardias • 5-10% - HA maligna ou acelerada (cifras muito elevadas) levando a dano endotelial grave, complicações, óbito em curto tempo (geralmente previamente hipertensos) Patogênese (fatores genéticos): • Nem todos os mecanismos patogenéticos são bem estabelecidos • HA essencial ou idiopática • Fatores genéticos (inquestionável), por defeitos em genes isolados mas na maioria, envolvimento de muitos genes (poligênica) • História familiar: alguns polimorfismos gênicos associados a doença (genes do angiotensinogênio, de proteínas G, de endotelinas, etc.) • Efeito somatório e cumulativo de vários defeitos gênicos (talvez isso possa explicar cifras tensionais elevadas) Patogênese (fatores ambientais): • Indivíduos que migram para locais onde HA é mais prevalente tendem a desenvolver mais HA • Obesidade • Atividade física • Dieta/alimentação Patogênese (fatores ambientais): • Dieta/alimentação ✓ Ingestão de sódio: é o elemento mais importante pois aumenta a volemia e a causa a vasoconstrição. ✓ Ingestão de álcool: estimulação simpática ou sistema renina-angiotensina-aldosterona elevando níveis tensionais ✓ Cafeína: aumenta a resistência vascular periférica e a pressão arterial ✓ Dieta rica em fibras reduz a pressão arterial • Hipertensão arterial secundária (mecanismos dependem da fisiopatologia de cada doença) ✓ Doenças renais: isquemia renal e aumento da produção de renina ✓ Doenças endócrinas: produção de catecolaminas, retenção de líquidos com aumento da volemia ✓ Doenças encefálicas: mecanismos variados aumentam a pressão arterial ✓ Hipertensão na gravidez (pré-eclâmpsia): aumento da pressão arterial por liberação pela placenta de substâncias vasoconstritoras. ✓ Níveis elevados de tensão arterial por tempo prolongado são agentes agressores potentes para o coração e vasos sanguíneos ✓ Coração: sobrecarga do miocárdio (aumento da força de contração para vencer a resistência vascular periférica aumentada) = Cardiopatia hipertensiva • Vasos sanguíneos: ✓ Arterioloesclerose hialina: deposição de material hialino na íntima dos pequenos vasos, com redução da luz ✓ Arterioloesclerose hiperplásica: tipicamente ocorre na HA maligna havendo hiperplasia das células musculares da parede vascular com formando camadas vasculares ‘em casca de cebola’ e duplicação da membrana basal com estreitamento da luz ISQUEMIA – RINS E SNC LESÕES VASCULARES Arteriosclerose: termo genérico para espessamento da parede arterial, com endurecimento e perda da elasticidade das artérias (de qualquer calibre) – TERMO GENÉRICO PARA ENDURECIMENTO DAS ARTÉRIAS • Aterosclerose, que é a principal forma da arteriosclerose (arteriosclerose de grandes artérias), clinicamente mais importante – BASE DA PATOGENIA DE DOENÇAS VASCULARES PERIFÉRICAS ISQUÊMICAS – deposição de placas de ateroma ou ateroscleróticas com diminuição do calibre da luz • Arteriosclerose calcificada da camada média ou de Mönckeberg (artéria em traqueia de passarinho), observada em artérias musculares de médio calibre como a. radial (geralmente sem significância clínica) Arteriolosclerose (arteríolas) • Hiperplásica (HA maligna) – células musculares lisas com membranas basais espessadas e duplicadas (‘casca de cebola’) • Hialina (ou hialinose arteriolar) – espessamento hialino eróseo por passagem de proteínas pelo endotélio (HA essencial, envelhecimento, diabéticos) Cardiopatia Hipertensiva • Cardiopatia Hipertensiva: Conjunto de alterações que ocorrem no coração em consequência de hipertensão arterial sistêmica (hipertensão essencial) • Achado principal: hipertrofia concêntrica do VE e quadro de hipertensão arterial • Hipertrofia concêntrica do VE por sobrecarga para vencer a pressão sistêmica aumentada (resposta adaptativa) para manter o débito cardíaco • Músculo cardíaco: tecido sem capacidade replicativa → HIPERTROFIA → Aumento da espessura das fibras cardíacas sem replicar o musculo → A espessura aumentada da parede ventricular tende a normalizar a tensão sistólica sofrida pelos miofilamentos • Compensatória: apesar da pressão arterial elevada, o indivíduo permanece compensado hemodinamicamente por muitos anos (fase compensada da cardiopatia hipertensiva) • Sem controle da pressão arterial, o miocárdio esgota sua capacidade de hipertrofiar ou se manter hipertrofiado, o débito cardíaco não é mais mantido, causando sobrecarga do volume diastólico e dilatação da cavidade, causando insuficiência cardíaca (fase descompensada da cardiopatia hipertensiva) Fisiopatogênese • Hipertrofia concêntrica do VE com redução de sua cavidade (fase compensada) • Com a descompensação cardíaca, há dilatação da cavidade do VE e diminuição da espessura da parede → Insuf. cardíaca esquerda: congestão e edema pulmonar (tosse e dispneia), depois hipoperfusão renal e encefálica SINTOMAS PULMONARES • Diminuição da complacência do VE com sobrecarga do AE, aumenta a necessidade de oxigênio • As células miocárdicas hipertróficas são mais susceptíveis a isquemia pela exigência metabólica aumentada e aumento da distância entre o interior das células e o capilar que as nutre (dificuldade de difusão de oxigênio) → maior risco de isquemia cardíaca • Com a dilatação do VE, ocorre a dilatação do anel da valva mitral, resultando insuficiência valvar, com dilatação e sobrecarga do AE * congestão pulmonar que, se prolongada, pode evoluir para hipertensão pulmonar • Com persistência desta, há sobrecarga do VD com hipertrofia concêntrica, que pode entrar em descompensação resultando em dilatação da cavidade e da valva tricúspide, resultando em insuficiência valvar com refluxo de sangue ao AD e sua dilatação • VD também entra em descompensação (mecanismo semelhante ao do VE), resultando na dilatação da sua cavidade e do anel da valva tricúspide, que se torna insuficiente havendo refluxo de sangue para o AD que também se dilata • Coração todo aumenta de volume (Insuficiência cardíaca) → Insuficiência cardíaca direita: congestão sistêmica (hepatomegalia e edema de MMII) Achados macroscópicos - Fase compensada: Hipertrofia concêntrica do VE com redução de sua cavidade (espessura uniforme, podendo passar de 2,0 cm) Peso aumentado do coração • Mais de 450g homens • Mais de 350g mulheres Ausência de lesões em valvas cardíacas ou pericárdio Diminuição da luz da cavidade Achados macroscópicos - Fase descompensada: Depende do tempo da descompensação cardíaca: aumento do coração como um todo com dilatação das cavidades Insuficiência cardíaca • Achados microscópicos – fase compensada • Hipertrofia dos cardiomiócitos, formação de novos sarcômeros no sentido transversal, havendo aumento principalmente de diâmetro e também do comprimento das fibras musculares • Aumento das mitocôndrias, ribossomos, e núcleo dos cardiomiócitos=aumento do volume celular • Aumento da demanda sanguínea pela hipertrofia com aumento do diâmetro dos cardiomiócitos • Achados microscópicos - fase descompensada: • Distúrbios de irrigação do miocárdio • Dificuldade de uma boa perfusão de nutrientes e catabólitos • Associação com aterosclerose de coronárias (isquemia) • Variação grande de forma e tamanho de fibras musculares (intensa hipertrofia e outras hipotróficas), com progressiva substituição de parte das células por fibrose com desarranjo arquitetural do miocárdio
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