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Lesão celular, degeneração hidrópica e esteatose

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Lesão celular, degeneração hidrópica e esteatose 
 
Todas as células do corpo trabalham 
em homeostasia ou condições próximas 
a ela. Assim, quando ocorre um 
estímulo nocivo ou estresse, a célula 
sofre adaptações, as quais podem ou 
não serem reversíveis (apoptose, 
necrose). 
 
❖ Adaptação celular: 
 
As adaptações ocorrem com o intuito 
de que a célula não chegue a um ponto 
irreversível, até que o estímulo nocivo 
pare ou até o limite da célula. Tipo de 
adaptações: 
 
➔ Atrofia: é a redução do tamanho 
do órgão devido a redução do 
tamanho celular, fazendo com que 
as necessidades dessas células 
sejam menores. Durante a 
atrofia, a síntese de proteína 
diminui, pois as necessidades 
proteicas são menores, e começa 
a autofagia, uma vez que a falta 
de nutrientes faz a célula digerir 
suas próprias proteínas 
metabólicas para compensar. As 
causas possíveis são: 
 
- Isquemia; 
- Perda de inervação ou diminuição 
da carga de trabalho; 
- Nutrição inadequada; 
- Envelhecimento; 
- Baixa estimulação endócrina. 
 
➔ Hipertrofia: é o aumento do órgão 
devido ao aumento do tamanho 
celular. É causado pelo aumento 
da demanda funcional ou 
crescimento do órgão em tecidos 
que não possuem capacidade 
replicativa. Pode ser causada por 
fatores fisiológicos (hormonal, 
compensatório) e patológico 
(estímulos fisiológicos em 
excesso). Está relacionada à 
hiperplasia. 
 
➔ Hiperplasia: ocorre quando o 
órgão aumenta devido o aumento 
do número de células, portanto 
somente acontecerá em tecidos 
com capacidade replicativa. é 
causada por fatores: 
- Fisiológico: pode ser hormonal, 
quando as glândulas mamárias 
aumentam durante a puberdade, 
ou compensatória, quando cresce 
um tecido em algum corte ou 
órgão removido. 
 
Letícia Terres Queiroz- Med. Veterinária, UFMS 
- Patológica: também ocorre pelo 
estímulo hormonal e 
compensatório, mas quando são 
feitos em excesso. 
 
➔ Metaplasia: ocorre a substituição 
de um tecido por outro novo, o 
qual será mais capacitado para 
os estímulos nocivos em um 
ambiente hostil. 
 
 
 
 
❖ Causas de lesões celulares: 
 
É importante destacar que as lesões 
celulares dependem de intensidade, 
duração, adaptabilidade e natureza. 
Essas lesões podem ter como causa: 
 
- Reações imunológicas; 
- Agentes infecciosos e virais; 
- Intoxicação; 
- Fatores físicos ou genéticos; 
- Hipóxia e isquemia. 
 
A hipóxia e a isquemia é a causa mais 
comum e, caso esse estímulo não for 
parado, a célula morre por apoptose. 
A maior produção de ATP ocorre na 
mitocôndria por meio da cadeia 
transportadora de elétrons, durante 
a fosforilação oxidativa. Na queda de 
oxigênio, é produzido menos ATP e a 
célula ativa um mecanismo 
compensatório, os Fatores da Família 
F-1. Esses induzem a síntese de 
proteínas de sobrevivência da célula. 
Caso permaneça a condição de 
hipóxia, começam a ocorrer falhas na 
célula: 
 
1. Falha na Bomba de 
Sódio/Potássio devido a falta 
de ATP. Ocorre o acúmulo de 
sódio dentro da célula, o que 
atrai água e provoca uma 
retenção de líquido. A célula 
sofre tumefação (Degeneração 
hidrópica), tendo tamanho e 
formato alterados. 
 
 
Letícia Terres Queiroz- Med. Veterinária, UFMS 
 
 
2. O aumento da produção de 
glicose anaeróbica aumenta as 
concentrações de ácido lático, 
desregulando o pH da célula. A 
consequência é uma alteração 
do núcleo. 
3. A alteração do núcleo provoca 
a falha dos ribossomos e 
síntese de proteínas. 
4. A falta de ATP inviabiliza a 
saída do Cálcio intracelular e 
seu acúmulo no citosol ativa 
enzimas que destroem 
membrana celular, os 
componentes celulares e o 
núcleo. Além disso, induz a 
apoptose e, por fim, a célula 
morre. 
 
 
❖ Degeneração gordurosa: 
Esteatose e lipidose: 
 
Esteatose ou lipidose é o acúmulo de 
ácido graxos na forma de mono, di e 
triacilgliceróis no fígado, podendo 
acontecer também no coração. O 
acúmulo pode ocorrer por: 
- Diabetes mellitus; 
- Intoxicação; 
- Desequilíbrio nutricional; 
- Doença hepática gordurosa 
não alcoólica (DHGNA), a qual 
é uma consequência dos 
problemas citados acima. 
 
Em condições normais, o lipídio entra 
no organismo e é transformado em 
ácido graxo pelos sais biliares. Ao 
chegar no fígado é metabolizado pelos 
hepatócitos e convertidos em corpos 
cetônicos, sendo esterificados em 
fosfolipídios, lipoproteína (vai para a 
circulação) ou colesterol. Quando 
ocorre um estresse, os hepatócitos 
não conseguem metabolizar. 
O acúmulo de ácidos graxos ocorre 
quando a mitocôndria é 
sobrecarregada e não consegue oxidá-
los e, por consequência, não são 
 
Letícia Terres Queiroz- Med. Veterinária, UFMS 
esterificados. Assim, os hepatócitos 
perdem suas funções e formato pelo 
acúmulo de gordura em seu interior. 
Esse acúmulo pode ser macrovesicular, 
quando o hepatócito forma uma 
grande massa de gordura, ou 
microvesicular, quando há várias 
bolsas de gordura dentro de um 
hepatócito. 
 
 
 
A Doença Hepática Gordurosa Não 
Alcoólica é a principal causa da 
esteatose e é reversível, caso os 
estímulos que levaram a ela sejam 
cessados. Se não forem, a esteatose 
passa a ser uma esteatohepatite, o 
que leva à morte celular. 
 
 
 
OBS: A lipidose hepática é muito 
comum em gatos que possuem Diabetes 
mellitus. Em humanos, é comum 
esteatose causada por cirrose, 
também chamada de Doença 
Hepática Gordurosa Alcoólica. 
 
OBS2: Lipomatose: acúmulo de ácidos 
graxos no TECIDO. Lipidose é o 
acúmulo de ácidos graxos na CÉLULA.

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