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Acúmulos Intracelulares São determinadas substâncias de origem endógena ou exógena, em que acumulam dentro das células, no qual pode ser reversível, fatal ou fisiológico. Determinados acúmulos são considerados transtornos metabólicos, pois não é algo normal ocorre apenas em situações de estresse celular. Sendo assim, o acúmulo pode ser de 2 tipos: ● Constituinte normal: água, lipídeos, carboidratos, proteínas ● Substância anormal: minerais, produtos Ag. infecciosos, produtos de síntese de metabolismo anormal Tipos de anormalidade que favorecem o acúmulo de substância ● Metabolismo anormal: célula apresenta alguma falha metabólica que causa acúmulo de subst. ● Defeito no dobramento e no transporte de proteína: acúmulo de proteínas defeituosas. ● Ausência de enzima: defeitos ou ausência de enzimas que degradam determinada substância, que se acumula. ● Ingestão de materiais não digeríveis: a célula não possui maquinaria enzimática para degradar a substância exógena, nem transportá-la para outro local. Tipos de acúmulo intracelular ● Lipídios ● Proteínas ● Carboidratos ● Pigmentos ● Mineral Lipídios Os principais triglicerídeos são: triglicerídeos, colesterol/ésteres de colesterol, fosfolipídeos. O acúmulo de triglicerídeos em outros locais que não seja o tecido adiposos causa esteatose (chamada de degeneração gordurosa) ; ocorre muito no fígado, pode também ocorrer nos rins, coração e músculo. As principais causas dessas esteatoses são alcoolismo, contato com substâncias tóxicas, obesidade. O fígado acumúla muitos triglicérides pois ele recebe os ácidos graxos livres e esterifica-os em triglicerídeos, para o seu armazenamento no tecido adiposo. Já o acúmulo de colesterol pode causar: ● Aterosclerose: que é uma disfunção de grandes vasos, entre a região da túnica íntima e média, a qual cria uma placa de colesterol que vai estreitando a luz do vaso sanguíneo. Esse acúmulo ocorre devido à endocitação de uma grande quantidade de moléculas de colesterol circulante no sangue, sem haver uma degradação desse lipídio equivalente. ● Xantoma:acúmulo de colesterol dentro dos macrófagos (células espumosas) em pele e tendões ● Colesterolose: excesso de colesterol na lâmina própria da vesícula biliar; mecanismo de acúmulo desconhecido; atrapalha a liberação do bile. Proteínas Acontece acúmulo de proteína quando: ● Perda de proteína na urina (proteinúria): o túbulo proximal começa a absorver muita proteína, que acaba acumulando muita proteína nas vesículas das células. ● Produção aumentada: ex:produção de muitos anticorpos ● Secreção defeituosa de uma proteína ● Acúmulo de proteínas citoesqueleto: ex: acúmulo de neurofilamentos está relacionado ao alzheimer ● Agregação de proteínas anormais: algumas proteínas começam a se juntar umas às outras e atrapalham o s processos celulares, causando alterações patológicas. Carboidratos Acumulamos fisiologicamente uma certa quantidade de glicogênio e glicose. Todavia um grande acúmulo dessas substância causa morte celular. Por exemplo, em casos de DM I: 1. há pouca produção de insulina 2. glicosúria (s/ glicose intracelular) 3. liberação de glicose na urina 4. alta reabsorção tubular de glicose 5. aporte excessivo de glicose à célula 6. acúmulo de glicogênio 7. morte celular Pigmentos São substâncias que apresentam cor própria, origem, composição química e significado biológico diversos; são distribuídos amplamente na natureza. Há um acúmulo normal de pigmentos no organismo, mas um grande acúmulo causa certas patologias. Os pigmentos podem ser de fonte endógena (como derivados da hemoglobina, hematoidina, hemosiderina; melanina; ácido homogentísico e etc) ou exógenos (como partículas de carbono - não podem ser eliminados pelo organismo, causa antracose) Por exemplo, quando as hemácias são destruídas, o grupo heme da hemoglobina é liberado, o qual é convertido em heme oxidase, em biliverdina redutase e depois em bilirrubina não conjugada feito pelos monócitos. Dessa forma, no fígado, ao ser conjugada, a bilirrubina, se não for excretada, pode ser acumulada no organismo, causando icterícia. Minerais Acúmulo de cálcio, ferro, magnésio ou outros. No caso do cálcio, existem dois tipos de acúmulos: ● Calcificação distrófica: quando o tecido está morrendo (necrose), o cálcio tende a se acumular nos fosfolipídios. ● Calcificação metastática: acontece nos tecidos normais em casos de hipercalcemia. Lesão Celular Trata-se de um estímulo em que a célula, a partir do momento em que ela não consegue mais se adaptar (ultrapassa o limiar de adaptação), apresenta, algumas alterações bioquímicas, estruturais e fisiológicas, que vão causando injúrias, os quais podem ser reversíveis ou irreversíveis(causa morte celular, por apoptose ou necrose). Essas lesões celulares indicam que a célula está passando por estresses excessivos, exposição a agentes lesivos e/ou está sendo prejudicada por anomalias intrínsecas. As causas dessas injúrias podem ser causadas por características: ● Endógenas: genética, defesa imunológica (ex muita inflamação) e emocional ● Exógenas: físico (ex trauma), químico (ex poluição), biológico (ex infecção) e distúrbios nutricionais OBS! Algumas lesões celulares não é possível saber de onde veio, essas lesões são chamadas de lesões idiopáticas. Determinantes da resposta celular ● Tipo de lesão ● Duração da lesão ● Gravidade ● Tipo de célula ● Estado da célula ● Adaptabilidade da célula Mecanismos de lesão celular A lesão celular resulta de vários mecanismos bioquímicos que agem em vários componentes celulares essenciais, criando as alterações fisiológicas, bioquímica e morfológicas. Principais causas de lesão celular ● Privação de oxigênio (hipóxia) ● Agentes físicos ● Agentes químicos e drogas ● Agentes infecciosos ● Reações imunológicas ● Defeitos genéticos ● Desequilíbrios nutricionais OBS! Isquemia = diminuição do fluxo sanguíneo para determinado tecido; Hipóxia = redução do fornecimento de oxigênio (isquemia parcial); Anóxia = sem fornecimento de oxigênio para determinado tecido (isquemia total). Hipóxia Nessa situação, a célula adapta uma mudança na maneira de utilizar energia, já que não há mais oxigênio suficiente para a fosforilação oxidativa, fazendo com que a célula aumente a glicólise (diminui a quantidade de ATP final produzido) e aumente a captação da glicose, bem como diminui a gliconeogênese (síntese de glicose por meio de outros substratos) e a síntese de ác. graxos, triglicerídeos e esteróides. Além disso, as células induzem a expressão do fator de transcrição HIF-1, que regula a transcrição de muitos genes que ajudam para melhorar a situação de hipóxia, como nos processos de glicólise (enzimas que atuam na glicólise), de síntese de eritropoetinas (atua na produção de hemácias), aumenta a transcrição de GLUT4 (transportador que capta glicose para dentro da célula), estimula a produção do VEGF (fator de crescimento vascular) e síntese de NO sintetase (induz a vasodilatação). Quando a célula começa a expressar esse HIF-1, ela entra em um processo de pré-condicionamento para a hipóxia, pois ela acaba ficando mais resistente aos quadrosde hipóxias posteriores. Lesões reversíveis Em uma situação de isquemia, a célula foca sua produção de energia na fermentação, diminuindo, então, a fosforilação oxidativa; devido à isso, ocorre uma diminuição de saldo de ATP gerado. Logo, com a pouca produção de ATP, a célula concentra a sua energia em seus elementos mais vitais e os seguintes processos ocorrem: ● ↑ da atividade da Bomba de Na/K, levando à um maior influxo de Na+, H2O* e Ca+2 (é liberado no citoplasma devido à maior permeabilidade do RE a esse íon), bem como a o efluxo de K+; logo, com a maior entrada de H2O, há tumefação do RE, tumefação celular, perda de microvilosidades e criação de bolhas (causadas pela degradação de alguns fosfolipídios), podendo também alterar a permeabilidade de íons. ● ↑ da glicólise anaeróbica, ↓ o glicogênio armazenado na célula, ↑ do ácido lático (fermentação), ↓ do pH, fazendo a condensação da cromatina nuclear (possível ver microscopicamente) ● Destacamento de ribossomos, devido a tumefação do RER, o que ↓ a síntese proteica *OBS! A água começa a entrar na célula devido à uma maior retenção de Na intracelular, assim, causa uma expansão citoplasmática osmótica (fica mais cheia); esse processo é chamado de degeneração hidrópica, pois a célula altera a sua morfologia. Imagem demonstrando como ocorre o aumento do cálcio citoplasmático e o que ele causa. A tumefação celular (degeneração hidrópica ou degeneração vacuolar) é a primeira manifestação de quase todas as formas de lesão celular, pois a célula perde o controle e balanceamento iônico normal; nela corre a presença de pequenos vacúolos claros no citoplasma (H2O). Outra manifestação comum de lesão celular reversível é a degeneração gordurosa (esteatose - surgimento de vacúolos lipídicos no citoplasma), que ocorre, geralmente, em órgãos de metabolismo de lipídeos (hepatócitos e células miocárdicas). Essa degeneração ocorre em lesões hipóxicas, as quais, a falta de O2 deixa o Acetil-CoA acumulando; assim, esse composto é desviado para uma síntese de ácido graxo, o qual pode ser esterificado para a formação de triacilgliceróis, que vão se acumulando em gotículas de gordura, formando a esteatose. Com essas alterações celulares, a célula vai perdendo a sua função celular. Todavia, não significa que a célula morre, mas, se esse estímulo lesivo continuar ocorrendo, a célula perde a sua função drasticamente, levando à um caso de lesão irreversível e, provavelmente, à morte celular. Lesão irreversível Dessa forma, em um caso de hipóxia persistente, ocorre: 1. Perturbação eletrolítica e na síntese de proteínas e lipídeos 2. Agressão da membrana citoplasmática e de organelas, tornando-as inviáveis 3. Incapacidade de repor os componentes perdidos A incapacidade de reverter a disfunção mitocondrial é um marco do processo de lesão irreversível, pois a célula não consegue sobreviver mais se as sua mitocôndrias pararem de funcionar (glicólise insuficiente). Além disso, o aumento do Ca+2 citosólico e a diminuição do O2 , causa: A necrose da célula ocorre pela diminuição do fornecimento de O2, por elementos tóxicos e por radiação, os quais causam dano ou disfunção mitocondrial (criação de um poro de transição de permeabilidade mitocondrial - perda de proteínas), com aumento da produção de EROs e diminuição da produção de ATP, causando múltiplas anormalidades celulares e, logo, a necrose. Já a apoptose, ocorrerá quando houver diminuição dos sinais de sobrevivência e danos a proteínas e DNA, que causam o aumento de proteínas pró-apoptóticas e diminuição das proteínas antiapoptóticas; esse quadro faz com que as mitocôndrias liberem proteínas do seu conteúdo (intermembrana), as quais, ao chegarem no citoplasma, levam à uma cadeia de reações (caspases) que levam à apoptose. Quando houver reperfusão (restauração do fluxo sanguíneo em determinado tecido/órgão isquêmico) em um caso de isquemia prolongada, ocorrerá uma grande chegada de O2 na mitocôndria, assim, essa organela não consiguirá reduzir todos os O2 à H2O de uma vez; logo, ocorre a redução incompleta dos O2, gerando radicais livres, agravando mais ainda a situação da célula. Além disso, essa reperfusão permite a célula capitar muito Ca+2 do sangue, acelerando a ativação de proteases, endonucleases, fosfolipases e etc. Ademais, como a membrana está sem controle osmótico e iônico, com a chegada do sangue, há um choque osmótico na célula, pela entrada de plasma sanguíneo e outros íons, podendo levar à lise celular. Assim se o organismo conseguir restabelecer os níveis de EROs, por meio dos antioxidantes, a célula pode conseguir superar essa lesão (reversível). Resumindo ● Hipóxia de curta duração: induz lesões degenerativas que se recuperam rapidamente após a reperfusão. ● Hipóxia de duração intermediária: agrava-se com a reoxigenação (degeneração mais intensa). ● Anóxia duradoura: as lesões são pouco alteradas após a reperfusão (já está muito degradada), embora com a reoxigenação ocorra ampliação da lesão nas suas margens.
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