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Lyzandra Linhares ♡ Nervos cranianos são os que fazem conexão com o encéfalo, sendo que a maioria é originado do tronco encefálico, exceto os nervos olfatório – que advém do telencéfalo – e o óptico – que surge do diencéfalo. ♡ Há 12 pares de nervos cranianos numerados em sequência craniocaudal: olfatório, óptico, oculomotor, troclear, trigêmeo, abducente, facial, vestibulococlear, glossofaríngeo, vago, acessório, hipoglosso. ♡ Os nervos olfatório, óptico e vestibulococlear são exclusivamente sensitivos. Os nervos oculomotor, troclear, abducente, acessório e hipoglosso são somente motores. Os nervos trigêmeo, facial, glossofaríngeo e vago são nervos mistos – tanto sensitivos como motores. Nervos Olfatórios (NC I): ♡ Os nervos olfatórios são exclusivamente sensitivos e possuem a função de captar o olfato. ♡ Os nervos olfatórios originam-se na região olfatória de cada fossa nasal, a partir das células nervosas receptoras olfatórias, as quais vão possuir um prolongamento mais grosso e outro mais fino. ♡ O prolongamento mais grosso vai da origem aos cílios (filamentos olfatórios), que se projetam para dentro do muco que recobre a túnica mucosa olfatória e reagem a odores, estimulando as células olfatórias. ♡ O prolongamento mais fino forma as fibras do nervo olfatório, as quais vão atravessar a lâmina cribriforme (crivosa) do osso etmoide e adentrar no bulbo olfatório. ♡ No Bulbo olfatório há várias células nervosas, sendo a a célula mitral a maior delas. As fibras nervosas olfatórias aferentes fazem sinapse com as células mitrais e formam áreas arredondadas, conhecidas como glomérulos sinápticos. Células nervosas menores, denominadas células em tufo e células granulares, também fazem sinapse com as células mitrais. ♡ Os axônios de células mitrais e células tufo, vão constituir o trato olfatório, o qual fica localizado na parte posterior do bulbo olfatório. Esse trato vai se dividir em estria olfatória lateral e medial, sendo que a lateral vai conduzir os axônios até a área olfatória do córtex cerebral (periamigdaloide e pré-piriforme/ área olfatória primária), e a medial vai conduzir as fibras que cruzam o plano mediano na comissura anterior até o bulbo olfatório do lado oposto. ♡ O córtex olfatório primário envia fibras nervosas para muitos outros centros dentro do encéfalo, de modo a estabelecer conexões para as respostas emocionais e autonômicas às sensações olfatórias. Nervo Óptico (NC II): ♡ Os nervos ópticos são exclusivamente sensitivos e possuem a função de captar a visão. ♡ Vale ressaltar que as fibras do nervo óptico são mielinizadas, porém as bainhas são formadas a partir de oligodendrócitos, em vez de células de Schwann, visto que o nervo óptico é comparável a um trato dentro do sistema nervoso central. ♡ Na retina, os bastonetes e dos cones iniciam os sinais visuais, os quais são transmitidos para as células ganglionares. Os axônios dessas células se unem para formar o nervo óptico, o qual passa pelo forame óptico e posteriormente se unem ao nervo óptico do lado oposto para formar o quiasma óptico. ♡ No quiasma, os axônios da metade medial (retina nasal) de cada olho cruzam para o lado oposto (decussação óptica); os axônios da metade lateral (retina temporal) permanecem no mesmo lado. ♡ É importante frisar que as fibras da retina visual nasal correspondem ao campo visual temporal, enquanto as fibras da retina temporal são correspondentes aos fótons advindos do campo visual nasal. ♡ Posteriormente ao quiasma, estes axônios reagrupados formam os tratos ópticos. A maioria dos axônios dos tratos ópticos termina no núcleo geniculado lateral que é uma pequena projeção da parte posterior do tálamo, onde eles fazem sinapse com neurônios cujos axônios se estendem até a área visual primária no lobo occipital (área 17). ♡ Uns poucos axônios passam pelo núcleo geniculado lateral e se projetam para os colículos superiores do mesencéfalo e para núcleos motores do tronco encefálico, onde fazem sinapse com neurônios motores que controlam os músculos extrínsecos e intrínsecos do bulbo do olho. Nervo Oculomotor (NC III), Troclear (NC IV) e Abducente (NC VI): ♡ Os nervos oculomotor, troclear e abducente são nervos cranianos que controlam os músculos responsáveis pelo movimento dos bulbos dos olhos (motricidade ocular). ♡ Há duas divisões de tipos de musculaturas, sendo uma extrínseca e outra intrínseca. A musculatura extrínseca (extraocular) consiste nos músculos estriados esqueléticos, responsáveis pela movimentação propriamente dita. Já a musculatura ocular intrínseca (intraocular) é representada pelos músculos lisos, os quais são responsáveis pelo tamanho da pupila e estado de contração do cristalino. O nervo oculomotor é o principal nervo envolvido na motricidade ocular, dado que inerva a maioria dos músculos. Ademais, as fibras que saem do núcleo desse nervo suprem todos os músculos extrínseco do olho, com exceção do oblíquo superior – inervado pelo troclear – e do reto lateral – inervado pelo abducente. ♡ Esse nervo se divide em ramos superior e inferior, ambos os quais passam pela fissura orbital superior em direção à órbita. Os axônios do ramo superior inervam os músculos reto superior e o levantador da pálpebra superior. Os axônios do ramo inferior suprem os músculos reto medial, reto inferior e oblíquo inferior – todos músculos extrínsecos do bulbo do olho. ♡ O ramo inferior do nervo oculomotor também supre axônios motores parassimpáticos dos músculos intrínsecos do bulbo do olho, formados por músculos lisos. ♡ Os impulsos parassimpáticos se propagam de um núcleo mesencefálico (núcleo oculomotor acessório) para o gânglio ciliar. A partir do gânglio ciliar, alguns axônios motores parassimpáticos se projetam para o músculo ciliar, responsável pelo ajuste da lente (cristalino) para a visão de objetos próximos do observador (acomodação). Outros axônios motores parassimpáticos estimulam os músculos circulares da íris a se contrair quando uma luz intensa estimula o olho, causando diminuição do tamanho da pupila (constrição/miose). O nervo troclear é o menor dos doze nervos cranianos e o único que emerge da face posterior do tronco encefálico. Os neurônios motores somáticos se originam de um núcleo mesencefálico (núcleo troclear), e os axônios deste núcleo cruzam (decussação) para o lado oposto quando deixam o encéfalo por sua face posterior. A seguir, o nervo circunda a ponte e sai pela fissura orbital superior em direção à órbita. Estes axônios motores somáticos inervam o músculo oblíquo superior, outro músculo extrínseco do bulbo do olho, sendo que esse tem sua origem funcional na tróclea (localizada no teto da órbita). O nervo abducente se origina em um núcleo pontino (núcleo abducente). Os axônios motores somáticos se projetam deste núcleo em direção ao músculo reto lateral, um músculo extrínseco do bulbo do olho. O nervo abducente tem esse nome porque é responsável pela abdução do bulbo do olho. Nervo Trigêmeo (NC V): ♡ O nervo trigêmeo é um nervo craniano misto e o maior dos nervos cranianos. Ele emerge a partir de duas raízes na face anterolateral da ponte. ♡ Ademais, esse nervo é dividido em três ramos: o oftálmico, o maxilar e o mandibular. ♡ De modo geral os axônios sensitivos do nervo trigêmeo possuem funções sensitivas relacionadas a sensibilidade exteroceptiva, transmitindo impulsos nervosos de tato, dor e sensações térmicas (calor e frio). ♡ O ramo oftálmico é o menor dos ramos e passa pela orbita através da fissura orbital superior além de conter axônios sensitivos da pele, da pálpebra superior, da córnea, das glândulas lacrimais, da parte superior da cavidade nasal, da parte lateral do nariz, da fronte e da metade anterior doescalpo. ♡ O ramo maxilar tem tamanho intermediário e passa pelo forame redondo, contendo axônios sensitivos da túnica mucosa do nariz, do palato, de parte da faringe, dos dentes superiores, do lábio superior e da pálpebra inferior. ♡ O ramo mandibular é o maior dos ramos e passa pelo forame oval, além de conter axônios dos 2/3 anteriores da língua (não relacionados com a gustação), da bochecha e sua túnica mucosa, dos dentes inferiores, da pele sobre a mandíbula e anterior à orelha e da túnica mucosa do assoalho da boca. ♡ Os axônios sensitivos dos três ramos entram no gânglio trigeminal, onde seus corpos celulares estão localizados, e terminam em núcleos pontinos. O nervo trigêmeo também recebe axônios sensitivos de proprioceptores (receptores que fornecem informações sobre a posição e os movimentos do corpo) localizados nos músculos da mastigação, músculos faciais e extrínsecos do bulbo do olho; no entanto, os corpos celulares destes neurônios estão localizados no núcleo mesencefálico. ♡ Os neurônios motores do nervo trigêmeo fazem parte do nervo mandibular e suprem músculos da mastigação (masseter, temporal, pterigoide medial, pterigoide lateral, o ventre anterior do músculo digástrico e o músculo milo-hióideo, bem como os músculos tensor do véu palatino no palato mole e tensor do tímpano na orelha média). Estes neurônios motores controlam princiapalmente os movimentos mastigatórios. Nervo Facial (NC VII): ♡ O nervo facial consiste em um nervo misto, tendo sua origem aparente no sulco bulbo-pontino (emerge de forma anterolateral da parte inferior da ponte/entre o bulbo e a ponte). Vale ressaltar a atuação de um nervo chamado nervo intermédio que faz “parte” do nervo facial, mas possui relação com o nucleo salivatório superior, sendo responsável pela função autonômica do nervo facial. ♡ O nervo facial e o nervo intermédio entram no meato acústico interno no interior do qual o nervo intermédio perde a sua individualidade, formando-se assim um tronco nervoso único que penetra no canal facial. A partir disso, o nervo facial se curva para trás formando o joelho externo ou geniculo do nervo facial, onde existe um gânglio sensitivo, o gânglio geniculado. ♡ A seguir o nervo sofre uma nova curvatura para baixo, emerge do crânio pelo forame estilomastoídeo, atravessa a glândula parótida e distribui uma série de ramos para os músculos mímicos, músculo estilo-hioídeo e ventre posterior do músculo digástrico. ♡ O nervo facial é importante não só para os músculos da mímica, mas também para funções autonômicas como a atuação nas glândulas lacrimais, salivares e da mucosa nasal. Nervo Vestibulococlear (NC VIII): ♡ O nervo vestibulococlear (VIII) era antigamente conhecido como nervo acústico ou auditivo. Ele é um nervo sensitivo e tem dois ramos, o vestibular e o coclear. O ramo vestibular transmite impulsos relacionados com o equilíbrio e o ramo coclear, com a audição. Ademais, esse nervo emerge na região lateral bulbo-pontino. ♡ A parte vestibular é formada por fibras que se originam dos neurônios sensitivos do gânglio vestibular, que conduzem impulsos nervosos originados em receptores da porção vestibular do ouvido interno. Alguns axônios sensitivos também entram no cerebelo via pedúnculo cerebelar inferior. ♡ A parte coclear é constituída de fibras que se originam nos neurônios sensitivos do gânglio espiral, originados no órgão espiral (de Corti), receptor da audição, situado na cóclea. A partir daí, os axônios se projetam até núcleos bulbares e terminam no tálamo. ♡ Lesões do nervo vestibulococlear causam diminuição da audição, por comprometimento da parte coclear do nervo, juntamente com vertigem, alterações do equilíbrio e enjoo, por envolvimento da parte vestibular. Nervo Glossofaríngeo (IX) e Nervo Vago (X): ♡ Esses dois nervos possuem funções importantes na elevação do palato e constrição da faringe. Ademais, possuem funções somatossensitivas (tato, dor, pressão) e autonômicas. ♡ O nervo glossofaringe e o nervo vago, são nervos misto que emergem do sulco lateral posterior do bulbo e passam através do forame jugular. ♡ O nervo glossofaríngeo inerva o terço posterior da língua, sendo responsável pelo paladar. Além disso, esse nervo possui uma função autonômica especifica, de levar informações dos seios carotídeos até o núcleo do trato solitário para comandos de vasoconstrição ou vasodilatação. Esse nervo, em seu trajeto através do forame jugular, apresenta dois gânglios, superior (ou jugular) e inferior (ou petroso), formados por neurônios sensitivos. Ao sair do crânio, o nervo glossofaríngeo tem trajeto descendente, ramificando-se na raiz da língua e na faringe. ♡ O nervo vago é o maior dos nervos cranianos e tem uma função ampla no controle visceral. Ele emerge a partir do forame jugular em direção ao pescoço e tórax, terminando no abdômen, sendo assim promove a inervação autônoma das vísceras torácicas e abdominais. ♡ O vago possui dois gânglios sensitivos, o gânglio superior (ou jugular), situado ao nível do forame jugular, e o gânglio inferior (ou nodoso), situado logo abaixo desse forame. Nervo Acessório (NC XI): ♡ O nervo acessório é formado por uma raiz craniana (ou bulbar) e uma raiz espinhal. Seus neurônios motores se originam dos cornos anteriores dos primeiros cinco segmentos da parte cervical da medula espinal. Seus axônios deixam a medula espinal lateralmente, unindo-se mais adiante; sobem pelo forame magno, e então saem pelo forame jugular junto com os nervos vago e glossofaríngeo. ♡ O nervo acessório transmite impulsos motores para os músculos esternocleidomastóideo e trapézio com o objetivo de coordenar os movimentos da cabeça. Os axônios sensitivos deste nervo, derivados de proprioceptores dos músculos esternocleidomastóideo e trapézio, começam seu curso em direção ao encéfalo no nervo acessório; entretanto, eles acabam deixando este nervo para se juntar a nervos do plexo cervical. ♡ Logo, esse nervo é importante para rotação contralateral, flexão do pescoço, elevação da escápula, extensão do pescoço, entre outros. Nervo Hipoglosso (NC XII): ♡ O nervo hipoglosso é um nervo motor. Seus axônios motores somáticos se originam de um núcleo bulbar (núcleo do nervo hipoglosso), saem do bulbo pela sua face anterior, e passam pelo canal do nervo hipoglosso para então inervar os músculos da língua. Estes axônios conduzem impulsos nervosos relacionados com a fala e a deglutição. ♡ Os axônios sensitivos não voltam para o encéfalo pelo nervo hipoglosso. Em vez disso, os axônios sensitivos que se originam de proprioceptores de músculos da língua, embora comecem seu curso em direção ao encéfalo no nervo hipoglosso, deixam o nervo para se juntar a nervos espinais cervicais e terminam no bulbo, entrando na parte central do sistema nervoso pelas raízes posteriores dos nervos espinais cervicais. Referências: TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. MACHADO, A.B.M. Neuroanatomia Funcional. 3 ed. São Paulo: Atheneu, 2014.
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