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AULA01-APLICABILIDADEDASNORMASCONSTITUCIONAIS (3)

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SUMÁRIO 
 
1 APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS................................................2 
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APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
O estudo da aplicabilidade das normas constitucionais permite entender 
completamente o alcance e o grau de realização dos dispositivos presentes na nossa 
Constituição. 
Primeiramente, vale salientar que TODAS as normas constitucionais têm juridicidade, 
ou seja, todas elas surtem efeitos jurídicos, são imperativas e cogentes. O que vai variar 
entre essas normas é o grau de eficácia. 
As normas constitucionais são divididas em três grupos: 
- NORMAS DE EFICÁCIA PLENA 
- NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA 
- NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA 
NORMAS DE EFICÁCIA PLENA 
Essas normas são aquelas que, desde a entrada em vigor da Constituição, produzem, 
ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos que o legislador constituinte quis regular. 
Um exemplo claro dessa norma é a contida no art. 2º da CF/88: “São Poderes da União, 
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. 
As normas de eficácia plena têm as seguintes características: 
(i) Autoaplicáveis: isso significa que elas independem de regulamentação 
posterior para que seu sentido seja alcançado e completo. Pode ser que uma lei 
regulamentadora venha a existir tratando do tema contido na norma, mas a 
norma de eficácia plena já produz todos os seus efeitos de imediato, 
independentemente de qualquer tipo de regulamentação. 
(ii) Não-restringíveis: quer dizer que, caso exista uma lei tratando da norma de 
eficácia plena, esta lei não poderá limitar/restringir a sua aplicação. 
(iii) Aplicabilidade direta: não dependem de norma regulamentadora para produzir 
seus efeitos. 
(iv) Aplicabilidade imediata: estão prontas para produzir todos os seus efeitos 
desde o momento em que a Constituição é promulgada. 
(v) Aplicabilidade integral: não podem sofrer limitações ou restrições em sua 
aplicação. 
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NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA 
As normas de eficácia contida são aquelas que estão aptas a produzir seus efeitos 
desde o momento da promulgação da Constituição, porém, podem ser restringidas por parte 
do Poder Público. 
Essa atuação do Poder Público é discricionária, ele não precisa editar a lei restringindo 
a norma, mas poderá fazer. 
Um exemplo dessa norma é o art. 5º, inciso XIII da CF/88: “É livre o exercício de 
qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei 
estabelecer”. Nesse caso, todos podem exercer qualquer trabalho, mas a lei PODERÁ 
estabelecer restrições ao exercício de algumas profissões, como por exemplo, a 
necessidade de aprovação no exame da OAB como requisito para o exercício da profissão 
de advogado. 
As normas de eficácia contida têm as seguintes características: 
(i) Autoaplicáveis: isso significa que elas estão prontas para produzir todos os 
seus efeitos, independentemente de lei regulamentadora. Só depois da 
regulamentação, caso ela exista, é que haverá restrições ao exercício do direito, 
mas enquanto a lei não for publicada, o direito previsto pode ser exercido de 
maneira ampla. 
(ii) Restringíveis: diferentemente das normas de eficácia plena, elas estão sujeitas 
a limitações ou restrições. Essas restrições podem ser impostas por lei, por outra 
norma constitucional ou, ainda, por conceitos ético-jurídicos indeterminados. 
(iii) Aplicabilidade direta: não dependem de norma regulamentadora para produzir 
seus efeitos. 
(iv) Aplicabilidade imediata: estão prontas para produzir todos os seus efeitos 
desde o momento em que a Constituição é promulgada. 
(v) Aplicabilidade possivelmente não-integral: estão sujeitas a limitações ou 
restrições. 
NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA 
As normas de eficácia limitada são aquelas que DEPENDEM de regulamentação futura 
para produzir todos os seus efeitos. 
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O art. 37 da CF/88 é um exemplo de norma de eficácia limitada: “O direito de greve 
será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica”. Ou seja, para que o 
direito de greve seja exercido, é necessária a edição de uma lei ordinária que regulamente 
esse direito. 
Logo, enquanto essa lei regulamentadora não for editada, o direito previsto na norma 
de eficácia limitada não pode ser exercido. 
As normas de eficácia limitada têm as seguintes características: 
(i) Não-autoaplicáveis: isso significa que elas dependem de complementação 
legislativa para que produzam os seus efeitos. 
(ii) Aplicabilidade indireta: dependem de norma regulamentadora para produzir 
seus efeitos. 
(iii) Aplicabilidade mediata: a promulgação do texto constitucional não é suficiente 
para que a norma de eficácia limitada produza todos os seus efeitos. 
(iv) Aplicabilidade reduzida: possuem um grau de eficácia restrito quando da 
promulgação da Constituição. 
 
NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA 
Estão aptas a produzir todos os seus 
efeitos desde o momento em que a 
Constituição é promulgada. A lei posterior, 
caso editada, irá restringir a sua aplicação. 
Não estão aptas a produzirem todos os 
seus efeitos com a promulgação da 
Constituição; elas dependem, para isso, de 
uma lei posterior, que irá ampliar o seu 
alcance. 
 
O doutrinador José Afonso da Silva divide as normas de eficácia limitada em dois 
grupos: 
- NORMAS DECLARATÓRIAS DE PRINCÍPIOS INSTITUTIVOS OU 
ORGANIZATIVOS: elas dependem de lei para estruturar e organizar as atribuições de 
instituições, pessoas e órgãos previstos na Constituição. Podem ser impositivas (quando 
impõem ao legislador uma obrigação de elaborar a lei regulamentadora) ou facultativas 
(quando estabelecem mera faculdade ao legislador). 
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O art. 88 da CF/88 é exemplo de norma impositiva: “a lei disporá sobre a criação e 
extinção de Ministérios e órgãos da administração pública”. Já o art. 125, § 3º da CF/88 é 
exemplo de norma facultativa: “lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de 
Justiça, a Justiça Militar estadual”. 
- NORMAS DECLARATÓRIAS DE PRINCÍPIOS PROGRAMÁTICOS: elas 
estabelecem programas ou fins sociais a serem desenvolvidos pelo legislador 
infraconstitucional. Exemplo dessa norma é o art. 196 da CF: “a saúde é direito de todos e 
dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do 
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços 
para sua promoção, proteção e recuperação”. 
Apesar de terem a aplicabilidade reduzida, as normas de eficácia limitada possuem 
eficácia jurídica. Existem dois tipos de efeitos que essas normas produzem imediatamente, 
desde a promulgação da Constituição, são eles: (a) efeito negativo, que consiste na 
revogação de disposições anteriores em sentido contrário e na proibição de leis posteriores 
que se oponham a seus comandos, pois elas servem de parâmetro para o controle de 
constitucionalidade das leis; (b) efeito vinculativo, que consiste na obrigação de que o 
legislador ordinário edite leis regulamentadoras, sob pena de haver omissão inconstitucional, 
que pode ser combatida por meio de mandado de injunção ou Ação Direta de 
Inconstitucionalidade por Omissão. O efeito vinculativo também se manifesta na obrigação 
de que o Poder Público deve concretizar as normas programáticas vistas anteriormente.

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