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• A vermelhidão/hiperemia do olho ocorre por conta de um problema na conjuntiva ou na esclera. É importante investigar o início do quadro, se existe secreção, como está a acuidade visual, avaliar as pupilas e realizar a biomicroscopia (para identificar se a hiperemia é local ou difusa, superficial ou profunda e com ou sem presença de edema). Deve-se diferenciar essa vermelhidão de um problema mais superficial (ex: conjuntivite) de um problema mais profundo (ex: esclerite) • A blefarite corresponde à inflamação crônica da margem palpebral (borda anterior ou posterior), o que pode provocar uma descamação na raiz dos cílios e hiperemia da conjuntiva • Já a meibomite ocorre quando a inflamação se dá nas glândulas produtoras de gordura • São condições bastante comuns em pacientes de pele clara com tendência à rosácea • Os sintomas nos olhos incluem ardência, vermelhidão, lacrimejamento, sensação de corpo estranho e maior sensibilidade à luz; já nas palpebras, pode ocorrer aparência oleosa, presença de casquinha, vermelhidão, coceira e inchaço nas bordas palpebrais; e por fim, nos cílios pode ocorrer formação de crostas de casquinhas ou secreção ao acordar, perda de cílios e crescimento dos cílios na direção errada • O tratamento é feito através da limpeza das pálpebras com shampoo antialérgico neutro ou soluções específicas para higiene, uso de compressas mornas e aplicação de pomadas com associação de corticoides e antibióticos • As conjuntivites são a causa mais comum de olho vermelho. Podem ser alérgicas (aguda – sazonal ou perene; ou crônica – primaveril, atópica ou papilar gig), infecciosas (viral, bacteriana, por invulsão, fúngica ou parasitária) ou secas Conjuntivite seca: • Os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de olho seco são – causas ambientais (clima seco, ensolarado, com vento, poluição ou contaminação ambiental, lugares fechados, calefação, ar condicionado ou uso prolongado de computador), lesões traumáticas, inflamatórias ou malignas das glândulas lacrimais; uso de medicamentos (antialérgicos, antihipertensivos e antidepressivos), disfunções hormonais (menopausa e tireoidite de Hashimoto), doenças sistêmicas (DM e artrite reumatoide), uso de lentes de contato, fatores nutricionais (deficiência de vitamina A, C e B12 ou desnutrição) • O tratamento é feito dependendo da causa, os colírios lubrificantes são suficientes para a maioria das pessoas, mas outras opções de tratamento também incluem uso de gel oftálmico, oclusão dos pontos lacrimais provisória ou cauterização dos pontos, uso de lentes de contato terapêuticas, suplementação com óleo de linhaça, uso de colírios de corticoide ou ciclosporina, uso de antibióticos sistêmicos e transplante de glândulas salivares. Também é muito importante fazer o tratamento das doenças oculares associadas (blefarite e meibomite) e das doenças sistêmicas (artrite reumatoide e distúrbios hormonais) Diagnóstico diferencial de olho vermelho BLEFARITE E MEIBOMITE CONJUNTIVITES Conjuntivite infecciosa: • A conjuntivite infecciosa corresponde à inflamação mucosa conjuntival com hiperemia, quemose (inchaço da conjuntiva por infiltração celular) e secreção (por exsudação celular/proteinácea) • Os sinais dessa doença incluem a hiperemia difusa, pupilas em formato normal, pressão intra-ocular normal, ceratite leve na córnea e linfonodo pré-auricular positivo ou negativo • Os sintomas incluem leve dor, visão normal, leve fotofobia e presença de secreção moderada/copiosa. Em casos de infecção bacteriana a secreção é purulenta e pode ter uma placa de pus, enquanto na infecção viral há presença de “bolinhas” • O tratamento das infecções virais é feito de maneira sintomática, exceto em casos de Herpes em que se utiliza uma pomada de aciclovir; as conjuntivites bacterianas são tratadas com colírios antibióticos e caso necessário antibiótico oral (em casos de conjuntivite de inclusão e tracoma). Além disso, as conjuntivites alérgicas são tratadas com colírios antialérgicos ou imunossupressores. As conjuntivites traumáticas tem um tratamento que varia de acordo com o trauma, mas sempre é importante fazer uma lavagem abundante com soro fisiológico em casos de trauma químico • É representada por uma lesão hemorrágica plana, setorial e com bordas claras. Geralmente é assintomática, autolimitada e sem nenhum prejuízo ocular, porém, se ocorrer repetidamente deve ser feito um estudo clínico para encontrar a causa da hemorragia • As causas locais compreendem traumatismos locais ou cranianos, as causas sistêmicas compreendem Valsalva, fragilidade de parede vascular, uso de AAS ou cumarínicos, discrasias sanguíneas, após estudo angiográfico, ciclo menstrual ou de forma espontânea • O diagnóstico é feito baseado na história clínica. É importante fazer o diagnóstico diferencial com sarcoma de Kaposi e outras neoplasias com hemorragia secundária • A conduta, se a hemorragia for recorrente deve-se pedir um hemograma completo, tempo de protrombina e tempo de tromboplastina parcial ativada, checar a pressão arterial e encaminhar o paciente ao clínico geral • O tratamento compreende a orientação, uso de lágrimas artificiais, uso de compressas geladas e evitar AAS e outros antinflamatórios não esteroidais. O paciente costuma melhorar em 7-10 dias • A pinguécula e o pterígio estão relacionados com a exposição a fatores irritativos crônicos (ex: raios UV, pó, ressecamento e vento) e podem ter um componente genético. Caracterizam-se pela degeneração elastóide do colágeno na conjuntiva - no caso da pinguécula forma-se uma elevação gelatinosa, enquanto no pterígio forma-se uma membrana. Então: • Quadro clínico: compreende os sintomas de irritação, sensação de corpo estranho, olho vermelho e baixa acuidade visual (BAV); e os sinais de hiperemia e edema na região da fenda palpebral, formação esbranquiçada plana ou elevada próxima ao limbo, pterígio (em forma de asa) e fibrose originada da conjuntiva em direção à córnea. Deve-se fazer o diagnóstico diferencial do pterígio com pseudopterígio, neoplasia intra-epitelial e outros tumores conjuntivais; • Conduta no pterígio: envolve a orientação com recomendações como: usar óculos de sol, evitar pó, usar de lágrimas artificiais, evitar vasoconstritores e, se tiver inflamação, podem ser usados corticoides leves por tempo limitado. Além disso, a cirurgia deve ser feita se o pterígio interferir na acuidade visual, se a pessoa utilizar lentes de contato ou se tiver surtos frequentes de inflamação - o procedimento envolve a exérese + transplante autólogo de conjuntiva. No entanto, a cirurgia é evitada em casos de pterígios pequenos, sendo isso porque essa é uma doença altamente recidivante; • Acompanhamento: deve ser feito a cada 1-2 anos se o paciente for assintomático. Porém, se fizer uso de corticoides, deve ser feito a cada 2 semanas. HEMORRAGIA SUBCONJUNTIVAL PINGUÉCULA E PTERÍGIO • A úvea é o tecido que compõe a parte interna do olho (íris, corpo ciliar e coroide), sendo que sua inflamação é chamada de uveíte. Então, a uveíte pode ser do tipo anterior (irite), intermediária, posterior (ex: retinocoroidite e coriorretinite) ou pan-uveíte (quando acomete o olho inteiro). Em relação à uveíte anterior (irite), esta provoca injeção ciliar (vermelhidão ao redor da íris), dor, fotofobia, ausência de secreção, pode ocorrer baixa da acuidade visual, pupila miótica, pressão intra-ocular normal ou reduzida e córnea geralmente clara - as causas para isso são a inflamação sistêmica ou trauma. • O glaucoma agudo é considerado uma urgência oftalmológica que se caracteriza por um aumento agudo da pressão intra- ocular (entupimento do ralo de drenagem) e alteração da anatomia ocular. Então: • Sinais e sintomas: compreendem a dor de cabeça muito forte, olho vermelho, pupila em meia midríase, edema de córnea (pressão intra-ocular maior que 40 mmHg), câmaraanterior estreita e aumento súbito da pressão intra-ocular (PIO) por bloqueio da drenagem do humor aquoso. Sabe-se que a PIO elevada (acima de 60 mmHg) por 24-48h causa dano permanente ao nervo óptico. • Diagnóstico: é clínico, com base nos sintomas de dor importante, fotofobia importante, baixa acuidade visual, média midríase fixa, grande aumento da pressão intra-ocular (PIO) e grande tônus ocular • A ceratite traumática é a inflamação da córnea que está relacionada com traumas (químico, térmico ou mecânico) de extensão variável. O quadro clínico vai desde um leve desconforto até sinais e sintomas de uma conjuntivite francamente manifesta • Episclerite é a inflamação externa e superficial da esclera, enquanto a esclerite é a inflamação mais profunda. Então, a episclerite é uma patologia comum, autolimitada, benigna, setorial, unilateral, hipossintomática e que pode ser recidivante - nesse caso o teste de Fenilefrina é negativo; lembrando que a fenilefrina é um vasoconstritor e o teste é considerado negativo se olho ficar branco, indicando que a lesão é superficial. Já a esclerite compreende dor à movimentação ocular, perda do padrão radial dos vasos episclerais e teste da Fenilefrina positivo - ela pode ser focal ou difusa e é um quadro mais grave que a episclerite; além disso, a esclerite pode ser classificada em anterior (98% = não necrotizante ou necrotizante) ou posterior (2%) e costuma ter como antecedentes doenças sistêmicas, cirurgias e infecções • A endoftalmite é a inflamação dos tecidos intra-oculares que pode ser causada por infecções (ex: úlcera de córnea), traumas ou por reações imunes. Em relação às endoftalmites infecciosas, estas podem ser exógenas (como acontece no pós-operatório - pode ser aguda ou tardia) ou endógenas (ex: uso de catéteres). Esse é um quadro muito grave e que cursa com presença de pus dentro do olho. Então: • Quadro clínico: podem haver sintomas como diminuição da acuidade visual, hiperemia, edema palpebral e quemose (inchaço da conjuntiva). UVEÍTES GLAUCOMA AGUDO CERATITE TRAUMÁTICA EPISCLERITE E ESCLERITE ENDOFTALMITE • Fatores de risco: na superfície ocular e anexos, são a presença de blefarite e conjuntivite, uso de lentes de contato, prótese, via lacrimal, IVAS, dermatite atópica, olho seco e imunossupressão; os fatores em fontes exógenas compreendem a assepsia e esterilização (instrumentos contaminados e soluções de irrigação); os intra-operatórios envolvem a desinfecção, campo plastico, tempo cirúrgico maior que 60 minutos e perda vítrea; e os fatores pós-operatórios compreendem a deiscência, nós não sepultados, remoção de sutura, vítreo encarcerado e alças expostas; • Conduta: depende da história clínica do paciente, do exame oftalmológico, ultrassonografia, raio X e tomografia de órbitas, avaliação laboratorial, citologia e cultura (para identificação do agente infeccioso), cultura dos corpos estranhos, meios de cultura (ágar sangue, chocolate Sabouraud e tio) e citologia (por Gram, Giemsa e 3 reserva). Com base nisso, o tratamento pode ser feito através de injeção intra-vítrea com antibiótico (quando a etiologia da infecção for confirmada), vitrectomia (na presença de diabetes mellitus), colírios fortes (se a porta de entrada for anterior), drogas midriáticas/cicloplégicas, hipotensores, antibióticos por via oral, antibióticos por via parenteral (se a fonte da infecção for endógena), corticoides e seguimento diário até melhora Presença de secreção Riscos para a visão Olho vermelho com secreção: as causas mais comuns são a conjuntivite, blefarite e queimaduras; já as causas menos comuns são a dacriocistite e canaliculite Olho vermelho com risco para visão: é representado pela ceratite infecciosa, esclerite, irite, hifema, glaucoma agudo, endoftalmite, trauma perfurante, queimadura química alcali e celulite Olhos vermelho sem secreção: as causas que provocam dor são a uveíte, esclerite, glaucoma, corpo estranho e abrasão/úlcera de córnea; já as causas que provocam dor mínima são a episclerite, pterígeo, tumor conjuntival e hemorragia subconjuntival Olho vermelho sem risco para a visão: é representado pela hemorragia subconjuntival, blefarite, hordéolo, calázio, conjuntivite (exceto por Neisseria), olho seco, pinguécula e pterígeo
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