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1.3. Cheque: Definição: Por mais que a jurisprudência tenha pacificado o entendimento da existência do cheque com data aprazada, que notoriamente é chamado de pré-datado ou pós- datado, com o seu pagamento a posteriori, a lei do cheque disciplina que é uma ordem de pagamento à vista. Esta ordem é emitida por alguém que tenha reservas financeiras (fundos) disponíveis contra um Banco para pagamento de outrem ou até um saque para si mesmo. Obs: é documento formal que necessariamente tem que ser fornecido pelo banco sacado. Fundamentação: Lei do Cheque – LC – Lei 7.357/1985. Requisitos: a) A palavra “CHEQUE”; b) Ordem incondicional de pagar quantia determinada; Obs. Proibida a provisão de juros entre o saque e o dia da liquidação. c) Nome do Banco a quem a ordem é dirigida – Sacado. d) Data do Cheque; Obs. O cheque pós-datado ou pré-datado. e) Lugar do Saque ou menção de um lugar junto ao nome do emitente; Obs. A praça > Mesma > deve ser apresentado pelo sacado nos 30 dias da sua emissão. Diferente > 60 dias da sua emissão. f) Assinatura do emitente. Sujeitos intervenientes: a) Emitente ou emissor: O titular da conta, quem assina o cheque e se torna devedor da quantia expressa. b) Sacado: A instituição financeira que paga ao beneficiário, o banco. c) Beneficiário: O titular do crédito, quem recebe a quantia estipulada no documento, o credor. Os atos cambiários e o cheque: a) Endosso: O cheque é o título de crédito de maior circulação mercantil, até mesmo pela facilidade de confecção do documento que o banco proporciona aos seus clientes, sendo o endosso permitido e bastante usado devido a grande rotatividade deste documento, às vezes usado até como papel moeda nas práticas mercantis. Obs. Cabe o endosso mandato > somente transfere a posse do título. Obs. Admite cláusula sem garantia > o endossante não assume obrigação cambial. Obs. Cabe cláusula não à ordem > Não cabendo endosso. b) Aceite: Não há que se falar em aceite, pois como a exemplo da nota promissória, o cheque torna-se perfeitamente acabado com a assinatura apenas do correntista. c) Aval: É admitido à garantia do pagamento do cheque através de aval, porém o avalista terá que ser um terceiro, uma pessoa estranha à relação jurídica, uma vez que a lei proíbe o aval pelo sacado. Espécies: Ao portador: O emitente não preenche o destinatário do cheque, podendo o mesmo ser sacado por que lhe portar mediante apresentação ao caixa bancário, não há indicação do titular do crédito. Nominativo ou nominal: Há a indicação nominal do favorecido na própria cártula, somente podendo sacar o beneficiário designado, a não ser que endosse a terceiro. Especial: O banco realiza um contrato de cheque especial com o seu cliente e dispõe uma determinada quantia ao correntista além de seu saldo, podendo ser usada da melhor forma que convier. É importante ressaltar que mesmo na ausência de fundos na conta corrente, o banco é obrigado a pagar o cheque emitido se estiver dentro do saldo especial pactuado, caso contrário responderá pelos danos patrimoniais e morais. De viagem (traveler’s checks): São os cheques de viagem, com valor pré- determinado, evitando que o correntista não precise carregar numerário consigo. Visado: É a assinatura, o visto que o banco opõe, a pedido do correntista, ficando o numerário disponível ao beneficiário por determinado tempo. Lança a assinatura confirmando a existência de fundos para liquidação do valor correspondente. Somente pode receber visamento aquele nominativo e – ainda - não endossado Administrativo (bancário ou comprado): É o emitido pelo próprio Banco contra seus caixas em favor de alguém. Emitente e sacado são a mesma pessoa. Tem que ser nominativo. Cruzado: É identificado por ser atravessado por duas linhas paralelas, somente podendo ser pago através de compensação, ou seja, não há possibilidade de recebimento na “boca” do caixa (diretamente ao caixa bancário). Ex. Em branco > Nenhum banco entre as barras ou em preto (o cheque somente ao banco mencionado). O cheque "cruzado em branco", também denominado cruzamento geral (§1º art. 44 Lei do cheque) se caracteriza pela inclusão de dois traços paralelos na frente do cheque, sem a indicação do banco ou qualquer texto entre estes traços. O cheque "cruzado em preto" ou também chamado de cruzamento especial é aquele que, entre as linhas paralelas, vai constar a indicação do banco designado. Prazo para apresentação: A apresentação do cheque deverá ser realizada até no prazo de 30 dias quando for da mesma praça (cidade), ou em 60 dias de outra praça (Município diverso). Falta de apresentação no prazo > Perda do direito de executar os endossantes do cheque e seus avalistas. Súmula 600 do STF. CABE AÇÃO EXECUTIVA CONTRA O EMITENTE E SEUS AVALISTAS, AINDA QUE NÃO APRESENTADO O CHEQUE AO SACADO NO PRAZO LEGAL, DESDE QUE NÃO PRESCRITA A AÇÃO CAMBIÁRIA. O art. 47, II e § 3ª da Lei do Cheque > retira a responsabilidade do emitente. Art. 47 Pode o portador promover a execução do cheque: I - contra o emitente e seu avalista; II - contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em tempo hábil e a recusa de pagamento é comprovada pelo protesto ou por declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de compensação. § 1º Qualquer das declarações previstas neste artigo dispensa o protesto e produz os efeitos deste. § 2º Os signatários respondem pelos danos causados por declarações inexatas. § 3º O portador que não apresentar o cheque em tempo hábil, ou não comprovar a recusa de pagamento pela forma indicada neste artigo, perde o direito de execução contra o emitente, se este tinha fundos disponíveis durante o prazo de apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja imputável. § 4º A execução independe do protesto e das declarações previstas neste artigo, se a apresentação ou o pagamento do cheque são obstados pelo fato de o sacado ter sido submetido a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência. Prescrição: caso não tenha provisão de fundos, o prazo é de 06 meses para a ação executiva. A contagem de prazo prescricional de 06 meses deverá ser iniciada após o termino do tempo legal para apresentação, ou seja, 30 ou 60 dias. Lei do Cheque, Art . 61 A ação de enriquecimento contra o emitente ou outros obrigados, que se locupletaram injustamente com o não-pagamento do cheque, prescreve em 2 (dois) anos, contados do dia em que se consumar a prescrição prevista no art. 59 e seu parágrafo desta Lei. DIREITO COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA EMBASADA EM CHEQUE PRESCRITO. VIABILIDADE. MENÇÃO AO NEGÓCIO JURÍDICO SUBJACENTE. DESNECESSIDADE. OPOSIÇÃO DE EMBARGOS À MONITÓRIA DISCUTINDO O NEGÓCIO QUE ENSEJOU A EMISSÃO DO CHEQUE. POSSIBILIDADE. 1. O cheque é ordem de pagamento à vista, sendo de 6 (seis) meses o lapso prescricional para a execução após o prazo de apresentação, que é de 30 (trinta) dias a contar da emissão, se da mesma praça, ou de 60 (sessenta) dias, também a contar da emissão, se consta no título como sacado em praça diversa, isto é, em município distinto daquele em que se situa a agência pagadora. 2. Se ocorreu a prescrição para execução do cheque, o artigo 61 da Lei do Cheque prevê, no prazo de 2 (dois) anos a contar da prescrição, a possibilidade de ajuizamento de ação de locupletamento ilícito que, por ostentar natureza cambial, prescinde da descrição do negócio jurídico subjacente. Expirado o prazo para ajuizamento da ação por enriquecimento sem causa, o artigo 62 do mesmo Diploma legal ressalva a possibilidade de ajuizamento de ação de cobrança fundada na relação causal. 3. No entanto, caso o portador do cheque opte pela ação monitória, como no caso em julgamento, o prazoprescricional será quinquenal, conforme disposto no artigo 206, § 5º, I, do Código Civil e não haverá necessidade de descrição da causa debendi 4. Registre-se que, nesta hipótese, nada impede que o requerido oponha embargos à monitória, discutindo o negócio jurídico subjacente, inclusive a sua eventual prescrição, pois o cheque, em decorrência do lapso temporal, já não mais ostenta os caracteres cambiários inerentes ao título de crédito. 5. Recurso especial provido. (REsp 926.312/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 20/09/2011, DJe 17/10/2011) O Cheque pós-datado: Deve ser observada a data, visto que já existe entendimento de que o cheque pode servir de titulo negociável. Sustação: Somente em duas hipóteses: a) Revogação ou contraordem: É um ato exclusivo do emitente. b) Oposição: Pode também ser efetivada pelo portador legitimado. Efeitos imediatos. Ex. Perda; furto; apropriação indébita; roubo.
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