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A Semiologia ou Propedêutica é a parte da ciência que estuda os sinais e sintomas das doenças humanas. A palavra Semiologia vem do grego, sendo semeion = sinal + lógos = tratado, estudo. O estudo da Semiologia é de grande relevância para Enfermagem, pois auxilia no diagnóstico, na prescrição e intervenção com o objetivo de restaurar as condições fisiológicas do organismo. A Enfermagem, ao longo da sua evolução, passou por muitas mudanças no âmbito da ciência e da profissão em si, tendo como bases referências teóricas que nortearam a prática acadêmica e profissional. A partir disso, a estrutura do curso de graduação da Enfermagem passou a contemplar diversas disciplinas básicas que fazem parte da construção do conhecimento profissional, entre elas, a Semiologia, que busca a investigação e busca dos sinais e sintomas que o indivíduo apresenta em seu quadro de saúde. Souza et al. (2017) ressalta que a Semiologia precisa da investigação dos sinais e sintomas relatados pelo paciente, surgindo assim a necessidade da prática da Semiotécnica. Esta consiste na aplicação de técnicas para realização do exame físico, com o objetivo de assim, cumprir a investigação proposta pela Semiologia. O processo avalia cada sistema do organismo de forma sistematizada, permitindo que uma melhor sondagem do caso do paciente aconteça. Desta forma, conclui-se que a Semiologia e a Semiotécnica, apesar de serem distintas, são complementares e nós só as separamos de forma didática para facilitar o aprendizado. No entanto, é importante esclarecer que na prática de Enfermagem, ambos os campos de estudos permanecem agregados. A entrevista de Enfermagem é uma fonte de informação fornecida pelo indivíduo com base no seu psicológico, biológico e físico. Neste momento, é importante o enfermeiro estar atendo à comunicação verbal e não verbal, pois muitas informações importantes que não podem ser coletadas por exames, são fornecidas nessa etapa. Como exemplos, o enfermeiro pode observar no paciente sentimentos como tristeza, solidão, sensação de incompetência, ansiedade e até transtornos psicológicos. Além disso, ao ser abordado sobre a sua patologia atual, cada paciente pode ter uma percepção e a reação diferentes, pois cada paciente é único e singular. Além disso, a percepção é influenciada pelas experiências anteriores e também pelo medo do desconhecido. Ao abordar o indivíduo sobre sua saúde, algumas pessoas podem relatar toda a sua história pregressa de forma detalhada e cronológica, ao passo que outras pessoas podem apresentam dificuldade no relato devido às condições psicológicas, idade ou até a própria patologia de base, como por exemplo, o Alzheimer. A seguir, veja como a entrevista de Enfermagem é dividida em introdução, desenvolvimento e fechamento. 2.1 Introdução O início da entrevista de Enfermagem é marcada por dois principais momentos: o acolhimento ao indivíduo e a coleta de dados. Conheça cada uma dessas fases do processo! 2.2 Acolhimento do paciente A introdução à entrevista de Enfermagem inicia no acolhimento do indivíduo que procura o serviço de saúde. Trata-se de um momento importante para que o profissional consiga realizar um atendimento efetivo e de qualidade. Esta fase inicial não está restrita somente ao espaço físico, como por exemplo, uma sala de acolhimento. Mais do que isto, é o momento da humanização entre o profissional de saúde e o usuário do serviço, situação que irá gerar um vínculo e compromisso com o cuidado à saúde entre ambas as partes. Assim, o acolhimento permite e garante um acesso universal, resolutivo e humanizado do atendimento. Segundo Collet e Rozendo (2003), "quando falamos em humanização, precisamos conhecer o significado da palavra propriamente. O termo humanização significa a ação ou efeito de humanizar, ou seja, tornar humano, de forma afável. Na saúde, esse termo é muito empregado com o objetivo de tornar a prestação de serviço do profissional de saúde um processo de maior comprometimento com o paciente, e não um algo mecânico, tecnológico e frio". Assim, ao realizar a primeira abordagem ou ser abordado pelo indivíduo que procura o serviço de saúde, o profissional da Enfermagem deve acolher o paciente de forma humanizada, construindo assim o primeiro vínculo entre o profissional e o paciente. Somado a essa ação, quando falamos em acolhimento do paciente, devemos estar atentos às diferenças entre cada pessoa, por exemplo, a idade. Ao abordarmos uma criança, um adulto e um idoso, devemos realizar o acolhimento de forma distinta, pois o fator da idade irá interferir na abordagem utilizada na fase inicial da entrevista de Enfermagem. As crianças, normalmente, associam o profissional de saúde à procedimentos invasivos como injeção. Por isso, no acolhimento, é importante conversar com a criança, se apresentar, explicar o que você irá fazer e sempre deixar alguém conhecido da criança junto com ela, com o objetivo de oferecer conforto e segurança; Já os adultos podem ser abordados de uma forma mais direta, mas também sempre de forma humanizada. Neste caso, é importante respeitar a decisão do paciente quanto ao acompanhante, que pode ou não ficar presente durante o atendimento; No atendimento aos idosos, a abordagem inicial pode começar ainda na entrada do serviço de saúde, como por exemplo, ajudando-os a entrar no serviço de saúde caso eles necessitem de ajuda para se locomover fisicamente. É importante também frisar que o acolhimento aos idosos é prioritário, desde que outros atendimentos urgentes não estejam acontecendo na unidade de saúde. Além do acolhimento, a forma de comunicação é outro fator importante na introdução ao atendimento. O enfermeiro deve encaminhar o indivíduo para a sala de Enfermagem, se apresentar e explicar como será a consulta de Enfermagem. O atendimento deve ocorrer em uma sala privativa que possua todos os materiais necessários para a coleta de dados e realização do exame físico. Esse espaço pode ser a sala exclusiva de consulta de Enfermagem ou um consultório multiprofissional, dependendo da estrutura física que o serviço apresenta. Além disso, antes do início da consulta, é importante atentar-se ao seguinte ponto: se for atendimento de indivíduos que foram previamente agendados, os prontuários precisam estar separados conforme a agenda, pois este processo facilitará o fluxo de atendimento e reduzirá o tempo de espera do paciente. Esse preparo deixa o serviço mais organizado para o enfermeiro, evitando assim atrasos na agenda de atendimentos devido à necessidade de buscar os prontuários no arquivo. 2.3 Coleta de dados Após o acolhimento ao paciente, deve-se iniciar a coleta de dados. Neste momento, é importante o enfermeiro estar atento às condições cognitivas do paciente como compreensão e fala, pois estes dados podem influenciar diretamente na obtenção das informações e também na compreensão do diagnóstico e intervenções que serão realizadas. Nos casos do indivíduo apresentar qualquer déficit de cognição durante o atendimento, é importante verificar se este paciente veio acompanhado de uma pessoa de sua escolha e confiança, que possa auxiliar nas informações fornecidas sobre a sua saúde e na compreensão das condutas de saúde a serem realizadas. Aliada à análise das condições cognitivas do paciente, durante a fase introdutória da entrevista de enfermagem, o profissional de saúde deve explicar como acontecerão as várias fases da coleta de dados. Depois, deverá explicar como será realizado o exame físico, para que desta forma sejam traçadas medidas de intervenção a partir dos diagnósticos. Beck Porto (2007) ressalta que durante a coleta de dados, o enfermeiro deverá colher informações da história pregressa do indivíduo, ou seja, o histórico de doenças passadas e de alergias, cirurgias anteriores, medicaçõesem uso, doenças recorrentes, doenças genéticas que tenham histórico na família e qual é a queixa atual do paciente. Neste último caso, é importante questionar o paciente sobre quais e quando surgiram os sintomas que ele apresenta e, se algum outro profissional de saúde já realizou alguma intervenção em seu caso. Se sim, deve-se perguntar qual foi a conduta realizada e os resultados obtidos. Neste momento inicial, é importante também deixar o paciente livre para que ele relate todas as suas queixas, sejam elas biológicas ou psicológicas, pois em alguns casos, pode haver a necessidade de encaminhamento deste indivíduo para o acompanhamento psicológico ou social, por exemplo. Além disso, é fundamental deixar claro que o paciente pode questionar o profissional a qualquer momento durante a consulta. Concluindo, com base nas informações já estudadas, devemos lembrar que o enfermeiro é a porta de entrada para o serviço de saúde, sendo muitas vezes, o primeiro a conhecer os fatores de interferência, os locais de risco à saúde e as necessidades pessoais de cada paciente do serviço. 2.4 Desenvolvimento Dando prosseguimento à coleta de dados, temos a etapa de desenvolvimento. Trata-se do momento da realização do exame físico que tem como objetivo avaliar o sistema biológico do paciente em busca de qualquer anormalidade. É importante explicar ao indivíduo como o exame será realizado, questionar se o paciente possui alguma dúvida e pedir licença para tocá- lo. Sempre comunique que irá iniciar o exame, evitando assim que a pessoa se assuste ou se sinta constrangida quando você tocá-la. Antes de começar o exame, o enfermeiro deve realizar a coleta dos sinais vitais, pressão arterial, frequência cardíaca e frequência respiratória. Esse procedimento evita qualquer desencontro de informações, uma vez que quando é realizado após o exame físico, pode apresentar alterações devido à manipulação do exame, situação que falseará o resultado encontrado. O exame físico deve ser feito no sentido céfalo-caudal, ou seja, da cabeça para os pés, realizando sempre primeiro a observação seguida da palpação. Neste contexto, a ausculta deve ser realizada antes da palpação, pois após a palpação pode haver ruídos devido ao estímulo físico. Potter (2009) ressalta que durante o exame da cabeça e pescoço, deve- se observar a presença ou ausência de movimentos involuntários, cicatrizes, presença ou ausência de cabelo e como está a higiene do couro cabeludo. É importante observar se há alguma alteração nos olhos e nas pupilas e se estes apresentam abertura normal e se são fotorreagentes. Na sequência, o enfermeiro deve avaliar a boca quanto à dentição, coloração da mucosa, língua e se há ou não a presença de lesões. E por fim, o pescoço deve ser avaliado com relação ao aumento da tireoide. Em seguida, o profissional de saúde deve realizar a avaliação do sistema respiratório e sistema cardiovascular do paciente. No primeiro caso, deve ser avaliado a expansão do tórax, se há ou não esforço respiratório e presença de murmúrios atípicos. No segundo caso, devem ser avaliado os sons cardíacos e os pulsos periféricos. É fundamental verificar se há presença de varizes ou extremidades cianóticas, uma vez que esta situação pode indicar o mau funcionamento no sistema circulatório. O exame físico do abdômen vem em seguida. O enfermeiro deve observar se há presença de alguma cicatriz que possa indicar a realização de cirurgias anteriores ou traumas abdominais. Ao realizar a palpação desta área, deve-se observar se há presença de massa palpável, se o fígado e baço estão palpáveis, pois isso pode indicar alguma alteração fisiológica. Lembrando que, antes da palpação deve-se realizar a ausculta, pois após a palpação há alteração nos ruídos. Por fim, deve-se realizar o exame do aparelho osteoarticular, observando a mobilidade das articulações, presença de dor, sinais flogísticos e a presença de deformidades. Algumas considerações importantes o enfermeiro necessita aplicar durante a realização do exame físico. Conheça- as interagindo com os botões no recurso abaixo: Ao iniciar o exame físico, o profissional de saúde nunca deve expor o indivíduo completamente, como por exemplo, pedindo que ele tire toda a sua vestimenta; A avaliacao cada sistema deve ser feita separadamente, expondo somente a área física avaliada naquele momento, garantido assim a privacidade do indivíduo; Ao expor as regioes íntimas como mama e região genital, em exames ginecológicos, por exemplo, a sala deve estar com a porta trancada com o objetivo de evitar a entrada na sala de qualquer outra pessoa; E importante tentar-se à presença de janelas, pois estas também devem estar fechadas, para que não tenha risco de ninguém passar e ver o que está acontecendo dentro do consultório. 2.5 Método clínico O método clínico é baseado na observação do indivíduo. Na Enfermagem, é uma atividade privativa do enfermeiro, consistindo um conjunto de técnicas e estratégias que podem ser aplicadas de forma individual ou para um grupo de pessoas. Neste processo, o profissional de saúde considera a história pessoal dos pacientes, a compreensão do meio a partir da visão do outro, permitindo assim que o enfermeiro compreenda o comportamento dos indivíduos. Conforme Marques Queiroz e Alves de Lima (2001), "durante a coleta de informações, o enfermeiro precisa estar atento aos problemas físicos, mas também aos problemas psicológicos dos pacientes. Transtornos mentais e comportamentais são comuns e muitas vezes, só são identificados quando ocorre uma tentativa de suicídio ou automutilação por parte dos indivíduos. Por isso, é importante estar atento também a esses sinais e sintomas, pois eles muitas vezes não são relatados, mas estão visíveis no comportamento dos pacientes". O método clínico, centrado na pessoa, propõe diversas orientações para que o profissional de saúde possa abordar o paciente de forma centrada, procurando investigar de maneira integral quais são as necessidades, as preocupações e as vivências deste paciente relacionadas com a sua saúde ou a doença. Assim, o enfermeiro precisa explorar a doença e a experiência do indivíduo, avaliando a sua história clínica, familiar e seus os exames físicos, buscando conhecer a dimensão da doença para o indivíduo e, a partir dos sentimentos dele, observar as ideias e as expectativas que ele apresenta. É importante também conhecer o indivíduo como um todo, desde a comunidade em que está inserido e quais são seus hábitos culturais e hábitos religiosos que possam estar ligados ou não a sua doença e a sua forma de compreendê-la. A partir disso, é importante elaborar estratégias de cuidado junto ao indivíduo, pois o profissional de Enfermagem consegue traçar medidas de cuidados personalizadas e individuais para cada paciente. Além disso, é importante incorporar a prevenção para evitar novos agravos à saúde e reduzir complicações futuras. 2.6 Fechamento Ao finalizar a coleta de dados pela entrevista e pelo exame físico, o enfermeiro conclui o diagnóstico e as intervenções. Todos os achados anormais devem ser considerados, mesmo que a alteração não faça parte da queixa principal do indivíduo. A partir disso, o enfermeiro irá explicar ao paciente o que foi encontrado, qual o diagnóstico e a conduta necessária a ser adotada. Quando os achadores não forem suficientes para um diagnóstico, o enfermeiro pode solicitar exames complementares, desde que o serviço tenha isso pactuado pelos gestores de saúde segundo a Portaria do Ministério da Saúde, GM/MS 1.625/2007. Em casos dos problemas identificados não forem competentes ao enfermeiro solucionar, o mesmo deve encaminhar, por escrito, ao profissional competente. Neste momento, é importante explicar ao paciente os achados e o motivo do encaminhamento, pois issoirá reduzir a ansiedade e permitirá o empoderamento do indivíduo sobre a sua saúde. No entanto, quando não houver necessidade de condução a outro profissional, o enfermeiro deve encerrar o atendimento explicando todos os achados ao indivíduo, as intervenções que serão realizadas como, por exemplo, exames e, ainda, questionar se as intervenções são possíveis para ele e se há alguma dúvida. Em caso de dúvidas, o profissional deve esclarecê-las antes de encerrar o atendimento e deixar agendado o retorno do paciente para avaliação das intervenções, sempre que for recomendado. 3 Fatores que interferem na coleta de dados durante a entrevista Durante a entrevista, a Enfermagem encontra diversos fatores que podem influenciar diretamente na obtenção das informações desejadas. Começando pela comunicação, a verbal e não verbal é a principal forma de se obter uma efetiva coleta de dados. Os profissionais de Enfermagem devem estar sempre atentos à comunicação com o indivíduo, pois o sucesso desse recurso ajuda na criação do vínculo entre o profissional de saúde e o paciente. No entanto, caso a comunicação seja ineficaz entre as partes, o resultado pode acontecer de forma contrária. Por isso, durante o atendimento, é importante adotar alguns critérios para que a comunicação aconteça de forma efetiva, como por exemplo, o paciente sempre deve ser chamado pelo nome que ele se identificou, e o profissional de saúde deve tratá-lo de forma cordial e com uma comunicação verbal de fácil entendimento. Assim, esse tipo de atitude permitirá que os pacientes em busca do serviço de saúde possam se comunicar da melhor forma possível, facilitando consequentemente, o trabalho do enfermeiro na coleta de dados. 3.1 Comunicação verbal entre paciente e profissional de saúde O processo de comunicação só é possível quando os indivíduos apresentam algo em comum ou estão inseridos em uma mesma comunidade. A comunicação é um produto social e complexo que pode ser expresso de diversas formas. A verbal é a mais utilizada e a mais fácil de ser expressa. No entanto, é um tipo de comunicação nem sempre é compreendido da forma desejável. Durante a comunicação verbal, quem fala e quem escuta se interagem de forma mútua. Essa situação ocorre devido à adoção de reciprocidade, no qual quem escuta se coloca no lugar do outro para entender o que está sendo passado. No caso da Enfermagem, essa comunicação é frequente, permitindo assim a interação entre o enfermeiro e o paciente. No processo de comunicação verbal, observa-se que a forma de agir de quem recebe a informação influencia diretamente em quem está emitindo a mensagem. Assim, ao receber uma informação verbal, o profissional precisa escutar atentamente e compreender a mensagem do indivíduo. Acompanhe o exemplo a seguir: Um paciente chega ao serviço de saúde com dores abdominais e episódios de diarreia recorrente. Na coleta de dados, o paciente informou que mora em local onde não há saneamento básico e nem acesso à água potável e, que por isto, tem o costume de sempre ferver a água antes do consumo. Como análise, o profissional de saúde pode chegar a um quadro clínico que evidencia diversas patologias, frequentemente caracterizada como virose. Por isso, nesse momento, é importante ouvir o que o indivíduo relatou, pois se ele não tem acesso ao saneamento básico e a água não é potável, o seu quadro de saúde poderá ser recorrente. O profissional, então, deve solicitar exames de fezes para investigação de verminoses e questionar sobre o quadro febril, pois o quadro clínico pode estar relacionado às verminoses ou infecções bacterianas, e não somente uma virose recorrente. Conforme exemplo acima, para que a comunicação aconteça de forma adequada, ou seja, bem-sucedida, é importante que os envolvidos possuam um patamar intelectual parecido ou que utilizem uma linguagem de fácil compreensão. No caso da Enfermagem, durante a comunicação entre o paciente e o profissional de saúde, a linguagem científica nem sempre pode ser utilizada, uma vez que termos médicos falados podem gerar incompreensão no paciente, e assim tornar inviável o processo de comunicação. Nem todos os pacientes apresentam o mesmo nível de instrução do profissional de Enfermagem. Por isso, é importante transformar a linguagem cientifica em algo mais viável no momento da comunicação com o paciente. No entanto, o procedimento adotado em prontuário deverá ser o indicado na profissão: o uso da linguagem científica deve prevalecer no documento uma vez que este será lido por outro profissional de saúde, ou seja, por um indivíduo que tem o mesmo nível de instrução. 3.2 Comunicação verbal entre os profissionais da equipe A comunicação verbal também está presente nas relações entre os integrantes da equipe de Enfermagem. Assim, para que o trabalho da equipe ocorra de forma adequada, é preciso que ocorra a integração entre todos os envolvidos. Essa relação só é possível a partir da comunicação verbal, que facilita a integração da equipe. Além disso, após a transmissão da informação, é fundamental a troca de feedbacks entre os profissionais da equipe, pois a partir do feedback é possível que a equipe reavalie a comunicação e corrija algum erro, gerando assim um novo posicionamento e outra informação que será útil para o serviço de saúde. 3.3 Comunicação não verbal A comunicação não verbal encanta a humanidade desde a antiguidade, pois necessita da manifestação do corpo, sem expressão de palavras, utilizando apenas gestos, expressões faciais e corporais. Além disso, esse tipo de comunicação pode ser observada em pinturas, esculturas ou até mesmo na literatura, podendo ser expressa no nosso dia a dia, muitas vezes de forma inconsciente, passando despercebida. A linguagem não verbal vai além da capacidade de ouvir, pois necessita da compreensão das manifestações das expressões corporais para que ocorra a comunicação. Os gestos podem ser variar de acordo com a diferença de cultura entre ambas as partes. O sorriso é a única expressão universal em todo o mundo. Mesmo assim, este ato não apresenta o mesmo significado em qualquer situação, pois o sorriso pode expressar uma reação de surpresa, desaprovação ou ironia, dependendo do contexto em que estiver presente. No caso do profissional de Enfermagem, é preciso que ele assuma o controle de sua comunicação verbal em muitas situações. Como por exemplo, o enfermeiro necessita controlar as suas expressões faciais, pois ele precisa neutralizar o sentimento em relação à informação recebida para que não ocorra interferência na relação terapêutica. Durante o atendimento no serviço de saúde, a comunicação não verbal é importante por fazer parte da obtenção de informações essenciais do indivíduo, como as emoções e os sentimentos que ele demonstra durante um relato verbal. Assim, quando o paciente relata algo, a Enfermagem consegue identificar se o indivíduo apresenta raiva, tristeza ou alegria, observando a sua expressão facial e o seu modo de gesticular. Castro e Silva (2001) ressaltam que desta forma, para a Enfermagem, é importante a valorização da comunicação não verbal, pois ela permite conhecer emoções e sentimentos que podem ser a expressão de forma inconsciente. Esse tipo de reação é muito importante no atendimento de crianças e idosos, pois este tipo de paciente não consegue relatar relações abusivas e de violência que possa estar sofrendo em casa, por exemplo. Quando estão ao lado do agressor, estes pacientes mudam o seus comportamentos, ficando inquietos ou desconfortáveis, indicando que há algo de errado. A partir dessa observação, o profissional pode levantar a hipótese de algum problema e pedir que a criança desenhe o que está sentindo. Em alguns casos, este procedimento permite que o problema seja confirmado ou que a situação de violência ouabuso doméstico seja identificada. A comunicação não verbal utiliza uma classificação, dividida em cinco conceitos: Paralinguagem Reprodução de som emitido por um aparelho fonador. Esses sinais fornecem ritmo para voz, entonação, suspiros ou até mesmo ruídos que são emitidos em situações de desconforto, por exemplo; Cinésica Linguagem corporal, ou seja, os movimentos do corpo que podem ser expressões sutis como uma expressão facial, um tremor das mãos ou um repuxado tipo toque, frequente, mas não intenso; Proxêmica Espaço entre os indivíduos, ou seja, a distância física entre as partes, refletindo preferências, simpatias e relações, pois pessoas próximas e que se gostam tendem a ficar próximas, enquanto que pessoas que não se conhecem ou que apresentam alguma situação de conflito, tendem a ser afastar fisicamente; Características físicas Aparência do corpo como a faixa etária, o sexo e o estado de saúde. Além disso, informações secundárias como relação conjugal através do uso de aliança, número de filhos através de cordão com pingente de filhos, entre outros exemplos; Tacêcia Expressão não verbal que envolve a comunicação tátil, como a força de um abraço ou de um aperto de mãos. A comunicação não verbal ainda pode complementar a comunicação verbal, como exemplo, a expressão facial durante a fala de um determinado assunto. Esse tipo de comunicação também pode contradizer o que está sendo dito verbalmente, por meio do desvio do olhar ou ainda demonstrar sentimentos como desconforto ao falar do assunto. Ambiente interno e externo O ambiente é um fator que influencia no processo de comunicação. Neste contexto, clique nos botões interativos para conhecer o que é fundamental no atendimento ao paciente: Ambiente interno e externo O ambiente é um fator que influencia no processo de comunicação. Neste contexto, clique nos botões interativos para conhecer o que é fundamental no atendimento ao paciente: Limpeza e organização O ambiente é um fator que influencia no processo de comunicação. O serviço de saúde precisa ser organizado, limpo e apresentar uma estrutura organizacional dedicada a atender o fluxo de atendimento. A presença de um ambiente desorganizado pode inibir o paciente ao chegar ao serviço, fazendo com que o paciente desista do atendimento ou que seja breve em sua fala devido ao desconforto ambiental; Acústica A acústica do ambiente também é importante, pois um consultório em que é possível ouvir toda a conversa entre o enfermeiro e o paciente torna o ambiente desconfortável e inadequado para quem está do lado de fora da sala; Iluminação e Ventilação A iluminação e a ventilação também fazem parte do ambiente interno de um serviço de saúde. Salas escuras ou mal iluminadas causam reações negativas no indivíduo que busca o serviço. A presença de uma iluminação e ventilação adequadas é fundamental; Ambiente privativo Além disso, devemos estar atentos às janelas durante o exame físico. Como exemplo, deixar a janela do consultório aberta e expor o indivíduo na ausculta, pode gerar constrangimento e desconforto no paciente. O exame físico e a conversa entre enfermeiro e paciente devem acontecer de forma privada. A privacidade do indivíduo deve ser sempre respeitada! Já o ambiente externo também influencia a comunicação. O local em que o indivíduo reside interfere na sua forma de comunicar. A pessoa que vive em um ambiente que oferece cultura, lazer e estudo apresenta capacidade verbal maior, conseguindo expressar melhor os seus sinais e sintomas. Ao passo que pessoas que vivem em regiões com condições menos favoráveis, sem lazer ou formação escolar, apresentam mais dificuldades na hora de se comunicarem. Elas tendem a ser mais retraídas e muitas vezes só buscam assistência médica quando não aguentam mais o problema de saúde. Esses indivíduos são considerados vulneráveis uma vez que estão mais expostos às situações de risco como desnutrição e violência.
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