Rota1_ Língua Portuguesa

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NEAD – Núcleo de Educação a Distância 
ROTAS DE APRENDIZAGEM 
Língua Portuguesa I | Gramática e a faculdade da linguagem | Aula 01 
Onde Chegar 
• Elencar os objetivos da Unidade Temática 
• Trabalhar em tópicos não numerados 
 
• Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai encontrar os principais conceitos e formas 
de gramática. Vamos discutir sobre a gramática como disciplina e como conhecimento. 
Nesta disciplina, adotamos uma linha gerativista para a concepção de gramática, embora 
mantenhamos a terminologia tradicional da gramática. Vamos também iniciar nossos 
estudos da parte estrutural da linguagem, discutindo sobre as diversas áreas de estudo 
de um sistema linguístico. Ao final, você vai encontrar algumas sugestões de leitura e 
vídeos para enriquecer nossas discussões. 
• Conceituar, exemplificar, definir, refletir. 
 
O que Aprender 
• Conceitos de gramática; 
• Perspectivas de estudos de gramática; 
• A faculdade da linguagem. 
AULA 
01 
Gramática e a Faculdade da 
Linguagem 
LÍNGUA PORTUGUESA I 
 
 
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Língua Portuguesa I | Gramática e a faculdade da linguagem | Aula 01 
• A Gramática Tradicional (GT) – A GT tem sido alvo de muitas controvérsias 
principalmente pelo seu uso com viés prescritivo adotado pela escola. Schwindt (2014) 
nos alerta para a importância de que o termo tradicional nos remete à tradição grega dos 
estudos da gramática, que não necessariamente remete ao viés normativo. O autor cita 
Moura Neves (1987) 
 
• A Gramática Descritiva – A Gramática Descritiva nasce da linguística sincrônica 
proposta por Saussure. Trata-se de uma gramática cientificamente conduzida, 
sistemática, objetiva e coerente (MATTOSO CAMARA JR., 2002). 
• A Gramática Gerativa – A Gramática Gerativa se refere a um conjunto finito de regras 
formais que projeta um conjunto potencialmente infinito de sentenças que constituem 
a língua como um todo, e o faz de forma explícita, atribuindo a cada uma delas uma 
descrição estrutural (CRYSTAL, 2007). 
• A Gramática Funcional – A Gramática Funcional considera a língua como um objeto 
autônomo sujeito a pressões de situações comunicativas, ou seja, como um instrumento 
de interação social (ROSÁRIO, 2015). 
• A Faculdade da Linguagem – Em uma perspectiva gerativista, postula-se que o homem 
possui em seu aparato genético, alocada no cérebro, a faculdade da linguagem, com um 
desenho especial para lidar com elementos das línguas naturais. Essa é uma marca 
fundamental para diferenciar o ser humano dos outros seres do planeta (MIOTO ET AL., 
1999). 
Nesta aula, vamos discutir sobre esses conceitos e falar sobre os problemas estruturais 
da linguagem. Vamos refletir sobre visões formalistas e funcionalistas para o ensino de 
gramática e culminar no foco da nossa disciplina que é a interface 
 
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Morfologia/Sintaxe/Semântica, para compreender a estrutura da sentença da Língua 
Portuguesa. 
Desenvolvimento 
Vamos discutir o esquema de Pinker (2001), que “disseca” a língua em seus elementos 
estruturais. Vamos rever a ideia de arbitrariedade do signo de Saussure e tratar de como 
se forma o léxico mental. 
Os Problemas Estruturais 
São responsáveis pela descrição gramatical das línguas naturais e o escrutínio do 
fenômeno linguístico em seus diferentes níveis: 
1. Fonologia – responsável pelos estudos dos sistemas sonoros das línguas. 
2. Morfologia – estuda a estrutura e a formação das palavras. 
3. Sintaxe – parte da linguística responsável pela formação de sintagmas e 
sentenças. 
Semântica – transborda as próprias fronteiras da linguística e nos coloca na posição de 
ter de enfrentar as discussões sobre as relações entre linguagem e mundo, linguagem e 
conhecimento (MUSSALIN E BENTES, 2003). 
Para falar desses problemas estruturais da linguagem, que compõem a gramática na 
mente do falante, vamos usar o esquema de Steven Pinker (2001). O autor chama seu 
esquema de “anatomia da linguagem”: 
ANATOMIA DA LÍNGUA 
 
Fonte: Pinker (2001) – tradução minha 
 
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 Segundo Pinker (2001), as sentenças são agrupadas numa espécie de 
linha de produção composta por módulos mentais. Um desses módulos seria um 
depósito de palavras memorizadas, o léxico mental. Em outro módulo está o conjunto 
de regras que combina palavras ou pedaços de palavras para formar palavras maiores, a 
caixinha chamada morfologia. Uma terceira caixa, chamada de sintaxe, abriga um grupo 
de regras que combina palavras em sintagmas e sentenças. Esses três componentes vão 
compor mensagens produzidas na mente do falante, através de um módulo, que faz a 
ponte entre a mente e o mundo, chamado semântica. Para que essas palavras, agrupadas 
em sentenças, que têm um significado no mundo, possam ser produzidas pela boca e 
compreendidas pelos ouvidos é necessário um quinto módulo, a fonologia. 
 Pinker se desculpa pelo uso de um diagrama com caixas e setas para 
representar algo tão complexo como a língua, pois muitas pessoas vêm esse tipo de 
representação com certa suspeita. Ele afirma que no caso da linguagem esses 
componentes facilitam a visualização do que acontece no cérebro. Fica assim mais fácil 
“dissecar” a linguagem. 
 Outro esquema interessante que contém basicamente todos esses 
módulos apresentados por Pinker, é o Modelo de Processamento de Fala de Levelt 
(1989). 
Modelo de Processamento de Fala 
 
Fonte: Levelt (1989) 
 
 Levelt (1989, p. 9) propõe que o módulo chamado conceitualizador, que 
inicia o processo pela geração da mensagem, buscando os sentidos no léxico semântico. 
 
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Na sequência, busca as regras para estruturação das sentenças e as regras de pronúncia 
no módulo formulador. Esse módulo tem acesso a um “dicionário” para retirar as 
palavras no léxico. Lingando esse modelo ao esquema de Pinker, podemos pensar que a 
caixinha da semântica está no conceitualizador. As caixinhas da sintaxe e da fonologia 
estão no formulador, e a morfologia e o léxico mental estão no léxicon. 
 
Vá mais Longe 
Capítulo Norteador 
Capítulo 2 – Dois grandes momentos da linguística e suas repercussões. DIAS, Luzia S.; 
GOMES, Maria Lúcia de C. Estudos Linguísticos: dos problemas estruturais aos novos 
campos de pesquisa. IBPEX: Curitiba, 2008. Biblioteca Virtual. 
Se você tiver interesse em conhecer um pouco mais sobre o modelo de Levelt, recomento 
o artigo de Brum-de-Paula (2005). 
https://wp.ufpel.edu.br/laboratorioelo/files/2014/05/sentido.pdf 
Se você entende inglês, sugiro assistir a um vídeo de Steven Pinker que dá uma boa base 
sobre o funcionamento da linguagem na perspectiva gerativa. 
https://www.youtube.com/watch?v=Q-B_ONJIEcE 
Também há um vídeo clássico de uma entrevista com Noam Chomsky no final dos anos 
1980. Esse vídeo é em inglês, mas com legendas em português. 
https://www.youtube.com/watch?v=W53UvJoLAwI 
 
 
Agora é sua Vez! 
Interação 
Schwindt (2014) propõe uma distinção entre gramática-conhecimento e gramática-
disciplina. Com base nos diversos conceitos de gramática discutidos nesta aula, você 
poderia explicar qual seria essa distinção? 
https://wp.ufpel.edu.br/laboratorioelo/files/2014/05/sentido.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=Q-B_ONJIEcE
https://www.youtube.com/watch?v=W53UvJoLAwI
 
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Questão para Simulado 
 
1 – Segundo Pinker (2001), a língua possui uma “anatomia”, e apresenta um esquema 
paraessa estrutura complexa. Fazem parte do esquema estrutural de Pinker as seguintes 
áreas: 
a) Pragmática, Fonética, Morfologia e Sintaxe. 
b) Morfologia, Sintaxe, Semântica e Análise de Discurso. 
c) Fonologia, Morfologia, Sintaxe, Semântica e o Léxico Mental. 
d) Fonologia, Morfologia, Sintaxe, Semântica e Pragmática. 
e) Semiótica, Fonologia, Morfologia, Sintaxe e Semântica. 
Resposta: Letra c. 
 
Comentário: A Fonologia estuda os sons, a Morfologia trata da formação das palavras, a 
Sintaxe da formação de sintagmas e sentenças, a Semântica liga a língua ao mundo, 
tratando dos sentidos e todo esse conhecimento está no léxico mental do falante. 
 
REFERÊNCIAS 
BRUM-DE-PAULA, Mirian Rose. Da intenção à articulação: modelizações e 
análise proposicional. In: GUIMARÃES, E.; BRUM-DE-PAULA, M.R. (Orgs.). 
Sentido e Memória. Campinas: Pontes, 2005. 
CHOMSKY, N.; Halle, M. The Sound Pattern of English. New York: Harper, 
1968. 
CRYSTAL, D. A Dictionary of Linguistics and Phonetics. Malden: Blackwell 
Publishing, 2008. 
DIAS, Luzia S.; GOMES, Maria Lúcia de C. Estudos Linguísticos: dos problemas 
estruturais aos novos campos de pesquisa. IBPEX: Curitiba, 2008. 
LEVELT, W. From Intention to Articulation. Massachusetts: The MIT Press, 
1989 
 
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Língua Portuguesa I | Gramática e a faculdade da linguagem | Aula 01 
MATTOSO CAMARA JR, Joaquim. Estrutura da Língua Portuguesa. Petrópolis: 
Editora Vozes, 1970. 
MIOTO, C.; Silva, M. C. F.; LOPES, R. E. V. Manual de Sintaxe. Florianópolis: 
Insular, 1999. 
MUSSALIM, F; BENTES, A. C. (Org) Introdução à linguística – domínios e 
fronteiras. São Paulo: Cortez Editora, 2003. pp. 181- 206. 
PINKER, Steven. Words and Rules: The Ingredients of Language. New York: 
Perennial (2000b). 
ROSÁRIO, I. Sintaxe Funcional. In: OTHERO, G. A.; KENEDY, E. Sintaxe, 
sintaxes: uma introdução. São Paulo: Contexto, 2015, pp. 143-162. 
SCHWINDT, Luiz Carlos (Org.). Manual de linguística: fonologia, morfologia e 
sintaxe. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.