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RESUMO DIREITO DE FAMÍLIA

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CURSO DE DIREITO CIVIL
O Direito das Famílias
CONCEITO: Família é o lugar em que o ser humano nasce inserido e, merecendo
uma especial proteção do Estado, desenvolve a sua personalidade em busca da
felicidade e da realização pessoal.
NOÇÕES CONCEITUAIS:
FAMÍLIA NO CC/16 FAMÍLIA NA CF/88 E NO CC/2002
Matrimonializada Pluralizada
Patriarcal Democrática
Hierarquizada Igualitária substancialmente
Heteroparental Hetero ou Homoparental
Biológica Biológica ou Socioafetiva
Unidade de produção e reprodução Unidade socioafetiva
Caráter institucional Caráter instrumental
Direito das Famílias - Consoante a definição de Cristiano Chaves, temos que o se
trata de um conjunto de normas-princípios e normas-regras jurídicas que regulam as
relações decorrentes do vínculo afetivo, mesmo sem casament, tendentes à
promoção da personalidade, através de efeitos pessoais, patrimoniais e
assistenciais.
● Apesar do Direito das Famílias se encontrar tipologicamente inserido no
ínterim do Direito Civil, este ramo sofre limitações de ordem pública,
propiciadas pela natureza indisponível e personalíssima de algumas de suas
normas jurídicas, notadamente aquelas atinentes às relações familiares
existenciais.
● Como consequência, apresenta-se a norma de direito de família como
irrenunciável, intransmissível, inusucapível (imprescritível), inalienável, não
decaindo, nem prescrevendo e não admitindo termo ou condição.
INTERVENÇÃO MÍNIMA DO ESTADO: Também chamado de DIREITO DAS
FAMÍLIAS MÍNIMO com a consequente valorização da autonomia privada. Isso
porque o Direito das Famílias contemporâneo se apresenta como a expressão mais
pura de uma relação jurídica privada, submetida, por conseguinte, ao exercício da
autonomia privada dos indivíduos. Nesse quadrante, toda e qualquer ingerencia
estatal somente será legítima e justificável quando tiver como fundamento a
proteção dos sujeitos de direito, notadamente daqueles vulneráveis, como criança e
o adolescente, bem como a pessoa idosa.
PARENTESCO
Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as
outras na relação de ascendentes e descendentes.
Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as
pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.
Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consangüinidade
ou outra origem.
Art. 1.594. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de
gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes
até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente.
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo
vínculo da afinidade.
§1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e
aos irmãos do cônjuge ou companheiro.
§2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou
da união estável.
Sendo assim, diante do exposto, segue o Art. 1.521 CC, no que tange àqueles que
não podem casar, segue:
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou
civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem
o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro
grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa
de homicídio contra o seu consorte.
O CASAMENTO
O casamento é uma entidade familiar estabelecida entre pessoas humanas,
merecedora de especial proteção estatal, constituída, formal e solenemente,
formando uma comunhão de afetos (comunhão de vida) e produzindo diferentes
efeitos no âmbito pessoal, social e patrimonial.
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com
base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.
Quanto à natureza jurídica do casamento, tentando justificar a natureza matrimonial,
ii) natureza negocial, entendendo que, por se tratar de ato decorrente da vontade
das partes, fundado, basicamente, no consentimento, o casamento seria um
negócio jurídico - que não se confunde com contrato; ii) natureza institucional,
rejeitando a natureza negocial e enxergando no matrimônio uma situação jurídica
que refletiria parâmetros preestabelecidos pelo legislador e constituindo um conjunto
de regras impostas pelo Estado; iii) natureza mista ou eclética, promovendo uma
conciliação entre as teorias antecedentes, passando a considerar o casamento um
ato complexo, impregnado, a um só tempo, por características contratuais e
institucionais.
CAPACIDADE CIVIL
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar,
exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais,
enquanto não atingida a maioridade civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto
no parágrafo único do art. 1.631.
Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores
revogar a autorização. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
(Vigência)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser
suprida pelo juiz.
Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem
não atingiu a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código.
(Redação dada pela Lei nº 13.811, de 2019)
Lei 13.811/2019: altera o Código Civil para acabar com as exceções que
autorizavam a realização do “casamento infantil”.
DOS IMPEDIMENTOS
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do
adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau
inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de
homicídio contra o seu consorte.
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do
casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência
de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13811.htm#art1
CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO
As causas suspensivas do casamento são situações de menor gravidade,
relacionadas a questões patrimoniais e de ordem privada. Não geram a nulidade
absoluta ou relativa do casamento, mas apenas impõem sanções patrimoniais aos
cônjuges. A sanção principal é o regime da separação legal ou obrigatória de bens.
Não devem casar:
a) Viúvo ou viúva que tiver filho do cônjuge falecido enquanto não fizer o inventário
dos bens do casal com a respectiva partilha, para evitar confusão patrimonial: Além
da imposição de regime de separação obrigatória de bens, essa causa gera uma
segunda sanção, a de uma hipoteca legal a favor dos filhos sobre os bens imóveis
dos pais que passarem a outras núpcias antes de fazerem o inventário do cônjuge
falecido.
b) Viúva ou mulher cujo casamento se desfez por nulidade absoluta ou relativa até
dez meses depois do começo da viuvez ou da dissolução da sociedade conjugal: O
objetivo é evitar confusão sobre a paternidade do filho que nascer nesse lapso
temporal.
c) O divorciado, enquanto não houver sido homologado ou decidida a partilha dos
bens do casal, o que também visa evitar confusões quanto ao patrimônio
d) Tutor e curador e seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou
sobrinhos com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessada a tutela ou
curatela, ou não estiverem saldadas as respectivas contas prestadas: Por uma
razão moral, para não ocorrer induzimento aoerro na relação de confiança.
CARACTERÍSTICAS DO CASAMENTO
a) caráter personalíssimo e livre da escolha dos nubentes;
b) solenidade da celebração;
c) inegixigência de diversidade dos sexos (possibilidade do casamento
homoafetivo);
d) inadimissibilidade de submissão a termo ou condição;
e) estabelecimento de uma comunhão de vida;
f) natureza cogente das normas que o regulamentam;
g) estrutura monogâmica;
h) dissolubilidade, de acordo com a vontade das partes.
O casamento, ademais, é um negócio jurídico puro e simples, não podendo estar
submetido a condição, termo ou encargo. Com isso, uma vez confirmada a sua
validade, naturalmente, produzirá efeitos, em face da impossibilidade de controle de
suas consequências no plano jurídico.
ESPONSAIS (A PROMESSA DE CASAMENTO E OS SEUS EFEITOS JURÍDICOS)
Esponsais, promessa esponsalícia ou promessa de casamento é o instituto
conhecido como noivado - fato social que se encontra enraizado em nossos
costumes, embora de modo menos frequente do que no passado, através do qual
os noivos tornam pública a intenção de casar, perante, em especial, suas famílias.
Por óbvio, a celebração dos esponsais não se exige forma pública ou solenidade,
sendo, normalmente, decorrente de manifestação verbal, bem como não é
necessária a fixação de um prazo mínimo para que ocorra o matrimônio. É bastante
para a sua caracterização a assunção de obrigações recíprocas, tendentes à
finalidade nupcial.
É fundamental sublinhar que a promessa de casamento não afeta, de nenhum
modo, a liberdade de casar. Até porque, em razão da própria essência existencial
do matrimônio, “a liberdade matrimonial dos nubentes há de estar, sempre, a salvo,
até mesmo por ser necessária no momento da celebração do casamento”, como
ressalta Carlos Lassarte.
Por tudo isso, os esponsais carecem de qualquer significado ou alcance contratual,
não podendo se caracterizar como uma promessa de contrato ou contrato preliminar
(CC, art. 462). E, naturalmente, não permitem a adoção de medidas judiciais (a
título de execução específica ou tutela ressarcitória) quando de eventual
arrependimento exercitado por um dos noivos
De qualquer modo, é possível prospectar um efeito obrigacional decorrente da
promessa de casamento. Isso porque em caso de ruptura indevida dos esponsais,
podem ocorrer consequências no ramo da Responsabilidade Civil, com a imposição
do dever de indenizar eventuais danos materiais e morais causados ao noivo
frustrado. Todavia, tal efeito indenizatório somente defluirá quando a quebra dos
esponsais se caracterizar como ato ilícito.
MODALIDADES DE CASAMENTO
PROCESSO DE HABILITAÇÃO
Desta forma, para aqueles que possuem a vontade de firmar laços com alguém
através do casamento civil, importa explicitar qual os procedimentos e quais são as
fases que os nubentes devem passar para, enfim, estarem casados civilmente,
sendo elas:
1) Fase de requerimento e apresentação da documentação Os noivos devem
comparecer ao cartório do registro civil, pessoalmente ou através de procurador
constituído por escritura pública com poderes especiais para tanto, para requerer o
processamento da habilitação para o casamento, formalizando por escrito a
intenção de contrair casamento. Caso um deles seja analfabeto, o oficial mandará
alguém assinar a rogo. Neste caso, os documentos que as partes, seja
pessoalmente ou através de um representante, devem apresentar ao cartório são
aqueles estabelecidos no art. 1.525 do Código Civil:
I - certidão de nascimento ou documento equivalente;
II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou
ato judicial que a supra;
III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem
conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;
IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e
de seus pais, se forem conhecidos;
V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de
anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de
divórcio.
2) Fase dos editais de proclamas Formulado o requerimento e apresentados os
documentos necessários, o oficial, então, iniciará a segunda fase do procedimento,
determinando a expedição de editais de proclamas, que serão publicados no próprio
cartório do domicílio dos nubentes e na imprensa oficial, onde houver. Os proclamas
têm por fito cumprir a necessária publicidade da habilitação para o casamento,
oportunizando ao (s) interessado (s) a oposição de impedimentos matrimonias. Essa
oposição deve ser feita no prazo de 15 dias da publicação do edital em cartório.
3) Registro e expedição da certidão Não havendo impugnação de terceiros ou
Ministério Público, deverá o oficial do registro civil proceder ao regular registro,
expedindo a certidão habilitatória, com validade de 90 dias para que seja celebrado
o casamento. Tal prazo é decadencial, não se suspendendo, nem interrompendo.
Esgotados os 90 dias sem que tenha sido celebrado o casamento, exige-se nova
habilitação para um eventual casamento. A existência de eventual vício na
habilitação para o casamento não implica em invalidade (nulidade ou anulabilidade)
do casamento celebrado. Destarte, o procedimento para a habilitação do casamento
pode ter, em seu curso, uma série de exceções ou imprevistos de toda ordem,
principalmente no que diz respeito a documentação apresentada ao cartorário. Por
isso, recomenda-se que, aqueles que desejam casar-se na esfera civil, tenham, ao
seu lado, profissional capacitado que possa ajudá-los a evitar maiores
complicações.
PROVA DO CASAMENTO
a) Prova direta: Segundo disposto no art. 1543, “O casamento celebrado no Brasil
prova-se pela certidão do registro” (emitida pelo Oficial de Registro Civil das
Pessoas Naturais).
b) Prova indireta ou supletiva: Nos termos do parágrafo único do mesmo art.
1543, “Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer outra
espécie de prova”.
Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do
registro.
Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível
qualquer outra espécie de prova.
Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante
as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado
em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao
Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1 o Ofício da
Capital do Estado em que passarem a residir.
Art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do estado de
casadas, não possam manifestar vontade, ou tenham falecido, não se pode
contestar em prejuízo da prole comum, salvo mediante certidão do Registro
Civil que prove que já era casada alguma delas, quando contraiu o
casamento impugnado.
Art. 1.546. Quando a prova da celebração legal do casamento resultar de
processo judicial, o registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá,
tanto no que toca aos cônjuges como no que respeita aos filhos, todos os
efeitos civis desde a data do casamento.
Art. 1.547. Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á
pelo casamento, se os cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou
tiverem vivido na posse do estado de casados.
CASAMENTO NULO X CASAMENTO ANULÁVEL
CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
A celebração do casamento obedece a formalidades essenciais, que, se
ausentes, tornam o ato inexistente. O Código Civil dispõe sobre a celebração do
casamento nos arts. 1.533 ao 1.542. Primeiramente, é importante destacar os art.
1.533 e 1.534:
Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados
pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que
se mostrem habilitados com a certidão do art. 1.531.
Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a
portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentesou não dos
contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro
edifício público ou particular.
§ 1° – Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas
durante o ato.
§ 2º – Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum
dos contraentes não souber ou não puder escrever.
■ Local
Conforme preleciona o art. 1.534 do Código Civil, o local da realização da cerimônia,
em geral, realizar-se-á na sede do cartório onde foi processada a habilitação.
Todavia, é permitido escolher outro local, público ou particular, consentindo a
autoridade celebrante. Em todo caso, as portas devem ser mantidas abertas,
permitindo o livre ingresso de qualquer pessoa no recinto, em respeito à publicidade
do casamento.
■ Hora e data
O casamento pode ser realizado durante o dia ou à noite, e em qualquer dia,
inclusive aos domingos e feriados, desde que não ocorra de madrugada.
■ Presença das testemunhas
É obrigatória a presença de, ao menos, duas testemunhas, podendo ser parentes
ou não dos contraentes. Caso algum destes não souber ou não puder escrever,
serão colhidas as impressões digitais e o número de testemunhas é aumentado
para quatro. Se o casamento for realizado em edifício particular, serão
necessárias quatro testemunhas também (art. 1.534, §§1º e 2º).
■ Autoridade competente
Segundo o art. 98, II, da Constituição Federal, a autoridade competente para a
realização do casamento é o juiz de paz. Todavia, muitas unidades da federação
não regulamentaram a justiça de paz ainda. Em São Paulo, por exemplo, é o juiz de
casamentos que ocupa tal posição, se tratando de função não remunerada. Na falta
ou impedimento, tal autoridade será substituída apenas por um dos suplentes
nomeados. Nesses casos, o Oficial do Registro Civil será substituído por oficial ad
hoc, nomeado pelo presidente do ato (art. 1.539, §1º, do CC), que lavrará termo
avulso a ser registrado no respectivo registro dentro de cinco dias, perante duas
testemunhas, ficando arquivado (art. 1.539, §2º).
Destaca-se ainda o art. 1.535:
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial,
juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida
aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade,
declarará efetuado o casamento, nestes termos: “De acordo com a vontade que
ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu,
em nome da lei, vos declaro casados.”
A partir da leitura desse dispositivo, percebe-se que o número mínimo de
participantes da cerimônia é de seis pessoas: os dois nubentes (ou seus
procuradores), duas testemunhas, a autoridade celebrante e o oficial do cartório do
registro civil. Se tratando de cerimônia religiosa, a presença do oficial é dispensada,
sendo necessário que os próprios noivos promovam o registro do casamento em
cartório, no prazo de 90 dias.
Iniciada a cerimônia, o presidente do ato estimulará os noivos a manifestarem
sua vontade de maneira inequívoca. Em geral, é o tradicional “sim”, que pode ser
declarado por meio de outras expressões afirmativas ou até mesmo por escrita ou
gestos que confirmem sua vontade, como no caso de surdos e mudos, por
exemplo. Em caso de qualquer dúvida sobre a anuência, a cerimônia deverá
ser suspensa pela autoridade.
Após a manifestação de vontade dos noivos, a autoridade deverá ler a
fórmula sacramental do casamento, expressa no mencionado artigo, sendo tal
leitura condição existencial do matrimônio. Assim, o momento em que o
casamento se tem como realizado é quando a leitura é concluída pela
autoridade, que declara os nubentes casados. Sem a declaração do celebrante,
o casamento é inexistente. Neste ponto, destaca-se ainda o seguinte dispositivo do
CC:
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher
manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz
os declara casados.
O art. 1.538 prevê as possibilidades de suspensão do casamento:
Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos
contraentes:
I – recusar a solene afirmação da sua vontade;
II – declarar que esta não é livre e espontânea;
III – manifestar-se arrependido.
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der
causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia.
A solenidade do casamento será suspensa, portanto, se houver algum
ato que atente, de alguma forma, contra a declaração de vontade dos noivos,
como nos casos de recusa, dúvida ou hesitação. Tal dispositivo demonstra que a
declaração de vontade para casar deve ser clara e indiscutível.
O parágrafo único afirma ainda a impossibilidade de retratação no mesmo
dia. Assim, o nubente que praticou o ato que deu causa à suspensão não poderá se
retratar no mesmo dia, havendo um prazo mínimo para tanto, permitindo-se apenas
a partir do dia seguinte.
ESTADO DE POSSE DE CASADOS
"Posse do estado de casado" é o instituto usado para se provar a existência do
casamento quando não haja mais acesso ao registro dele feito (os casados não tem
a certidão consigo e não conseguirão uma segunda via, pois o cartório incendiou-se,
por exemplo).
Paulo Lôbo, à 4ª edição de seu livro Direito Civil - Famílias, aprofunda-se no
conceito (p. 119):
O casamento pode ser provado quando não se possa apresentar a respectiva
certidão, ou não se saiba onde foi feito o registro, ou quando este tenha desaparecido,
nas hipóteses em que os cônjuges tenham falecido ou não possam manifestar sua
vontade. Essa situação denomina-se “posse de estado de casado”, cuja declaração
judicial supre a ausência da certidão de casamento. A posse de estado de casado
deve ser declarada, em benefício da prole comum, salvo se ficar provado que um dos
cônjuges já era casado quando contraiu o casamento dela objeto. O pressuposto é
que os pais estejam mortos, mas a demência de ambos ou do sobrevivo, e a ausência
declarada, devem equiparar-se para esse fim. A posse de estado de casado, tendo os
cônjuges vivido pública e notoriamente como marido e mulher, resulta das evidências
do uso do nome de um cônjuge pelo outro (nominatio), do fato de serem tratados
como marido e mulher (tractatus) e de serem conhecidos publicamente como tais
(fama). Essa norma, reproduzida no Código Civil atual, origina-se do art. 203 do
Código Civil de 1916, quando era precário o sistema de registro civil de casamentos e
ante o sistema de registros difusos atribuídos no Império às paróquias e dioceses da
Igreja Católica.
Prevalece, nessas situações, a presunção legal in dubio pro matrimonio, ou seja, na
dúvida entre as provas favoráveis e desfavoráveis, deve o juiz decidir pelo casamento,
se os cônjuges viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados. Neste
sentido, a posse do estado de casado é autônoma, pois será suficiente para suprir a
ausência da certidão de casamento. A decisão judicial, após registrada no registro
civil, produzirá efeitos retroativos (ex tunc), ou seja, desde o início do casamento.
DIREITOS E DEVERES DO CASAMENTO
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
I - fidelidade recíproca;
II - vida em comum, no domicílio conjugal;
III - mútua assistência;
IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
V - respeito e consideração mútuos.
EFEITOS PATRIMONIAIS DO CASAMENTO
PRINCÍPIOS QUE REGEM O REGIME DE BENS
Ainda sobre o regime de bens, temos o princípio da variedade do regime de bens,
que são:
O PACTO ANTINUPCIAL
O pacto antenupcial, também chamado de pacto nupcial, é um contrato pré-nupcial
ou convenção matrimonial firmado pelos casais antes da celebração do casamento.
Segundo a advogada Adriana Blasius, do escritório Küster Machado Advogados
Associados, ele serve para indicar a escolha do regime de bens a ser adotado
durante a união e também trata das questões patrimoniais do casal.
I - O PACTO ANTENUPCIAL O Código Civilde 2.002 trouxe algumas novidades
sobre a administração e o regime de bens entre os cônjuges, que ao nosso sentir
merecedoras de considerações. A lei civil regula o patrimônio dos cônjuges com
base no regime de bens adotado, em geral, obediente ao princípio da autonomia da
vontade da sua escolha pelos nubentes (art. 1.639). Se não houver convenção ou
sendo ela nula ou ineficaz prevalecerá o regime de comunhão parcial (art. 1.640).
Os efeitos do regime de bens têm início no casamento e fim com a sua dissolução.
Todavia, o regime de bens pode ser alterado (desde que o casal não se enquadre
nas hipóteses do art. 1.641[1]), através de pedido em juízo formulado pelos
cônjuges, motivando a pretensão, sem que cause prejuízo a direito de terceiros
(art.1.639 § 2º). Acaso deferida a alteração do regime de bens através de sentença
homologatória (rito de jurisdição voluntária), a decisão será comunicada via
mandado ao cartório de registro civil competente (art.1.657) e para Junta Comercial
se empresário algum dos cônjuges (art.979), gerando efeito erga omnes. O
instrumento para a escolha do regime de bens é o pacto antenupcial formalizado
através de escritura pública antes do ato nupcial, que não pode tratar de questões
alusivas às relações pessoais, mas apenas da patrimonial (arts 1.640 parágrafo
único e 1.653). O pacto antenupcial só produzirá efeito erga omnes após registradas
em livro especial nos registros de imóveis (evidente, nos cartórios que os nubentes
já tiverem imóveis registrados em seus nomes antes do casamento). São
consideradas nulas as convenções ou cláusulas inclusas no pacto antenupcial
contrárias à lei (art. 1.655).

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