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APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 1 APG 17 – Parasita migratório 1) DESCREVER AS CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS HELMINTOS → Os parasitas ocorrem em duas formas distintas: protozoários unicelulares e metazoários multicelulares denominados helmintos ou vermes. → Os metazoários são subdivididos em 2 filos: ✓ Platyhelminthes (platelmintos): inclui duas classes de importância médica: cestoda (tênias) e trematoda (trematódeos); ✓ Nemathelminthes (lombrigas e nematódeos) → Muitos helmintos possuem um ciclo que evolui de ovo para larva, e então, para adulto. O ovo contém um embrião que, após eclosão, diferencia-se em uma forma larval, a qual então se desenvolve na forma adulta que produz os ovos. → Existem termos técnicos utilizados para os hospedeiros de determinados parasitas de acordo com seus ciclos de vida: ✓ Hospedeiro definitivo é o que apresenta o ciclo sexuado ou o parasita adulto; ✓ Hospedeiro intermediário é o que apresenta o ciclo assexuado ou a larva. ➢ PLATELMINTOS ❖ CESTÓDEOS (TÊNIAS) → As tênias são compostas por duas partes principais: uma cabeça esférica (escólex), e um corpo achatado com múltiplos segmentos (proglótides). → O escólex possui mecanismos especializados para ligar-se à parede intestinal, isto é, ventosas, ganchos ou sulcos de sucção. → O verme cresce ao adicionar novas proglótides a partir de seu centro germinativo próximo ao escólex. As mais antigas da extremidade distal estão gravidas e produzem muitos ovos, os quais são excretados nas fezes e transmitidos a diferentes hospedeiros intermediários (gado, porcos e peixes). → Os humanos geralmente adquirem a infecção pela ingestão de carne malcozida ou peixes contendo as larvas, no entanto, na cisticercose e hidatidose, os ovos são ingeridos e as larvas resultantes causam a doença. → 4 cestódeos são de importância médica: Taenia solium, Taenia saginata, Diphyllobothrium latum e Echinococcus granulosus. ❖ TREMATÓDEOS → Os trematódeos mais importantes são as espécies de Schistosoma (vermes parasitas do sangue), Clonorchis sinensis (verme parasita do fígado) e Paragonimus westermani (verme parasita do pulmão). → O ciclo de vida dos trematódeos de importância médica envolve um ciclo sexuado em humanos (hospedeiros definitivos) a reprodução assexuada em caramujos de água doce (hospedeiros intermediários). → A transmissão aos humanos ocorre pela penetração na pele por cercarias de vida livre dos esquitossomos ou pela ingestão de cistos em peixes ou caranguejos malcozidos. ➢ NEMATELMINTOS ❖ NEMATÓDEOS → São vermes cilíndricos e alongados que possuem o trato digestivo completo, incluindo boca e ânus. O corpo é envolto por um revestimento acelular altamente resistente (cutícula). → São vermes com simetria bilateral, 3 folhetos germinativos, sem segmentação verdadeira ou probóscide. Não há sistema circulatório ou sistema vascular. → Os nematódeos apresentam sexo distinto (dioicos): a fêmea é geralmente maior que o macho, e o macho apresenta cauda espiralada. → O sistema genital masculino é diferenciado em testículo, canal deferente, vesícula seminal e canal ejaculador, abrindo-se na cloaca. Além dos ductos genitais, eles podem apresentar estruturas acessórias: espículos, tubérculo, télamo e bolsa copuladora. → O aparelho genital feminino é constituído fundamentalmente de ovário, oviduto, útero, vagina e vulva, que podem variar em forma, disposição e número. Entre o útero e a vagina pode- se distinguir uma estrutura denominada ovojector, dotado de esfíncter para regular a passagem dos ovos. → Os espermatozoides fecundam os ovócitos em sua passagem pelo útero, onde se completa a formação do ovo, envolvido por 3 membranas. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 2 → Os de importância médica podem ser divididos em duas categorias, de acordo com sua localização no corpo: ✓ Intestinais: Os nematódeos intestinais incluem Enterobius (oxiúro), Trichuris (verme-chicote), Ascaris (lombriga), Necator e Ancylostoma (os dois ancilóstomos), Strongyloides (pequeno verme cilíndrico) e Trichinella. ▪ Enterobius, Trichuris e Ascaris são transmitidos pela ingestão de ovos, e os demais são por larvas; ▪ Existem duas formas larvais: 1) As larvas de 1º e 2º estágio (rabditiformes) são as formas não infeciosas e que se alimentam; 2) As larvas de 3º estágio (filariformes) são formas infecciosas e que não se alimentam. ▪ Quando adulto, esses nematódeos vivem no interior do corpo humano, exceto Strongyloides, que pode também ser encontrado no solo. ✓ De tecidos: os importantes nematódeos de tecidos, Wuchereria, Onchocerca e Loa, são denominados “filárias”, uma vez que produzem embriões móveis, denominados microfilárias, no sangue e nos líquidos teciduais. ▪ Esses organismos são transmitidos de pessoa a pessoa por mosquitos ou moscas hematófagas. → Os nematódeos descritos anteriormente causam doença como resultado da presença de vermes adultos no interior do corpo. → Em alguns nematódeos, como Ascaris e Ancylostoma, o embrião se desenvolve dentro do ovo no meio exterior. Porém, no Strongyloides, o embrião se desenvolve dentro do ovo ainda no útero da fêmea que elimina larvado. → No desenvolvimento pós-embrionário, o nematódeo passa por 5 estágios, e na passagem de um estágio para outro ocorre uma troca de cutícula. O embrião que se forma dentro do ovo é a larva de 1º estágio, e para completar o ciclo pode fazê-lo direta ou indiretamente. → No ciclo direto (monoxênico) não há necessidade de hospedeiro intermediário, enquanto no ciclo indireto (heteroxênico), há necessidade. → Em infecções causadas por determinados nematódeos que migram através dos tecidos (Strongyloides, Trichinella, Ascaris e os dois ancilóstomos, Ancylostoma e Necator) ocorre um acentuado aumento no número de eosinófilos (eosinofilia). → Os eosinófilos não fagocitam os organismos, mas aderem-se à superfície do parasita via IgE e secretam citocinas contidas no interior de seus grânulos eosinofílicos. Isso provocará uma resposta imunológica, com aumento do peristaltismo intestinal e produção de muco pelas células caliciformes, transformando em ambiente hostil que vai promover a expulsão do parasita. → A produção de citocinas e anticorpos vai induzir a degranulação de eosinófilos e de mastócitos, e caso essa reposta permaneça ativa, haverá dano tecidual e necrose. → Porém, há uma modulação dessa resposta pelo confronto parasita-hospedeiro. O parasita tenta modular tal resposta no intuito de não causar danos severos ao seu local de atuação para que sua sobrevivência possa ser garantida, pois eles querem se desenvolver juntamente com seus hospedeiros. 2) COMPREENDER O CICLO BIOLÓGICO E PULMONAR (FISIOPATOLOGIA) E QUADRO CLÍNICO DOS “NASA” → O ciclo de pulmonar ou ciclo de Loss acontece em alguns parasitas que têm em seu ciclo de vida a necessidade de maturação das larvas no pulmão. → Uma regra mnemônica é a sigla “NASA”, com as iniciais de cada um. ❖ Necator americanus E Ancylostoma duodenale → Os principais ancilostomídeos que infectam o tubo digestório humano são Ancylostoma duodenale e Necator americanos, que se desenvolvem no trato digestório produzindo a ancislotomíase ou ancilostomose ou “amarelão”. → Eles habitam o intestino delgado humano, além disso, A. duodelanale é, geralmente, maior que N. americanus. → O processo de penetração na pele leva cerca de 30 minutos e pode produzir prurido intenso. → Eles se alimentam de sangue a partir dos capilares das vilosidades intestinais, o verme usa o hospedeiro para se N - Necator americanus A - Ancylostomaduodenale S - Strongyloides stercoralis A - Ascaris lumbricoides POBREZA + DESIGUALDADE SOCIAL = são importantes para o estabelecimento da doença APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 3 desenvolver. No solo, as larvas de alimentam de bactérias e material orgânico em decomposição. → Ao serem eliminados, os ovos fertilizados estão geralmente em seus estágios iniciais de clivagem, têm uma casca fina e hialina e formato ovoide. → Os ovos maturam em 1-10 dias, quando encontram condições favoráveis no solo: temperatura entre 23ºC e 33ºC, umidade elevada e oxigenação, produzindo larvas rabditoides (L1) em seu interior. Em 12-24 horas, a eclosão dos ovos libera larvas L1. → Sofrem mais duas mudas para transformar-se em larvas filarioides (L3) infectantes, cerca de 1 semana depois, essas permanecem no solo por até 6 semanas, em ambientes com umidade elevada e temperatura entre 25ºC e 30ºC. → CICLO DE VIDA: os humanos são infectados quando larvas filariformes presentes no solo contaminado com fezes humanas penetram na pele, geralmente nos pés, mãos ou nas pernas. Elas são carreadas para o sangue, já que atingem as vênulas ou capilares ou ainda vasos linfáticos, iniciando um percurso para os pulmões (ciclo pulmonar), migram em direção aos alvéolos, brônquios e pela traqueia, sendo, então, deglutidas. → A migração larvária leva cerca de 1 semana, período em que ocorre a terceira muda!!! → As larvas de 4º estágio (L4) chegam ao intestino delgado e fixam sua cápsula bucal na mucosa, iniciando a hematofagia, o que caracteriza esse grupo de nematódeos. A quarta muda ocorre no fim da segunda semana de infecção, no intestino delgado, originando os vermes adultos. Detectam-se ovos de ancilostomídeos nas fezes 4 a 8 semanas após a infecção. → Acredita-se que A. duodenale também possa ser transmitido, mesmo que raro, por via oral, mediante a ingestão de larvas em água ou alimentos contaminados, incluindo o leite materno ou o colostro, ou pela passagem transplacentária de larvas infectantes, resultando em infecções congênitas. → Os vermes adultos ficam aderidos à mucosa do intestino delgado, com auxílio dos dentes (ou lâminas presentes na cápsula bucal (extremidade anterior do adulto). ➢ QUADRO CLÍNICO → As manifestações clínicas da ancilostomíase devem-se essencialmente à anemia ferropriva, que depende da magnitude da perda sanguínea, diretamente proporcional à quantidade de vermes adultos abrigados. → 40 a 160 vermes adultos no intestino são suficientes para causar anemia, embora a quantidade exata dependa também da espécie de ancilostomídeo, sendo o A. duodenale produz maior perda sanguínea do que N. americanus. → As populações mais vulneráveis à anemia por ancilostomídeo são os pré-escolares, escolares e as gestantes. As crianças podem apresentar retardo de crescimento, decorrente de diarreia crônica com redução da absorção de nutrientes e prejuízo do desenvolvimento cognitivo. → Nas fezes de pacientes infectados, encontram-se estrias de sangue ou sague digerido. → Em decorrência da perda proteica crônica, algumas infecções maciças produzem hipoalbuminemia (baixa concentração de albumina, indicando possível desnutrição) e edema generalizado (anasarca). → A migração pulmonar maciça pode resultar em síndrome de Loeffler, com as mesmas características clínicas e laboratoriais observadas na ascaríase. ▪ Durante o ciclo de Loss, o paciente pode apresentar tosse seca, febre e perda de peso, o que define a síndrome de Loeffler. Além disso, em alguns casos também ocorrem: broncoespasmo, hemoptise, lesões hepáticas com hiperglobulinemia, elevação das transaminases, sinais de pneumonite e eosinofilia aos exames de lavado broncoalveolar ou biópsia transbrônquica. Por isso, um diagnóstico diferencial é a pneumonite eosinofílica. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 4 ➢ Strongyloides stercoralis → Strongyloides stercoralis causa estrongiloidíase. Ele apresenta dois CICLOS DE VIDA distintos, um no interior no corpo humano e outro de vida livre no solo. → O Strongyloides stercoralis é o único nematódeo intestinal cujos ovos eclodem no próprio trato digestório humano, tornando possível ao parasito multiplicar-se no interior dos hospedeiros pela AUTOINFECÇÃO = tem os ovos -> eclodem no TG -> larva rabditiforme (não infecciosa) -> transforma em larva filárias -> migra até os pulmões, penetrar na mucosa do intestino grosso ou na pele na região periananal (autoinfecção interna). → Outra modalidade de autoinfecção, a externa, resulta na reinfecção do hospedeiro por larvas filarioides infectantes, presentes no solo, provenientes de parasitos que o próprio hospedeiro abriga cronicamente. → Essa multiplicação pode ser eventualmente fatal, em indivíduos com comprometimento imunitário grave (AIDS ou que ingerem altas doses de corticosteroides) ou gravemente desnutridos, a autoinfecção pode levar à reinfecção maciça (hiperinfecção), pois as larvas atingem vários órgãos fora do pulmão ou TG (estrongiloidíase disseminada). ▪ Os corticosteroides endógenos e exógenos suprimem a resposta protetora de tipo TH2. Além disso, parecem induzir a produção de substâncias semelhantes às ecdisonas do parasito, hormônios que desencadeiam as suas mudas ou ecdises, levando à formação de maior número de larvas L3 infectantes no hospedeiro e aumentando as chances de autoinfecção interna. → No trato digestório humano encontram-se apenas exemplares adultos de S. stercoralis do sexo feminino, com 2mm de comprimento. → Esses vermes penetram no epitélio do intestino delgado, principalmente no duodeno e jejuno, e alojam-se na lâmina própria, nesse local, fecundam-se por partenogênese e eliminam cerca de 50 ovos por dia. ▪ A partenogênese é um modo de reprodução mitótico, sem segregação de alelos, dessa forma, a progênie dessa reprodução é geneticamente idêntica à mãe. → Como regra geral, os ovos de Strongyloides stercoralis eclodem ainda na mucosa intestinal, liberando larvas rabditoides e que podem ser eliminadas nas fezes. Nesse caso, as larvas sofrem 2 mudas no meio externo e dão origem, em 2-3 dias, a larvas filarioides. → As condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento de larvas L1 até L3 no solo são: temperatura entre 25ºC e 30 ºC, umidade elevada e ausência de luz solar direta. → Independentemente do tipo de ciclo que as origina, as larvas filarioides que atravessam a pele ou a mucosa do cólon caem em vasos linfáticos e sanguíneos e realizam uma migração pulmonar análoga à descrita para Ascaris e ancilostomídeos. → O desenvolvimento descrito anteriormente, em que as larvas de Strongyloides eliminadas nas fezes dão origem a larvas infectantes sem alcançar a maturidade no meio externo, é conhecido como ciclo direto ou homogônico. → O chamado ciclo indireto ou heterogônico requer algumas etapas adicionais durante o desenvolvimento do verme no meio externo. ▪ As larvas rabditoides eliminadas nas fezes sofrem as 4 mudas no solo e, em cerca de 24 horas, originam adulto de vida livro, com dimorfismo sexual e morfologia bastante distinta daquela da fêmea partenogenética presente no hospedeiro. → Para o parasito, o ciclo indireto torna possível que se desenvolvam milhares de novas formas infectantes a partir de algumas larvas que chegam ao solo, o que aumenta as chances de transmissão. Além disso, proporciona ao parasito uma oportunidade de reprodução meiótica, com segregação de alelos de origem materna e paterna. ➢ QUADRO CLÍNICO → A maioria dos pacientes é assintomática, especialmente os com pequena quantidadede vermes. → Na infecção aguda, a penetração das larvas na pele pode produzir uma resposta inflamatória local no sitio de entrada, com duração de algumas semanas, dessa forma, as manifestações dermatológicas são uma lesão linear, eritematosa e pruriginosa, conhecida como larva currens. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 5 → A migração pulmonar das larvas pode produzir síndrome de Loeffler, com tosse, broncospasmo e irritação traqueal. Os principais sinais e sintomas respiratórios são sibilância, tosse, hemoptise e dispneia. → Alguns pacientes com infecção crônica relatam dor epigástrica (em geral, cólicas) acompanhada de náuseas e vômitos ocasionais, que podem ocorrer alternadamente com diarreia ou constipação intestinal. → As infecções de maior intensidade produzem eventualmente disenteria crônica, com má absorção e perda de peso. → A hiperinfecção acomete o trato respiratório e gastrintestinal e manifesta-se geralmente com febre alta, pneumonia e, muitas vezes, bacteriemias por bactérias gram- negativas. → Como consequência de sua disseminação pela circulação sistêmica, podem encontrar-se larvas em amostras de escarro e outros fluidos corporais. ➢ Ascaris lumbricoides → Ascaris lumbricoides causa ascaridíase. Os humanos são infectados pela ingestão de ovos do verme em alimentos ou água contaminados por fezes humanas. → O Ascaris lumbricoides é geralmente considerado um parasito estenoxeno, que infecta exclusivamente seres humanos. → Foi considerado o maior nematódeo do trato digestório humano. Os vermes adultos são cilíndricos, afilando-se gradualmente nas extremidades anterior e posterior. → Os vermes adultos habitam o lúmen do intestino delgado humano, onde se alimentam e copulam (acasalam). → A fêmea deposita cerca de 200.000 ovos por dia, que são eliminados nas fezes, que são recobertos por uma casca externa albuminosa espessa, uma camada intermediaria também espessa e uma membrana vitelina interna, muito pouco permeável, dessa forma, esse revestimento torna os ovos extremamente resistentes no meio externo. → Quando encontram condições favoráveis de temperatura (em torno de 25ºC variando de 22-30ºC), umidade e oxigenação no solo, os ovos férteis tornam-se infectantes em cerca de 3 semanas, após duas mudas das larvas contidas em seu interior. → Acredita-se que a 2ª muda, ainda que iniciada no interior do ovo, possa completar-se no hospedeiro. → As larvas penetram ativamente na parede intestinal, atingindo vênulas ou vasos linfáticos, para realizarem seu ciclo pulmonar. → Por meio da circulação portal, acometem o fígado, o coração direito e os pulmões, onde chegam entre 1 e 7 dias após a infecção. Essas larvas rompem os capilares pulmonares e caem no lúmen alveolar. → Através dos bronquíolos e brônquios, ascendem até a traqueia e a glote. Ao serem deglutidas, chegam ao esôfago, ao estômago e ao intestino delgado. → Liberadas no lúmen intestinal, essas larvas alcançam o comprimento de 1 cm (onde tornam-se adultas) até o momento da muda final, 3 a 4 semanas após a infecção. → Vivem, então, no lúmen, não se aderindo à parede e obtendo seu sustento a partir dos alimentos ingeridos. ➢ QUADRO CLÍNICO → A maioria das infecções humanas envolve menos de dez vermes adultos e é assintomática, diagnosticada em exames parasitológicos de fezes de rotina ou pela eliminação espontânea de vermes nas fezes. O sintoma mais comum é dor abdominal vaga. → As discretas alterações inflamatórias na mucosa intestinal, que os helmintos produzem, podem acarretar alterações da secreção e da motilidade intestinais, resultando em diarreia, redução da absorção de alguns nutrientes (especialmente vitamina A), intolerância à lactose e perda de apetite. → É comum que o Ascaris cause desnutrição em crianças, por consumir os alimentos presentes no lúmen do intestino. → A gravidade dos sintomas é diretamente proporcional à quantidade de vermes adultos que o paciente abriga. → As infecções maciças, especialmente em crianças, podem causar distensão e dor abdominais, levando ao bloqueio mecânico do intestino delgado (especialmente do íleo) devido à APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 6 uma grande quantidade de vermes. Nesses casos, podem ocorrer vólvulo (torção) ou intussuscepção intestinal e obstrução parcial ou completa do intestino delgado, levando à isquemia e à necrose da parede intestinal. → A migração anômala de vermes adultos pelos ductos biliares e pancreático ou pelo fígado é uma outra complicação grave de infecções maciças. → As infecções crônicas em crianças, ainda que geralmente assintomáticas, produzem frequentemente retardo de crescimento físico, especialmente em comunidades em que o acesso a alimentos é relativamente restrito. → Embora a fase de migração pulmonar seja assintomática, as crianças, especialmente, apresentam uma pneumonite clinicamente caracterizada pela tosse não produtiva, febre e dispneia, eventualmente com reação de hipersensibilidade levando à obstrução brônquica e sibilância. Ocorre inflamação com exsudato eosinofílico em resposta aos antígenos das larvas, que produz alterações radiológicas evidentes. → A síndrome de Loeffler, quadro autolimitado, pode ocorrer na infecção por qualquer helminto com ciclo pulmonar, e tem característica marcante a eosinofilia. Na ascaridíase ocorre cerca de 10 a 14 dias após a infecção. → Um padrão de tosse característico são os acessos de tosse (expelindo o patógeno), que ocorre no momento em que o parasita ascende à árvore brônquica para ser deglutido e ter acesso ao trato gastrointestinal. Esporadicamente, em casos de elevado número de parasitas, pode haver sufocamento e até óbito, como nos casos de bolo de áscaris em crianças. REFERÊNCIAS • LEVINSON, Warren. Microbiologia Médica e Imunologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014 • FEREIRA, Marcelo U. Parasitologia Contemporânea. 2ª ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2020.
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