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R O D O L F O P E R E S & P L E N I T U D E E D U C A Ç Ã O Diversos artigos relacionados à nutrição esportiva, estética e empreendedorismo.. + 100% ONLINE COORDENADOR: RODOLFO PERES INÍCIO EM OUTUBRO Lilian Cuppari Marcelo Rogero Bruno César Eleonora Comucci Vanessa Coutinho Tatiany Faria Aline David Mariana Granito Ana Carolina Franco Rodrigo Moreira João Motarelli Guilherme Lira Roberta Carbonari Denise de Carvalho Rita de Cássia de Aquino Fabiana Poltronieri Lucyanna Kaluf Kátia Cili Felipe Pereira Simone Felliti Sônia Tucunduva Valentim Magalhães Rodrigo Manda Liliana Bricarello Debhora Medeiros Vanessa Lima Marianne Rocha Marcelo Carvalho INÍCIO EM OUTUBRO 100% ONLINE plenitudeeducacao.com.br @aplenitude revistadigital.plenitudeeducacao.com.br Rodolfo Peres Canva Editor Chefe Imagens Alunos e Professores da Pós Graduação em Nutrição Esportiva e Estética Conteúdos Diretor de Edição João Pinheiro Coordenador da Pós Graduação em Nutrição Esportiva e Estética | Nutrição Integrativa - Grupo Plenitude Educação. Quer fazer parte desse time? Inicie uma nova fase em sua vida profissional e venha estudar conosco! Forte abraço e Boa Leitura. Rodolfo Peres. Na edição 8 da Revista #goaheadnutrition apresento em minha coluna, o quanto a Nutrição Comportamental pode auxiliar nos atendimentos, independente do objetivo do paciente. Muito se fala em consulta individualizada, mas será que isso se refere apenas a cálculos individuais? Ou envolve antes de tudo, uma análise minuciosa sobre o comportamento de cada paciente? Dúvidas a respeito de L-carnitina? Esse suplemento, tão associado a emagrecimento, teria outras aplicabilidades? Ou melhor, será que para otimizar a redução na gordura corporal, ele teria algum embasamento pela ciência? Tire suas dúvidas com um artigo bem completo, elaborado pela nutricionista Julia Cestari. Muito se fala sobre beta-alanina e seu efeito tamponante. Mas e quanto ao bicarbonato de sódio? O nutricionista Leonardo Soares apresenta todos os possíveis benefícios, cuidados e características dessa suplementação tão tradicional e muitas vezes esquecida pelos profissionais mais jovens. A matéria de capa é sobre nosso esporte mais tradicional: futebol! O nutricionista João Pinheiro nos traz uma minuciosa abordagem sobre todas as características bioenergéticas da atividade, justificando quais seriam as melhores estratégias nutricionais e de suplementação. Sabia que jogar videogame pode ser um esporte? Com federações inclusive? Portanto, a nutrição esportiva pode auxiliar e muito o atleta atrás do joystick. O nutricionista Rafael Prado detalha várias possibilidades de suplementação para otimizar a capacidade neural, aumentado foco e concentração! Que a cafeína pode auxiliar na performance em atividades aeróbicas em indivíduos bem tolerantes, já é bem estabelecido pela literatura. Mas e quanto as atividades anaeróbicas? A professora da Pós Graduação em Nutrição Integrativa, Vanessa Lima, nos traz essa resposta. Açúcar é sempre ruim? Ou tudo depende do contexto? Em se tratando de nutrição e exercício, qual a avaliação que o profissional deve ter mediante o consumo de açúcar? O nutricionista Elias Bacarin Júnior nos apresenta essa reflexão em seu artigo abordando a relação entre açúcar e exercício físico. A Nutrição sendo grande aliada no tratamento e prevenção de doenças? Mais do que nunca a relação entre alimentação e saúde está em alta. Nutracêuticos vem tomando o lugar ou no mínimo atuando como coadjuvantes no tratamento de várias patologias antes tratadas apenas com medicações repletas de efeitos colaterais. O Nutricionista e Profissional de Educação Física Renato Augusto nos traz uma bela abordagem sobre o assunto. Como sempre, a revista está imperdível. Uma maneira prazerosa, fácil e gratuita de você se atualizar com os profissionais (alunos e professores), das Pós Graduações em Nutrição Esportiva e Estética e Nutrição Integrativa da Plenitude Educação. COMO CONSIDERO A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR DO PACIENTE NA MINHA PRÁTICA CLÍNICA? 0 6 1 1 NUTRIÇÃO E FUTEBOL: ASPECTOS FISIOLÓGICOS E NUTRICIONAIS APLICADOS AO FUTEBOL. 2 6 3 3 SUPLEMENTAÇÃO DE L-CARNITINA: APLICAÇÕES CLINÍCA, ESPORTIVA E ESTÉTICA. BICARBONATO DE SÓDIO COMO UMA OPÇÃO ERGOGÊNICA DE BAIXO CUSTO. 3 8 RECEITA: PÃO DE MEL FIT POR LAISA ROCHA 3 9 E-SPORTS: RESTART NA SUPLEMENTAÇÃO 4 4 A CAFEÍNA PODE SER POTENCIALMENTE ERGOGÊNICA TAMBÉM NOS EXERCÍCIOS ANAERÓBIOS 4 9 5 5 AÇÚCAR X ATIVIDADE FÍSICA: IMPACTOS FISIOLÓGICOS E APLICABILIDADES NUTRIÇÃO: A NOVA MEDICINA. EM QUAL ESPECIALIDADE ATUAR? ARTIGO 06GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. m mais de 15 anos ininterruptos de atendimento clinico, aprendi muito com os milhares de pacientes que já atendi. Considero que o maior aprendizado foi logo no início da minha carreira, ao perceber que os pacientes não precisavam APENAS de um cálculo 100% exato na elaboração do seu programa alimentar, ou então, de uma avaliação antropométrica impecável. Isso ajuda muito, claro, mas o fator que faria realmente a grande diferença, tanto nos resultados quanto na fidelização ao programa alimentar, era a atenção dada às diferenças comportamentais de cada paciente. Em vez de apenas perguntar SE o paciente estava ou não fazendo, eu deveria prestar muito mais atenção em COMO ele estava se comportando com aquela prescrição. ARTIGO Seja um obeso, um atleta profissional ou um esportista amador, não importa. É o comportamento que vai definir o sucesso do planejamento. Na consulta, não presto atenção apenas no que o paciente me relata, mas em COMO ele me relata. Se apresenta sinais de ansiedade, irritabilidade, como ele me olha, se ignora o smartphone ou se fica inquieto na cadeira, e até mesmo o modo como ele se comporta no momento da avaliação antropométrica. Não são simples detalhes. São informações importantes que vão me ajudar não só na prescrição do programa, mas na forma de apresenta-lo e de cobrar os resultados. Quando se fala em estética, sempre surpreendo o paciente no retorno da consulta, quando digo que minha preocupação não é tanto com o percentual de gordura ou com os quilos de massa magra adquiridos. O que realmente quero saber é como foi o processo. Quais foram as dificuldades, desejos e se ele sentiu a necessidade de um acompanhamento mais próximo ou mais distante comigo. Para algumas pessoas, entrar em contato com o nutricionista uma vez por semana é um exagero, enquanto outras sentem a necessidade de um contato quase diário. Encontrar um ponto de equilíbrio no atendimento de cada paciente, hoje, considero tão fundamental quanto o cálculo específico do gasto energético durante a atividade física, no caso do atleta, ou na interação droga- nutriente no caso de um paciente portador de patologias específicas. Por que eu digo isso? Porque a maioria das pessoas retorna ao nutricionista pensando em como será a avaliação de seus resultados. Como se o nutricionista fosse um professor avaliando a prova do aluno. Qual profissional nunca ouviu algo como: - Minha consulta seria há 15 dias, mas preferi adiar para mostrar melhores resultados. 07GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. Acredito que um dos maiores desafios é mudar essa visão do paciente em sua relação com o profissional. Mostrar que não somos uma calculadora ambulante de calorias ou julgador de resultados. O paciente precisa entender que o nutricionista está ali para auxiliar, ser um mentor para orientá-lo a melhorar sua alimentação, ajudá- lo a tornar o processo mais confortável, e a alcançar seus resultados, sejam eles estéticos, clínicos ou esportivos. 08GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. Vivemos em uma época onde todo mundo se sente habilitado a falar sobre dieta. Na nutrição esportiva isso é ainda mais evidente. Muitas pessoas, por economia ou conveniência, recorrem ao treinador, a ex-atletas ou a modelos que têm belos físicos para receber dicas de dieta. O problema é que a maioriadesses pseudonutricionistas associam suas imagens ao resultado de determinadas dietas e ao uso indiscriminado de produtos para emagrecimento. Reforçam abertamente que, para alcançar o corpo perfeito é preciso fazer dietas restritas, exercícios físicos extenuantes, jejum e procedimentos estéticos invasivos. “Se quer resultado, faça!” Vendem a ilusão de que é possível atingir uma excelente forma física, em poucos meses, e consideram apenas o resultado a qualquer custo. A restrição calórica, somada à motivação de ter o corpo dos sonhos, pode até funcionar no curto prazo, mas as consequências são seríssimas. É cada vez mais comum ouvirmos relatos de pacientes com distúrbios alimentares graves, que fazem drástica restrição calórica por medo de engordar e com episódios compulsivos, seguidos de práticas compensatório-purgativas. Práticas que em nada contribuem para as mudanças necessárias, que devem ocorrer de forma saudável e positiva pela mudança do comportamento alimentar. É a reeducação alimentar, com a proposta nutricional mais adequada para cada caso, que tem apresentado melhores resultados. ARTIGO A popularidade dos perfis fitness em redes sociais torna mais delicada a busca pelo profissional certo. Se você é usuário do Instagram e já acessou a aba “pesquisar” do aplicativo, provavelmente, encontrou dezenas de exemplos de influenciadores digitais que passam uma boa parte do tempo postando fotos e vídeos para exibir corpos sarados, recomendar produtos ou dar dicas de treino. A força desses profissionais de redes sociais não é pouca. Tenho propriedade para falar sobre isso porque, nos últimos 15 anos, observei as mudanças comportamentais dos pacientes. Entre 2003 e 2008, a rede social era o Orkut. Aquela que conectava (em internet discada) desconhecidos que se descobriam semelhantes ao seguir os mesmos grupos. A virada veio com a chegada do Facebook ao Brasil. Os pacientes deixaram de ter como referência pessoas reais, do seu dia a dia, que frequentam a mesma academia ou que viviam em condições financeiras parecidas. A advogada, de 38 anos, que trabalhava 12 horas por dia, e tinha três filhos, passou a comparar o seu corpo com o da blogueira fitness, de 24 anos, sem filhos, dedicação exclusiva para treinar e se alimentar bem, com vários patrocínios de suplementos e tratamentos estéticos, e tempo de sobra para editar suas fotos antes de postar. 09GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. ARTIGO À medida que o Facebook ficava mais popular, aumentava o desafio dos nutricionistas. Boa parte da consulta era só para explicar o porquê de a paciente não estar conseguindo os mesmos resultados da blogueira. De lá pra cá, o processo se tornou ainda mais difícil. Um padrão de beleza irreal foi incorporado no imaginário popular, e as pessoas passaram a buscar modelos para embasar as perspectivas do mundo sobre si mesmas. Como explicar, sem desmotivar a paciente, que dificilmente ela vai ter o corpo da musa inspiradora? Pela idade, disponibilidade de tempo, condição financeira, pela genética, etc., como convencê-la de que aquelas fotos perfeitas foram editadas, e que ela pode atingir ótimos resultados, sem desequilíbrios, frustrações ou angústias, dentro de suas próprias limitações? Que ela deve buscar a melhor versão dela mesma e outras coisas assim? O profissional de nutrição precisa ter muito cuidado com a abordagem, pois ela pode ser um gatilho para problemas como ansiedade e depressão. Por experiência, digo que não existe um discurso pronto, um protocolo que pode ser usado com todos os pacientes. A avaliação deve ser individual. As pessoas podem sair do consultório aliviadas, por entenderem que estavam buscando um padrão inalcançável, ou frustradas pela impossibilidade de ter o corpo idealizado. Exceto em casos muito específicos, atendo um paciente por vez e tento evitar a presença de acompanhantes. A atenção deve ser única e centrada nas necessidades e no comportamento de cada pessoa. Não por acaso, vemos o crescimento de estudos ligados ao comportamento alimentar, e até cursos de pós-graduação específicos ao tema. É uma especialização de fundamental importância para qualquer área da nutrição. Independentemente do seu conhecimento sobre nutrição esportiva, clínica, materno-infantil, etc., haverá sempre uma lacuna entre você e seu paciente, se não houver uma maior compreensão sobre as técnicas de manejo comportamental. Em muitos casos, são elas que vão determinar o sucesso de uma prescrição alimentar. 10GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. ARTIGO AUTOR Rodolfo Peres Coordenador das Pós Graduações em Nutrição Esportiva e Estética | Nutrição Integrativa @nutricionistarodolfoperes Nutricionista ARTIGO 11GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. ASPECTOS FISIOLÓGICOS E NUTRICIONAIS APLICADOS AO FUTEBOL futebol é o esporte mais popular do mundo. À medida que o esporte cresceu, cresceram também as demandas físicas e a busca por formas de vencer a competição com o uso da ciência do esporte e da nutrição. ARTIGO Assim como os demais esportes, o futebol não é uma ciência, mas a ciência pode contribuir para ajudar a melhorar o desempenho dos atletas. Os esforços geralmente se concentram na técnica e táticas, em detrimento da aptidão física. As demandas, que incluem treinamento intenso, partidas de ≥90 minutos, instalações congestionadas e viagens, estresse no corpo e risco de ciclos de sono prejudicados, levando um aumento das necessidades de energéticas e de nutrientes. Identificar as principais áreas para melhorar o desempenho de um jogador é um esforço contínuo devido às diferenças individuais. Além disso, novas informações estão sendo descobertas por meio de pesquisas e o avanço da tecnologia para medir o desempenho está sempre evoluindo. O futebol, assim como o basquete e o voleibol, é uma atividade intermitente. E o que seria ao certo? Bom, as atividades intermitentes têm como característica a constante mudança de ritmo/intensidade. O nível de esforço varia de situação para situação, de um pique máximo de velocidade a um leve trote, de uma situação estática para movimento balístico de alta potência (AOKI et al., 2002). Este artigo enfoca os princípios básicos de fisiologia e nutrição, conhecidos por estabelecer as bases para um melhor desempenho dos jogadores de futebol. Esses princípios são óbvios para alguns, no entanto, a nutrição e a hidratação são frequentemente subestimadas, deixadas muitas vezes de lado. Esse pilar está diretamente ligado ao melhor rendimento e sucesso na carreira desses jogadores, só que a maioria não reconhece a real importância de uma periodização nutricional para aumento da performance dentro de campo e melhor recuperação fora de campo. Um dos grandes problemas vistos também é que, muitas vezes, os clubes não possuem tempo suficiente para realizar um bom preparo de pré-temporada. Por isso, o trabalho multidisciplinar deve ser muito bem feito entre comissão técnica e nutricionista. 12GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. POSIÇÃO ANDAR(%) D. LATERAL (%) TROTAR (%) CORRER (%) A distância percorrida pelo jogador serve como parâmetro para a determinação de sua demanda energética e para elaboração do programa de treinamento. Muitos estudos foram realizados com o objetivo de mensurar esse parâmetro. Ao analisar a maioria desses estudos pode-se afirmar que a distância média fica em torno de 10-12km para jogadores de campo e 4km para goleiros por partida. Utilizando referências recentes, a seleção brasileira na copa de 2018 percorreu uma média de 9.95 km por jogo e a média das seleções da Copa foi de 9.92 km a cada 90 minutos de jogo. Vale notar que apesar das mudanças táticas e física observadas, nos últimos 40 anos, essa distância pouco variou. Como esperado, ao analisar diferentes posições verifica-se que jogadores de meio-campo, pela sua função de elo de ligação entre defesa e ataque, percorrem maiores distâncias em relação em atacantes ou defensores. FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO APLICADA AO FUTEBOL ARTIGO 13GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. FONTE DEFESA MEIO CAMPO ATAQUE Liga Australiana 10169m12194m 11766m Não somente o quanto, mas também como a distância foi coberta é importante para determinação do gasto energético dos jogadores. É possível observar no estudo de Whiters e colaborades (1982) um certo padrão de resposta semelhante entre os jogadores de diferentes posições. Tabela 1 - Distância percorrida por metros SPRINT (%) Defesa Lateral M.campo Ataque 23.7 8.9 45.0 14.5 7.9 30.3 15.3 37.9 12.5 3.9 21.9 7.8 49.9 15.1 5.3 29.8 10.1 44.4 10.0 5.8 Tabela 2 - Whiters e colaboradores (1982) – Liga Australiana. Analisando os dados de Whiters, podemos ver que trote significou aproximadamente 40% da distância percorrida pelos jogadores. Com esses resultados podemos concluir que: • Os meio-campistas são os que percorrem maior porcentagem da distância total na forma de trote; • Entre todos os jogadores, os atacantes são os que percorrem maior distância na forma de sprint (10%); • Os jogadores da defesa são os que mais realizam deslocamentos laterais e de costas; • E, por fim, de longe a maior proporção de movimento em todas as posições são aquelas realizadas em velocidades baixas. ARTIGO 14GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. PERIODIZAÇÃO NUTRICIONAL NO FUTEBOL Utilizando a frase de Maughan, podemos dizer que: “A alimentação ideal não transforma um sedentário em um atleta de elite, no entanto, pode determinar quem será o campeão ou não.” Habilidades técnicas, táticas e físicas são fatores- chave no desempenho de um jogador de futebol. No entanto, as demandas de energia das partidas e sessões de treinamento requerem combustível e hidratação adequados para maximizar esses fatores-chave. Os atletas podem precisar administrar carboidratos, proteínas e gorduras separadamente para atingir o tamanho e a composição corporal ideais e para maximizar o desempenho (RIKKI et al., 2018). A nutrição desempenha um papel vital em manter o jogador saudável, reduzindo o risco de lesões, acelerando a recuperação e melhorando as adaptações ao treinamento. Para entender melhor as necessidades calóricas, o gasto energético diário total em jogadores de futebol foi medido usando água duplamente rotulada e estimado usando frequência cardíaca, sistema de posicionamento global, análise de jogo de vídeo e registros de atividades. Para entender melhor as necessidades calóricas, o gasto energético diário total em jogadores de futebol foi medido usando água duplamente rotulada e estimado usando frequência cardíaca, sistema de posicionamento global, análise de jogo de vídeo e registros de atividades. Um estudo estimou que a energia gasta durante um dia de treinamento para jogadores de futebol de elite do sexo masculino fica entre 3.442 kcal e 3.824 kcal. Outro estudo usando água duplamente marcada concluiu que o gasto energético médio de jogadores de futebol de elite do sexo masculino é de 3.566 kcal em um período de 7 dias, que incluiu 5 dias de treinamento e 2 jogos. MANIPULAÇÃO DA DIETA 1 - CARBOIDRATOS: Os carboidratos são um suprimento limitado de combustível em comparação com as reservas de gordura. Eles são uma importante fonte de combustível para jogadores de futebol, pois o glicogênio muscular é vital para o desempenho durante treinamentos intensos e jogos de futebol. Treinamento de intensidade baixa-moderada. Treinamento de intensidade moderada-alta. Treinamento leve: <2 horas Treinamento pesado / 2 sessões de treino no dia. Refeição equilibrada 1-1,2g / kg / hora Maximizar a concentração de glicogênio muscular. Ajuste de acordo à tolerância dos jogadores. Carboidratos de alto índice glicêmico.30-60g / h Carboidratos de alto índice glicêmico. ARTIGO 15GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. No entanto, pesquisas atuais mostram que uma alta ingestão de carboidratos não precisa ser seguida todos os dias devido às variadas demandas de energia (BARTLETT et al., 2015). Essa estratégia mais recente é conhecida como “treinamento baixo”, permitindo que o atleta treine em uma intensidade baixa a moderada em um estado de baixo glicogênio. O estado de glicogênio do músculo pode alterar as adaptações ao treinamento através de mudanças celulares nas mitocôndrias. Portanto, as necessidades de carboidratos devem refletir o trabalho necessário ou a demanda para um desempenho ideal. No entanto, em dias de alta carga de treinamento ou 24 horas antes da partida, a ingestão de carboidratos deve ser aumentada para maximizar os estoques de glicogênio muscular, essa estratégia é comumente conhecida como “sleep-low”. Os jogadores de futebol precisam consumir até 8- 10 g / kg de peso corporal durante as 24 horas antes de uma partida (ANDERSON et al., 2016). Em dias baixos ou de descanso, a ingestão de carboidratos deve ser reduzida para refletir a diminuição da carga de treinamento. Por exemplo, uma pesquisa recente demonstrou potenciais adaptações de treinamento quando os estoques de glicogênio muscular não são consistentemente altos (HAWLEY et al., 2014) ou intencionalmente mantido baixo, dependendo da carga de treinamento. Ajustar a ingestão de carboidratos às demandas físicas de um atleta é uma estratégia chamada periodização nutricional. PERIODIZAÇÃO CHO / kg ESPECIFICAÇÃO Diariamente 5-7g / kg / dia Carga de treinamento de baixa- moderada intensidade. Corresponde de acordo com a quantidade e intensidade de treinamento. Pode ser ajustado de acordo com a composição corporal e adaptações metabólicas dos jogadores. Ajuste de acordo à tolerância dos jogadores, preferências e carga de treinamento. 1-4g/kg ~30g CHO Pré-treino / partida 3-4h <1h Durante o treinamento 0-30g / hora 30-60g / hora Recuperação / Pós treino 8-10g / kg / dia24h antes do jogo Dia de jogo 7-10g / kg / dia Intervalo de jogo 1-1,2g / kg / hRecuperação /após a partida Tabela 3 – Periodização de CHO (RIKKI, 2018) ND. <30-60min, whey, caseína / proteínas vegetais.20-40g ARTIGO 16GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. 2 - PROTEÍNAS: A proteína é importante para jogadores de futebol para a reparação do tecido muscular, força, saúde óssea e sistema imunológico. O American College of Sports Medicine, a Academy of Nutrition and Dietetics e os Dietitians of Canada recomendam 1,2 a 2,0 g / kg / dia (RODRIGUEZ et al., 2009). A maioria dos jogadores de futebol atende às necessidades diárias de proteína, no entanto, a chave para otimizar a quantidade diária total é focar na fonte / perfil de aminoácidos, tempo e quantidade por alimentação. Consumir doses divididas de proteína (20 a 40 g) a cada 3 a 4 horas dá ao corpo um fluxo contínuo de aminoácidos para apoiar a síntese e recuperação muscular. PERIODIZAÇÃO PTN / kg ESPECIFICAÇÃO Diariamente 1,2-2g / kg / dia Fornecer fontes de alto valor biológico: frango, carnes magras, peixes, frutos do mar, ovos, lacticínios, feijão e soja. Refeição / lanche.20-40g ou 0,25-0,40g / kg Pré-treino / partida 1-4h Durante o treinamento / intervalo de jogo Não há necessidade Recuperação / Pós treino ou partida Tabela 4 – Periodização de PTN (RIKKI, 2018) Em termos de tamanho corporal, a recomendação é de 0,25 a 0,4 g / kg a cada 3 a 4 horas, o que inclui pré-treino / partida e pós-treino / partida. Proteína / aminoácidos consumidos no treinamento de força e sessões de alta intensidade podem promover adaptações musculares, minimizar a degradação do tecido e acelerar a recuperação. Jogos de futebol causam danos musculares significativos (ROMAGNOLI et al., 2016) especialmente em 2 sessões / dia ou partidas múltiplas em uma semana. A proteína não é uma prioridade durante os treinos ou jogos, pois sua função não é fornecer energia, e o objetivo principal durante as atividades do futebol é a produção de energia. PERIODIZAÇÃO LIP / kg ESPECIFICAÇÃO Risco de intolerâncias gastrointestinais. Inclua refeições bem balanceadas, principalmente gorduras poliinsaturadas e monoinsaturadas ~10-30g ARTIGO 17GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. 3 - GORDURAS: A gordura é a principal fonte de energia em repouso e em baixas intensidades de treinamento, como caminhada ou corrida para jogadores de futebol. Alémde fornecer energia lenta e duradoura, a gordura ajuda a absorver as vitaminas A, D, E e K; produzir hormônios; proteger órgãos; e apoiar a estrutura da membrana celular. Diariamente 0,8-1,5g / kg Inclua refeições bem balanceadas, principalmente gorduras poliinsaturadas e monoinsaturadas. Montante limite para evitar problemas gastrointestinais. ~10-30g / refeição Pré-treino / partida 1-4h Durante o treinamento / intervalo de jogo Não há necessidade Recuperação / Pós treino ou partida Tabela 4 – Periodização de LIP (RIKKI, 2018) As recomendações dietéticas de ingestão de gordura total para atletas são semelhantes ou ligeiramente superiores às recomendadas para não atletas. A quantidade total necessária depende das demandas de treinamento e dos objetivos dos jogadores. A quantidade recomendada de gordura na dieta está entre 20% e 35% da ingestão energética diária total. A chave para obter benefícios de desempenho com a gordura da dieta depende do tipo de gordura selecionada. Algumas gorduras em excesso, como os ácidos graxos ômega-6 e as gorduras saturadas, podem promover inflamação, dificultar a recuperação e afetar a saúde do cérebro. Outros tipos podem ajudar a reduzir a inflamação, aumentar a recuperação muscular e melhorar a saúde do cérebro. Esses tipos incluem os ácidos graxos ômega-3 poliinsaturados, essenciais para a saúde do atleta, permitindo um perfil equilibrado de ácidos graxos (SNIJDERS et al., 2015). Os ácidos graxos ômega-3 específicos (EPA e DHA) mostraram uma melhora na função da mitocôndria, aumentando o metabolismo energético das células. Eles também têm potencial para ser altamente antiinflamatórios, beneficiam a reabilitação durante lesão de tecidos moles e ajudam a diminuir o dano secundário de uma concussão. Dada a lenta digestão e absorção de gorduras, a ingestão de gordura deve ser limitada antes ou durante as sessões de treinamento ou partidas, o que pode causar problemas gastrointestinais e deslocamento de carboidratos. Em relação à ingestão de gordura pós-partida, a gordura não é um nutriente importante para a recuperação muscular, pois pode ser incluída na próxima refeição balanceada. ARTIGO 18GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. 4 - MICRONUTRIENTES, VITAMINAS E MINERAIS O exercício estressa muitas das vias metabólicas onde as vitaminas e os minerais são necessários. As demandas de treinamento de alto nível também podem aumentar a taxa de renovação de vitaminas e minerais. Como resultado, uma maior ingestão de vitaminas e minerais pode ser necessária. Em jogadores de futebol, os micronutrientes preocupantes incluem ferro e vitamina D. Em jogadoras de futebol jovens, a ingestão de cálcio deve ser avaliada junto com a ingestão de energia adequada para a densidade óssea ideal. Vegetarianos, veganos e / ou atletas que não consomem carne, ovos e / ou laticínios em sua dieta estão em risco de deficiência de vitamina B12. Em países que apresentam baixa exposição solar em boa parte do ano, como no norte da Europa, por exemplo, a suplementação com vitamina D pode ser necessária. Em países como o Brasil, essa necessidade já não é tão comum. HIDRATAÇÃO Os jogadores de futebol têm menos intervalos para consumir líquidos durante uma partida em comparação com jogadores de basquete, beisebol ou futebol americano. Esses intervalos incluem um intervalo de 15 minutos entre a saída e a volta do campo para o vestiário, bem como o tempo gasto com os treinadores revisando as estratégias; esta curta janela de tempo deve ser maximizada para reidratar. Fluidos com concentração de carboidratos de 4% a 8% ou 150-300ml a cada 15 a 20 minutos são ideais para maximizar a absorção, evitando a intolerância gástrica. Muitos atletas negligenciam a importância da hidratação no desempenho, presumindo que estão hidratados ou calculando mal as necessidades de fluidos e eletrólitos em relação às perdas reais pelo suor. As taxas de suor variam entre os jogadores de futebol com base em sua posição e intensidade do jogo, juntamente com o tempo total de jogo (KOPEĆ et al., 2013). Os jogadores de futebol perderão cerca de 1,5 a 4,5 litros durante o jogo (SHIRREFFS, 2005; MAUGHAN, 2007). Em geral, os atletas, incluindo jogadores de futebol, devem limitar a perda de peso corporal em ≤2% a 3% para manter o desempenho. Dentro de 2 horas após o treinamento ou competição, a estratégia de reidratação deve fornecer água para restaurar o estado de fluidos corporais, carboidratos para repor os estoques de glicogênio (combustível) e eletrólitos para acelerar a reidratação. PERIODIZAÇÃO LIP / kg ESPECIFICAÇÃO A cada 15-20min. *Depende da taxa de suor. Bebida esportiva (9- 19g de carboidrato / 250- 300ml). Água + comida (carboidrato / eletrólitos) ou bebida esportiva • Sódio (80-200 mg / L) • Proteína 10-25g Diariamente 3,7L homens adultos; 2,7L mulheres adultas + taxa de suor. Monitore a cor da urina. Monitore a produção de urina e os fluidos (carboidratos, proteína, baixo teor de gordura): leite, suco 100%, bebida esportiva. Sódio (450-1150mg /L). 500mL ou 5- 7ml/kg 500ml ou 3-5 mL/kg 250mL/kg Pré-treino / partida 4h 2h 10-15min Durante o treinamento / jogo <1h >1h 400-800ml / h* Recuperação / Pós treino (imediatamente até 6h pós para repor 150% dos fluidos perdidos) 650-700ml / por 500g de kg perdido ARTIGO 19GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. 6 - ELETRÓLITOS O sódio é o eletrólito primário perdido no suor. Outros eletrólitos (potássio, magnésio e cálcio) são perdidos em níveis muito mais baixos e, normalmente, substituídos por meio da dieta. Os jogadores de futebol podem perder grandes quantidades de sódio; entre 700 e 1500 mg de sódio / L de suor foi relatado em vários estudos (BRENDON, 2017; ARAGÓN, 2009). Estudos com jogadores de futebol profissional do sexo masculino mostraram perdas de potássio na faixa de 165 mg / L a 234 mg / L (MAUGHAN, 2004; SHIRREFFS, 2006). O sódio em uma bebida esportiva ou em alimentos ajuda com a absorção de água dos intestinos e aumenta o mecanismo da sede no cérebro, resultando na retenção de líquido adicional no corpo. Tabela 5 – Protocolo de hidratação (RIKKI, 2018) ARTIGO 20GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL NO FUTEBOL A suplementação é uma prática comum entre jogadores de futebol. Apesar de a grande prevalência de uso, os atletas nem sempre entendem completamente os possíveis riscos que podem surgir do consumo de suplementos nutricionais (BRAUN, 2009; DASCOMBE, 2010). O mesmo suplemento pode ser útil em algumas circunstâncias, mas prejudiciais ao desempenho de outros (MAUGHAN et al., 2011). Mais preocupante é a má qualidade segurança dos suplementos nutricionais. Recentemente, a Academia de Nutrição e Dietética, Dietistas do Canadá e o American College of Sports Medicine (THOMAS et al., 2016) dividiu o suplementos nutricionais em três categorias: alimentos esportivos (como bebidas esportivas, barras esportivas e suplementos de eletrólitos), suplementos médicos (ferro, cálcio, vitamina D e ômega-3) e suplementos específicos de desempenho (creatina, cafeína, bicarbonato de sódio, beta-alanina e nitrato). BETA-ALANINA A suplementação de beta-alanina aumenta o conteúdo de carnosina intramuscular, levando a um aumento na capacidade de tamponamento muscular (BISHOP et al., 2010). Como tal, causando um atraso no início de fadiga muscular e proporcionando uma recuperação facilitada durante repetidas sessões de exercícios de alta intensidade (WYLIE et al., 2013). Uma recente posição da International Society of Sports Nutrition (QUESNELE et al., 2014) afirma que: (1) a suplementação diária (4-6 g / dia) aumenta significativamente as concentrações de carnosina muscular; (2) a suplementação de beta- alanina atualmente parece ser segura em populações saudáveis em doses; ARTIGO 21GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. (3) parestesia (formigamento) pode ocorrer como efeito colateral, mas estudos indicam que pode ser atenuado usando doses menores divididas (1,6 g) ou usando uma fórmula de liberação sustentada; (4) suplementaçãodiária (4-6 g / dia) por pelo menos duas a quatro semanas demonstrou melhorar o desempenho do exercício, com mais efeitos pronunciados em tarefas de ponto final aberto / testes de tempo com duração de 1 a 4 minutos; (5) beta-alanina atenua a fadiga neuromuscular, particularmente em indivíduos mais velhos, e evidências preliminares indicam que a beta-alanina pode melhorar o desempenho tático; (6) combinar beta-alanina com outro único ou demais suplementos de vários ingredientes podem ser vantajosos quando a suplementação de beta- alanina é alta suficiente (4–6 g por dia) e longo o suficiente (mínimo de quatro semanas); (7) mais pesquisas são necessárias para determinar os efeitos da beta-alanina na força, desempenho de resistência além de 25 minutos de duração e outros benefícios relacionados à saúde associados à carnosina. Um estudo clássico realizado por Hoffman e colaboradores (BEGUM et al., 2005), demonstrou que a eficácia da beta-alanina em atletas altamente treinados tornou-se aparente após 30 dias de suplementação com 4,5g de beta- alanina em jogadores de futebol universitário comparado ao placebo. CAFEÍNA A cafeína é um dos suplementos nutricionais mais populares e seu efeito ergogênico é relativamente bem documentado (SAUNDERS et al 2012). A International Society of Sports Nutrition considerou que a cafeína a suplementação é benéfica para exercícios intermitentes dentro de um período de duração prolongada, incluindo esportes coletivos, como futebol (VAN THIENEN et al., 2012). Froskett e colaboradores (TARNOPOLSKY et al., 2010) mostraram que a ingestão de 6 mg / kg de cafeína 60 min, antes de uma atividade simulada de futebol, pode melhorar a precisão dos passes dos jogadores e o desempenho do salto sem quaisquer efeitos prejudiciais em outros parâmetros de desempenho. Uma revisão (RUSSEL et al., 2014) concluiu que a cafeína em doses de 6 mg / kg tem o potencial para preservar as habilidades realizadas em condições que induzem a fadiga específica do futebol. ARTIGO 22GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. O efeito fisiológico mais conhecido da creatina é a manutenção dos níveis intracelulares de adenosina trifosfato (ATP), em que a fosfocreatina prontamente doa sua molécula de fosfato para adenosina difosfato (ADP) para (re) formar ATP, e, portanto, mantendo a maior potência de saída (PETTERSEN et al., 2014). CREATINA Junto com a potência e a força, a creatina tem sido tradicionalmente elogiada por seus efeitos no aumento da massa muscular e muitos outros resultados benéficos, desde a prevenção de doenças relacionadas à idade até a melhora do cérebro performance (TREXLER, 2015; GOLDSTEIN, 2010), e é um suplemento popular entre jogadores de futebol de elite (TSCHOLL et al., 2002). Os efeitos da suplementação aguda de creatina foram investigados. Ostojic e colegas constataram que a suplementação de creatina por sete dias (3 a 10 g / dia) melhorou o desempenho em jogos específicos de futebol bateria de testes, incluindo um teste de drible, um teste de sprint-power, um teste de resistência e um salto vertical teste (RAE et al., 2003). Claudino e colegas verificaram que a suplementação de creatina monohidratada evitou a diminuição da força muscular dos membros inferiores em jogadores de futebol de elite durante um treinamento progressivo de 7 semanas de pré- temporada (LARSON-MEYER et al., 200). A suplementação de nitrato dietético é conhecida por sua capacidade de reduzir o custo do oxigênio de exercício submáximo (LARSEN et al., 2007). A ingestão de nitrato leva a um incremento de nitrito plasmático concentrações e, consequentemente, a um aumento da produção de óxido nítrico (JONES et al., 2014). O nitrato dietético está disponível na forma de suco de beterraba, géis contendo nitrato e barras (STRUDWICK et al., 2016). A ingestão de alimentos ricos em nitrato, como espinafre, alface e rúcula pode ser uma alternativa à suplementação (JONVIK et al., 2017). NITRATO Embora o uso de nitrato tenha se tornado popular no futebol, poucos estudos investigaram sua eficácia especificamente no desempenho nesse esporte. Um estudo identificou melhorias no trabalho total realizado durante exercícios intermitentes prolongados e no tempo de reação de resposta a tarefas cognitivas. Na segunda metade do protocolo de exercícios intermitentes também foram alcançados com a ingestão de uma dose diária maior (140 mL de suco de beterraba; 12,8 mmol de nitrato) durante um período maior período de tempo (7 dias) (THOMPSON et al., 2015). O nitrato parece ser um suplemento dietético promissor no contexto do esporte. No entanto, mais pesquisas sobre esportes coletivos intermitentes de alta intensidade, como futebol com atletas de elite, são necessárias. ARTIGO 23GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. Embora haja uma justificativa para o uso de agentes alcalinizantes, como o bicarbonato de sódio no futebol, poucos estudos foram realizados sobre o assunto. Outro fator preocupante sobre a suplementação de bicarbonato no esporte é sobre seu efeito indesejado no trato-gastrointestinal. BICARBONATO DE SÓDIO Em um estudo recente (KRUSTRUP et al., 2015) o desempenho de exercícios intermitentes de alta intensidade foi melhorado pela ingestão de 0,4 g / kg de bicarbonato de sódio antes do teste de recuperação intermitente Yo-Yo nível 2. O bicarbonato de sódio foi distribuído uniformemente em ~ 25 cápsulas de gelatina, com um quinto tomado aos 90, 80, 70, 60 e 50 min antes do exercício para evitar desconforto estomacal. No entanto, uma revisão de Bishop sobre os suplementos dietéticos para desempenho em esportes de equipe (ANDRES et al., 2016) concluiu que, com base em vários estudos sobre performances de corrida e ciclismo sprint, a ingestão de o bicarbonato de sódio provavelmente melhora o desempenho de sprints repetidos e intermitentes. Mais pesquisas são necessárias para confirmar o possível efeito ergogênico do bicarbonato de sódio no futebol. CONCLUSÃO Encontrar o "ponto ideal" entre as adaptações de treinamento, desempenho e recuperação é um tanto quanto desafiador. A nutrição desempenha um papel importante nesse processo, juntamente com a gestão do treinamento e outras estratégias de desempenho e recuperação, como, por exemplo, banhos de gelo, massagem, crioterapia, software para análise de futebol e desenvolvimento de melhores equipamentos esportivos. Na verdade, a ciência nos mostra que os benefícios potenciais de um suporte nutricional sólido parecem inequívocos para o desempenho e recuperação do futebol. Hoje, a maioria dos times de futebol se preocupa com os hábitos nutricionais de seus jogadores e, geralmente, fornecem informações e planos nutricionais individuais detalhados. Neste artigo, foram fornecidas informações detalhadas sobre as recomendações mais recentes para a ingestão de macro e micronutrientes, bem como hidratação e suplementação nutricional, com o objetivo de oferecer um maior desempenho para atletas do futebol. ARTIGO 24GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. 1. Aoki, MS. Fisiologia, Treinamento e Nutrição aplicados ao Futebol. Forturna Editora., São-Paulo, Brasil, 2002. 2. Whiters et al. J. Human Mov. Studie. 8: 159-176, 1986. 3. Astrand. Textbook of work physiology. McGrawhill Book Co., New York, 1986. 4. Bagsbo. J. Sports Sci. 12:5-12, 1994. 5. Rikki Keen, MS, RD, CSSD, CSCS . 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[CrossRef] [PubMed] AUTOR João Pinheiro Aluno das Pós Graduações em Nutrição Esportiva e Estética | Nutrição Integrativa @joaopinheironutri Nutricionista L-CARNITINAL-CARNITINAL-CARNITINA 26GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. ARTIGO carnitina é caracterizada como uma amina quaternária (3-hidroxi-4-Ntrimetilaminobutirato). Desempenha um papel essencial no transporte de ácidos graxos de cadeia longa do citoplasma para a mitocôndria, favorecendo a oxidação e a formação de adenosina trifosfato (ATP); na preservação da integridade da membrana plasmática; na regulação da proporção de coenzima A (CoASH)/acetil-CoA nas mitocôndrias; e na redução da produção de lactado (10)(11)(12)(14). ARTIGO A maior parte da carnitina, cerca de 75%, é obtida através da dieta por meio da ingestão de alimentos de origem animal, principalmente a carne vermelha e os laticínios, ricos em amina; os 25% restantes são sintetizados endogenamente nofígado, rim e cérebro (12)(14). A carnitina está presente no corpo na forma de L- Carnitina (LCR) e Acetil-L-Carnitina (ALCAR). A síntese dessas moléculas ocorre a partir de dois aminoácidos essenciais lisina e metionina, e mediada por quatro reações enzimáticas dependentes de boas concentrações de ferro, ácido ascórbico (Vitamina C), niacina e vitamina B6 que atuam como cofatores. celíaca que não estão em uma dieta restrita ao glúten. A biodisponibilidade da LCR dietética depende da quantidade de amina consumida, sendo estimada em 57-84%. Via suplementação, a LCR apresenta uma absorção menor, de 14-18%, variando de acordo com a dose administrada. Visto que boa parte das reservas de carnitina advém de uma dieta onívora, vale ressaltar que a ingestão alimentar de LCR pode ser altamente variável, principalmente ao analisar indivíduos vegetarianos que consomem em sua maioria alimentos derivados de plantas com quantidades mínimas de LCR (12). A deficiência dessas vitaminas prejudica a biossíntese de carnitina. Sua absorção ocorre no jejuno pelo transportador de cátions orgânicos 2 (OCT2) e é determinada por possíveis alterações no transportador, como a deficiência de carnitina ou seu comprometimento em pessoas com doença 27GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. Por mais que a deficiência de LCR seja modesta nesse grupo, o estudo de Novakova, et al comparou vegetarianos com baixos estoques de LCR com onívoros e constatou que a suplementação de LCR durante 12 semanas aumentou a carnitina plasmática e muscular, embora o metabolismo energético não tenha sido afetado. Podendo ser justificado por uma maior eficiência da reabsorção da carnitina via renal quando a ingestão dietética é diminuída, uma resposta adaptativa para restabelecer a homeostase da carnitina no organismo. ARTIGO Existem quatro tipos de suplementos de carnitina: L-Carnitina (LCR), forma básica de suplementação; Acetil-L-Carnitina (ALCAR), usada para aprimoramento cognitivo; L-Carnitina L-tartrato (LCLT), focado no desempenho físico; e o Glicina Propionil-L-Carnitina (GPLC), para avaliar problemas de fluxo sanguíneo e claudicação intermitente (obstrução arterial que impede a chegada de oxigênio nas fibras musculares causando desconforto e dores nas pernas). A suplementação é diária, sendo a faixa de dosagem recomendada: 500-2000mg (LCR), 630-2500mg (ALCAR), 1000-4000mg (LCLT) e 1000-4000mg (GPLC). Não foram observados efeitos colaterais significantes, no entanto, alguns estudos identificaram um “odor estranho” devido a formação de trimetilaminas (3)(4)(6)(8)(13). L-CARNITINA NA PRÁTICA CLÍNICA Neurologia Spagnoli, et al avaliaram a eficácia do tratamento oral de ALCAR em 130 pacientes diagnosticados com doença de Alzheimer durante 1 ano. Os indivíduos foram divididos em dois grupos: um tratado com ALCAR e outro com placebo. Ao final, ambos os grupos apresentaram piora do quadro clínico, porém, o grupo tratado com ALCAR mostrou uma taxa mais lenta de deterioração em 13 dos 14 métodos de avaliação. Já o estudo elaborado por Thal et al avaliou 431 pacientes com provável diagnóstico de Alzheimer e não encontraram efeito significativo. Bonavita E. conduziu um estudo com 40 pacientes divididos em grupo placebo e grupo tratado com ALCAR (500mg 2x/dia) durante 40 dias e confirmou que o tratamento intensivo de curto prazo com ALCAR pode trazer uma melhora significativa dos principais parâmetros mentais do cérebro senil. Embora o tratamento com ALCAR seja confiável, sua potência não é suficiente para garantir o uso exclusivo no tratamento de demência, sendo parte de um tratamento em conjunto com outros medicamentos de proteção neurológica. 28GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. Brooks et al reavaliaram esse estudo e identificaram uma interação estatística para a idade e o tratamento com ALCAR, indicando que indivíduos mais jovens (<61 anos) se beneficiaram mais com o tratamento. Saúde Cardiovascular No estudo piloto elaborado por Ruggenenti et al, avaliou-se os efeitos do tratamento oral com ALCAR (1g/dia) durante 24 semanas sobre a taxa de descarte de glicose (GDR) e componentes da síndrome metabólica, em indivíduos não diabéticos com risco cardiovascular. Ao final, observou-se que ALCAR foi capaz de melhorar a hipertensão arterial, a resistência à insulina, a tolerância à glicose e a hipoadiponectinemia naqueles com risco cardiovascular aumentado, sendo interessantes mais estudos para verificar os benefícios do tratamento em longo prazo. ARTIGO 29GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. A claudicação intermitente (CI) é o principal sintoma da doença arterial periferia (DAP – manifestação clínica da aterosclerose aorto-ilíaca e da perna). Hiatt et al avaliaram 155 pacientes com CI dos Estados Unidos (n= 72) e da Rússia (n= 83) que receberam placebo ou GPLC (2g/dia), durante 6 meses, chegando à conclusão que o tratamento com GPLC melhorou o desempenho no exercício de esteira e o estado funcional desses indivíduos. Outro estudo, elaborado por Brevetti et al, mostrou que o tratamento com GLPC durante 24 semanas foi capaz de melhorar a qualidade de vida e a capacidade máxima de caminhada em pacientes com CI. Barker et al avaliaram 7 indivíduos com CI, suplementados com GPLC (2g/dia), durante 4 semanas, e relataram melhora no desempenho da caminhada e aumento significativo da força. Metabolismo da glicose A diabetes tipo 2 e a resistência insulínica são caracterizadas pelo aumento plasmático de ácidos graxos livres (AGL) e o estudo de Lohninger et al forneceu evidências de que a suplementação de 2g/dia de LCR resultou em uma diminuição significativa de AGL plasmático e uma leve diminuição dos triacilgliceróis plasmáticos em mulheres durante a gravidez, reduzindo os riscos de diabetes gestacional. Capaldo et al avaliaram os efeitos da carnitina na sensibilidade insulínica em 9 pacientes diabéticos. Fadiga A ALCAR está sendo investigada como um biomarcador de fadiga para a síndrome da fadiga crônica, frequentemente caracterizada por alterações na concentração, distribuição e absorção de ALCAR no cérebro em repouso. No estudo de Cavallini et al, 120 homens entre 60 e 74 anos foram divididos em três grupos, um suplementado com testosterona (160mg/dia), o segundo recebeu GPLC (2g/dia) mais ALCAR (2g/dia), e o terceiro recebeu um placebo. A eliminação de glicose mediada por insulina foi medida durante uma infusão intravenosa constante de carnitina (1,7 μmol/min), revelando que a administração aguda de canitina foi capaz de melhorar a sensibilidade insulínica. Após 6 meses, a testosterona e, principalmente, as carnitinas mostraram-se benéficas no tratamento dos sintomas associados ao envelhecimento masculino. Informação suportada pelo estudo de Malaguarnera et al, no qual 96 idosos acima de 70 anos foram suplementados com ALCAR e observaram a redução da fadiga física e mental, além da melhora do estado cognitivo e funções físicas. ARTIGO 30GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. L-CARNITINA NA PRÁTICA ESTÉTICA Cabelo Em um estudo conduzido por Foitzik et al, folículos capilares foram cultivados na presença de 0,5 ou 50 uM de LCLT, durante 9 dias, e os resultados sugerem que a LCLT estimula o crescimento do cabelo no couro cabeludo humano, por meio da regulação positiva da proliferação e da regulação negativa da apoptose em queratinócitos foliculares in vitro. Queima de gordura (beta-oxidação) Apesar da sua relação com a beta-oxidação, a suplementação de L-Carnitina parece não influenciar o metabolismo de gordura, exceto em casos de deficiência. Brandsch e Eder dividiram 36 ratos em dois grupos (grupo controle e grupo tratado) e os submeteram a uma dieta restrita em calorias e livre de carnitina durante 23 dias. O grupo tratado foi suplementado com LCR (5g/kg). Ao final, não houve diferenças significativas entre os grupos. Ambos apresentaram perda de peso devido à dieta hipocalórica, e a suplementação de LCR não mostrou efeitos positivos na perda de peso e melhora da composição corporal. Melton et al também observaram resultados semelhantes ao suplementar ratoscom LCR, durante cinco semanas, com uma dieta sem restrição energética, e verificaram que não houve redução do peso ou da gordura abdominal, ao contrário, apresentaram tendência para ganho de peso. Uma investigação conduzida por Villani et al dividiu 36 mulheres obesas na pré-menopausa em dois grupos: um grupo ingeriu 2g de LCR duas vezes no dia, enquanto o outro grupo ingeriu a mesma quantidade de lactose e, após 8 semanas, nenhuma mudança significativa ocorreu na massa corporal total média, massa gorda e utilização de lipídios em repouso em ambos os grupos. L-CARNITINA NA PRÁTICA ESPORTIVA A suplementação de carnitina tem apresentado resultados positivos na redução de danos musculares após exercício anaeróbio, por meio do aumento da oxigenação do tecido quando há falta de oxigênio, explicando também o maior volume de trabalho encontrado nos estudos. Volek et al avaliaram a suplementação de 2g/dia de LCLT, após exercício de agachamento, em 10 homens treinados em resistência, por 3 semanas, verificando que os marcadores de catabolismo de purina, formação de radicais livres e ruptura do tecido muscular foram significantemente atenuados, sendo o LCLT eficaz na recuperação de exercícios alta repetição. ARTIGO 31GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. Um resultado semelhante foi observado no estudo de Kraemer et al ao suplementar 2g/dia de LCLT, durante 3 semanas, em 10 homens saudáveis com treinamento de peso e verificar que a LCLT reduziu a quantidade de dano ao tecido muscular induzido pelo exercício. O estudo de Spiering et al avaliou o efeito de diferentes doses de LCLT sobre os marcadores de estresse metabólico, após o exercício e dano muscular, em 8 homens saudáveis suplementados com 0g, 1g e 2g de LCLT, por 3 semanas, após uma sessão de exercício de resistência. As doses de 1 e 2g atenuaram o estresse metabólico e a cadeia de eventos hipóxicos que levam a danos musculares após o exercício, comprovando o benéfico do uso de LCLT. L-CARNITINA E TIREOIDE A LCR vem sendo considerada como um antagonista da ação do hormônio tireoidiano em pacientes com hipertireoidismo, suposição substanciada pelo estudo de Benvenga et al, que observou que a carnitina realmente inibe a entrada do hormônio tireoidiano no núcleo dos hepatócitos, neurônios e fibroblastos. A suplementação de 2 e 4g/dia de LCR durante 6 meses foi capaz de reverter e prevenir os sintomas de hipertireoidismo e apresenta um efeito benéfico na mineralização óssea. Inúmeras pesquisas ainda são direcionadas ao uso da carnitina devido às controvérsias em relação ao seu uso e uma enorme variabilidade de soluções, dosagens, protocolos e técnicas de análise. Contudo, a carnitina é um suplemento nutricional muito popular e promissor, uma vez que a suplementação não apresenta toxicidade, teratogenicidade, contraindicações e interações com drogas. As evidências apresentadas mostram a melhora da qualidade e da expectativa de vida em indivíduos acometidos por doenças cardíacas, diabetes, demência e fadiga crônica. Além do aumento da tolerância ao exercício físico e recuperação muscular. Ainda assim, são necessárias mais pesquisas para confirmar os reais efeitos da suplementação de carnitina em situações clínicas, estética e esportiva. REFERÊNCIAS (1) Barker GA, Green S, Askew CD, Green AA, Walker PJ. Effect of propionyl-L- carnitine on exercise performance in peripheral arterial disease. Med Sci Sports Exerc. 2001 Sep;33(9):1415-22. 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(20) Malaguarnera M, Cammalleri L, Gargante MP, Vacante M, Colonna V, Motta M. L-Carnitine treatment reduces severity of physical and mental fatigue and increases cognitive functions in centenarians: a randomized and controlled clinical trial. Am J Clin Nutr. 2007 Dec;86(6):1738-44. (21) Melton SA, Keenan MJ, Stanciu CE, Hegsted M, Zablah-Pimentel EM, O'Neil CE, Gaynor P, Schaffhauser A, Owen K, Prisby RD, LaMotte LL, Fernandez JM. L- carnitine supplementation does not promote weight loss in ovariectomized rats despite endurance exercise. Int J Vitam Nutr Res. 2005 Mar;75(2):156-60.(22) Novakova K, Kummer O, Bouitbir J, Stoffel SD, Hoerler-Koerner U, Bodmer M, Roberts P, Urwyler A, Ehrsam R, Krähenbühl S. Effect of L-carnitine supplementation on the body carnitine pool, skeletal muscle energy metabolism and physical performance in male vegetarians. Eur J Nutr. 2016; 55(1):207-17. (23) Ruggenenti P, Cattaneo D, Loriga G, Ledda F, Motterlini N, Gherardi G, Orisio S, Remuzzi G. 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Depois, teremos que usar a via anaeróbia, que usará outros substratos energético, como o lactato. Junto com o lactato vêm os íons de H+, responsável por aquela sensação de queimação, fadiga e perda de função que sentimos no final de uma série, diminuindo a afinidade da troponina pelo cálcio e impossibilitando que a contração muscular continue. O bicarbonato terá ação justamente contra esse mecanismo do H+, funcionando como um sistema tampão e retardando o aparecimento da fadiga, possibilitando que o movimento seja prolongado. Mas o bicarbonato parece ter efetividade só no limite da capacidade de contração do atleta (ou como é mais conhecido, na “falha”), ou seja, em esportes de alta intensidade e de curta duração, colocando o atleta em estado de hipóxia aguda. Um estudo que avaliou a capacidade do bicarbonato em aumentar a tolerância do atleta em estado de hipóxia colocou um grupo de homens ativos em uma câmara ambiental normobárica, que induziu uma hipóxia moderada aguda nos participantes. Uma parte do grupo foi suplementada com bicarbonato (0,3g/kg) e outra parte foi suplementada com placebo, então, iniciaram a realização de exercícios intermitentes em uma bike. O grupo que estava sendo suplementado com bicarbonato teve uma menor queda do pH sanguíneo e uma maior tolerância ao exercício em comparação com o outro. Já quando olhamos para esportes de longa duração, um estudo realizou um teste contra-relógio com bike, por uma distância de 40 km, e não encontrou efeito positivo na performance desses atletas, fortalecendo mais a ideia de que essa estratégia seria mais efetiva em atividades de curta duração e alta intensidade. A suplementação de bicarbonato parece ser mais benéfica de forma crônica e não aguda, sendo que de forma aguda podemos usar doses menores e evitar possíveis desconfortos gastrointestinais. Um estudo com homens saudáveis administrou uma dose de 0,2g/kg, durante 6 semanas de suplementação, juntamente com treinamento de HIIT, causando uma melhora no desempenho anaeróbico. De qualquer forma, é muito importante avaliar previamente a tolerância individual. Jamais deve-se usar o bicarbonato ou qualquer outro suplemento, no dia da competição, em pessoas que nunca fizeram uso a substância. ARTIGO 35GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. As doses seguras e que geram mais efeito ergogênico ficam no intervalo de 0,2-0,3g/kg. Doses maiores administradas de forma aguda apresentam efeito colaterais e doses menores não apresentam benefício. Em um estudo que avaliou o desempenho de atletas na corrida com o uso de bicarbonato de sódio, quase 50% dos participantes sofreram efeitos colaterais com uma dose de 0,3g/kg, então esse teste acaba sendo indispensável. Também temos algumas opções para atenuar esses sintomas, como: (1) administração do bicarbonato em forma de cápsula (2) fracionado ao longo do dia (3) consumido junto com refeições contendo carboidratos. Um estudo publicado em 2019 avaliou a estratégia de dosagens de bicarbonato de forma progressiva em relação a administração aguda em atletas de elite. Foram divididos três grupos: placebo, suplementação aguda e suplementação de bicarbonato, dividido em doses crescentes. O resultado foi que, além do grupo que suplementou o bicarbonato de forma progressiva ter tido maior concentração de bicarbonato sérico, nenhum deles relatou desconforto gastrointestinal. Enquanto 2 de 7 participantes que fizeram a suplementação aguda relataram sofrimento intestinal grave. Esse aumento mais acentuado no grupo que dividiu as doses já era esperado, se levarmos em conta que eles consumiram 0,6g/kg, enquanto o grupo agudo consumiu 0,3g/kg. De qualquer forma, a ausência de desconforto gastrointestinal é um fato muito interessante e de possível replicação na pratica esportiva. Diminuir as doses agudas até pode ser uma opção para evitar os desconfortos gastrointestinais, mas, dependendo da quantidade ingerida, não apresenta melhora na performance. Um estudo com lutadores de luta livre fez um protocolo de suplementação em que as dosagens aumentavam gradativamente, sendo que a maior dose foi de apenas 0,1g/kg. O resultado foi que os lutadores não apresentaram diferença na performance em comparação com o grupo placebo, com exceção do pico de potência aeróbica máxima que, por mais que tenha sido muito baixa, quando falamos em um atleta de elite pode ser relevante. Entretanto, em um estudo com atletas de CrossFit foi realizada uma intervenção de 10 dias com a suplementação progressiva de bicarbonato de sódio, onde a maior dose foi de 0,15g/kg. Com essa dosagem os participantes aumentaram a sua performance na bateria de exercício realizadas no estudo, além de não apresentarem desconfortos gastrointestinais. O bicarbonato ainda apresentou efeitos benéficos em ciclistas, usando a suplementação em 0,3g/kg, com aumento no tempo até a exaustão de pedalada. ARTIGO 36GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. Essa suplementação parece também trazer benefícios aos atletas de natação. Um estudo avaliando o tempo médio em 8 sprints seguidos de 25m na piscina por um grupo de nadadores, sendo uma parte usando bicarbonato e outro placebo, o grupo que usou bicarbonato fez um tempo total de sprint menor que o grupo placebo. Nesse estudo foi usada a dosagem de 0,3g/kg no período de 2,5h antes dos sprints e de um total de 14 atletas do grupo bicarbonato, 11 desses tiveram melhora da performance. O bicarbonato também pode ter seus efeitos ergogênicos utilizados na hipertrofia muscular, que é dependente de um estimulo de contração. Nesse caso, o bicarbonato de sódio aumentaria a capacidade de contração e tolerância à fadiga muscular, aumentando ovolume de treino e intensificando a hipertrofia muscular. Mas é importante ressaltar que o bicarbonato é apenas um agente ergogênico. Ele não vai atuar diretamente na hipertrofia, apenas vai potencializar a capacidade para que possamos realizar uma ou duas repetições a mais no treinamento, causando um volume de treino maior. Quanto à administração e o tempo, até atingir o pico de bicarbonato sérico, o mais correto parece estar entre 60-90 min, com uma dosagem de 0,3g/kg, mesmo que alguns poucos estudos mostrem benefícios com outras metodologias. Obviamente, esse valor precisa ser ajustado quando a quantidade ingerida é reduzida, para que assim possa se ter o máximo aproveitamento ergogênico do bicarbonato. O bicarbonato já possui sua eficácia ergogênica tão bem estabelecida na literatura que, recentemente, ele começou a ser testado com outros recursos ergogênicos, como, cafeína e beta-alanina. Concluindo, a suplementação de bicarbonato de sódio parece ser uma opção ergogênica viável financeiramente e com diversas comprovações cientificas da sua efetividade, podendo ser usada como estratégia em atletas no período de competição. É importante ressaltar que essa suplementação não é tão útil para os praticantes de atividade física em geral, já que para eles os segundos no final de uma bateria de exercícios não fazem diferença, mas os atletas de elite precisam desses milésimos de segundos para vencer uma competição. ARTIGO 37GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. Referências Bibliográficas: 1. Wang J, Qiu J, Yi L, Hou Z, Benardot D, Cao W. Effect of sodium bicarbonate ingestion during 6 weeks of HIIT on anaerobic performance of college students. J Int Soc Sports Nutr. 2019 2. of sodium bicarbonate on prolonged running performance: A randomized, double-blind, cross-over study. PLoS One. 2017 3. Durkalec-Michalski K, Zawieja EE, Podgórski T, et al. The Effect of a New Sodium Bicarbonate Loading Regimen on Anaerobic Capacity and Wrestling Performance. Nutrients. 2018 4. Durkalec-Michalski K, Zawieja EE, Podgórski T, et al. The effect of chronic progressive-dose sodium bicarbonate ingestion on CrossFit-like performance: A double-blind, randomized cross-over trial. PLoS One. 2018 5. Marcus A, Rossi A, Cornwell A, Hawkins SA, Khodiguian N. The effects of a novel bicarbonate loading protocol on serum bicarbonate concentration: a randomized controlled trial. J Int Soc Sports Nutr. 2019 6. Egger F, Meyer T, Such U, Hecksteden A. 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Eur J Appl Physiol. 2013 AUTOR Leonardo Soares Aluno da Pós Graduação em Nutrição Esportiva e Estética leosoaresnutri Nutricionista RECEITA 38GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. Massa: • 2 ovos • 4 colheres (sopa) cacau 100%; • 4 colheres (sopa) farelo de aveia; • 4 colheres (sopa) de água; • 3 colheres (sopa) mel; • 2 colher (café) canela em pó; • 1 colher (sopa) fermento em pó; • 2 colher (sopa) óleo de coco. Recheio: • Pasta de amendoim. Cobertura: • 100g chocolate 85% cacau. • Bata a mão o óleo de coco, os ovos, e o mel. Acrescente o restante dos ingredientes e deixe o fermento por último. • Unte as formas de pão de mel, despeje a massa, deixe assar em forno médio 180 a 200 graus, por cerca de 30 a 40 minutos. • Pique o chocolate e coloque 1 colher de café de óleo de coco, leve ao micro- ondas em um pote de vidro para derreter por 30 segundos, mexa e reserve. • Após assados os pães de mel, abra-os ao meio e recheie com a pasta de amendoim, feche-os com cuidado, cubra-os com o chocolate derretido, leve à geladeira para secar a cobertura. ⠀ E-SPORTSE-SPORTS E-SPORTSE-SPORTSE-SPORTS ARTIGO 39GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. E-SPORTSE-SPORTSE-SPORTSE-SPORTS E-SPORTSE-SPORTS segmento e-Sports (competições organizadas de jogos eletrônicos), é uma indústria que movimenta cifras bilionárias ao redor do mundo. Segundo a Forbes (1), em 2019, a estimativa era de que, até 2025, o mercado alcançará mais de 300 bilhões de dólares. Já são mais de 2,5 bilhões de jogadores no mundo, dentre eles, jogadores de elite, denominados Pro-Players. OOO ARTIGO Com contratos milionários de grandes marcas, os Pro-Players são considerados atletas e, como todo atleta, possuem do ponto de vista nutricional demandas específicas para aprimorar seu rendimento. Só que, diferente de um fisiculturista, que utiliza estratégias para otimizar a Betaoxidação em uma fase final de preparação, visando definição muscular, os Pro-Players dependem muito de sua capacidade e resposta cognitiva. Além do foco, cada milésimo de segundo para tomada de decisão pode ser responsável pela vitória em uma partida. A demanda por suplementos voltados para esse público cresce a cada ano, e as grandes indústrias já perceberam que esse nicho de mercado é rentável, além de apresentar grande potencial de expansão. Hoje, uma suplementação mais trivial, como proteínas em pó, não se limita apenas aos atletas que buscam performance e, no caso da suplementação para performance cognitiva, o alcance tende a ser ainda maior. A rotina estressante no trabalho ou colégio, a cobrança por metas, a necessidade de tomar decisões assertivas, são situações comuns a uma parcela significativa da população e que também dependem de performance cognitiva. Não por acaso, cada vez mais a utilização de fármacos originalmente desenvolvidos para tratamento de transtornos de déficit de atenção, hiperatividade ou antidepressivos são prescritos ou até utilizados como automedicação, para dar um “boost” na performance mental. Assim, o desenvolvimento de produtos que otimizem a capacidade de raciocínio, memória, aprendizado e performance interessa a todas as classes sociais e faixas etárias, e tende a dominar o cenário de suplementação nos próximos anos. SUPLEMENTAÇÃO PARA PERFORMANCESUPLEMENTAÇÃO PARA PERFORMANCESUPLEMENTAÇÃO PARA PERFORMANCE MENTALMENTALMENTAL A utilização de suplementos fitoterápicos, nootrópicos e estimulantes se torna uma opção interessante, tanto para a indústria, que vende uma proposta mais “natural”, quanto para o consumidor, uma vez que a utilização de alguns fármacos podem aumentar significativamente os efeitos adversos, como demonstrou o estudo de Baziar et al, 2019 (2) relatando os efeitos de Metilfenidato quando comparado com a suplementação de Crocus sativus L. em crianças com TDAH. 40GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. Pensando nesse novo cenário e nas infinitas possibilidades de formulações, substâncias e dosagens, seguem alguns componentes que podem compor uma estratégia para melhorar o desempenho cognitivo, juntamente com um plano nutricional adequado: ARTIGO 41GO A HEAD NUTRITION | 8ªed. Tirosina: em situações de grande exigência cognitiva ou estresse, há uma redução do número de Catecolaminas (Adrenalina e Noradrenalina) no organismo, importantíssimas na prática de esportes pela resposta adrenérgica. Por se tratar de um precursor de Catecolaminas, alguns estudos também apontam que a suplementação de Tirosina pode atuar na atenção e na memória (JONGKEES et al, 2015) (3). Dosagens descritas nos estudos variam bastante, sendo de 500mg até doses elevadas como 12g. Apesar
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