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1 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S 2 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S 3 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S 3 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A SNúcleo de Educação a Distância R. Maria Matos, nº 345 - Loja 05 Centro, Cel. Fabriciano - MG, 35170-111 www.graduacao.faculdadeunica.com.br | 0800 724 2300 GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO. Material Didático: Ayeska Machado Processo Criativo: Pedro Henrique Coelho Fernandes Diagramação: Ayrton Nícolas Bardales Neves PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira, Gerente Geral: Riane Lopes, Gerente de Expansão: Ribana Reis, Gerente Comercial e Marketing: João Victor Nogueira O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profi ssionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S 4 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confi ança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, refl exiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profi ssionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfi l profi ssional, objetivando o aprimoramento para sua atua- ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualifi car ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! . É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profi ssional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professora: Daniela Pala O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especifi cadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profi sisional. Esta unidade irá abranger primeiramente os exames laborato- riais importantes na prática esportiva e a interpretação dos parâmetros para conduzir e orientar de maneira mais efi caz e adequada o atleta. Se- rão expostos alguns exames básicos e em conjunto, oferecidos artigos científi cos para vocês, alunos, se aprofundem na prescrição de alguns exames mais específi cos, de acordo com a modalidade esportiva e, em caso de alguma defi ciência bioquímica encontrada. Essa etapa clínica completa a avaliação nutricional, auxilia na prescrição de uma dieta per- sonalizada, individualiza a suplementação e pode melhorar de maneira signifi cativa a saúde e desempenho do atleta e, assim, é de extrema importância para o acompanhamento do atleta. Em seguida, no capítulo 2, iremos abordar as recomendações específi cas para atletas, como ingestão energética e dos macronutrientes de carboidratos, proteínas e gorduras antes e após a prática de exercício físico, para manutenção da saúde e melhora no desempenho físico. Iremos esclarecer alguns distúrbios alimentares que atletas de diferentes modalidades esportivas podem apresentar, como bulimia e anorexia, e como o profi ssional e a equipe multidisciplinar devem orientar e apoiar esse atleta. E por último, iremos abordar as defi ciências nutricionais que os atletas estão mais susceptíveis, como cálcio e ferro, e abordar de forma prática os alimen- tos que eles devem introduzir em seu padrão alimentar, para prevenir ou controlar tais defi ciências, que podem acarretar prejuízos em seu rendimento esportivo. Exames laboratoriais; Recomendações nutricionais; Transtornos alimentares; atleta; Defi ciências nutricionais. 9 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S 9 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 EXAMES BIOQUÍMICOS PARA ATLETAS Apresentação do módulo ______________________________________ 10 11 CAPÍTULO 02 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA ATLETAS Solicitação de Exames Bioquímicos Pelo Nutricionista __________ CAPÍTULO 03 DISTÚRBIOS ALIMENTARES E DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS EM ATLETAS 15Avaliação Bioquímica do Sangue ______________________________ Recapitulando _________________________________________________ 47 30 Gasto energético Basal (GEB), Gasto energético Total (GET) e Gasto Energético com Atividades Físicas (GEAF) ________________ 37 Fatores a Serem Considerados Para os Cálculos Nutricionais Para Atletas ____________________________________________________ Transtornos Alimentares no Esporte ____________________________ 52 Tratamento Nutricional dos TA _________________________________ 55 Defi ciências Nutricionais Mais Comuns em Atletas ______________ 59 Recapitulando _________________________________________________ 26 Recapitulando _________________________________________________ 67 Fechando Unidade ____________________________________________ 72 Referências ____________________________________________________ 75 22Análise em Conjunto de Biomarcadores Para Atletas ____________ 38 Recomendações nutricionais atuais para atletas - Colégio Ame- ricano de Medicina do Esporte (CAME) e Associações dos Nutri- cionistas do Canadá e dos Estados Unidos. ______________________ 10 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S Esta unidade abrangerá os exames bioquímicos para atletas, a le- gislação que norteia essa prescrição pelos nutricionistas e como identifi car alguma alteração metabólica para a prevenção e mais fi dedigno diagnóstico desse paciente. Trata-se de uma unidade que oferece aplicabilidadeprática para os profi ssionais da área de saúde e nutrição. Perante os resultados obtidos em relação aos valores da faixa de referência, o profi ssional da área obtém mais uma ferramenta para a ter efi - cácia em sua atuação profi ssional, para prevenir futuras desordens metabó- licas ou para tratar ou controlar alterações atuais no atleta. Apesar de estudada exaustivamente desde a década de 1980, ain- da há uma grande carência de estudos bioquímicos em atletas sob condi- ções específi cas de treinamento, esforço e clima. Essa carência impede a realização de metanálises confi áveis para obtenção de valores bioquímicos de referência em diferentes situações de esforço. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a necessida- de de energia de um indivíduo é o nível de ingestão de energia a partir do alimento que irá equilibrar o gasto energético tendo por base a idade, o ta- manho e composição corporal do indivíduo além de seu nível de atividade física, visando uma boa saúde a longo prazo. Para que o organismo se man- tenha funcionante, a ingestão de energia, proveniente dos alimentos, deve ser sufi ciente para atender o Gasto Energético Basal (GEB) dos indivíduos. Dessa forma, no capítulo 2, iremos ampliar nossos conhecimentos acerca das diferentes recomendações nutricionais para atletas e apresentadas as fórmulas para o cálculo dessas recomendações de carboidratos, proteínas e gorduras. Também iremos estudar os distúrbios alimentares em atleta, como a bulimia e a anorexia, bem como defi ciências nutricionais em atletas. Para os alunos, será essencial compreender que o atleta deverá ser avaliado glo- balmente, inicialmente por seus exames laboratoriais, por seus sinais e sin- tomas, o padrão alimentar do paciente, juntamente com a avaliação física, para adequar sua dieta, de acordo com sua modalidade esportiva e a inten- sidade de seus treinos e, assim, evitar defi ciências nutricionais, alterações bioquímicas sempre visando a saúde e o desempenho esportivo. 11 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S EXAMES BIOQUIMICOS PARA ATLETAS N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S SOLICITAÇÃO DE EXAMES BIOQUÍMICOS PELO NUTRICIONISTA A solicitação e a adequada interpretação de exames bioquí- micos são etapas fundamentais no acompanhamento nutricional e no diagnóstico do estado funcional do atleta, pela prática da nutrição es- portiva. Ao se ter conhecimento sobre a real necessidade da solicita- ção de exames e, na sequência, a adequada interpretação de exames laboratoriais, o nutricionista e demais profi ssionais de saúde, como fi - sioterapeutas, educadores fi sicos e médicos, podem de forma efetiva conhecer o quadro clínico e, assim, a melhor conduta a ser seguida para o seu paciente. Essa etapa clínica é de extrema importância, pois, completa avaliação nutricional, auxilia na prescrição de uma dieta personalizada, individualiza a suplementação e pode melhorar de maneira signifi cativa a saúde e o desempenho do atleta. Perante os resultados obtidos em relação aos valores da faixa de referência, o profi ssional da área obtém mais uma ferramenta para a ter efi cácia em sua atuação profi ssional. A Lei nº 8.234, de 17 de Setembro de 1.991 que Regulamenta 12 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S a profi ssão de Nutricionista e determina outras providências, cita em seu artigo 4º, sobre as atividades privativas dos nutricionistas: Art. 4º Atribuem-se, também, aos nutricionistas as seguintes atividades, desde que relacionadas com alimentação e nutrição humanas: VIII - solicitação de exames laboratoriais necessários ao acom- panhamento dietoterápico A Resolução número 306, de 24 de março de 2003 do Conse- lho Federal de Nutricionistas, resolve que: Art. 1º. Compete ao nutricionista a solicitação de exames laboratoriais necessários à avaliação, à prescrição e à evolução nutricional do cliente-paciente. Art. 2º. O nutricionista, ao solicitar exames laboratoriais, deve avaliar ade- quadamente os critérios técnicos e científi cos de sua conduta, estando ciente de sua responsabilidade frente aos questionamentos técnicos decorrentes. Parágrafo Único: Das Responsabilidades I - considerar o cliente-paciente globalmente, respeitando suas condições clínicas, individuais, socioeconômicas e religiosas, desenvolvendo a assis- tência integrada junto à equipe multiprofi ssional - considerar diagnósticos, laudos e pareceres dos demais membros da equi- pe multiprofi ssional, defi nindo com estes, sempre que pertinente, outros exa- mes laboratoriais; III - atuar considerando o cliente-paciente globalmente, desenvolvendo a as- sistência integrada à equipe multidisciplinar; IV - respeitar os princípios da bioética; V - solicitar exames laboratoriais cujos métodos e técnicas tenham sido apro- vados cientifi camente. E por fi m, mais recentemente, através da Recomendação do CFN nº005 de 21 de Fevereiro de 2016, sobre a solicitação de exames laboratoriais: - Elaborar o diagnóstico nutricional com base nos dados clíni- cos, bioquímicos, antropométricos e dietéticos, atividade indispensável na assistência dietética a indivíduos sadios ou enfermos; - Solicitar os exames laboratoriais exclusivamente necessários à avaliação, à prescrição e à evolução nutricional e dietoterápica. - Considerar diagnósticos, laudos e pareceres dos demais membros da equipe multiprofi ssional, defi nindo com estes, sempre que pertinente, outros exames laboratoriais; - Considerar o cliente/paciente globalmente; - Denunciar o descumprimento na aceitação de solicitações de exames laboratoriais por parte de operadoras de planos de saúde e seguradoras de saúde ao Conselho Regional de Nutricionistas de sua jurisdição, às Secretarias Estaduais e Municipais no caso do SUS e à 13 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Em relação a exames bioquímicos específi cos para atletas, não temos resoluções nacionais específi cas e, em alguns casos, nem consenso na área sobre faixas de referência de normalidade, pois, esse tema é bem recente na área clínica. Resolução: http://www.cfn.org.br/novosite/pdf/res /2000_2004/res306.pdf A interpretação adequada do exame bioquímicos ultrapassa a comparação dos valores da faixa de referência sobre a normalidade , se engana o profi ssional que acha que é apenas essa a etapa principal, quando se depara com os exames de um paciente. Essa interpretação incompleta, o próprio paciente ou leigo no assunto consegue analisar , porém, o que compete ao profi ssional da área, é correlacionar com outras informaçoes sobre o atleta. Dessa forma, o profi ssional apto é aquele que estuda e, assim, se capacita para compreender as propriedades e relações dos marca- dores bioquímicos, de modo a realizar corretamente a interpretação dos exames laboratoriais, de maneira global. Marcadores bioquímicos podem estar na faixa limítrofe, tanto inferior, como superior, porém, isso não necessariamente o classifi ca como doente ou sadio. Cabe ao nutricionista conhecer esses parâme- tros bioquímicos, analisar os valores de referência e realizar a sua pres- crição, com base no conjunto de sua avaliação clínica-nutricional. Em resumo: A importância dos exames bioquímicos - Oferecer informações sobre o estado nutricional, por meio da avaliação bioquímica. - Auxiliar no diagnóstico nutricional, ou avaliar mudanças no estado clínico ou dietético; - Evidenciar alterações precoces (Nemer, A; Neves, F; Ferreira, J, 2010) 14 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P RO M IN A S Os parâmetros laboratoriais compreendem mais uma etapa da avaliação do estado nutricional, possibilitando confi rmar o diagnóstico mais precocemente após sua leitura e correta interpretação, correlacio- nando os resultados com o estado clínico (adaptado: Cuppari, L., 2009; Calixto-Lima, L.; Reis, N.T, 2012). A utilização da avaliação de exames laboratoriais na prática clí- nica possibilita a detecção de defi ciências nutricionais que possam com- prometer de maneira grave o estado nutricional (Mussoi, T.D., 2014). O Comitê Olímpico Internacional sugeriu em 2009 uma lista de exames para avaliações periódicas (Quadro 1) de atletas de elite. Quadro 1. Lista de exames que podem ser solicitados por nutricionistas para atletas Fonte: artigo. Cascais (2013). nutricionistas para atletas 15 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA DO SANGUE HEMOGRAMA O hemograma completo é uma análise bioquímica largamen- te utilizada atualmente e está disponível em qualquer hospital ou la- boratório de análises clínicas. A principal informação obtida por meio desta avaliação, quando se tem o enfoque nutricional, é a presença de anemia e sua classifi cação por meio da avaliação morfológica dos eritrócitos. Os eritrócitos são as células mais numerosas do sangue, tem uma vida média de 120 dias e uma renovação de 1% ao dia. Ao fi nal de treinos de endurance, a taxa de renovação tende a aumentar, caracterizando uma boa adaptação para atletas, tendo em vista que células jovens possuem uma maior capacidade antioxidante e também de transporte de oxigênio. (Vergouwen et al, 1999). A hemoglobina (Figura 1) é um indicador presente no hemogra- ma e se encontra nos eritrócitos, contribuindo para aproximadamente 30% do peso dos mesmos. Sua composição é caracterizada por qua- tro cadeias de globina (conjunto de quatro cadeias peptídicas) e quatro moléculas de heme, que são moléculas orgânicas em forma de anel com a capacidade de hospedar uma molécula de ferro (fi gura 2). A he- moglobina concede a coloração vermelha ao sangue e tem a função de transportar oxigênio dos pulmões aos tecidos. Figura 1. Estrutura da hemoglobina. Fonte: UFPR (2010) 16 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S Figura 2. Estrutura da molécula heme. Fonte: Biology dictionary (2019) O conteúdo dos eritrócitos depende da quantidade de hemo- globina sintetizada na eritropoiese e é avaliado por meio dos índices corpusculares, que auxiliam na determinação dos tipos de anemia; Po- dem ser contados de forma automática, por equipamentos, ou determi- nados por meio de equações específi cas, que se baseiam na média da contagem de eritrócitos, valor da hemoglobina no sangue e o valor do hematócrito. A defi ciência de ferro (Fe) representa a carência mineral mais frequente no mundo. Estima-se que mais de 500 milhões de indivíduos sejam portadores de anemia por defi ciência de Fe, embora dados mais recentes elevem essa estimativa até 600 a 700 milhões de indivíduos. No atleta, essa defi ciência adquire uma outra dimensão, já que as per- das corporais habituais se potencializam, pois, são somadas àquelas naturalmente provocadas pela atividade física intensa. A interpretação da contagem dos eritrócitos, leucócitos e pla- quetas deve ser integrada com o conhecimento das cargas de treino do 17 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S atleta. No caso dos eritrócitos, por exemplo, sua taxa diminui de modo reversível com os treinos intensos de longa duração devido ao desequi- líbrio entre os fatores de crescimento hematopoiético, como as células troncos, eritropoietina, interleucinas, entre outras. A hemoglobina permite fazer o diagnóstico de anemia quando apresenta concentrações inferiores a 12g/dL no sexo feminino e a 13g/ Dl no sexo masculino. As causas mais comuns são a hemólise aumen- tada a carência de ferro e, menos frequente, defi ciência de ácido fólico e vitamina B12. As situações infl amatórias e o overtraining são também causa comuns de diminuição da concentração da hemoglobina (Fallon, 2008). O hematócrito superior a 52% na mulher e a 55% no homem deve ser investigado pelo profi ssional que acompanha o atleta, já que pode indicar poliglobulia por hemoconcentração, cujas causas podem ser decorrentes de estágio em altitude ou após administração de eri- tropoietina, indicio de doping. O volume globular médio pode indicar hemoglobinopatia, se existir microcitose, como na talassémia. Em relação aos leucócitos importa investigar a presença de leucopenias, com ou semlinfocitose, associadas a desportos com forte componente anaeróbio, como em exercícios de força, enquanto as leu- cocitoses com neutrofi lia podem ocorrer nos esforços de longa e tam- bém pelo aumento dos hormônios de stress, como as catecolaminas e citocinas infl amatórias em exercícios como maratonas. A eosinofi lia pode sugerir um estado de reatividade alérgica ou à existência de uma parasitose. As plaquetas aumentam em número, após o exercício físico de média e longa duração. No caso da trombo- citopenia, além do eventual desequilíbrio entre a produção medular e a libertação de citocinas infl amatórias, deve ser considerada patologia infeciosa ou imunológica. FERRO Vários são os exames que o nutricionista pode solicitar para avaliar o metabolismo do ferro: - Níveis séricos de Ferro - Níveis séricos de Ferritina - Níveis séricos de Transferrina 18 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S A ferritina (Figura 1) continua sendo o melhor parâmetro de avaliação do metabolismo deste metal, uma vez que revela sobre as re- servas de ferro, as quais podem estar já muito diminuídas com valor do ferro sérico normal ou ligeiramente inferior. Pode haver ferritina normal ou elevada e haver carência de ferro, dado que a ferritina se comporta como proteína de fase aguda, (momentânea), aumentada nos estados infl amatórios, na patologia hepática e em algumas neoplasias. Na fi gura 3, vale a pena observar que internamente (círculos roxos) encontra-se o ferro. Figura 3. Estrutura tridimensional da ferritina. Fonte:Ferritina.org (2019) 19 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S Artigo 1: Análise de parâmetros bioquímicos séricos e urinários em atletas de meia maratona, disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abem/v53n7/08.pdf Artigo 2: Indicadores bioquímicos da função renal, disponível em: https://www.ufrgs.br/lacvet/site/wp-content/uploads/ 2013/10/renalLiege.pdf ENZIMAS As enzimas Transaminase glutâmico-oxalacética (ALT) e a Transaminase glutâmico-oxalacética (AST) são parâmetros bioquímicos de lesão hepática, uma vez que existem em grande quantidade nos hepatócitos. Nos atletas os valores sobem duas a três vezes o limiar de normalidade, após uma sessão de treino intenso, sendo uma medida satisfatória de lesão muscular. A AST, que aumenta mais com a lise muscular do que a ALT, pode apresentar aumentos relativos em relação á ALT decorrentes do treino e não signifi ca clinicamente que o atleta tenha alguma patologia hepática. Dessa forma é importante o nutricio- nista associar e considerar os outros parâmetros clínicos e de estilo de vida, como intensidade do treino junto com o educador físico para con- fi rmar os descartar tal alteração laboratorial. A creatinaquinase (CK) é uma enzima extremamente abundan- te no músculo esquelético, cardíaco e no tecido cerebral. A CK catalisa de forma reversível a transformação de creatina em fosfocreatina a par- tir do ATP. Os valores desta enzima superiores a1000 U/L são resultan- tes de rabdomiólise. A desidrogenase láctica (LDH) tem quatro isoenzimas e pode apresentar as mesmas variações comtreino que as enzimas AST, a ALT e a CK. O seu aumento sem elevação do CK pode traduzir patologia ví- rica, hemólise aumentada ou mesmo embolia pulmonar. Os valores das enzimas ALT e AST, em conjunto com o CK e a LDH, apresentam- se elevadas acima dos valores superiores da normalidade após o exercício físico intenso, dessa forma o profi ssional da área precisa ter cautela ao consultar os exames periódicos do atleta e se investigar globalmente se essa alteração é decorrente da intensidade do treino ou se esta asso- ciada a alguma alteração metabólica, como doença hepática. 20 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S A rabdomiólise é uma síndrome grave que ocorre devido a le- são muscular direta ou indireta. É resultado da morte das fi bras muscu- lares, que liberam seu conteúdo para a corrente sanguínea. Esse pro- cesso pode afetar principalmente os rins, que não conseguem remover os resíduos concentrados na urina. GLICEMIA As determinações de glicemia em jejum tem a mesma utilidade que na clínica diária (veja valores de referências na Tabela 1), e deve- mos estar preparados para as alterações dentro dos valores normais deste parâmetro nos desportistas, caso tenha história familiar presente. PERFIL LIPÍDICO Os exames bioquímicos de colesterol total, LDL-colesterol, HDL-colesterol, e triglicerídeos são importantes para o rastreio de disli- pidemias familiares. Os efeitos do exercício intenso, regular, prolongado e aeróbio faz descer os valores de colesterol total, aumenta as HDL e diminui as LDL, prevenindo sob as doenças do coração. No caso desses parâmetros bioquímicos estarem aumentados no atleta, e na ausência de dislipidemia familiar, podem traduzir alimen- tação incorreta ou consumo excessivo de álcool. Dessa forma, um plano alimentar personalizado, considerando os hábitos alimentares do indi- víduo, deve ser oferecido para o acompanhado nutricional. O paciente, mesmo praticando atividade física, pode não ter um padrão alimentar saudável e, assim, ter alterações em seu perfi l lipídico. Nesse caso, o acompanhamento nutricional e a mudança de hábitos alimentares é essencial para adequação desses exames bioquímicos como melhora em sua saúde, desempenho e prevenção de doenças. 21 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S Tabela 1. Valores de referências atuais para exames laboratoriais Parâmetro Valores ideais (visão fun- cional) Valores de referência ACIDO ÚRICO <3.9 2-7 BASOFILOS <0.5 <1% CALCIO IÔNICO - 1.1-1.32 CALCIO/CREA- TININA URINA 0.1-0.2 <0.3 COBRE 80-110 70-150 CORTISOL 10-15 3-25 CREATININA + é melhor 0.3-1.2 EOSINOFILOS < 1% <4% ERITRÓCITOS 4.5-5.5 4-5.5 FERRITINA - 10-300 GGT <16 12-40 HCM 28-32 27-33 HEMATOCRI- TO 39-45 36-47 HEMOGLOBI- NA 13.5-15.5 12-15.5 HOMA-IR <1.2 - INSULINA <5 <25 22 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S LEUCOCITOS - 4-10 mil LINFOCITOS 25-35% 20-40% MAGNÉSIO > 2.05 1.6-2.5 MANGANES 14-18 12-20 MONOCITOS - 20-10% NEUTROFI- LOS 45-65% 40-60% PLAQUETAS - 140-400 RDW - 11.5-15 SDHEA >150 30-260 SELÊNIO 120-150 45-150 VCM 88-92 80-100 VITAMINA D 25-HIDROX VIT D 40-50 30-100 ZINCO 96-120 70-120 Fonte: Dietwin (2017) ANÁLISE EM CONJUNTO DE BIOMARCADORES PARA ATLETAS Proteínas, metabólitos, eletrólitos e outras moléculas peque- nas podem servir como biomarcadores para atletas e indivíduos que praticam atividade física. Os avanços nas abordagens para avaliar a saúde e o desempenho dos atletas sugerem que o uso da tecnologia mais recente com dados intrínsecos, assim como dados bioquímicos e hematológicos (do sangue), pode ser poderoso na identifi cação do equilíbrio entre treinamento e recuperação em cada indivíduo, quando acompanhando de um profi ssional qualifi cado. De fato, muitos servi- ços disponíveis comercialmente estão oferecendo testes bioquímicos e genéticos para atletas. Os atletas profi ssionais estão supostamente explorando testes de tecnologia e biomarcadores para acompanhar o desempenho e a recuperação durante o treinamento. Numerosos biomarcadores avaliam diferentes aspectos da 23 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S saúde, desempenho esportivo e recuperação, mas ao rastrear atletas, até mesmo biomarcadores úteis têm suas limitações e precisam ser utilizados em conjunto com outros parâmetros, como por exemplo, os clínicos e antropométricos. Entre as limitações mais comuns, encontra- mos: a) os biomarcadores individuais não podem ser utilizados para o diagnóstico amplo da função fi siológica, tais como os biomarcadores de “recuperação” no desporto; b) a sensibilidade de biomarcadores in- dividuais é limitada, por exemplo, para detectar sobre treino ou risco de lesão; c) os valores de referência para atletas e subgrupos específi cos de atletas não estão bem defi nidos; d) existe a variância interindividual em valores absolutos e, assim, mudanças relativas em biomarcadores; e e) a natureza altamente contextualizada de testes e análises desses biomarcadores. Uma única medição de um biomarcador não permite a determinação precisa do estado de saúde de um indivíduo. Por exemplo, embora a interleucina-6 (IL-6) seja uma citoci- na que pode indicar infl amação sozinha, ela fornece pouca informa- ção diagnóstica sobre a infl amação crônica durante o overtraining em um atleta, pois, pode ser alterada em vários estímulos como agudos e crônicos. Parece haver evidências para a utilidade da IL-6 como um potencial biomarcador de overtraining. No entanto, os pesquisadores concordam que múltiplas citocinas devem ser medidas em conjunto quando se tem como objetivo detectar infl amação crônica em atletas, e que outras variáveis relacionadas à função fi siológica/física e estímulos ao montante para infl amação crônica devem ser medidas simultanea- mente (MacKinnon, 2000). Dados sobre várias citocinas infl amatórias, marcadores endócrinos da desregulação de longo prazo e overtraining como a testosterona e cortisol, e marcadores de lesão muscular, como creatinaquinase (CK) podem ser integrados para fornecer informações completas e precisas sobre o estado de saúde e overtraining de um atleta. Confi ar em um único marcador para detectar com sensibilidade e precisão o overtraining é excessivamente simplista, dada a natureza pleiotrópica da maioria dos marcadores biológicos. Para complicar ainda mais a análise de biomarcadores, o fato de que os testes isolados ou não muito frequentes dos biomarcado- res fornecem informações limitadas. Há poucos intervalos de referên- cia específi cos para atletas para a maioria dos biomarcadores e, isso ocorre em parte, porque há grande variação interindividual nos valores 24 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S dos biomarcadores, e que a medição dos biomarcadores pode variar de acordo com o contexto. Novamente, considerando o exemplo dos biomarcadores de overtraining, as pessoas geralmente apresentam alta variabilidade nos níveis séricos e plasmáticos de citocinas e, assim, de sua responsividade. Com isso os atletas podem apresentar maiores ta- xas de variabilidade ou diferentes faixas de valores (comparados com indivíduos ativos/sedentários). Marcadores como as inúmeras citocinas infl amatórias, estão elevados após o exercício em indivíduos saudáveis e retornam aos valores basais em questão de minutos a horas após o exercício (Suzuki, et al., 2002). Valores absolutos de citocinas em uma amostra de sangue po- dem ter seus valores signifi cativos elevados ou diminuídos fora da fai- xa de variedade interindividual observada, mas pode signifi car também uma resposta aos níveis circulantes de citocinas em um treinamento agudo, ou há semanasde treinamento. Os níveis absolutos de desses biomarcadores em repouso podem não mudar enquanto a resposta ao estresse pode ser anormal. Assim, o tempo da medição e os níveis mé- dios de repouso de um indivíduo, durante vários dias, são relevantes para a interpretação e importantes para compreender a fl utuação normal dos biomarcadores, para um determinado indivíduo, durante um curto período de tempo e em resposta ao exercício e recuperação ao longo de horas, dias ou semanas de treinamento. Apesar de não recomendado um cronograma de testes preciso que seja adequado para todos os atletas sob quaisquer condições de treinamento, recomendamos 4 considerações principais para determi- nar a frequência/tempo do teste de biomarcadores: A primeira recomendação é testar no início e ao fi nal de alguns períodos- -chave de transição de treinamento. Por exemplo, testes antes e no fi nal do treinamento de pré-temporada fornecerão informações importantes sobre a saída do atleta do período de entressafra ou descanso e como o treinamento de pré-temporada preparou o atleta para a temporada competitiva, sem cau- sar qualquer overtraining ou lesão. Em segundo lugar, recomenda-se que, durante a temporada competitiva, que pode ter microciclos de treinamento, esse teste de biomarcador seja concluí- do em torno de uma única sessão de exercício. O teste pode ser administra- do antes e depois (a) de um exercício durante uma semana de treinamento particularmente intenso, (b) um teste de desempenho ou (c) um exercício após a recuperação de uma lesão ou após algum turno de treinamento. Esse tipo de teste elucidará quaisquer defi ciências ou defeitos nas respostas dos biomarcadores a um estresse agudo. Isso pode ser valioso quando os valo- res em repouso dos biomarcadores não revelam quaisquer alterações, mas a resposta e a recuperação de uma sessão de exercícios podem detectar com mais precisão as alterações bioquímicas. 25 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S Uma terceira recomendação é testar antes e várias vezes após um grande evento ou lesão na competição. Neste caso, existe um estresse severo im- posto pelo evento competitivo ou um teste de lesão e biomarcador várias vezes após o evento, permitindo que um atleta determine se a recuperação ocorreu em um nível mensurável bioquimicamente. Este caso destaca o potencial do teste de biomarcadores para detectar com precisão as possíveis preocupações de saúde/recuperação quando um atleta pode se sentir pron- to, mas pode não estar realmente pronto no nível de tecido/celular. Finalmente, uma recomendação para estabelecer padrões para cada indi- víduo e abordar a variabilidade na maioria dos biomarcadores é que o teste de biomarcadores seja feito em vários dias durante o período de entressafra, quando um atleta está em forma, saudável e descansado, para determinar os valores médios de repouso de todos os atletas. A avaliação precisa da saúde e do desempenho dos atletas re- quer uma abordagem mais abrangente, integrativa e dinâmica da aná- lise de biomarcadores. Uma abordagem simplista do uso da biologia molecular/bioquímica na ciência aplicada/prática do esporte não será apropriada para maximizar o benefício do teste de biomarcadores para diagnosticar e tomar decisões de treinamento. A aplicação dos testes de biomarcadores à avaliação/treinamento esportivo tradicional requer uma seleção cuidadosa de vários biomarcadores e cronograma de tes- tes de biomarcadores, além de interpretação bem fundamentada dos resultados bioquímicos e dos dados fi siológicos/físicos sobre os atle- tas. Dieta e treinamento afetam esses aspectos-chave da saúde e do desempenho, que podem ser avaliados com biomarcadores que foram citados. Conclusão: Os exames bioquímicos no atleta são complementares ao diag- nóstico clínico, em um contexto em que o atleta está inserido. Ele por si só não garante uma conduta nutricional especifi ca, há a necessidade de uma avaliação global do atleta. Dessa forma, a prescrição deve ser criteriosa, objetiva e previamente estudada e ter fundamento clínico, se não será apenas mais um dado inútil e, assim, descartado. 26 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2013 Banca: UNESP Órgão: VUNESP PROVA:Enfermagem Nível: Média A principal ação do ácido fólico é a) facilitar a contração muscular. b) prevenir malformações do tubo neural no concepto c) contribuir na glicólise dos carboidratos. d) retardar o processo de envelhecimento. e) auxiliar no crescimento de ossos e dentes. QUESTÃO 2. Ano: 2014 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: SES-PE Prova: Analista em Saúde - Biomédico Nível :Médio O Eritrograma é um exame hematológico, utilizado para avaliar os vários parâmetros da série vermelha, entre eles, a dosagem de he- moglobina e a determinação do hematócrito. Em relação a isso, assinale a alternativa INCORRETA. a) O método manual mais utilizado para a dosagem de hemoglobina é o da cianometahemoglobina. b) A solução de Drabkin é utilizada na dosagem de hemoglobina, quan- do ao paciente não é atleta. c) Hemoglobina diminui em situações infl amatórias e o overtraining d) O Hematócrito corresponde à relação entre o volume de eritrócitos e o volume total do sangue, sendo expresso em %. d) A leitura do micro hematócrito é feita em cartão apropriado, alinhando o início da coluna de hemácias em zero e o fi nal do plasma em 100%, excluindo-se a camada de leucócitos. QUESTÃO 3 Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: TRT Prova: Técnico de enferma- gem. Nível: Fácil O teste utilizado para avaliar o controle glicêmico de médio prazo é: a) glicemia casual b) glicemia de jejum c) hemoglobina glicada d) teste de tolerância à glicose 27 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S QUESTÃO 4 Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: Prefeitura de Cuiabá- MT Prova: Agente de Saúde. Nível: Fácil Assinale a opção que indica o índice que é calculado para determi- nar hipocromia. a) VCM – Volume Corpuscular Médio b) Hematócrito c) CHCM – concentração de hemoglobina corpuscular média d) RDW – Redcell Distribution Width e) Eritrograma QUESTÃO 5 Ano: 2014 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: UFC Prova: Biomédi- co Nível: Médio O diagnóstico e o acompanhamento terapêutico de doenças isquêmicas frequentemente envolvem a análise de enzimas. De acordo com esse assunto, assinale a alternativa correta. a) A isoenzima CK–MB é encontrada predominantemente no pulmão e músculo esquelético. b) Uma vez que a liberação da enzima na circulação é lenta e sua meia- -vida no soro é longa, as coletas de sangue para dosagem de CK-MB, em casos de suspeita de infarto do miocárdio, devem ter início 48 horas após os sintomas. c) A creatina quinase possui 3 isoenzimas, cada uma formada por duas cadeias (B e M em combinações diferentes). d) A creatina cinase é uma das enzimas da glicólise, responsável pela formação de bifosfato de creatina, um intermediário dessa via. e) As isoenzimas da creatinaquinase (CK), denominadas CK-MB, CK- -MM e CK-BB, não podem ser separadas por cromatografi a,pois apre- sentam-se covalentemente ligadas entre si. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE R. B. é jogador de futebol e vive ótima fase, mas iniciou o campeonato no banco de reserva. A preocupação com o bem-estar físico dos joga- dores passa pelas mão da equipe médica do Figueira, que possui os recursos não só para recuperar quem está machucado, mas também para prevenir qualquer complicação. Um dos exames mais comentados — e utilizados — é a análise de creatina quinase (CK) no sangue, que pode alertar sobre o possível desgaste de um atleta. Diante do exposto, responda: 28 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S a) Como esse exame auxilia na prevenção das lesões? b) Quaissão os índices aceitáveis ou normais dessa enzima na corrente sanguínea? QUESTÃO INEDITA Sobre a Vitamina B12, uma substância que ajuda a sintetizar novas células, a reparar células danifi cas e levar oxigênios aos músculos, é possível afi rmar que sua defi ciência pode reduzir a resistência e impedir a realização de exercícios de alta intensidade. A afi rmação acima esta: A) Certa B) Errada NA MIDIA Daiane dos Santos é fl agrada em exame antidoping A ginasta brasileira e campeão mundial da categoria solo, Daiane dos Santos foi fl agrada em exame alterado com uso de Furosemida, um diurético que é considerado pela Agência Mundial Antidoping (Wada, em inglês) como dopante por mascarar o uso de outras substâncias, como esteróides. Tal fato ocasionou a suspensão da atleta por 5 meses. Depois da data do exame, a comissão da Federação Internacional de Ginástica (FIG) vai enviar suas conclusões para a comissão presiden- cial da entidade, que tomará uma decisão sobre a punição da brasileira. Se condenada, Daiane pode ser suspensa das competições por um pe- ríodo de até dois anos. A atleta terá 21 dias para recorrer ao Tribunal de Apelações da FIG. Fonte: Estadão Data: 13 fev. 2019. Leia a notícia na íntegra: https://esportes.estadao.com.br/noticias/ge- ral,daiane-dos-santos-e-fl agrada-em-exame-antidoping,458933. QUESTÃO PRÁTICA Sobre o excesso de treino e a rabdomiólise Os atletas podem desenvolver um perfi l hematológico alterado, mas não desenvolver a condição clínica para alteração enzimática. Um estudo com ultramaratonista demonstrou mioglobinúria em 25 dos 44 participantes (57%). Nenhum deles desenvolveu sintomas clínicos de 29 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S rabdomiólise externa ou danos nos órgãos fi nais (insufi ciência renal). A rabdomiólise pode ser uma continuação extrema da dor muscular de início tardio. Os indivíduos afetados geralmente se queixam de dor des- proporcional, fraqueza e inchaço nos músculos afetados após a ativida- de física. São necessários níveis elevados de CK cinco vezes o limite superior do normal com estes sintomas para o diagnóstico. Esta elevação deve estar presente para o diagnóstico, mas deve ser feita em associação com a síndrome clínica de fraqueza muscular, in- chaço, dor e, ocasionalmente, escurecimento da urina para diferenciar a rabdomiólise de outras causas. Dessa forma o profi ssional da nutrição esportiva precisa estar atento a todos os sintomas do atleta para sugerir tal diagnóstico clínico. 30 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S GASTO ENERGÉTICO BASAL (GEB), GASTO ENERGÉTICO TOTAL (GET) E GASTO ENERGÉTICO COM ATIVIDADES FÍSICAS (GEAF) De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a necessidade de energia de um indivíduo é o nível de ingestão de ener- gia a partir do alimento que irá equilibrar o gasto energético tendo por base a idade, o tamanho e composição corporal do indivíduo além de seu nível de atividade física, visando uma boa saúde a longo prazo. (WHO, 1985). Para que o organismo se mantenha funcionante, a ingestão de energia, proveniente dos alimentos, deve ser sufi ciente para atender o Gasto Energético Basal (GEB) dos indivíduos (Tormen e colaboradores, 2012). Para a maioria dos indivíduos, o GEB é o maior componente do Gasto Energético Total (GET), sendo que este último é composto por o Gasto Energético com Atividades Físicas (GEAF), somando ao gasto com os processos de digestão, absorção e armazenamento de nutrien- tes dos alimentos e ao gasto energético basal (GEB) (Rossi, 2015; Volp, 2011). RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA ATLETAS N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S 31 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S FÓRMULAS PARA OS CÁLCULOS Harris Benedict, 1918 Para pacientes hospitalizados Gasto Energético Basal – GEB Homem = 66 + (13,7 x P) + (5 x A) – (6,8 x I) Mulher = 655 + (9,5 x P) + (1,8 x A) – (4,7 x I) Onde: P = Peso (Kg), A = Altura (cm), I = Idade (anos) GET (VET): GEB x FI x FA x FT Figura 4. Tabela de fator injúria. Fonte: Harris Benedict (1918) 32 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S Figura 5. Tabela de fator atividade. Fonte: Harris Benedict (1918) FAO, 1985 GET = TMB x FA Tabela 2. Taxa de Metabolismo Basal (TMB). Fonte: FAO (1985) 33 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S Tabela 3. Fator atividade. Fonte: FAO (1985) IOM, 2006 GET = Gasto energético basal + Termogênese por atividade + Efeito térmico do alimento Tabela 4. Taxa de metabolismo basal (TMB). Fonte: IOM (2006) 34 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S Tabela 5. Coefi ciente de Atividade Física EER ou NEE – DRI Fonte: IOM (2006) Cunninghan, 1991 TMB de acordo com a massa magra (GEB conforme massa magra) GEB = 21,6 (massa magra em kg) +37 GEB: é a quantidade de energia utilizada pelo organismo para manter as funções vitais, como funcionamento dos órgãos. Correspon- de a 60 a 75% do GET. GET: é a soma do gasto energético basal mais a soma das atividades realizadas ao longo do dia. No caso de atletas, muitas vezes, o GEAF ultrapassa o GEB, o que justifi ca que o dispêndio de energia no exercício seja estimado da forma mais precisa possível para estes indivíduos. Ingestão insufi ciente 35 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S de macro e micronutrientes, resultando em balanço calórico negativo, pode ocasionar perda de massa muscular e maior incidência de lesão, disfunções hormonais, osteopenia/osteoporose e maior frequência de doenças infecciosas, ou seja, algumas das principais características da síndrome do overtraining, são decorrentes desse fator e podem compro- meter o treinamento pela queda do desempenho e rendimento esportivo (SBME, 2009). Assim, atletas necessitam consumir energia sufi ciente para manter o peso e a composição corporal, adequados aos treinos e as competições do esporte praticado. UTILIZAÇÃO DE ENERGIA DURANTE O EXERCÍCIO: SISTE- MAS DE MEDIÇÃO A produção de energia nas fi bras musculares não pode ser me- dida diretamente no corpo, mas podem ser utilizados vários métodos indiretos de laboratório. Um desses é a calorimetria direta e indireta. CALORIMETRIA DIRETA Apenas cerca de 40% da energia liberada durante o metabo- lismo de carboidrato e gorduras é usada para produzir ATP. Os outros 60% são utilizados para na produção de calor, por isso, um modo de estimar o ritmo e a intensidade da produção de energia é medir a pro- dução direta desse calor. Esse método chama-se calorimetria direta. Os equipamentos utilizados não fazem parte da rotina comum de consultó- rio, pois, são muito caros. CALORIMETRIA INDIRETA O metabolismo dos carboidratos e das gorduras depende da disponibilidade de O2enquanto produz CO2 e H2O. A quantidade de O2e CO2trocados nos pulmões é similar à usada e liberada pelos tecidos do corpo, respectivamente. A partir disso, o consumo calórico pode ser obtido medindo os gases respiratórios, por isso é calculado a partir do CO2e O2 respiratórios. Os equipamentos utilizados são os analisadores de gases res- piratórios de esforço, o que revela a quantidade de CO2 liberada e de O2consumido, o que é denominado relação de trocas respiratórias/quo- ciente respiratório (QR) QR = VCO2/ VO2 36 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P RO M IN A S O valor do QR durante o repouso é de 0,78 a 0,80. Algumas considerações importantes sobre o QR a partir de carboidratos e gorduras: - A combustão de uma molécula de gordura requer signifi cati- vamente mais O2 do que a combustão de carboidratos; - Durante a combustão de carboidratos, produz-se aproxima- damente 6,3 moléculas de ATP por cada molécula de O2 usada (38 ATP por 6 moléculas de O2), em comparação com 5,6 moléculas de ATP por molécula de O2 durante o metabolismo do ácido palmítico (129 ATP por 23 de O2). - Embora as gorduras proporcionem mais energia do que os carboidratos, é necessária mais energia para oxidar as gorduras. Isso signifi ca que o valor do QR para as gorduras é substancialmente mais baixo do que para os carboidratos; - Se forem oxidadas apenas as gorduras, serão produzidas 4,69 kcal/L de O2. O valor de QR para o ácido palmítico é 0,7. A oxida- ção das proteínas produziria 4,46 kcal/L de O2 consumidos; - Se as células utilizam apenas glicose ou glicogênio, cada mo- lécula de O2 origina 5,05 kcal. O valor de QR para os carboidratos é de 1; - O valor do QR de repouso é de 0,78 a 0,8 , ou seja, uma pes- soa que se alimente de forma saudável possui um QR de 0,8; - À medida que a atividade física aumenta, o QR também aumenta, com predomínio de carboidratos, primeiro de forma aeróbia, posteriormente de forma combinada em aeróbia e anaeróbia e, fi nal- mente, o aporte de carboidratos com predomínio anaeróbio; Artigo: sobre métodos de avaliar o gasto energético total, leia uma revisão sobre Calorimetria indireta, disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext& pid=S0104-42301997000300013. 37 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S FATORES A SEREM CONSIDERADOS PARA OS CÁLCULOS NU- TRICIONAIS PARA ATLETAS Atletas apresentam elevado gasto calórico diário, necessitan- do assim, de maior ingestão de alimentos e, as vezes, de suplementos energéticos. As necessidades de energia de atletas são diretamente proporcionais ao tipo, frequência, intensidade e duração dos treinamen- tos, por isso, a importância do trabalho em conjunto com o educador físico do atleta, integrando a equipe multidisciplinar com médico do es- porte, fi sioterapeuta e psicólogo. Associada ao treinamento físico, a nutrição esportiva vem crescendo continuamente, assume sua importância e ocupa espaço em equipes multidisciplinares que atuam no meio esportivo. Cabe ressaltar que a importância da nutrição esportiva não está somente envolvida nos esportes de elite ou de alto rendimento, uma vez que a atividade física regular é recomendação dos profi ssionais da saúde para a redução das doenças crônicas não transmissíveis como obesidade, diabetes, hiper- tensão entre outras relacionadas com alta ingestão calórica e sedenta- rismo (Tirapegui e Cruzat, 2013). A difi culdade de cálculo do gasto energético durante a maioria das atividades físicas reside no fato da solicitação energética ser mista. Assim, é de extrema importância saber identifi car em que condição é possível medir ou estimar o custo energético e em que condição tal que não é possível (Reis, 2011). O consumo alimentar insufi ciente pode levar o organismo a si- tuações de estresse que prejudicam de forma importante. Existem vá- rios fatores, entre eles: - Desempenho da atividade física; - Fadiga crônica; - Disfunções do sistema endócrino; - Baixa imunidade; - Lesões musculoesqueléticas e articulares; - Perda de massa muscular; - Osteopenia. Uma ingestão adequada de energia é a base da dieta do atleta, 38 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S uma vez que se baseia a função corporal ideal, determina a capacidade de ingestão de macronutrientes e micronutrientes e auxilia na adequa- ção de uma composição corporal ideal para a modalidade esportiva pra- ticada (Thomas, Erdman e Burke, 2016). RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS ATUAIS PARA ATLETAS - COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA DO ESPORTE (CAME) E ASSOCIAÇÕES DOS NUTRICIONISTAS DO CANADÁ E DOS ES- TADOS UNIDOS. O objetivo principal da convenção estabelecida pelo CAME e pelas associações citadas acima foi fornecer para indivíduos ativos fi si- camente, recomendações nutricionais para os momentos pré, durante e após a prática de atividade física em estudos científi cos realizados pelas mesmas instituições (Figura 6) Figura 6. Fatores a serem considerados para o cálculo das recomen- dações nutricionais para o atleta Fonte: Panza (2007) ESTIMATIVAS DO GASTO ENERGÉTICO DE ATLETAS Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME, 2009), o aporte calórico total de atletas deve estar entre 37 e 41 kcal/kg de peso/dia e, dependendo dos objetivos, pode apresentar 39 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S variações mais amplas, entre 30 e 50 kcal/kg/dia. Por exemplo, um atle- ta de ciclismo de 70 quilos, necessita de aproximadamente 2590kcal, considerando o aporte calórico necessário de 37 kcal por quilo de peso. As recomendações nutricionais antes da atividade física po- dem ser observada na tabela 6, abaixo. Tabela 6. Recomendações nutricionais para atletas antes da atividade física. Fonte:Panza (2007) Antes do exercício, também é importante a ingestão de carboi- dratos para a geração de energia durante a atividade física, por isso, a maioria dos estudos não recomenda o jejum, pois, ele resulta em conse- quências negativas, como proteólise muscular e fadiga precoce, devido aos níveis reduzidos de glicogênio. Vale ressaltar que alimentos com índices glicêmicos consideravelmente baixos e com níveis considerá- veis de gordura não são interessantes neste momento, por difi cultarem o esvaziamento gástrico. O exercício de até uma hora de duração não necessita de in- gestão de nutrientes, pois, isso não resulta em benefícios extras ao praticante. No entanto, se a atividade perdura por mais de uma hora é recomendada a ingestão de 30 a 60 g de carboidrato por hora de ativi- dade, por exemplo, 1 rapadura pequena de 30 g ou 2 bananas passas. Em exercícios de duração acima de 1 hora, para algum car- boidrato ser diluído em água, deve-se preferir que essa diluição seja em líquido gelado e de 6 a 8% de carboidrato, de modo a favorecer o esvaziamento gástrico. 40 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S Já ao fi nal do treinamento, é recomendada a ingestão de 450 a 675 ml de líquido para cada 0,5 Kg de massa corpórea perdida na atividade (Tabela 7). Em conjunto recomenda se a ingestão de1 a 1,5 g de proteínapara a síntese proteica e de 6 a 10g de carboidrato por Kg de massa corpórea. Tabela 7. Recomendações nutricionais para atletas depois da ativida- de física Macronutrientes Recomendação Carboidratos 6 a 10 g.kg/dia Proteína 1,0 a 1,5 g.kg/dia Gordura 20 a 35% Agua 450 a 675 ml de líqui- do para cada 0,5 Kg Fonte: Panza (2007) Sobre a ingestão de proteína: - irá depender do estado de treinamento, a oferta energética e o tipo e o padrão de ingestão da proteína; - um aumento mais expressivo no volume muscular ocorre principalmente em torno de 8 a 24 semanas de exercícios de força; - É necessário um novo nível de estresse fi siológico/metabólico capaz de otimizar novamente as sinalizações para o anabolismo mus- cular (exercícios, séries, cargas, etc.) Caso o paciente vá ingerir um alimento com alto índice glicê- mico, após o exercício é o melhor horário do dia, pois, tal estratégia favorece a captação de glicose pelas células musculares sem a neces- sidade de liberação de grandes quantidades de insulina (que favorece a lipogênese, por exemplo), pois assim, com este hormônio, a contração muscular gera translocação dos transportadores de glicose (glut4) para a membrana celular. A entrada de glicose nas célulasmusculares é im- portante, tanto para recuperar os estoques de glicogênio (o que será im- 41 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S portante para a próxima sessão de treinamento), como para a geração de energia para a síntese proteica. Para fi nalizar, algumas dicas válidas para o profi ssional orien- tar os praticantes de atividade física: Elaborar uma lista de compras antes de ir ao mercado; evitar de ir às com- pras com fome, porque induz à compra de maior quantidade de alimentos industrializados; Orientar o paciente a preparar seu próprio alimento ou procurar opções natu- rais e orgânicas para o consumo; Preferir alimentos naturais do que os industrializados, devido a quantidade de açúcar, gorduras e conservantes; Organizar e planejar suas refeições, por exemplo, deixar frutas lavadas e picadas na geladeira, em local de fácil acesso. De acordo com Campos, 2008, na corrida ou maratona existem alguns parâmetros que são utilizados no meio do atletismo para dife- renciar atletas de elite dos praticantes de corrida amadores Atleta de elite são aqueles que fazem um teste de 3.000m em menos de 9min30s e que completam uma maratona abaixo de 2h30min ou em distâncias menores. A alimentação adequada é a chave para a melhora do desem- penho esportivo. Por isso, um conhecimento nutricional satisfatório tor- na-se importante para as práticas alimentares saudáveis e, consequen- temente, mais efi cazes para o rendimento (Pessi,Fayh, 2011). EXERCÍCIO FÍSICO E CARBOIDRATOS O atleta de elite necessita de uma dieta rica em carboidratos, para melhorar seu desempenho e retardo da fadiga, isso já é consenso, mesmo sendo divulgado que a restrição calórica é sinônimo de saúde entre os atletas e praticantes de atividade física. A conduta nutricional em atletas tem como prioridade atender suas necessidades energéticas 42 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S de maneira individualizada, a fi m de melhorar o desempenho esportivo. A manutenção de um balanço energético é fundamental para a preser- vação da massa magra, das funções imune e reprodutiva, e excelen- te performance. Quando a ingestão energética não é sufi ciente para atender a demanda energética do atleta, pode ocorrer perda de massa magra resultando em diminuição da força e “endurance”, além de ser um potencial risco para o desenvolvimento de alguma defi ciência de micronutrientes (Guerra, 2008). Um atleta necessita de uma ingestão energética compatível ao seu gasto energético, daí a importância de um plano alimentar balanceado, adequado e capaz de suprir as suas necessidades nutricionais. A importância dos carboidratos na dieta se torna mais crítica na proporção em que a intensidade do exercício físico aumenta (Veja tabela abaixo) Tabela 8. Recomendações gerais de carboidrato. Fonte: Panza (2007) Artigo: Atualização sobre estimativas do gasto calórico de atle- tas: uso da disponibilidade energética, disponível em http://www.rbne. com.br/index.php/rbne/article/view/895/691 e Atualização sobre esti- mativas do gasto calórico de atletas: uso da disponibilidade energética disponível em fi le:///C:/Users/Gabriela/Downloads/895-3756-1-PB%20 (2).pdf. 43 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S CRIANÇAS E ADOLESCENTES ATLETAS Dentro das recomendações nutricionais para atletas, é de grande importância que se tenha uma atenção especial para o grupo de crianças e adolescentes, inserido neste meio. Segundo a Organização Mundial da Saúde (2002), a infância é caracterizada pela faixa etária de 6 a 10 anos e a adolescência de 10 a 19 anos. O grupo das crianças apresenta ritmo de crescimento constante e um ganho de peso acen- tuado. Com relação à alimentação, observa-se uma maior independên- cia, no que diz respeito às escolhas alimentares e o convívio com outras crianças dentro de ambientes distintos, como escolas, pode promover a aquisição de hábitos alimentares pouco saudáveis e que comprometam o crescimento e desenvolvimento da criança. A adolescência é marcada por um grande desenvolvimento ce- rebral, puberal e sexual, apresentando mudanças cognitivas expressi- vas. Vale a pena ressaltar que o desenvolvimento das áreas distintas durante a adolescência não acontecem ao mesmo tempo, cada jovem tem uma particularidade e se desenvolve de forma ímpar, por isso, é importante dar atenção às nuances, uma vez que um jovem pode estar fi sicamente maduro, mas com a parte psicológica ainda em processo de amadurecimento e vice versa. Os desenvolvimentos pubertários mas- culino e feminino são realizados pelo método de Tanner, que avalia a maturação sexual e considera para o sexo masculino o aspecto dos ór- gãos genitais e a quantidade de pelos pubianos, e para o sexo feminino, o desenvolvimento mamário e a quantidade de pelos pubianos. (Palma, 2009). Quanto aos hábitos alimentares nas fases da infância e adoles- cência, existe uma grande preocupação por parte dos profi ssionais da saúde, uma vez que este grupo populacional apresenta muitos desvios alimentares prejudiciais à qualidade nutricional, como baixo consumo de frutas e verduras, elevado consumo de guloseimas e lanches al- tamente calóricos, contudo, Lívia (2006) afi rma em estudo que jovens inseridos no meio esportivo apresentam um perfi l alimentar mais sau- dável. Tendo em vista os treinos intensos e frequentes dos jovens pra- ticantes de atividades físicas, a alimentação assume um papel ainda mais importante, uma vez que este grupo apresenta necessidades nu- tricionais, não somente para uma boa performance, mas também para um bom crescimento e desenvolvimento. 44 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S Dentro da avaliação dietética de crianças e adolescentes, é importante considerar que este grupo possui difi culdade de estimar cor- retamente o tamanho das porções consumidas e pode haver difi culdade de realizar recordatório alimentar e deve-se considerar sempre as nuan- ces alimentares presentes em períodos específi cos da vida, como férias escolares. A ingestão alimentar tende a melhorar com a maturação se- xual, apresentando um padrão mais variado com tendência a omissão por parte das meninas em inquéritos alimentares. Não é estabelecido atualmente um método ideal de inquérito e avaliação dietética para esta faixa etária, contudo, os mais utilizados são registro alimentar e o ques- tionário de frequência alimentar. Quando se trata de crianças e adolescentes atletas, é impor- tantíssimo conhecer a fundo os hábitos alimentares do paciente, para que se possa corrigir e adequar o consumo de energia, micro e macro- nutrientes antes e depois dos treinos e competições. Com relação as recomendações nutricionais, devem se basear nas Dietary Recommended Intakes (DRI), que foram estabelecidas com intuito de proporcionar ausência de sintomas de carências nutricionais e também auxiliar na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis. Para cálculo do gasto energético é recomendado que se utilize as fór- mulas de Schofi eld e da Organização Mundial da Saúde, apresentadas na fi gura abaixo. 45 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S Figura 7. Fórmulas para cálculo de GEB para meninos e meninas P: Peso atual em Kg. E: Estatura em cm. Fonte: Biesek, 2015. Quanto aos macronutrientes, recomenda-se um consumo en- tre 5 e 8 g/Kg de peso de carboidratos, para otimizar a recuperação muscular, além de promover um maior estoque de glicogênio muscular, que resulta em maior resistência durante as atividades e retarda a fadi- ga. Durante o exercício intenso, pode ser utilizado em adolescentes o consumo de 1 a 1,5 g/Kg de peso de carboidrato por hora. Quanto ao consumo delipídios, deve seguir a recomendação de 25 a 35% do valor energético total, sendo as gorduras saturadas restritas a no máximo 10% deste valor e um consumo de gorduras trans e colesterol menor que 300mg por dia. Por fi m, as proteínas possuem um papel de grande importância neste grupo, uma vez que exerce papel no crescimento, por isso, o mínimo de proteína deve ser garantido para que se tenha um balanço proteico positivo. Os valores de referência devem seguir as recomendações prescritas na RDA (Recommended Dietary Allowances) para crianças e adolescentes (fi gura 8) (Welff ort, 2009). 46 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S Figura 8. Recomendações proteicas para crianças e adolescentes segundo a RDA. Fonte: Welff ort, 2009. 47 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2010 Banca: ENADE Órgão: INEP Prova: - Nutricionista. Nível: Médio Uma jovem de 22 anos de idade, com 58 kg de peso corporal e 1,70 m de altura, ingressou recentemente no time de handebol da sua universidade. Preocupada com sua alimentação e com seu de- sempenho físico nas competições, ela consultou um nutricionista com o objetivo de obter informações a respeito da relação entre o consumo de carboidratos e lipídios e a sua atividade esportiva. Considerando a situação hipotética acima e a relação entre alimen- tação e desempenho físico, avalie as afi rmativas a seguir: I. É reco- mendável o consumo de alimentos ricos em carboidratos e lipídios próximos ao horário da atividade física, pois esses alimentos fa- vorecem o depósito do glicogênio hepático, considerado fonte de glicose para o exercício. II. A jovem apresenta estado nutricional adequado, segundo o índice de massa corporal e, por isso, deve ingerir alimentos ricos em gordura antes da atividade física, pois a gordura é fonte de energia para esportes de intensidade leve. III. O consumo de bebidas energéticas com 6% a 8% da solução de carboidratos durante a atividade física é recomendável por permi- tir que carboidratos sejam enviados para os tecidos no momento em que a fadiga aparece. IV. A ingestão de carboidratos durante a atividade física não previne a fadiga muscular, mas retarda o seu surgimento, melhorando também o desempenho da esportista pela manutenção da glicemia durante o exercício. É correto apenas o que se afi rma em: a) I e II b) I e III c) I e IV d) II e III e) III e IV QUESTÃO 2. Paciente JBN, 34 anos, peso 75 kg, altura 1,80m. Pouco ativo/leve: 1,37. Tem o GET de acordo com a FAO 1985, de: a) 5070kcal/dia b) 2556kcal/dia c) 2719 kcal/dia d) 1200kcal 48 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S e) Nenhuma das alternativas anteriores QUESTÃO 3 Ano: 2012 Banca: UFSM Órgão: COPERVES Prova: - Nutricionista. Nível: Médio Quanto ao gasto energético no esporte, marque a alternativa cor- reta. a) O gasto energético de uma atividade física cessa no momento em que o exercício termina. b) Em geral, indivíduos com maior quantidade de gordura corporal têm maior demanda energética de manutenção. c) No método fatorial de estimativa das necessidades de energia, po- dem-se utilizar os múltiplos do metabolismo basal ou METs, multiplican- do-se o gasto energético total pelo metabolismo basal do indivíduo. c) Pode-se afi rmar que apenas em atletas o gasto energético das ativi- dades físicas é proporcional à massa corporal. e) Existem quatro vias de fornecimento de energia durante o exercício as quais variam de acordo com a intensidade e duração da atividade física. QUESTÃO 4 Ano: 2010 Banca: ENADE Órgão: INEP Prova: - Nutricionista. Nível: Médio Um homem obeso, de 55 anos de idade, realiza atividade física irre- gular por no máximo 2 vezes na semana por 30 minutos, portador de diabetes tipo 2 e hipertensão arterial sistêmica, foi atendido no ambulatório da unidade básica de saúde com sua pressão arte- rial em 160mmHg x 100mmHg. Foram solicitados alguns exames, cujos resultados apresentaram glicemia de jejum de 170 mg/dL e colesterol total de 350 mg/dL. Considerando as condições de saú- de desse indivíduo e os resultados de seus exames clínico-labora- toriais, a dieta recomendada deve ser: a) hipocolesterolêmica, hipoproteica e normocalórica. b) hipocolesterolêmica, hipocalêmica e hipocalórica. c) hipocolesterolêmica, hipossódica e hipocalórica. d) hipossódica, hipolipídica e normocalórica. e) hiperproteica, hipocalêmica, e hipocalórica. QUESTÃO 5 Ano: 2017 Banca: FUNRIO Órgão: SESAU-RO Prova: - Nutricionis- ta. Nível: Médio Segundo a National Academy of Medicine (NAM), a recomendação 49 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S nutricional de vitamina A para mulheres de 19 a 50 anos que ama- mentam é a ingestão de: a) 700 µgER/dia (RDA/AI). b) 750 µgER/dia (RDA/AI). c) 800 µgER/dia (RDA/AI). d) 900 µgER/dia (RDA/AI). e) 1.300 µgER/dia (RDA/AI). QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE Ano: 2007 (Adaptada) Banca: ENADE Órgão: INEP Prova: - Nutricionis- ta. Nível: Médio Duas mulheres, uma sedentária e a outra maratonista, com mesma ida- de e mesmo peso corporal, consultaram um nutricionista em busca de orientação alimentar e para estabelecer um plano alimentar. O nutricio- nista calculou, para cada uma, o gasto energético diário (GED), a partir da avaliação do gasto energético de repouso (GER), do efeito térmico dos alimentos (ETA) consumidos e do efeito térmico do exercício (ETE). Com relação a essa situação hipotética e sabendo que GED = GER + ETA + ETE. Responda: a) As duas mulheres devem apresentar o mesmo ETA, já que possuem a mesma idade e peso? b) Na mulher sedentária, o GER deve corresponder ao maior percentual do GED.? E na maratonista? Justifi que. QUESTÃO INÉDITA Um corredor percorre em 24 minutos a distancia de 5 km. De acordo com a Sociedade Americana de Esporte, se a atividade física perdura por mais de uma hora, é recomendada a ingestão de 30 a 60 g de car- boidrato por hora de atividade, por exemplo, 1 rapadura pequena de 30 g ou 2 bananas passas. A afi rmação está correta ou o atleta precisa consumir alguma fonte extra de carboidrato durante a prova? a) Certa. b) Errada. 50 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S NA MÍDIA Michael Phelps e sua absurda dieta de 12.000 calorias diárias O nadador mundialmente conhecido, Michael Phelps provocou uma grande repercussão durante as Olimpíadas de Pequim em 2008 ao falar sobre sua dieta. Michael Phelps conquistou trinta e sete recordes mun- diais e conquistou o maior número de medalhas de ouro olímpicas em uma única edição. Em conferencia ao site do jornal inglês Guardian,re- velou que seu cardápio se baseia em uma dieta de 12.000 calorias. Seis vezes mais que um adulto normal. O atleta ainda citou que em seu almoço ele consome diariamente 500g de macarrão, quem não seria o nutricionista que gostaria de acompanhar um atleta com esse prestigio e dedicação? Fonte: Gazeta Data: 23 fev. 2019. Leia a notícia na íntegra: https://www.gazetadopovo.com.br/esportes/olimpiadas/2008/michael- -phelps-e-sua-absurda-dieta-de-12000-calorias-diarias-b4onvnhat6e- 4lxc1hnq9oj9la/ QUESTÃO PRÁTICA Chega em seu consultório um praticante de boxe que deseja começar a competir no estadual no próximo ano. Abaixo os dados desse pacientes: Sexo masculino, 34 anos, altura 1,80 e peso 75 quilos (56% de massa muscular). Veja os cálculos que deverão ser feitos para a recomendação energé- tica desse paciente, pela diretriz da FAO 1985, EERe por Cunninghan, 1991. OBS: Considerar Fator atividade leve (1,55) de acordo com a FAO 1985 e Coefi ciente de Atividade Física EER ou NEE – DRI de 1,11 (pouco ativo) para observar diferença nos cálculos. Cálculo1. GEB por FAO 1985 e nível de atividade física 1,55 (FAO 1985) GEB ou TMB = 11,6 x P + 879 GEB = 11,6 x 75 + 879 51 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S GEB = 970 + 879 = 1749 GET = 1749 x 1,55 = 2719 kcal/dia Cálculo 2. GEB por EER ou NEE e nível de atividade física IOM 2006 Homens NEE = 662 – (9,53 x idade [anos]) + CAF x [(15,91 x peso [kg]) + (539,6 x altura [m])] NEE = 662 – (9,53 x 33) + 1,1 x [(15,91 x 75) + (539,6 x 1,80)] NEE = 662 – 314,49 + 1,1 x [1193,25 + 971,28] NEE = 347,51 + 1,1 x [2164,53] NEE = 347,51 + 2380,983 NEE = 2728,493 kcal/dia Cálculo 3. GEB por Cunninghan, 1991 GEB = 21,6 (massa magra em kg) +37 GEB=1117,00 kcal GET 1117 x 1,55 = 1731,00 kcal/dia Podemos observar pelos cálculos as diferenças encontradas no uso de diferentes referências para os cálculos de ingestão calórica. Hoje exis- tem softwares e aplicativos capazes de realizar os diferentes cálculos, com até mais diretrizes, rapidamente, porém, precisamos ter cautela em considerar o cálculo mais adequado para cada paciente. 52 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S TRANSTORNOS ALIMENTARES NO ESPORTE Há várias evidências cientifi cas de que os TA são prevalentes no esporte, especialmente, em esportes que dependem do peso para a classifi cação e de outros parâmetros estéticos. Há três razões princi- pais para isso. Primeiro, em esportes de resistência, como a corrida, a magreza é relacionada ao desempenho para razões fi siológicas, pois, os corredores com peso ótimo podem ter um desempenho melhor. Em segundo lugar, na categoria de esportes de peso, como o judô e o boxe, os atletas não serão autorizados a competir se o seu peso estiver acima do limite superior para essa categoria. Por exemplo, alguns atletas tiveram que voltar dos Jogos Olím- picos, sem competir, por este motivo. Isso pode criar uma pressão con- siderável para atingir a perda de peso necessária e, muitas vezes, em um período muito curto de tempo, o que pode prejudicar a saúde desse atleta e causar algum transtorno alimentar. Em terceiro lugar, em espor- tes como a ginástica e o salto em trampolim, uma avaliação de compo- sição corporal e estética é anexada a fi cha do atleta. Não é coincidência DISTÚRBIOS ALIMENTARES E DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS EM ATLETAS N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S 53 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S que os estudos tem observado maiores taxas de prevalência de TA nes- ses esportes (Byrne 2002; Sundgot-Borgen, 2004) Transtornos alimentares (TA) são condições psiquiátricas gra- ves e comuns. A bulimia e anorexia nervosa acometem vários atletas, em sua maioria atletas femininas, principalmente no período da adoles- cência, quando estão iniciando a vida esportiva. Já em homens, estes transtornos também podem se desenvolver, porém, com menor incidên- cia. A imagem corporal é um fator que infl uencia na incidência dos TA nesse grupo, pois, o atleta quer apresentar às pessoas, ao seu time e até a seus torcedores, a imagem de um corpo magro e atlético. Anorexia nervosa é caracterizada por um medo exacerbado do paciente se tornar obeso ou ter excesso de peso, apesar dos indivíduos terem baixo peso, distorção da imagem corporal e negação de baixo peso estão presentes. Também é observado nessa condição clínica, a recusa ou incapacidade (através de comportamentos alimentares de- sordenada) para manter o peso corporal normal e amenorreia. A bulimia nervosa é o TA mais comum e as características centrais desta circuns- tância são períodos compulsivos regulares, chamados de binges, e fre- quentes de alimentação, quando há um consumo de quantidades muito grandes de alimentos de modo muito rápido e fora do controle, algo que uma pessoa comum não conseguiria consumir em um curto período de tempo, seguido tipicamente por um período compensatório, frequen- temente com vômito induzido, devido ao medo mórbido de engordar. As formas subclínicas de qualquer desordem ou uma mistura das duas condições são especialmente comuns e caracterizam os TA. Artigo: Distúrbios nutricionais em atletas femininas e suas inter-relações, disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php? pid=S1415-52732001000100009&script=sci_abstract&tlng=pt Manejo nutricional nos transtornos alimentares disponível em: http://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/393/394. BULIMIA A bulimia, é descrita como o padrão alimentar caótico e cícli- co: o indivíduo inicia uma dieta restritiva em qualidade e quantidade de alimentos, seguida por compulsão alimentar, com ingestão de grandes quantidades de alimentos, desencadeando ansiedade e medo de engor- dar, levando-o a atitudes compensatórias inadequadas logo na sequên- 54 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S cia (Alvarenga e Larino, 2002). Estas atitudes podem ser purgativas, como vômito, uso de laxantes e de diuréticos, ou não purgativas, como atividade física excessiva (American Psychiatric Association, 2000). ANOREXIA NERVOSA A anorexia nervosa é caracterizada pela restrição intencional, contínua e severa de diversos alimentos (Borges, 2006), baixa ingestão alimentar de calorias e de nutrientes, culminando em um estado nutri- cional de baixo peso (Alvarenga e Larino, 2002). Acredita-se que a origem dessas doenças seja multifatorial. Segundo Borges et al. (2006), como fatores de predisposição tem-se: - Ser do sexo feminino; - História familiar de TA; - Baixa auto-estima; - Perfeccionismo; - Difi culdade em expressar emoções; - Dieta restritiva; - Separação e perda; - Alterações da dinâmica familiar; - Proximidade da menarca. Além destes supracitados pelo autor, podemos citar o contexto sociocultural como sendo um fator predisponente da doença, o qual é caracterizado pela extrema valorização do corpo magro em revistas, jornais, televisão e mais recentemente redes sociais. De acordo com Morgan, Vecchiatti e Negräo (2002), a dieta é o principal fator precipitante de um TA. Pessoas que fazem dieta têm um risco de desenvolver a doença 18 vezes maior do que as pessoas que não fazem. Dessa forma, observamos a extrema importância de um profi ssional da área para orientar e acompanhar os atletas em risco de desenvolver TA. As conseqüências dos TA no esporte, são: - Disfunções metabólicas e fi siológicas; - Queda de rendimento; - Fraturas; - Défi cits crescimento e desenvolvimento; - Amenorreia; - Perda hídrica. 55 N U TR IÇ Ã O E SP O R TI V A N A P R Á TI C A C LÍ N IC A - G R U P O P R O M IN A S TRATAMENTO NUTRICIONAL DOS TA Os tratamentos da bulimia e da anorexia são feitos por uma equipe multidisciplinar, tanto no contexto do esporte, como fora dele, envolve nutricionistas, psicólogos e médicos (Silva e Santos, 2006). O tratamento feito pelo profi ssional nutricionista é essencial para o diag- nóstico e o controle do TA, pois, os pacientes com esses transtornos possuem um quadro nutricional debilitado, devido a inadequação do consumo proteico-energético e para desmitifi car crenças em relação ao consumo, principalmente de carboidratos no esporte. A terapia nutricional possui duas fases: a educacional e a expe- rimental. Conclui-se que deve ter um planejamento rígido na alimentação destes atletas, desde seu ingresso no esporte. Nesse acompanhamento é possível desenvolver um trabalho de educação e conscientização ali- mentar, agindo diretamente na prevenção do desenvolvimento dos TA. Preocupação especial deve ser verifi cada em relação às atle- tas do gênero feminino, pois, apesar das necessidades energéticas dessas atletas serem altas,
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