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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Otites Casos Clínicos Criança, 7 anos, com otalgia há 02 dias. Não deixa a mãe encostar no pavilhão auricular. Sem febre, queda do estado geral ou outras queixas. Esteve na praia há 03 dias OEA. Criança, 4 anos, com otalgia há 02 dias. Tem história de congestão nasal há 01 semana, com tosse, mas teve uma piora do estado geral há 02 dias, febre não aferida, recusa alimentar OMA. Adulto, 30 anos, com otalgia há 02 dias. Tem história de ter recebido um beijo na orelha esquerda. Depois disso, teve otorragia no mesmo dia, que cessou sozinha e passou a ter hipoacusia e otalgia mantidas nos dias seguintes. Sem outros sintomas associados. Termo técnico para ouvido é orelha. Orelha externa: pavilhão auricular e conduto auditivo externo. Tímpano faz mais parte da orelha média do que da externa. Orelha média: ossículos, músculos (estapédio e tensor do tímpano), células da mastóide e tuba auditiva (comunicação entre ouvido e a nasofaringe). Orelha interna: cóclea, canais semicirculares, vestíbulo, além do início da terminação nervosa dos nevos cocleares e vestibulares. 1) Otite Externa Aguda (OEA) A otite externa aguda (OEA) pode ser definida como uma inflamação difusa do conduto auditivo externo (CAE) que pode atingir também o pavilhão auricular e a membrana timpânica e que geralmente tem início agudo. Otalgia aguda. História de contato com água (banho de mar ou piscina) ou manipulação do conduto auditivo externo conhecida como orelha de nadador. Dor à palpação de tragus ou pavilhão auricular (dor a mobilização da porção externa do orelha). Hiperemia ou edema de CAE (conduto auditivo externo). Hipoacusia (diminuição da audição se tiver edema de conduto). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Otorreia (secreção mais descamativa que purulenta). Em geral, sem febre e queixas sistêmicas. Em geral, MT normal (pode ter hiperemia ou descamação por causa da inflamação adjacente). Agentes: S. aureus e P. aeruginosa. A OEA geralmente começa a partir de prurido no CAE causado por trauma local (instrumentação por cotonetes e unhas). Também pode ser secundário à maceração da pele induzida por imersão, comumente em ambientes de altas temperaturas e umidade, que remove a camada lipídica de proteção e permite a entrada de bactérias na unidade apopilossebácea. Na medida em que continua o processo do prurido, ocorre um círculo vicioso que torna o ambiente do CAE (naturalmente quente, escuro e úmido) um meio propício para a proliferação bacteriana. Em seguida ocorre aumento da dor pelo edema da pele que distende a cobertura periosteal do CAE. A otorreia começa e outros tecidos auriculares e pré-auriculares podem ser atingidos. Os sintomas principais são a dor (70%), o prurido (60%), a plenitude auricular (22%) e a perda auditiva (32%). A dor à palpação do trago, comumente bastante intensa e desproporcional ao quadro inflamatório observado pelo examinador, faz o diagnóstico diferencial com a otite média aguda. Otoscopia normal: triângulo luminoso, visualização do cabo do martelo, membrana integra, translucida e plana. Otoscopia normal VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C - Como uma espinha na orelha, gerando um processo inflamatório localizado. - Material fúngico branco e preto, as vezes esverdeado. - Risco de pericondrite (acometimento da cartilagem). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C OEA – Tratamento Proteção auricular por 2 semanas (não deixar entrar água na orelha, orientar colocar algodão e passar óleo externamente para impermeabilizar). Medicação tópica (gota otológica) – 3 gotas de 8/8 horas por 7-10 dias: – Neomixina, polimixina B, cloranfenicol, ciprofloxacina; – Se perfuração de MT, usar apenas cloranfenicol ou Ciprofloxacina. Controle de dor (analgésico e AINEs). Antibioticoterapia sistêmica: cefalexina 500 mg, 6/6 h, 7 dias, nos seguintes casos: – presença de febre; – edema acentuado do conduto auditivo externo, impedindo a visualização da membrana timpânica; – edema periauricular (pelo risco de pericondrite). 2) Otite Média Aguda (OMA) Otalgia, hipoacusia (MT abaulada não vibra corretamente) e febre. Geralmente precedida por IVAS. Otorreia (se tiver perfuração de MT). Agentes: S. pneumoniae, H. influenzae e M. catarrhalis. A OMA é sempre diagnosticada através da otoscopia. São sinais de alteração da membrana timpânica (MT) encontrados na OMA as mudanças de translucidez, forma, cor, vascularização e integridade. O achado de maior poder prognóstico para OMA é o abaulamento da membrana timpânica. Prevalência muito maior na criança: - Tuba auditiva mais curta e horizontalizada (facilita a translocação bacteriana da rinofaringe); - Creches (RR 2,06); - Uso de chupeta; - Hábito de mamar deitado; - Tabagismo passivo é fator de risco; - Idade precoce do primeiro episódio de OMA, - Anormalidade craniofaciais, alergias, DRGE. - Aleitamento Materno (fator protetor). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Alterações crânio faciais que interferem no terço médio da face (que determina como irá funcionar a tuba auditiva). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C OMA – Tratamento - WW: tentativa de diminuir o uso de antibióticos em crianças. A maioria das crianças apresenta uma evolução favorável durante um episódio de OMA com resolução espontânea. São candidatas à observação inicial crianças sem sintomas de gravidade (toxemia, otalgia persistente por mais de 48 horas, ou febre acima de 39 ºC) e sem otorreia com OMA unilateral a partir dos 6 meses de idade. Caso a OMA seja bilateral, a observação inicial estará indicada somente a partir dos 2 anos. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Não são candidatas para observação inicial: menores do que 6 meses de vida; presença de otorreia; OMA com sintomas de gravidade; OMA bilateral em menores de 2 anos; falhas no tratamento da OMA; recidiva de OMA (em menos de 30 dias); imunodeficiências; anormalidades craniofaciais; outra infecção bacteriana associada (tonsilite ou sinusite). Independente de observação inicial ou uso de antibiótico, a criança tende a sentir dor nas primeiras 24 horas. Assim, devem-se utilizar analgésicos neste período. 3) Otite Média com Efusão (Otite Média Serosa/Secretora) Define-se otite média com efusão (OME) como a presença de fluido na orelha média na ausência de sinais ou sintomas de infecção otológica aguda. A efusão na orelha média reduz a mobilidade da membrana timpânica (MT), formando uma barreira na condução da onda sonora. Não é um quadro infeccioso. É um quadro inflamatório. Fluido em orelha média sem evidência de infecção. Pressão negativa dentro do OM (gases são absorvidos pela mucosa). Disfunção tubárea. Muito comum durante IVAS e na fase de recuperação de OMA. Quadro Clínico: hipoacusia, plenitude auricular, OMA de repetição. Fatores de risco: IVAS, creche, tabagismo passivo, anormalidades craniofaciais. Devido à segurança, palatabilidade, baixo custo e eficácia clínica comparável aos outros antibióticos, a Amoxicilina é recomendada como tratamento de primeira escolha na OMA. Como segunda opção utilizam-se Amoxicilina-Clavulanato e cefalosporinas de segunda e terceira geração. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C * parede posterior. -> óstio tubário da tuba auditiva. Nos pacientes com OME a tuba auditiva (TA) é incapaz de aliviar uma pressão negativa criada dentro da cavidade timpânica. O processo começaria com uma reação inflamatória de qualquer etiologia que inicialmente produziria líquido. Na sua atividade normal, para drenar esse líquido contido em uma cavidade fechada, o batimento ciliar criaria uma pressão negativa, que, em determinados casos, não poderia ser aliviada pela TA.O movimento de bombeamento muscular da TA, na tentativa de drenar esse líquido, aumentaria ainda mais a pressão negativa. Na impossibilidade de a TA aliviar essa situação criada pela própria atividade de clearance, isso resultaria na permanência do líquido dentro da fenda auditiva. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C - Membrana retraída (cabo do martelo fica muito mais proeminente) e presença de bolhas. - ATENÇÃO: Diferenciar a OMA da OME pela presença de membrana abaula e história de IVAS na primeira e membrana retraída e sem manifestações sistêmicas (como febre) na segunda. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C OME – Tratamento 75-90% resolvem espontaneamente em até 3 meses. Antibioticoterapia não é indicada. Corticosteroides orais ou nasais – resolução mais rápida a curto prazo. Anti-histamínicos e descongestionantes (auxiliam na redução do edema) – usados na prática clínica, mas sem evidência em ensaios clínicos. Quadros persistentes – encaminhar ao otorrino. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C OEA História de contato com água (piscina, praia) ou manipulação (cotonete, grampo, unha). Prurido. Agentes: S. aureus e P. aeruginosa. Dor a palpação do tragus. Proteção auricular e antibiótico tópico por 7 a 10 dias. OMA História de IVAS (sintomas sistêmicos como febre) Abaulamento de membrana timpânica. Muito frequente em crianças (TA horizontalizada, creche, chupeta, tabagismo passivo). Aleitamento materno é fator protetor. Agentes: S. pneumoniae, H. influenzae e M. catarrhalis. Não é necessário iniciar ATB em todos os casos Iniciar ATB se não tiver como acompanhar o paciente. A Amoxicilina é o ATB de primeira escolha Medicações sintomáticas. OME Presença de fluido na orelha média na ausência de sinais ou sintomas de infecção otológica aguda. História de rinite, OMA recente, refluxo. Membrana timpânica retraída e com bolhas. Iniciar glicocorticoide nasal ou oral. Encaminhar ao otorrino se não houver melhora em 3 meses.
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