Prévia do material em texto
Acidente por aranha marrom (gênero Loxosceles) Os acidentes com esse tipo de aranha são relativamente comuns, uma vez que o artrópode apresenta alta prevalência em território nacional. Assim, cerca de 10 mil acidentes/ano são notificados no Brasil em relação à aranha marrom, porém com mortalidade baixa, de 0,14%. Em relação à aranha, ela apresenta de 1 a 4 centímetros e suas pernas são longas e finas, com poucos pelos curtos. O formato do corpo simula um violino. Tecem teias irregulares (algodão esfiapado) e são facilmente encontradas em residências, geralmente em vestimentas, causando acidentes quando alguém as aperta sem querer. Acontecem mais na região sul, mata atlântica e sudeste. Elas não são agressivas, ao contrário das armadeiras, os acidentes acontecem por esmagamento. Sua peçonha tem ação proteolítica, hemolítica (rara) e coagulante (rara). Não possui sintomas iniciais, a picada quase não dói. Porém, após 12 ou 24 horas, dor em queimação, edema (duro), eritema, febre e mialgia são sentidas pela vítima. Sua ação proteolítica causa lesões em mármore, que é uma lesão inflamatória no ponto da picada, com bolhas, zonas necróticas no centro, halo isquêmico claro, área eritematosa e parte escura e seca que se desprende formando uma úlcera. A necrose associada pode se alastrar causando um processo mais grave de ulceração. É a única aranha capaz de formar dermonecrose! Outra forma de identificar a lesão é o alastramento vertical da mesma (em sentido gravitacional), em função da hialuronidase. Já a ação hemolítica contempla anemia, icterícia e hemoglobinúria (em complicações graves pode acontecer anuria e insuficiência renal aguda). Por fim, a ação coagulante pode causar coagulação sanguínea, que aumenta à medida que o tempo passa. Lesão seca, de base endurada e mal delimitada! Os dx diferenciais das lesões iniciais incluem picada de inseto, celulite e urticária. Já da dermonecrose temos abscesso, leishmaniose, pioderma gangrenoso, queimadura química, infecção fúngica, etc. Em caso de clínica suspeita, então, passadas 24 horas do evento, é importante averiguar itens laboratoriais, como hemograma (leucocitose, queda Hb, aumento de reticulócitos, queda de plaquetas), hiperbilirrubinemia, hematúria, aumento de ureia de creatinina (IRA). A primeira conduta é contatar a CIATox e comunicar o ocorrido. Após, utilizar medidas de suporte, como anti histamínicos (se prurido), hidratação endovenosa - soro - (suspeita de sistêmico), analgesia (necrose) e compressas frias. A base do tratamento é a corticoterapia. Se usa, assim, prednisona 40mg por 5 dias. Para além disso, contatos com a ferida são importantes, para evitar infecções secundárias. Debridamento e enxertia podem ser necessários. Casos graves de infecção podem levar a UTI, hemodiálise e transfusão. A cura se dá com o soro antiloxoscélico (específico) ou soro antiaracnídico. O uso de ambos é restrito a casos graves, e é liberado ou não pela Ciatox. Na situação de hemólise ou acometimento visceral, não precisa ser restrito a 36 semanas após a picada: todos os casos recebem o soro. Há estudos promissores com o uso de tetraciclina tópica, mais eficaz. Referências: NEVES, D. P. et al. Parasitologia humana. 12. ed. São Paulo: Atheneu, 2011. CIATox SC.