Prévia do material em texto
Direito do Consumidor O Direito do Consumidor é, possivelmente, um dos mais presentes no dia a dia de cada cidadão. Afinal, esse é o ramo do direito que rege as relações de consumo, ou seja, as relações entre aqueles que fornecem ou comercializam produtos e serviços, e aqueles que os consomem. As relações de dados de consumo são reguladas, principalmente, pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), nome à Lei 8.078/1990. Basta notar que em cada estabelecimento comercial há uma cópia deste diploma legal, disponível para consulta do cidadão. Afinal, o CDC é de observância obrigatória e cogente pois a proteção ao consumidor está prevista, na Constituição Federal.Lei 8.078/1990. Basta notar que em cada estabelecimento comercial há uma cópia deste diploma legal, disponível para consulta do cidadão. Afinal, o CDC é de observância obrigatória e cogente pois a proteção ao consumidor está prevista, na Constituição Federal. Segundo De Lucca (2008), a relação de consumo é “ relação jurídica existente entre fornecedor e consumidor tendo como objeto a aquisição de produtos ou utilização de serviços pelo consumidor”. Ainda não ensinamos que “são elementos da relação de consumo, segundo o CDC: a) como sujeitos, o fornecedor e o consumidor; b) como objeto, os produtos e serviços; c) como elemento de finalidade, caracterizando-se como elemento teleológico das relações de consumo, sendo elas celebradas para que o consumidor adquira produto ou serviço 'como destinatário final”. Portanto, a relação de consumo somente se concretiza quando todos os elementos expostos acima são apresentados. Caso contrário, se caracterizaria como relação comercial, civil, administrativa, tributária, trabalhista, etc. Nestes casos, seriam definidos como legislações específicas de âmbito, ou seja, fora do âmbito de proteção ao consumidor. Para que se possa entender uma compreensão geral do que compreende o Direito do Consumidor, deve-se ter noção dos conceitos pertinentes, responsabilização dentro desta seara e dos princípios e direitos previstos no CDC. Por Isadora Laitano, 2022 CONCEITOS Alguns conceitos são essenciais para o Direito do Consumidor: Consumidor é aquele que adquire um produto ou contrata um serviço para suprir uma necessidade de suas pessoas próximas como destinatário final . Arte. 2º Consumidor é toda a pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza o produto ou serviço como destinatário final. Lembra-se que este ramo do Direito tem por princípio a vulnerabilidade do consumidor, o que sofre as questões quando temos uma pessoa jurídica como consumidora. Afinal, a pessoa jurídica pode ser vulnerável? A questão não é consumida pelo consumidor, ou unanimemente é o fato que as pessoas jurídicas podem ser consumidores adquirem bens de produto como destinatário final. Por outro lado, se adquirir bens de capital, que apenas incrementam na sua atividade própria ou são vendidos, não serão consumidores. É possível ainda haver consumidores por equiparação. Estes são todas as vítimas aéreas do evento relacionado a uma relação de consumo (ex: acidente em solo); e pessoas prestativas ou ofertas às práticas (publicidade abusiva). Fornecedor é pessoa que desenvolve atividades de produção, criação, construção, transformação, importação, exportação, que presta de distribuição ou serviços. Arte. 3º. A criação é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como a atividade de produção, montagem, construção, transformação, distribuição, distribuição, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Por Isadora Laitano, 2022 Ademais, os serviços públicos de saúde, educação, coleta de lixo — prestados pelo governo ou por terceiros, contratados pelo governo — são exemplos de situações em que o Direito do Consumidor pode ser aplicado, pois estamos diante de fornecedores e seus serviços. Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, durável ou não, disponível para consumo. Serviço é atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária e financeira. É o que se paga para ser feito. Não são serviços os tributos e as causas trabalhistas. By Isadora Laitano, 2022 RESPONSABILIDADE A responsabilidade do fornecedor no Direito do Consumidor é diferenciada, voltada para garantir que um consumidor lesado possa ser reparado em seu dano. Por essa razão, a responsabilidade é, como regra, objetiva. Não importa, portanto, se houve culpa ou não do fornecedor, mas apenas se apura se houve evento danoso, nexo causal e um dano emergente ou lucro cessante. A responsabilidade pode ser estabelecida pelo fato ou pelo vício do produto. A responsabilidade pelo fato decorre de defeito do produto ou serviço, entendido como uma anomalia que compromete a segurança e causa dano físico ou patrimonial. Nesses casos, a responsabilidade é objetiva e surge pela colocação do produto ou serviço defeituoso no mercado, que não traz a segurança que se espera dele. Há exclusão da responsabilidade apenas quando houver culpa exclusiva de consumidor ou terceiro. Ação de reparação prescreve em 5 anos. Destaca-se que não se pode comercializar algo que se sabe ou deveria saber como danoso; há dever de informar ostensivamente. Se tratar-se de profissional liberal, por outro lado deve averiguar a culpa. O comerciante será responsabilizado quando: o fornecedor não puder ser identificado; não conservar adequadamente produtos perecíveis. Já a responsabilidade por vício do produto é aquela que surge quando há vício que compromete a qualidade do produto ou serviço, tornando algo inadequado ou reduzindo-lhe o valor (ex: comida fora do prazo de validade; boneco sem um braço). Também é objetiva, solidária entre todos os fornecedores (comerciante, fabricante, etc.). Como reparação, pode ocorrer substituição (produto) ou reexecução (serviço), ou ainda restituição integral ou abatimento; a escolha cabe ao consumidor. Prazos: 30 dias para bens não duráveis, 90 dias para bens duráveis. Esse prazo conta- se do momento da entrega, se o vício for de fácil constatação, ou no momento da descoberta, se oculto. By Isadora Laitano, 2022 PRINCÍPIOS O art. 6º do CDC traz os princípios que regem o Direito do Consumidor. São eles: Proteção da vida e da saúde: o fornecedor deve informar os possíveis riscos que o produto ou serviço podem apresentar para a sua vida e sua saúde. O importante é a segurança das vítimas consumidoras que deve ser assegurado por toda a cadeia de fornecedores, sejam eles contratantes diretos (responsabilidade contratual) ou não com os consumidores. Em outras palavras, o sistema do CDC, no mercado de consumo impõe a todos os fornecedores um dever de qualidade dos produtos e serviços que presta e assegura a todos os consumidores um direito de proteção, fruto do princípio de confiança e segurança. Educação para o consumo: direito do consumidor de ter orientação para o consumo adequado. Liberdade de escolha: é o direito de livre escolha e de igualdade nas contratações. Estes direitos estão consolidados em todas as normas de proteção contratual do CDC, mas com especial atenção naquelas que cuidam da parte pré-contratual e publicidade e de práticas comerciais abusivas, inclusive combatendo a discriminação de consumidores, as práticas anticoncorrenciais e vendas casadas.[2] Informação: é um dever imposto ao fornecedor, para que o consumidor possa escolher o parceiro que melhor lhe convier. Deve haver informações claras sobre a composição, modo de utilizar, etc., tudo o que for necessário para o consumo. Proteção contra publicidade enganosa ou abusiva: o que é anunciado pelo fornecedor deve ser cumprido pelo mesmo, sob pena de cancelar o contrato e receber oque foi pago de volta. A publicidade enganosa é inteira ou parcialmente falsa, capaz de induzir o consumidor ao erro, até mesmo por omissão. A publicidade abusiva é discriminatória de qualquer natureza, que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e inexperiência da https://medium.com/@kellybruch/direito-do-consumidor-1aedd88c8e0#_ftn2 criança, desrespeite valores ambientais, induza o consumidor a fazer algo prejudicial à sua saúde ou segurança. Ainda, a oferta é informação ou publicidade suficientemente precisa, veiculada por qualquer meio, com relação a produtos ou serviços. A oferta gera obrigação ao fornecedor que a veicular e integra o contrato que vier a ser celebrado. “Prometeu tem de cumprir”. Em caso de descumprimento da oferta ou pela propaganda abusiva ou enganosa, o consumidor pode exigir o cumprimento forçado, aceitar outro produto ou serviço equivalente, pagando ou recebendo a diferença, ou ainda rescindir o contrato mediante a restituição. By Isadora Laitano, 2022 Proteção contratual: o mais comum em relações de consumo são os contratos de adesão. Esta modalidade contratual é aquela em que existem cláusulas pré-aprovadas por autoridades competentes ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor, ficando o consumidor impedido de discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. Nesses casos, ainda assim, os contratos devem ser redigidos em termos claros, ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior a 12. As cláusulas que limitem direitos do consumidor deverão ser redigidas e impressas com destaque, sendo necessário o acesso do consumidor ao contrato para que este tenha qualquer efetividade. Ainda, os termos do contrato podem ser modificadas pelo próprio juiz caso sejam abusivas (revisão por onerosidade excessiva). Prevenção e reparação de danos morais e materiais: a noção de prevenção de danos se dá geralmente através da informação e do tratamento leal do consumidor pelo fornecedor. A noção de reparação é o ressarcimento ou indenização devido em razão de problemas com o fornecimento do produto ou serviço. Esse direito não pode ser afastado por cláusula contratual. Acesso à justiça: em caso de violação dos direitos do consumidor, este tem o direito de recorrer à justiça e pode fazer uso de todas as vias disponíveis, como, por exemplo, ir até o PROCON, sem que isso possa ser-lhe retirado ou tolhido. Facilitação da defesa dos direitos do consumidor: é garantido ao consumidor a possibilidade de inversão do ônus da prova em ocorrência de processo judicial. Qualidade dos serviços públicos: os serviços públicos devem seguir as normas do CDC como qualquer outro prestador de serviços a um consumidor. DIREITOS DO CONSUMIDOR Os princípios já indicados conferem boas noções dos direitos do consumidor. Cumpre destacar alguns outros, também relevantes: Proteção a saúde e a segurança: direito de proteção contra produtos perigosos. Para isso existem exigências aos fornecedores de informação, testes, etc. Por exemplo, o fornecedor deve informar sobre os riscos à saúde do consumidor. Se descobre depois, deve anunciar em meios de comunicação possíveis, deve retirar do mercado e trocar os vendidos ou devolver os valores. Esse é o recall. Publicidade clara, proibindo a publicidade enganosa ou abusiva, ou aquela que é omissa quanto a informações relevantes. Apresentação do produto ou serviço: deve trazer as informações em língua portuguesa, características, qualidade, quantidade, composição, preço, garantia, validade, nome e endereço do fabricante, riscos à saúde e segurança. Tanto na embalagem, quanto na publicidade. Garantia legal e contratual: a primeira é a prevista na lei, a segunda é dada pelo fornecedor por meio de termo de garantia, onde estão previstas as características desta garantia. Garantia do direito de arrependimento: nos fornecimentos de produto ou serviço fora do estabelecimento comercial (correio, internet, telefone ou domicílio) o consumidor terá direito de arrependimento por sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviço, devendo o consumidor receber de volta os valores eventualmente pagos. Não é sinônimo da garantia vista no item anterior. by Isadora Laitano, 2022 Vedação de práticas abusivas. Dentre estas estão: ● Venda casada — fornecimento de um produto ou serviço condicionado ao fornecimento de outro produto ou serviço. ● Venda condicionada pela quantidade ● Remessa de produto ou fornecimento de serviço sem previa solicitação — o fornecedor não terá direito a pagamento, pois o serviço prestado e o produto remetido ou entregue serão considerados amostras grátis. ● Prevalecimento da fraqueza ou ignorância do consumidor ● Execução de serviços sem prévio orçamento — orçamentos válidos por 10 dias. ● Recusa de venda de bens ou de prestação de serviços mediante pronto pagamento. Elevação injustificada de preços ● Aplicação de índice ou fórmula de reajuste diverso do estabelecido em contrato. ● Cláusulas abusivas: cláusula de não indenizar, impedimento de reembolso, transferência de responsabilidade a terceiro, inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor, imposição de representante para realizar ou concluir negócio pelo consumidor, variação unilateral de preço, cancelamento ou modificação unilateral do contrato. By Isadora Laitano, 2022 Além disso, ao consumidor é garantido o direito ao arrependimento, quando comprar um produto ou serviço fora do estabelecimento comercial. Lembrando que esse arrependimento não tem relação com defeito ou vício do produto ou serviço, não é uma garantia, mas um direito do consumidor se arrepender poder devolver o produto ou serviço. By Isadora Laitano, 2022 Consumidor e a Lei do Superendividamento Em julho de 2021 entrou em vigor a Lei Federal n. 14.181/2021, conhecida como Lei do Superendividamento, com objetivo de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14181.htm garantir ao consumidor novos mecanismos de equalização e repactuação das dívidas. Segundo a nova regulamentação, o consumidor encontra-se superendividado quando, de boa-fé, não consegue garantir o pagamento de suas dívidas, sem comprometer o mínimo existencial. Ou seja, as dívidas são maiores do que os gastos necessários para que se garanta direitos fundamentais, como moradia e alimentação. Agora, o superendividado pode solicitar a renegociação em blocos das dívidas no Tribunal de Justiça do seu estado, ou ainda, nos órgão do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, como Procon, Defensoria Pública, e Ministério Público. Contudo, a renegociação vale apenas para dívidas de consumo (como contas de água e luz, carnês de lojas, empréstimos de instituições financeiras), não abrangendo, portanto, o pagamento de impostos, pensão alimentícia, crédito habitacional, ou serviços de luxo. Também não se aplica às dívidas adquiridas dolosamente, sem propósito de pagamento por parte do consumidor, nem aos contratos com garantia real, financiamento imobiliário e crédito rural. Os credores serão convocados para a audiência de conciliação, na qual o endividado irá propor o plano de pagamento, que poderá ser cumprido no prazo de até 5 anos. Homologado pelo juiz, o acordo terá força de título executivo judicial. Nele, serão especificadas todas as condições de pagamento, como valor total da dívida, número e valor das parcelas, possíveis descontos na multa e nos juros, e duração total do plano. A sentença também deverá definir quando o devedor será retirado dos cadastros de inadimplentes, e determinar a suspensão ou a extinção de ações judiciais de cobrança. Os credores que comparecerem à audiência, mas não concordarem com o acordo, somente poderãoreceber as quantias devidas após os que tiverem fechado acordo com o devedor. Caso o credor nem sequer compareça à audiência, o juiz pode suspender a cobrança da dívida, das multas e dos juros enquanto durar o acordo. Ressalta-se que a negociação em bloco poderá ser repetida depois de dois anos, contados da liquidação das obrigações adquiridas no plano anteriormente homologado Em suma, a resolução do conflito pela conciliação é vantajosa para todos. O consumidor fica mais sossegado em relação às suas dívidas, e os credores evitam recorrer à via judicial, mais cara e morosa. Outro avanço da nova legislação diz respeito aos perigos ocultos na contratação de um empréstimo, já que nem sempre os bancos e financeiras são claros sobre as condições de pagamento no longo prazo. Com as novas adições, o Código de Defesa do Consumidor passa a exigir práticas de crédito responsável. Em outras palavras, o cliente deverá ser informado sobre todos os custos do produto ou serviço oferecido para compreender o que está adquirindo. Também está na prática da proposta o consumidor a contratar — incentivos como concessões ou na primeira compra negativa. Isso porque a nova legislação passa a considerar os bancos, como financeiras e demais instituições corresponsáveis na concessão do crédito , devendo estar cientes do risco de inadimplência em cada operação. Descumprimento poderá ser realizado para os consumidores como prazos previstos, como redução dos custos e custos previstos, redução do prejuízo por prejuízos previstos e custos previstos, redução dos prejuízos por prejuízos previstos e prejuízos previstos no prazo. Por Isadora Laitano, 2022 1