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PATOLOGIA NÃO-NEOPLÁSICAS DAS GLÂNDULAS SALIVARES ● Aplasia da glândula salivar: distúrbio de desenvolvimento raro que afeta uma ou mais glândulas salivares maiores. ○ Características clínicas e radiográficas: ■ Mais frequente em homens; ■ Pode ocorrer a ausência de todas as glândulas salivares maiores ou de apenas uma; ■ Mesmo com a ausência das glândulas salivares maiores, a face permanece com a mesma aparência; ■ Alguns pacientes podem apresentar ausências das glândulas lacrimais ou dos pontos lacrimais; ■ Sintomas: ● Intensa xerostomia com seus problemas decorrentes; ● Língua espessada; ● Risco elevado para o desenvolvimento de cárie e erosão dentária; ■ Confirmação da ausência pelo teste de cintilografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética e ultrassonografia. ■ Síndrome de LADD → condição autossômica dominante, caracterizada pela aplasia ou hipoplasia das glândulas salivares e lacrimais, orelhas com inserção baixas, perda de pelos e anomalias dentárias e digitais. ○ Tratamento e prognóstico: ■ Compensação da deficiência de saliva, sendo frequentemente necessário o uso de substitutos salivares. ■ Uso de medicamentos sialogogos → Pilocarpina ou a cevimelina; ■ Uso de chicletes sem açúcar; ■ Cuidados dentários preventivos. ● Mucocele (Fenômeno de Extravasamento de Muco; Reação ao Escape de Muco): lesão comum da mucosa oral resultando da ruptura de um ducto de glândula salivar e do extravasamento de mucina para dentro dos tecidos vizinhos. Resultando de um trauma local. ○ Características clínicas: ■ Aumento de volume mucoso arredondado que pode ter tamanho variado de 1 a 2 mm a alguns centímetros; ■ Comuns em crianças e adultos jovens; ■ Mucina abaixo da superfície da mucosa → coloração azulada; ■ Mucocele profunda → normocrômicas; ■ Lesão flutuante, mas algumas podem ser firmes à palpação; ■ Tempo de evolução pode variar de poucos dias a diversos anos; ■ História de um aumento de volume recorrente que se rompe periodicamente e libera seu conteúdo fluido; ■ Lábio inferior é o sítio mais acometido; ● Menos comuns: ○ Assoalho da boca (Rânula); ○ Região anterior do ventre de língua; ○ Mucosa jugal; ○ Palato; ○ Trígono retromolar. ● Mucoceles superficiais: lesões geralmente se rompem, formando úlceras rasas dolorosas que cicatrizam em poucos dias; ○ Pode estar associada a doenças liquenoides, como líquen plano, erupções liquenoides relacionadas com drogas e a doenças do enxerto versus hospedeiro (GVHD); ○ Características Histopatológicas: ■ Área de mucina extravasa, circundada por tecido de granulação reacional; ■ Inflamação usualmente inclui numerosos histiocitos espumosos (MACRÓFAGOS); ■ Em alguns casos, o ducto salivar rompido pode ser identificado desembocando dentro da área; ■ Glândulas salivares menores adjacentes geralmente contêm um infiltrado inflamatório crônico e ductos dilatados. ○ Tratamento e Prognóstico: ■ Excisão cirúrgica → remover qualquer glândula salivar menor que possa estar localizada dentro da lesão quando for excisada. ■ Prognóstico excelente. ● Rânula: termo usado para mucoceles que ocorrem no assoalho da boca. ○ Características Clínicas: ■ Aumento de volume arredondado flutuante, de coloração azulada, no assoalho bucal; ■ Lesões profundas podem apresentar coloração normal da mucosa; ■ Comum em crianças e em adultos jovens; ■ Lesões que se desenvolvem como grandes massas que preenchem o assoalho bucal e elevam a língua, tendendo a ser maiores que as mucoceles nas outras localizações intraorais. ■ Localizada lateralmente à linha média (característica que pode auxiliar no diagnóstico diferencial do cisto dermoide da linha média). ○ Rânula cervical ou mergulhante: ocorre quando a mucina extravasada disseca através do músculo milo-hióideo e produz o aumento de volume dentro do pescoço; ■ Aumento de volume no assoalho bucal pode ou não estar presente; ■ Exames imagiológicos podem auxiliar no diagnóstico de rânula mergulhante e na determinação da origem da lesão. ○ Características Histopatológicas: ■ Semelhante à da mucocele em outras localizações clínicas; ■ Tecido de granulação reacional → macrofagos. ○ Tratamento e Prognóstico: ■ Remoção da glândula sublingual e/ou marsupialização (remoção da porção superior da lesão intraoral - rânulas pequenas e superficiais). ● Cisto do Ducto Salivar (Cisto de Retenção Mucoso; Cisto Ductal Mucoso; Sialocisto): cavidade delimitada por epitélio que surge a partir do tecido de glândula salivar; ○ Características Clínicas: ■ Adultos; ■ Podem surgir dentro das glândulas maiores quando das menores; ■ Glândulas salivares maiores - PARÓTIDA → aumento de volume assintomático e de crescimento lento; ■ Pode ocorrer em qualquer glândula salivar menor, porém, é mais frequente em assoalho da boca, mucosa jugal e lábios. ■ Semelhantes à mucocele; ■ Aumentos de volume flutuantes de consistência amolecida, que podem apresentar coloração azulada, dependendo da profundidade do cisto abaixo da mucosa de superfície; ■ Nódulos dolorosos que demonstram orifícios ductais dilatados na superfície mucosa; ○ Características Histopatológicas: ■ Revestimento epitelial variável, podendo ser cuboidal, colunar ou pavimentoso atrófico, circundando uma secreção fluida ou mucóide na luz; ■ Crescimentos papilares para dentro da luz do cisto, semelhante ao Tumor de Warthin, mas sem presença de estroma linfóide proeminente; ■ Cistadenomas papilíferos: proliferações muito exuberantes (não é uma neoplasia verdadeira); ○ Tratamento e prognóstico: ■ Excisão cirúrgica conservadora; ● Remoção parcial ou total da glândula; ■ Eritromicina e Enxaguante bucal também podem auxiliar na dor e redução da drenagem purulenta; ■ Medicamentos sialogogos. ● Sialolitíase (Cálculo salivar; pedras salivares): estruturas calcificadas que se desenvolvem dentro do sistema de ductos das glândulas salivares. ○ Características clínicas: ■ O sialólito se desenvolve na maioria das vezes dentro do sistema ductal da glândula submandibular (80% dos casos) - DUCTO DE WHARTON (longo, tortuoso e ascendente); ■ Também se formam nas glândulas salivares menores, localizadas em lábio superior e mucosa jugal; ■ Comum em adultos jovens e de meia-idade; ■ Causa episódios de dor ou de aumento de volume da glândula afetada; ■ Imagem radiográfica apresenta uma massa radiopaca; ■ Em glândulas salivares menores geralmente é assintomática, mas pode produzir aumento de volume local ou dor na glândula afetada; ○ Características histopatológicas: ■ Massas calcificadas que exibem laminações concêntricas que podem circundar um ninho amorfo de debris; ■ Metaplasia escamosa, oncocítica ou mucosa; ■ Inflamação periductal; ○ Tratamento e Prognóstico: ■ Sialólitos pequenos: massagens suaves, na tentativa de ordenhar o cálculo em direção ao orifício da saída do ducto; ● Sialogogos, aplicação de calor no local, aumento da ingestão de líquidos também podem promover a saída do cálculo; ■ Sialólitos grandes: remoção cirúrgica; ■ Sialólitos de glândulas salivares menores: excisão cirúrgica, incluindo a excisão das glândulas associadas. ● Sialoadenite: inflamação das glândulas salivares, podendo ser oriunda por causa infecciosas (caxumba) ou não; ○ Diminuição do fluxo salivar pode ser decorrente de desidratação, debilitações ou de medicamentos que inibem as secreções; ○ Cirurgia recente - Caxumba cirúrgica - privação de alimento e fluidos; ○ Características Clínicas e Radiográficas: ■ Mais comum na glândula parótida e é bilateral em 10% a 25% dos casos; ■ Glândula afetada se apresenta inchada e dolorida, e a pele sobrejacente pode apresentar quente e eritematosa; ■ Pode estar presente febre baixa e trismo; ■ Eu massagear o ducto da glândula afetada pode se observar a saída de um material purulento; ■ Inchaços periódicos e dor ocorrem dentro da glândula afetada, aparecem próximo ao horário das refeições, quando o fluxo salivar é estimulado; ■ Sialografia - exibe sialectasia (dilatação ductal); ■ Parotiditejuvenil recorrente: doença inflamatória das glândulas salivares mais comum em criança; ● Episódios recorrentes de aumento não supurativo da glândula parótida unilateral ou bilateral, geralmente se inicia entre 3 a 6 anos de idade; ■ Sialoadenite necrotizante subaguda: inflamação das glândulas salivares que ocorre com mais prevalência em adolescentes e jovens adultos; ● Lesão normalmente envolve as glândulas salivares menores do palato duro e do palato mole; ● Nódulo doloroso, recoberto por mucosa eritematosa intacta; ● Não ulcera ou libera tecido necrótico; ○ Característica Histopatológicas: ■ Acúmulo de neutrófilos dentro do sistema ductal e acinar; ■ Sialoadenite crônica: infiltração difusa ou focal do parênquima glandular por linfócitos e plasmócitos; ■ Sialoadenite crônica esclerosante: presença de fibrose associada; ■ Sialoadenite necrosante subaguda: intenso infiltrado inflamatório misto constituído por neutrófilos, linfócitos, histiócitos e eosinófilos; ● Autolimitante, ○ Tratamento e Prognóstico: ■ Radiografia panorâmica para averiguar a presença de um sialólito; ■ Presença de pus: fazer cultura bacteriana e outros estudos sensíveis; ■ Antibioticoterapia apropriada e a reidratação do paciente para estimular o fluxo salivar; ■ Abscesso → drenagem cirúrgica; ■ Sialoadenite crônica → antibióticos, analgésicos, sialogogos e massagem glandular; ■ Sialoendoscopia e a irrigação ductal → dilatar os estreitamentos e eliminar os sialólitos e os tampões mucosos; ■ Caso os métodos conservadores não funcionarem, faz remoção cirúrgica; ● Queilite glandular: condição inflamatória rara das glândulas salivares menores; ○ Fatores etiológicos associados: dano actínico, o tabaco, a sífilis, a má higiene e a hereditariedade; ○ Características Clínicas: ■ Vermelhão do lábio inferior; ■ Inchaço e eversão do lábio inferior; ■ Prevalência: homens de meia-idade e idosos; ○ Características Histopatológicas: ■ Sialoadenite crônica; ■ Dilatação ductal com acúmulo de mucina; ■ Metaplasia oncocítica; ■ Alterações displásicas concomitantes no epitélio da mucosa de revestimento; ○ Tratamento e Prognóstico: ■ Queilite glandular persistente associada a dano actínico → vermelhonectomia (queiloplastia); ■ Associado ao desenvolvimento de carcinoma epidermóide de lábio. ● SIALORRÉIA: salivação excessiva. ○ Etiologia: ■ Irritação local (úlceras aftosas ou próteses removíveis mal adaptadas); ■ Próteses novas; ■ Para neutralizar ácidos gástricos em pessoas com refluxo gastroesofágico; ■ Raiva; ■ Envenenamento por metais pesados; ■ Medicamentos antipsicóticos (Clozapina). ○ Características Clínicas: ■ Excesso de baba e engasgo; ■ Desenvolvimento de úlceras ao redor da boca, queixo e pescoço. ○ Tratamento e Prognóstico: ■ Casos transitórios ou discretos → não é necessário tratamento; ■ Sialorréia associada ao refluxo gastroesofágico → manejo médico do refluxo; ■ Controle muscular → fonoaudiologia; ○ Medicações anticolinérgicas podem diminuir o fluxo salivar; ○ Injeção intraglandular de toxina botulínica; ○ Técnicas cirúrgicas para controlar o escorrimento salivar intenso: ■ Realocação dos ductos submandibulares; ■ Realocação dos ductos da parótida; ■ Excisão da glândula submandibular e ligação do ducto da parótida; ■ Ligação dos ductos das glândulas submandibular e parótida; ■ Neurectomia timpânica bilateral com secção da corda do tímpano. ❖ Realocação ductal - Raramente realizada; ➢ Causa xerostomia e induz perda do paladar nos dois terços anteriores da língua. ● XEROSTOMIA: sensação subjetiva de boca seca, pode ser associada à hipofunção da glândula salivar; ○ Causas: ■ Origem de desenvolvimento: ● Aplasia de glândula salivar; ■ Perda de água/metabólitos: ● Deficiência de ingestão de líquidos; ● Hemorragia; ● Vômito/diarreia; ■ Origem Iatrogênica: ● Medicações; ● Radioterapia da região da cabeça e pescoço; ● Quimioterapia; ■ Doenças Sistêmicas: ● Síndrome de Sjogren; ● Diabetes melito; ● Diabetes insipidus; ● Sacoidose; ● Amiloidose; ● Infecção pelo HIV; ● Hepatite C; ● Doença do enxerto versus hospedeiro (GVHD); ● Desordens psicogênicas; ■ Fatores locais: ● Mastigação diminuída; ● Fumo; ● Respiração bucal. ○ Características Clínicas: ■ Redução da secreção salivar e a saliva residual se apresenta de forma espumosa ou espessa, formando fios de saliva na boca; ■ Mucosa parece seca; ■ Dorso da língua fissurada e com atrofia das papilas filiformes; ■ Paciente pode se queixar por dificuldade para mastigar e deglutir; ■ Produção da saliva pode ser avaliada pela medição do fluxo salivar tanto em repouso quanto estimulado (SIALOGRAFIA); ■ Candidose; ■ Cáries. ○ Tratamento e Prognóstico: ■ Saliva artificial → melhor conforto ao paciente; ■ Ingestão de mais líquido; ■ Balas sem açúcar (estimular o fluxo salivar); ■ Pilocarpina sistêmica - Sialogogo; ■ Recomendado visitas frequentes ao dentista → aplicação de flúor tópico. ● SÍNDROME DE SJOGREN: doença autoimune crônicas que envolve principalmente as glândulas salivares e lacrimais, resultando em xerostomia e xeroftalmia (secura ocular); ○ Síndrome de Sicca: apresentação clínica de xerostomia e xeroftalmia; ■ Tipos: ● Primária → somente Síndrome Sicca isolada, nenhuma outra doença autoimune está presente; ● Secundária → paciente manifesta a Síndrome Sicca adicionalmente a outra doença autoimune associada). ○ Etiopatogenia: ■ Hereditariedade; ■ Elevada frequência de doenças autoimunes; ■ EBG e vírus linfotrópico de células T humano (HTLV); ○ Características clínicas e Radiográficas: ■ Prevalência em mulheres; ■ Adultos de meia-idade; ■ Síndrome de Sjogren secundária: quando está associada a outra doença de tecido conjuntivo. ● Artrite reumatóide; ● Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES); ■ Principal sintoma: xerostomia; ● Dificuldade de deglutição, alteração do paladar ou dificuldades de usar próteses removíveis. ■ Língua fissurada e atrofia das papilas; ■ Mucosa oral eritematosa e dolorosa, usualmente como resultado de uma candidose secundária; ■ Úlceras; ■ Queilite angular; ■ Cáries (na cervical); ■ Aumente firme e difuso das glândulas salivares maiores durante o curso da doença → ligado ao grau de gravidade; ● Aumento bilateral, podendo ser indolor ou levemente doloroso, intermitente ou persistente. ■ Risco elevado de sialoadenite bacteriana retrógrada. ○ Testes diagnósticos: ■ Sialografia: revela sialectasia pontual e perda da arborização normal do sistema ductal → padrão de árvore sem galhos, carregada de frutos. ■ Cintilografia com pertecnetato de tecnécio-99m radioativo: mostra baixa captação e atraso na eliminação do isótopo. ■ Teste de Schirmer: para confirmar a redução da secreção lacrimal; ● Um pedaço de papel filtro estéril e padronizado é colocado sobre a margem da pálpebra inferior, para que a ponta com abas seja inserida no terço inferior da pálpebra; ○ Medição da porção úmida do papel filtro: ■ Menor que 5mm (após o período de 5 min) → ANORMAL; ○ Características histopatológicas: ■ Principal achado: Infiltrado linfocítico nas glândulas salivares → destruição das unidades acinares; ■ Lesões avançadas → Lesão Linfoepitelial Benigna (sialoadenite mioepitelial); ■ Ácinos destruídos, porém o epitélio ductal persiste; ■ Células ductais e células mioepiteliais se tornam hiperplásicas → Ilhas epimioepiteliais; ■ Um ou mais focos de 50 ou mais células por área de 4 mm² de tecido glandular é considerado condizente com o diagnóstico de síndrome de Sjögren; ○ Tratamento e Prognóstico: ■ Suporte → lágrima artificial; óculos escuros; selamento do ducto de drenagem lacrimal na margem interna das pálpebras; saliva artificial; balas ou chicletes sem açúcar; produtos de higiene oral com lactoperoxidase, lisozima e lactoferrina; medicamentos sialogogos (pilocarpina e cevimelina); terapia antifúngica para casos de candidose; aplicação de flúor; ■ Risco de desenvolver Linfomas; ● Aumento persistente da glândula parótida; ● Linfadenopatia; ● Esplenomegalia; ● Neutropenia; ● Baixos níveisde C4 do sistema complemento; ● Crioglobulinemia; ● Púrpura.
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