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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO EM PEDAGOGIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO EM PEDAGOGIA Copyright © UVA 2020 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. AUTORIA DO CONTEúDO Silvana Moreli Vicente Dias Cleber Eduardo Karls Luciana Soares Chagas Evangelista REVISÃO Janaina Vieira Lydianna Lima PROjETO GRáfICO UVA DIAGRAMAçÃO UVA SUMáRIO Apresentação 5 Referências 48 Autores 7 Capítulo 2 16 • Modelo para elaboração de projeto e redação do Trabalho de Conclu- são de Curso 9 • A monografia de final de curso de graduação e a dinâmica das práti- cas acadêmicas: aspectos gerais Capítulo 1 Capítulo 4 46 • Considerações finais 29 • Normatização de referências e citações Capítulo 3 5 É com grande satisfação que avançamos juntos em mais esta etapa de sua forma- ção. Entregamos a você, neste momento, uma publicação dedicada a esmiuçar as diferentes etapas do preparo e da escrita do Trabalho de Conclusão de Curso no for- mato de monografia. Nosso objetivo aqui é oferecer o suporte adequado para desen- volver sua monografia acadêmica de fim de graduação. Consideramos fundamental que você se aproprie de aspectos da linguagem acadêmica a fim de apresentar uma produção final compatível com o esperado para o contexto das esferas sociais em que esses textos circulam. A escrita de uma monografia de final de curso de graduação pode ser considerada como a materialização de um tempo de amadurecimento profissional e acadêmico. Segundo Lubisco e Vieira (2019), a palavra monografia é empregada, em geral, para publicações dedicadas a esmiuçar ou aprofundar um único tema, podendo ser contemplada em livro, relatório, manual, dissertação ou tese. Haverá, como norte, o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações, com conhecimento suficientemente fundamentado da área da pesquisa, como bem sinaliza a ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNI- CAS, 2011, p. 2 apud LUBISCO; VIEIRA, 2019). A monografia apresenta — a despeito de sua superfície excessivamente objetiva, prática e racional — os resultados de um aprendizado que envolve muita motivação e compro- misso pessoal. O resultado desse processo se refletirá no desempenho do graduando na vida pública. Demonstrará, também, o quanto o futuro profissional está envolvido com os espaços de convivência e socialização empenhados com a pesquisa científica e com a divulgação do saber. Essa convivência profundamente dialógica com a pesquisa científica — a qual precisa ser aprendida, treinada, reformulada quando necessário, sempre com foco em sua contribui- ção social — busca ter consequências duradouras. Por isso, quer também expandir raí- zes sólidas em um campo comprometido com a constante inovação e com a ampliação de seus resultados para a comunidade nacional e internacional. APRESENTAçÃO 6 Para que isso ocorra, coerência interna, consistência metodológica e conhecimento con- solidado sobre o estado da arte atual da pesquisa na área — ou, simplesmente, o co- nhecimento sobre o nível mais avançado de desenvolvimento no campo da pesquisa em foco, uma espécie de panorama atualizado a partir do qual se dará a contribuição pessoal — devem estar presentes em qualquer monografia que se quer bem escrita, funcional, interessante e socialmente relevante. Quando o trabalho é bem-sucedido, com base em suas próprias premissas, avança-se, inclusive, uma etapa significativa para quem deseja, em momento posterior, participar de projetos de pesquisa, escrever artigos científicos, desenvolver estudos de mestrado, doutorado, pós-doutorado etc. Portanto, é uma etapa de um longo processo, que inclui a formação de nosso estudante para a vida profissional. Antes de seguirmos para o próximo capítulo desta publicação, é importante reforçar que todos os estudantes deverão estar cientes de que precisam de orientação para a escrita do Trabalho de Conclusão de Curso. Verifique, em suas graduações, quais são os nomes aptos para seguirem a seu lado em seu processo de escrita de TCC. O professor esco- lhido será seu orientador. Em paralelo, leia com cuidado esse material impresso, que foi preparado para guiá-lo por um caminho que apresenta desafios, mas que certamente lhe trará uma grande realização profissional — e também pessoal. Ao final, você, futuro egresso, estará mais preparado para circular em outras instâncias acadêmicas e profissionais, sempre aprimorando seu saber e seu saber fazer, a caminho do bom desempenho em sua área de atuação. Em outras palavras, aperfeiçoará seus conhecimentos, suas competências e suas habilidades, para agir no mundo contempo- râneo, em consonância com as premissas democráticas e inclusivas. Estaremos com você, acompanhando todo o processo. Acredite em seu potencial, or- ganize-se e sinta-se muito relevante. Você oferecerá uma contribuição importante para estudos e pesquisas, tanto no âmbito da formação de professores quanto no âmbito de disciplinas afins à sua graduação. 7 SILVANA MORELI VICENTE DIAS Licenciada em Português e Inglês pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Unesp (1999), mestre (2003) e doutora (2008) pela Universidade de São Paulo – USP. Ganhou o prêmio Capes de Tese 2009, na área de Letras/Linguística. Foi pesqui- sadora bolsista Nível I da Fundação Biblioteca Nacional – FBN (2008). Fez pesquisa de pós-doutorado na Università degli Studi di Roma “La Sapienza”, no Instituto de Estudos Brasileiros da USP (IEB-USP, 2010-2012) e na Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Linguística Aplicada; Humanidades Digitais, relações entre o Modernismo brasileiro e a literatura anglo-americana, Preparo de Edições, Crítica Genética e Crítica Textual; edições acadêmicas com aparato crítico, manuscritos de escritores, artistas e intelectuais, crônica, memorialismo, ensaio; cura- doria de exposições. É autora de Cartas provincianas: correspondência entre Gilberto Freyre e Manuel Bandeira (edição de cartas e estudo crítico, editora Global, 2017). Tem experiência nos ensinos Fundamental, Médio e Superior, sendo atualmente professora na Universidade Veiga de Almeida – UVA. AUTORES 8 CLEBER EDUARDO KARLS LUCIANA SOARES CHAGAS EVANGELISTA Doutor em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, com período sanduíche na Universidade Politécnica de Madrid, Espanha. Mestre em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e graduado em Estudos Sociais – Licenciatura Plena em História, pela Universidade de Santa Cruz do Sul/RS – Unisc. Coordenador, professor e tutor do urso de História, modalidade EAD, da Universidade Veiga de Almeida – UVA. Professor do Curso de História (presencial) da UVA. Professor de História de escolas da rede privada no município do Rio de Janeiro. É pesquisador e um dos coordenadores do Laboratório de História do Esporte e Lazer – SPORT, ligado ao Programa de Pós-Graduação em História Comparada – PPGHC/UFRJ. Tem experiência nas áreas de História do Brasil, moderna e contemporânea, atuando principalmente com os seguintes temas: esportes, lazer, entretenimento e alimentação no século XIX. Graduada em Pedagogia Empresarial pela Universidade Veiga de Almeida – UVA e pós- graduada na mesma instituição em Recursos Humanos, pela qual se formou mestre em Psicanálise, Saúde e Sociedade. Integra o quadro de docentes da UVA, na qual atua como professora-tutora e roteirista de disciplinas dos cursos de Pedagogia e Recursos Huma- nos, além de ser coordenadora da área da Licenciatura em Pedagogia do Programa de Iniciação à Docência – PIBID pelo Capes. AUTORES A monografia de final de curso de graduação e a dinâmica das prá- ticas acadêmicas: aspectos gerais CAPÍTULO 1 10 A monografia de final de curso de gradua- ção e a dinâmica das práticas acadêmicas: aspectos gerais Além de cooperarpara o avanço da pesquisa científica, a escrita de uma monografia em nível universitário possibilita expandir os princípios e o domínio prático da escrita acadê- mica. Nesse momento, está em foco um gênero específico — a monografia de final de curso de graduação — reconhecido pelas instituições de pesquisa e de ensino superior, que conecta e consolida elementos considerados fundamentais para o avanço científico e para o fortalecimento das democracias em sociedades no século XXI. Conhecimento, ética, educação e pesquisa, articulados por Miguel Arroyo em seu ensaio Conhecimento, Ética, Educação e Pesquisa (2007), são elementos que, quando compro- metidos com o desenvolvimento histórico-social, permitirão um avanço teórico-prático efetivo para o trabalho levado a cabo em uma universidade empenhada com a comuni- dade, com seu entorno, com o contexto regional e nacional em que está inserida. Essas dimensões, uma vez contempladas em uma monografia, poderão cativar outros estu- dantes, pesquisadores, professores e pesquisadores, implicados, direta ou indiretamente, no fazer educacional e científico. O sujeito ético, inclusive, nasce quando imerso em uma experiência que objetivamente é reconhecida como significativa. Para a transmissão de valores sociais e culturais, as produções escritas específicas das sociedades letradas ocupam posição central na modernidade e na contemporaneidade. Para saber mais sobre aspectos éticos no campo da pesquisa acadêmica em educação, consulte: ARROYO, M. G. Conhecimento, Ética, Educação e Pesquisa. Revista ECurricu- lum, v. 2, n. 2, p.1-24, junho de 2007. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/ index.php/curriculum/article/view/3163. Acesso em: 9 mar. 2019. Ampliando o foco http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/3163 http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/3163 11 Falemos, agora, sobre as práticas de letramento acadêmico, com destaque para o gêne- ro textual monografia, que certamente possui regras próprias, reconhecidas pelas comu- nidades acadêmicas brasileira e mundial. Muitos afirmam que o momento de escrever um trabalho científico é bastante solitá- rio. Contudo, podemos ressignificar esse período de intensa concentração ao encará-lo como parte de um diálogo vivo e comprometido com os pares, em busca de oferecer uma contribuição válida para um meio social que aprofunda as práticas da área. Ao mes- mo tempo, almeja um alcance significativo e cientificamente validado para seus resulta- dos. Assim, partimos das premissas defendidas por Bakhtin, segundo o qual: A vida é dialógica por natureza. Viver significa tomar parte no diálogo: fazer perguntas, dar respostas, estar de acordo, e assim por diante. Des- se diálogo, uma pessoa participa integralmente e no correr de toda sua vida, com seus olhos, mãos, alma, espírito, com seu corpo todo e todos os seus feitos. Ela investe seu ser inteiro no discurso, e esse discurso penetra no tecido dialógico da vida humana, o simpósio universal. (BA- KHTIN, 2010, p.348). O aporte teórico oferecido por Mikhail Bakhtin é especialmente relevante no que diz res- peito aos gêneros discursivos, compreendidos como formas relativamente estáveis e normativas de enunciados (cf. BAKHTIN, 2010). Esses enunciados, expressos segundo determinadas premissas, possuem características formais, estilo, conteúdo, estrutura composicional específica e funcionamento sócio-comunicativo que os delimitariam no interior de uma determinada comunidade. Ainda para Bakhtin, os gêneros definem um espaço de enunciados que: [...] refletem as condições específicas e as finalidades de cada referido campo não só pelo seu conteúdo (temático) e pelo estilo de linguagem, ou seja, pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua mas, acima de tudo, por sua construção composicional. Todos esses elementos — o conteúdo temático, o estilo, a construção compo- sicional — estão indissoluvelmente ligados no todo do enunciado e são igualmente determinados pela especificidade de um determinado cam- po da comunicação (BAKHTIN, 2010, p.261). 12 Desse modo, o reconhecimento de um gênero discursivo é imperativo para que ela possa ser adequadamente ensinado. Ele tem seu funcionamento legitimado, por fim, no âmago das práticas sociais — e jamais fora delas. Qualquer gênero pode ser, então, identificado, descrito, sistematizado e reproduzido por membros de uma coletividade. Segundo Hartmann: [...] a produção de textos, orais ou escritos, é resultado da inserção efe- tiva do sujeito em instâncias de interação. É a relação amorosa que mantemos com as palavras do outro, procurando compreendê-las no emaranhado dos elos da infinita cadeira verbal, que nos faz nos posicio- nar, construir e reconstruir nossas próprias respostas, definindo-nos e recriando-nos como sujeitos. (HARTMANN, 2012, p.272). Em resumo, os gêneros acadêmicos são aquelas formas relativamente estáveis e nor- mativas que circulam em contextos marcados pelas práticas sociais letradas, sobretudo em instituições de ensino superior ou de pesquisa científica. Dependem da transmissão escrita e precisam ser formalmente aprendidos. Entre os gêneros discursivos que circulam no ensino superior ou em instituições de pes- quisa, os chamados “gêneros acadêmicos”, podemos citar, por exemplo, ensaios, rese- nhas descritivas, resenhas críticas, resumos, fichamentos, artigos científicos, projetos de pesquisa etc. Além desses gêneros que fazem parte da rotina universitária, também temos a mono- grafia de conclusão de curso de graduação, a dissertação de mestrado ou a tese de doutorado, que são sempre apresentadas ao fim de um curso, quer seja de graduação ou de uma pós-graduação. O gênero monografia, nesse contexto, funciona como requisito Para conhecer os princípios teóricos que embasam o conceito de “gêneros dis- cursivos” ou “gêneros textuais”, sobretudo no âmbito do ensino superior, consulte: HARTMANN, S. H. G.; SANTAROSA, S. D. Práticas de escrita para o letra- mento no ensino superior. Curitiba: Intersaberes, 2012. p. 93-104. ISBN: 9788582122174. Biblioteca Virtual. Ampliando o foco 13 para a obtenção de determinado grau acadêmico (no nosso caso, a graduação), sendo defendido na presença de uma banca formada por especialistas. Em nível de graduação, algumas instituições de Ensino Superior aceitam artigos científi- cos nos moldes de revista científica reconhecida pelo Programa Qualis Capes (Coordena- ção de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior), órgão do Ministério da Educação brasileiro, para constituírem o Trabalho de Conclusão de Curso. Entretanto, escolhemos a monografia como gênero acadêmico aceito para defesa no final de sua graduação. Essas formas discursivas características do universo acadêmico possuem particulari- dades que precisam ser dominadas, de modo consciente, ético e responsável, para o sucesso do estudante no decorrer de seu curso. Conhecer a dinâmica geral relativa aos gêneros acadêmicos é importante para que você possa compreender a centralidade do Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como monografia, no interior de sua traje- tória universitária, rumo à atuação profissional e à profissionalização docente. Esses aspectos gerais, pela sua amplitude, reforçam a importância de a proposta da mo- nografia de final de curso de graduação estar bem delimitada, em consonância com as competências e habilidades adquiridas pelo estudante de graduação durante sua forma- ção. Portanto, é preciso conhecer bem as especificidades do gênero textual monografia, de acordo com as noções e implicações do sociointeracionismo discursivo de Mikhail Bakhtin. Para Costa-Hübes, em suas pesquisas dedicadas à formação de professores, estudos atuais dedicados à produção de Bakhtin revelam que: Compreendidos dessa forma, os gêneros fazem parte de nosso dia a dia, pois, ao interagirmos com o outro, utilizamo-nos de enunciados já exis- tentes na sociedade, selecionados conforme as necessidadesde intera- Acesse a midiateca e consulte o Portal de Periódicos, a biblioteca virtual man- tida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior. Co- nheça também o programa Qualis Capes, consultando o Qualis Periódicos na Plataforma Sucupira. MIDIATECA 14 ção e moldados de acordo com o ato interlocutivo em que os indivíduos falantes estão inseridos. Entendemos também que os enunciados não se constituem simplesmente, haja vista que cada esfera da sociedade possui seus enunciados próprios, diferenciando-se daqueles utilizados em outras esferas, o que significa dizer que em cada uma delas encon- tramos diferentes repertórios de gêneros, representando o discurso e o ideologia da esfera que os produziram. (COSTA-HÜBES, 2009). Portanto, a monografia de final de curso de graduação (ou o seu Trabalho de Conclusão de Curso) caracteriza-se por um conjunto de recursos linguísticos e enunciativos pró- prios, que deverão ser compreendidos e contemplados em seu TCC. É normal que não nos sintamos completamente à vontade no início do processo de escrita, tendo em vista que muitas dúvidas e hesitações podem surgir. Quando consideramos a monografia no contexto das práticas de letramento do Ensino Superior, assumimos que é necessário saber utilizar a língua e seus recursos no contexto de práticas sociais. Os letramentos não conduzem a uma via de mão única, como bem afirma Brian Street (2007). Um sujeito pode ser considerado letrado do ponto de vista de um conjunto de práticas letradas e não letrado em outra esfera da produção discursiva. Por exemplo, pode saber ler e escrever uma reportagem, uma ficção, um diário ou um poema, mas pode não dominar a técnica de produção de monografias acadêmicas. Tendo em vista essas questões, vamos esmiuçar cada das uma das partes de uma monografia de final de curso de graduação, a ser apresentada como TCC. Já refletimos, no início desta seção, sobre a situação comunicativa em que se insere o gênero monografia. Agora, será preciso oferecer elementos para que você, estudante de graduação, conheça as técnicas mais pertinentes para a elaboração do conteúdo adequado para a finalidade aqui especificada. Não se esqueça disso: seu texto deverá ser cuidadosamente planejado, uma vez que sua estrutura deve atender a uma finalidade específica: a defesa diante de uma banca de especialistas, com a posterior publicização pela universidade. Nesse sentido, produza seu texto com cuidado, concentração, diligência e ética, buscan- do vocabulário apropriado, adequação à norma culta da Língua Portuguesa e correspon- dência entre tempos e modos verbais, entre outros elementos. Aplicar boas estratégias determinará seu sucesso! 15 As orientações são, logo, necessárias para ampliar as perspectivas de usos da língua, para que você — como sujeito discursivo consciente e autônomo — possa dominá-la construtivamente e interagir em diferentes tempos, lugares e contextos sociais. Modelo para elaboração de projeto e redação do Trabalho de Conclusão de Curso CAPÍTULO 2 17 Modelo para elaboração de projeto e redação do Trabalho de Conclusão de Curso O Projeto Chegamos a um dos momentos mais importantes do nosso Trabalho de Conclusão de Curso: a elaboração do projeto de pesquisa. Você sabe por que um projeto de pesquisa é tão relevante? Vamos lá: um TCC nada mais é do que o desenvolvimento de uma pesquisa científica, acadêmica, orientada por um professor experiente, para que você tenha contato e vi- vência da produção do conhecimento. Justamente por isso, elaborar uma investigação científica sem uma programação pode nos trazer inúmeros problemas. Não planejar sig- nifica que não pensamos no caminho a ser seguido até chegarmos ao objetivo, que é a elaboração de uma monografia. Sem uma boa organização é praticamente inviável a produção de uma investigação de qualidade. Para entendermos um pouco melhor a relevância da sistematização da pesquisa, va- mos imaginar que o processo de elaboração de um TCC possa ser comparado a uma viagem de férias que pretendemos realizar. Na nossa viagem, o projeto de pesquisa seria a programação: • Para onde vou? • Quantos dias ficarei fora? • Viajarei de carro, ônibus ou avião? • O que visitarei? • O que farei no meu destino? • Ou seja, como fazer uma viagem (o TCC) sem uma programação? • Como viajar sem ter claro o destino e o caminho a seguir? Dessa forma, a elaboração de um bom projeto de pesquisa é fundamental para termos tranquilidade e clareza do caminho, dos meios que utilizaremos para atingirmos nosso objetivo, para chegarmos à nossa finalidade, que é a produção do conhecimento e, evi- dentemente, o seu registro escrito. 18 A função do projeto é organizar a nossa pesquisa. É auxiliar na sistematização das diver- sas etapas da produção do conhecimento, de modo que devemos ter clareza sobre onde queremos chegar. Para isso traçamos estratégias, o passo a passo, ou seja, o método, detalhamos como faremos para atingirmos o nosso objetivo. Definimos nossas fontes e de que maneira elas serão analisadas. Destacamos o recorte temporal e espacial que nosso trabalho abarcará. É por isso que devemos dar total atenção a essa etapa do TCC. Afinal, se não sabemos para onde queremos ir, não vamos a lugar algum. Então, vamos entender um pouco mais sobre a elaboração do nosso projeto de pesquisa? Neste tópico nos concentraremos nas principais fases da pesquisa acadêmica, com a delimitação do objeto de pesquisa, o levantamento bibliográfico, a estruturação geral do trabalho, sua metodologia, sua forma de análise de resultados, entre outros importantes passos. Devemos ter em mente que o projeto de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), bem como o TCC, são um gênero discursivo específico, que atende a premissas conhe- cidas como fundamentais no âmbito das práticas de letramento acadêmico e científico. Ao ressaltar que o projeto de TCC, bem como o TCC, são um gênero discursivo que circu- la na academia, também queremos dizer que existem normas específicas (reconhecidas pela comunidade acadêmica e científica em geral), que precisam ser necessariamente seguidas. Dominá-las indicará o quanto você está preparado para fazer parte de núcleos dessa comunidade, em sentido amplo, circulando nacional e internacionalmente; ou, ain- da, indicará que seu trabalho atende a premissas fundamentais e que você está prepara- do para posterior defesa diante de seus pares, publicação e divulgação, quando o projeto for efetivamente executado como monografia ao final do curso. O mesmo procedimento vale para um artigo científico enviado para uma revista reconhe- cidamente relevante para a comunidade acadêmica e científica. Um artigo também será estruturado segundo os princípios basilares da redação científica, determinada pela cla- reza, pela objetividade, pela concatenação lógico-discursiva respaldada em publicações recentes da área, pela verificabilidade, pela fidedignidade, pela coerência, pela coesão etc. Esteja atento a essas premissas básicas! 19 Para a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso, objetivo desta disciplina, você deverá elaborar um projeto de pesquisa que o guiará nesse processo. O projeto deverá apresentar, resumidamente, os seguintes elementos: I . Capa (obrigatório). II . Elementos pré-textuais: folha de rosto, resumo e sumário (obrigatórios). III . Elementos textuais (obrigatórios). • 1) Introdução. • 2) Definição do tema, com: 2.1 Tema; 2.2 Justificativa; 2.3 Problema de Pes- quisa; 2.4 Hipóteses. • 3) Objetivos, com: 3.1 – Objetivo geral; 3.2 – Objetivos específicos. • 4) Embasamento teórico. • 5) Metodologia da pesquisa, com: 5.1 - Sujeito da pesquisa; 5.2 - ICD (Instru- mento de coleta de dados); 5.3 - Corpus; 5.4 - Análise de dados. • 6) Recursos. • 7) Cronograma. Para saber mais sobre aspectos da condução do trabalho científico no contex- to do gênero “projeto de pesquisa”, examine: PEROVANO, D. G. Manual de metodologia da pesquisa científica. Curitiba: In-tersaberes, 2016, p.323-338. ISBN: 9788559720211. Biblioteca Virtual. Ampliando o foco O seu projeto de pesquisa não é o seu TCC. São fases diferentes da pesquisa. O projeto é a organização da investigação. É uma “promessa” do que será feito. É um passo a passo de como você elaborará a sua exploração/análise. Já o TCC é o registro do resultado da pesquisa que foi elaborada a partir do projeto que tratamos aqui. Fique atento a isso. Importante 20 IV . Elementos pós-textuais: Referências (obrigatório), apêndices e anexos (opcional). Como parte da estrutura do projeto, se necessário (portanto, são opcionais), como ele- mentos pré-textuais você poderá inserir os seguintes elementos após a Folha de rosto: • Lista de ilustrações. • Lista de tabelas. • Lista de quadros. • Lista de abreviaturas e siglas. • Lista de símbolos. Agora vamos apresentar uma espécie de roteiro para a escrita do projeto final de TCC, seguindo os parâmetros acima elencados para os elementos obrigatórios referentes à parte textual do projeto. Cada item obrigatório do projeto de TCC será apresentado em parágrafos específicos. Apenas a parte referente à metodologia receberá um tratamento diferenciado, tendo em vista sua especificidade, a depender da área de pesquisa ao qual seu projeto estará ali- nhado. Em princípio, vamos considerar que a sua pesquisa trabalhará com coleta e aná- lise de dados; mas sabemos que você poderá optar pela análise literária, o que deman- dará outra organização. Veremos passo a passo como se dá essa distinção, que poderá ser adaptada conforme as demandas de pesquisa. Passo a passo Seção 1: Introdução Primeiramente, seu projeto de TCC oferecerá, na seção 1, a Introdução. Apresente o âm- bito temático do projeto, que será posteriormente desenvolvido como TCC. Para distinguir os diversos caminhos possíveis no âmbito de uma pesquisa científica (como escolher um tema, definir um problema de pesquisa, estabele- cer hipóteses de pesquisa, os instrumentos de coletas de dados, entre outros elementos), leia: MASCARENHAS, S. A. (Org.) Metodologia científica. São Paulo: Pearson Edu- cation do Brasil, 2012. p. 64-82. ISBN: 9788576050476. Biblioteca Virtual. Ampliando o foco 21 Você deverá contextualizá-lo cuidadosamente, de modo que qualquer leitor, mesmo que não versado em seu campo de pesquisa, possa compreender as linhas gerais de seu trabalho. Faça conexões entre o tema a ser desenvolvido no TCC. Seção 2: Definição do Projeto, com 2.1 Tema; 2.2 Justificativa; 2.3 Pro- blema de Pesquisa; 2.4 Hipóteses. Essa seção do projeto deve trazer necessariamente os seguintes itens: Tema, Justifica- tiva, Problema de Pesquisa e Hipóteses. Procure discutir cada um dos elementos em subitens. O Tema deve ser apresentado de modo objetivo, com poucas palavras. Em Justificativa conte um pouco sobre como se deu sua aproximação do tema. Será fundamental defender a pesquisa, apontando sua relevância para a área de trabalho, para o curso, para a pesquisa acadêmica, para a sociedade etc. Se você desenvolve trabalho na área educacional, mencione documentos que oferecem parâmetros seguros para a área. Por exemplo, você pode mencionar o que apresentam os PCNs (BRASIL, 1997), a LDB (BRASIL, 1996), a BNCC (BRASIL, 2018) etc. Para conhecer mais sobre como elaborar sua pesquisa qualitativa, com enfoque em elementos como “análise de dados” e delineamento da pesquisa”, acesse: BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto: imagem e som – um manual prático. Tradução: Pedrinho Guareschi. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2015. p. 17-26. Biblioteca Virtual. Ampliando o foco • Análise do uso de tecnologia como instrumento assertivo no Ensino Fun- damental I, nas escolas públicas do Rio de Janeiro. • Proposição didática para os alunos de inclusão no Ensino Fundamental I nas escolas publicas e privadas, à luz da BNCC. Exemplo 22 A Problemática de sua pesquisa será, então, apontada. Você pode colocar itens bem delimitados, em forma de perguntas. Demarque cerca de três perguntas básicas para sua pesquisa. Por fim, escreva as Hipóteses relativas ao trabalho científico. Essas hipóteses serão ela- boradas em conformidade com a problemática. Para três perguntas procure definir três possíveis modos de abordá-la, ou seja, três hipóteses bem elaboradas. Essas hipóteses deverão ser confirmadas ao longo de seu trabalho, que ocorrerá em fase posterior. Atenção A primeira entrega do projeto (versão parcial) já conterá essa seção. Seção 3: Objetivos Nessa seção os Objetivos serão expressamente colocados. No interior dessa seção deve haver divisão entre: Objetivo Geral (apenas um) e Objetivos Específicos (podem- se apresentar vários objetivos específicos, em conformidade com os passos da pesqui- sa). Os verbos ficam no infinitivo. Veja que a versão parcial do projeto também apresen- tará os objetivos gerais e os objetivos específicos. Observe atentamente o cronograma de entrega. Seção 4: Embasamento teórico A seção 4, composta pelo Embasamento teórico, oferecerá um panorama convincente (embora relativamente delimitado, pois é uma pesquisa de nível de graduação) sobre o estado da pesquisa na área escolhida. A familiarização com referências bibliográfi- cas recentes deve ficar patente nessa parte do trabalho. As referências bibliográficas devem ser compostas preferencialmente por textos acadêmicos reconhecidamente re- levantes, publicados nos seguintes formatos: artigos em revista científica com corpo editorial consolidado, ensaios publicados em livros, monografias de graduação, disser- tações de mestrado, teses de doutorado e pós-doutorado disponíveis em plataformas de divulgação científica etc. Esses elementos bibliográficos deverão ser apresentados no corpo do trabalho, direta ou indiretamente, com a devida referenciação, de acordo com as normas da ABNT. Para relembrar, esta sigla corresponde à Associação Brasileira de Normas Técnicas, que é o 23 órgão brasileiro responsável pela normalização técnica no país. É também crucial de- terminar quais teorias serão empregadas — de modo bem fundamentado — para dar solidez à pesquisa. A parte teórica do TCC deve estar amarrada de modo coerente aos temas e aos objetivos da pesquisa. Escolha um número razoável de autores (ao menos, discorra sobre cinco boas referências) para discutir sua contribuição para a área de pesquisa em geral, e as perspectivas de aporte para o seu trabalho, em particular. Veja que não pedimos, nesse momento, uma revisão da bibliografia, o que deverá ser feito em momento oportuno, no próprio TCC. Seção 5: Metodologia da pesquisa Ainda sobre a questão metodológica, é preciso definir algumas subseções, a depender do tipo de pesquisa escolhido. Ou seja, você deve deixar muito claro como fará a seleção e o tratamento dos dados de sua pesquisa. Defina o tipo de pesquisa, empregando para tal boas referências de metodologia de pesquisa científica (vide Referências deste do- cumento). Você poderá classificar sua pesquisa como: pesquisa bibliográfica, pesquisa descritiva, pesquisa experimental ou pesquisa exploratória (cf. CERVO, 2007). A depender do trabalho a ser desenvolvido, há vários caminhos. No caso de uma pesquisa com informantes, você deve caracterizar, com subseção se- paradamente (subseção 5.1), os sujeitos: são alunos, professores, profissionais da edu- cação, moradores de uma determinada localidade? Qual sexo, classe social, idade etc.? Essa caracterização dependerá também dos objetivos de sua pesquisa. Também será necessário especificar, em diferente item (subseção 5.2), o Instrumento de Coleta de Dados (ICD). Expresse, de modo claro, como os dados serão coletados: questionários, exercícios, transcrições, gravações de aulas são algumas das possibili- dades. Nesse momento, você deve definir o tipo de pesquisa (qualitativa, quantitativa, qualiquantitativa etc.; pesquisa de campo, estudo de caso etc.). Em outra parte (subseção 5.3) você deverá descrever o corpus, a ser caracterizado com baseno modo escolhido para a coleta de dados. Em Análise de dados (subseção 5.4) exponha como você pretende relacionar e articular os dados coletados (as respostas dos sujeitos informantes etc.) com o embasamen- to teórico-metodológico exposto na parte do embasamento ou da revisão bibliográfica. Lembre-se, entretanto, que os alunos que pretendem realizar pesquisa na área de Litera- 24 tura, Teoria Literária, Literatura Comparada, Poesia e Narrativa (ou seja, que fazem parte da grande área de “Estudos Literários”) não devem seguir esse roteiro em metodologia, pois sua pesquisa terá uma abordagem de tipo bibliográfica. Seção 6: Recursos Em seguida, abra uma seção intitulada Recursos. Aponte os Recursos Humanos de sua pesquisa, se houver (necessário para quem tem pesquisa de campo, estudo de caso etc.). Os Recursos Bibliográficos devem dar conta do conjunto das referências emprega- das para o seu trabalho, podendo ser: livros físicos e digitais, anais de eventos científicos, revistas científicas, sites de internet, acervo da escola, acervo pessoal etc. Seção 7: Cronograma Encerrando seu projeto de TCC, haverá uma seção específica com o Cronograma da pesquisa. A indicação de cada fase do trabalho oferecerá a segurança de que o projeto é viável, considerando recursos e prazos. A organização é crucial. Veja um modelo possível de cronograma: Fases do projeto Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Leitura de textos teóricos. X X Entrega do projeto. X Levantamentos de como os autores apresentam o tema da pesquisa. X X Seleção do tema para as composi- ções e elaboração do questionário. X Para dominar elementos da pesquisa qualitativa, consulte: CARDANO, M. Manual de pesquisa qualitativa: a contribuição da argumenta- ção. Tradução: Elisabeth da Rosa Conill. Petrópolis: Vozes, 2017. p. 23-45. ISBN: 9788532655028. Biblioteca Virtual. Ampliando o foco 25 Levantamento de como os autores apresentam as dificuldades mais re- correntes sobre os assuntos correlatos. X X Aplicação do tema e do questionário. X Análise das produções elaboradas pe- los alunos e dos questionários (Elabo- ração do Capítulo 3 da monografia). X X Comparação entre as dificuldades apresentadas nas produções dos alunos. X Apresentação dos resultados. X X Conclusão. X Entrega e defesa. X Seções finais: Referências, anexos e apêndices A seção obrigatória de encerramento será Referências. Você deve relacionar todas as fontes de pesquisa utilizadas em seu trabalho, tanto as citadas quanto as não mencio- nadas explicitamente, mas de algum modo consideradas relevantes. Podem ser textos acadêmicos como artigos, ensaios, textos publicados em revistas científicas, outras mo- nografias, dissertações de mestrado, teses de doutorado e demais livros, todos referen- ciados em ordem alfabética de acordo com o sobrenome do autor, que deverá ser grafa- do em letra maiúscula, em conformidade com a ABNT. Você também deve referenciar itens não acadêmicos que considere importantes para a pesquisa. Não se esqueça de verificar sempre as normas da ABNT para elaborar a refe- renciação. Tome cuidado para selecionar apenas trabalhos com prestígio. Se necessário, coloque uma seção de Anexos ou Apêndices. Os Anexos apontam os trabalhos que considere importantes para o projeto e que não foram escritos por você. Por sua vez, os Apêndices englobam os trabalhos realizados por você. Observe que o tema desses trabalhos relacionados ao final precisa estar conectado ao seu projeto de algum modo, a fim de que a estruturação geral fique coerente. Organize os documentos na sequência assim esboçada: ANEXO A, ANEXO B etc.; APÊNDICE A, APÊNDICE B etc. 26 A escrita do seu Trabalho de Conclusão de Curso Nesse momento entendemos que você elaborou o seu projeto e o desenvolveu de acor- do com o cronograma proposto, orientado pelo seu professor. Portanto, a sua investiga- ção foi desenvolvida e chegou agora a hora de relatar os resultados da sua exploração a partir de uma escrita acadêmica. Lembre-se: na redação do seu TCC você deverá relatar todo o processo de desenvolvimento do seu trabalho, apontando os caminhos tomados e os resultados atingidos. Sugerimos que você utilize as seguintes etapas na escrita do seu TCC (como alguns desses pontos já foram abordados quanto pautamos a execução do projeto, não nos repetiremos): I . Capa (obrigatório). II . Elementos pré-textuais: folha de rosto, resumo e sumário (obrigatórios). III . Elementos textuais (obrigatórios). 1) Introdução A exemplo do que foi feito no projeto, é na introdução que você apresentará a sua pes- quisa, a sua proposta, que foi desenvolvida e será abordada nas demais etapas. Além de apontar do que trata o seu trabalho, você deverá destacar o seu objeto de pesquisa, objetivos e metodologia. Isso é importante para que o leitor tenha clareza do que será abordado no decorrer do texto. Para saber mais sobre a escrita do Trabalho de Conclusão de Curso, ler a Parte III, A Redação de um Trabalho de Conclusão da seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual: MARTINS JÚNIOR, Joaquim. Como escrever trabalhos de conclusão de curso: instruções para planejar e montar, desenvolver, concluir, redigir e apre- sentar trabalhos monográficos e artigos. 9 ed. Petrópolis: Vozes, 2015. ISBN: 9788532636034. Biblioteca Virtual. Ampliando o foco 27 2) Desenvolvimento Essa é a etapa da escrita em que você deverá versar sobre o avanço da sua pesquisa. É importante que o seu desenvolvimento contenha uma revisão bibliográfica (ver na etapa anterior — projeto). Ou seja, você deverá destacar algumas posições centrais sobre o que já foi produzido sobre o seu objeto de pesquisa. A partir de então, você deverá registrar os resultados da sua investigação. É importante destacar que essa etapa do TCC não tem um formato fechado. Junto com o seu orientador, será definida a quantidade de capítulos e subcapítulos de acordo com as necessidades percebidas. 3) Considerações finais Aqui é local em que os resultados atingidos serão registrados. Não quer dizer que no decorrer do desenvolvimento não existam constatações. Sim, elas existem e devem fa- zer parte do desenvolvimento. No entanto, as considerações finais devem conter um compêndio de todo o trabalho realizado em suas mais distintas variáveis. Isso quer dizer que os resultados atingidos deverão ser destacados, assim como impressões pessoais e dificuldades que ocorreram no decorrer da pesquisa poderão fazer parte desta etapa. É um fechamento, no qual as impressões e a produção são destacadas. 4) Elementos pós-textuais: Referências (obrigatório), apêndices e anexos (opcional). (Ver etapa anterior – Projeto) Enfim, a escrita de um TCC difere do projeto por apresentar as consequências, os resul- tados daquilo que foi planejado. No entanto, muito do que foi trabalhado inicialmente no projeto deve estar contido na versão final do TCC, conforme apontamos acima. Lembre- O seu orientador é o seu parceiro na escrita do TCC. Não deixe de consultá-lo. A experiência e o conhecimento do professor serão fundamentais nesse mo- mento que, certamente, trará muitas dúvidas. Tudo isso, contudo, faz parte do crescimento e do amadurecimento acadêmico de todos. Importante 28 se: um projeto é um planejamento, ao passo que uma monografia é a elaboração de todo o caminho percorrido com os resultados da sua pesquisa. Não se preocupe se você ainda não tem bem claro tudo o que deve ser feito. Você terá um professor orientador que lhe auxiliará em todas as etapas do seu trabalho de conclusão de curso. Normatização de referências e citações CAPÍTULO 3 30 Normatização de referências e citações A Associação Brasileira de Normas e Técnicas – ABNT vem trabalhando com a pers- pectiva de melhorar a qualidade dos trabalhos científicos/acadêmicos visando adequar as demandas que o meio acadêmico sugere. Nossa universidade, com o intuito de modernizar a elaboraçãode seus trabalhos, em todas as ocasiões, procura se manter atualizada e atuar em conformidade com as orientações presentes na NBR 6023, edita- da em agosto de 2002 pela ABNT. A NBR 6023 versa especificamente sobre Referên- cias em trabalho científico. Em 2018, uma versão mais recente da NBR 6023 foi publi- cada, alterando algumas especificações anteriores. Aos poucos, os novos parâmetros entrarão na academia. Por ora, recomendamos as referências mais atuais em metodologia do trabalho científi- co, publicadas nos últimos anos, para conhecer, de modo prático, instruções que serão suficientes para essa fase de nosso trabalho. Somado a isso, é essencial seguir as normas relativas às citações em documentos e à apresentação de trabalhos acadêmicos. Esse conjunto de elementos será de fundamen- tal importância para convencer seu leitor, professor orientador e seus pares de que você domina os processos e os critérios para a elaboração do seu trabalho científico. Para saber mais sobre as regras de normatização de trabalhos científicos em conformidade com a ABNT (bem como sobre cada elemento do projeto de TCC - Trabalho de Conclusão de Curso), consulte: CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. p. 131-144. ISBN: 9788576050476. Biblioteca Virtual. Ampliando o foco 31 A normatização de referências do TCC apresentará um grande avanço em termos de pesquisa, investigação e elaboração dos trabalhos em sua execução. As orientações da norma são importantes porque consistem em indicar uma forma de referenciar as infor- mações coletadas. A normatização é a “estética” do seu trabalho. Cervo (2006) afirma que as referências são referendadas em meio não tradicional, tendo em vista que temos “eletrônicos, magnéticos e digitais”. A diversidade de fontes acessíveis, com atualização de informações, requer rigor cientí- fico, uma vez que as pesquisas são realizadas de forma sistemática. Por isso, todo cui- dado é pouco ao fazer uma boa revisão de literatura (veja em Ampliando o foco) antes de começar a pesquisar e escrever seu trabalho. Cervo (2006, p.132) também assevera que os meios diversos devem “ser vistos com cautela por parte do pesquisador, pois a motivação para a realização dessas pesquisas é sempre de caráter comercial e/ou políti- co”. Isso é importante, pois a pesquisa para o TCC deve ter fundamentação teórica, bem como indicação dos métodos e técnicas com base nos quais ela foi desenvolvida. Para refletir Diante de todo esse contexto, sei que ficaram algumas perguntas... Vamos lá! Por que a normatização de referências é tão importante para o meu TCC? O que ele realmente objetiva? O que é revisão de literatura? É o resultado da reunião e análise de vários trabalhos referentes ao tema objeto da pesquisa, que procura identificar o referencial teórico mais atualizado de es- tudo dos autores que já escreveram sobre o tema até o momento da pesquisa. O levantamento dessa literatura deve ser muito seleto, minucioso e detalhado, incluindo suas contribuições à luz dos autores selecionados. Ampliando o foco 32 Quanto ao seu objetivo, a normatização de referências pretende se constituir de normas para estabelecer padrões com o objetivo de uniformizar o TCC, com vias a garantir in- formações fidedignas, resguardar os direitos dos autores, promover de forma segura a circulação em diversas fontes de informação, evitando, assim, a duplicidade de fontes a partir de uma padronização. Vamos ver alguns exemplos bem utilizados nos TCCs. Como dissemos, o TCC é um trabalho de pesquisa, investigação, mas também um tra- balho “estético”. Nas referências, por exemplo, vemos bem de perto isso, a partir do mo- mento em que se apresentam características diferentes para citação de livros, internet, e-book, entre outros. Vamos ver alguns? As normas da ABNT que dizem respeito às referências bibliográficas são estabelecidas pela norma atual em vigor, a NBR 6023, de novembro de 2018, que assim define a palavra “referência”: “Conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documen- to, que permite sua identificação individual” (parágrafo 3.9). Os autores Marconi e Lakatos (2017) deixam sua contribuição no capítulo 13, no subtítulo Livros em Esquema, do seu livro Fundamentos de metodologia científica, editora Atlas, que está em Minha Biblioteca sob o ISBN 9788597010763. Em um de seus recortes, exemplifica-nos as possibilidades que podemos usar quanto às referências, seguindo as normas da ABNT. Temos que lembrar que a escrita acadêmica é estética, e, antes de tudo, essas normas trazem uma tonicidade de organização a tudo que se refere à temá- tica desenvolvida. Nosso trabalho será lido por acadêmicos e por leigos e, para tanto, ele deve estar clean, de fácil entendimento e diálógico, mostrando que tudo que foi escrito tem embasamento teórico e pode ser considerado um exemplo para os próximos pes- quisadores que, eventualmente, se servirão desse arcabouço teórico e dos resultados da análise para aprofundar cada vez mais a pesquisa. Você poderá consultar um exemplo de projeto de pesquisa resumido em: BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de Metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. p. 149-158. ISBN: 9788576051565. Biblioteca Virtual. Importante 33 Tipos de referências Observe antecipadamente todos os tipos de referências com cuidado e zelo. Seu traba- lho deve ficar totalmente de acordo com as normas, principalmente para que você não precise dedicar-se a nenhum retrabalho, como organizar suas referências somente no fechamento de tudo. ESQUEMA Último Sobrenome Autor/Primeiro nome Autor/Título do livro/Subtítulo (se tiver)/Cidade onde foi publicado/Editora/Ano de publicação/Os elementos devem ser separados como no exemplo abaixo. A. Citação simples: DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da ciência. São Paulo: Atlas, 1983. B. Citação de livro com subtítulo: REHFELDT, Gládys Knak. Monografia e tese: guia prático. Porto Alegre: Suli- na, 1980. C. Citação de livro traduzido: BODENHEIMER, Edgar. Ciência do direito: sociologia e metodologia teóricas. Tradução de Enéas Marzano. Rio de Janeiro: Forense, 1966. D. Citação de livro de uma coleção ou série: MODESTO, Clóvis A. Inquérito por falta grave. 3. ed. Curitiba: Juruá, 1976. (Prática, Processo eJurisprudência, 18). E. Citação de livro de dois autores: HENRIQUES, Antonio; MEDEIROS, João Bosco. Monografia no curso de direi- to. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. F. Citação de livro de três autores: TAFNER, Malcon Anderson; TAFNER, José; FISHER, Julianne. Metodologia do trabalho acadêmico. Curitiba: Juruá, 1998. 34 O nome dos autores deve aparecer sempre da mesma forma: ou todos os nomes por extenso, ou apenas o sobrenome por extenso e os demais nomes abreviados. Evite-se a mistura: ora um nome abreviado, ora não. G. Citação de livro com mais de três autores: SELLTIZ, C. et al. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: Her- der, 1965. H. Citação de mais de um livro do mesmo autor: DEMO, Pedro. Ciência rebelde: para continuar aprendendo, cumpre desestru- turar-se. São Paulo: Atlas, 2012. DEMO, Pedro. Praticar ciência: metodologias do conhecimento científico. São Paulo: Saraiva, 2011. I. Citação de livro cujo autor é uma entidade. Quando uma entidade coletiva assume integral responsabilidade por um trabalho, ela é tratada como autor. Segue-se exemplo: INSTITUTO PANAMERICANO DE GEOGRAFIA E HISTÓRIA (Venezuela). Fon- tes documentales para la Independência de America. Caracas, 1976. 3 v. BRASIL. Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Estabelecimentos pe- nais. Brasília: Imprensa Nacional, 1966. IBGE. Diretoria Técnica. Geografia do Brasil. Rio de Janeiro: Sergraf-IBGE, 1977. 5 v. J. Citação de livros anônimos: de coletâneas sem editor responsável, enciclo- pédias e dicionários sem editor em destaque: entram pelo título, não sendo sublinhado. Universidadede São Paulo. Catálogo de teses da Universidade de São Paulo, de 1992. São Paulo, 1993. K. Citação de livros pelo compilador ou organizador: BRANDÃO, Alfredo de Barros L. (comp.). Modelos de contratos, procurações, requerimentos e petições. 5. ed. São Paulo: Trio, 1974. Fonte: Lakatos e Marconi (2017, Cap.13, item 1.1). 35 Seguindo ainda com os tipos de citação de que podem lançar mão em seus escritos, vemos em Lakatos (2017, capítulo 13) os demais tipos de referências que poderão ser utilizadas: • Material eletrônico Quando se tratar de textos de origem eletrônica, as informações sobre o endereço ele- trônico são apresentadas após “Disponível em: ...”, sem sinais adicionais. Em seguida, coloca-se: “Acesso em: …”, sem sinais adicionais. Nota: não se recomenda referenciar material eletrônico de curta duração nas redes. CORRÊA, Diego Sanches. Economia, ideologia e eleições na América La- tina. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S0011-52582015000200401&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 21 jul. 2016. • Verbete de dicionário: POLÍTICA. In: DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA. Lisboa: Priberam Informática, 1988. Disponível em: 333.priberam.didlpo. Acesso em: 8 mar. 1999. • Parte de monografia: SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Tratados e organizações ambientais de matéria de meio ambiente. In: SÃO PAULO (ESTADO). Entendendo o meio ambien- te. São Paulo, 1999. v. 1. Disponível em: http://www.bdt.org.br/sma/entendoambientes. Acesso em: 8 mar. 1999. • Capítulo de livro: Publicações consideradas em parte como: colaborações em obras coletivas, atas de congressos, volumes, capítulos, fragmentos, trechos. Elementos essenciais: Autor do capítulo ou parte. Título do capítulo ou parte (sem destacar). Palavra In: (note-se que é o único caso em que se usa In:, nunca para artigos de revistas). Autor do livro todo: se for o mesmo do capítulo, repete-se o seu nome. Local de publica- ção. Editora. Paginação do capítulo ou da parte, dentro da obra. Nota: A pontuação obedece à mesma norma dos livros, como um todo. 36 Ampliando o foco • Publicações periódicas como um todo: Compreendem-se aqui fascículo ou número de revistas, jornais, cadernos, anais etc. Exemplos: REVISTA BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA. São Paulo: USP, 1986, 29 v. Anual. REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA. Rio de Janeiro: IBGE, 1939. Trimestral. Absorveu: Boletim Geográfico do IBGE. Índice acumulado, 1939-1983. ISSN 0034-723X. BOLETIM GEOGRÁFICO. Rio de Janeiro: IBGE, 1943-1978, Trimestral. • Matéria de jornal assinada SILVA, I. G. Pena de morte para o nascituro. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 19 set. 1998. Disponível em: http://www.providafamilia.org/pena-morte-nascituro.htm. Acesso em: 19 set. 1998. • Matéria de jornal não assinada ARRANJO TRIBUTÁRIO. Diário do Nordeste Online, Fortaleza, 27 nov. 1998. Disponível em: http://www.diariodonordeste.com.br. Acesso em: 28 nov. 1998. • Eventos: congressos, seminários, encontros, simpósios, semanas etc. Segundo a NBR 6023: 2018, evento “Inclui o conjunto dos documentos resultantes de evento (atas, anais, proceedings, entre outros” (parágrafo 7.8). Exemplos: SEMANA DE SERVIÇO SOCIAL, 1983. Franca: Unesp – IHSS, 1984. 223 p. IUFOST INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON CHEMICAL CHANGES DURING FOOD PRO- CESSING, 1984, Valencia. Proceedings Valencia: Instituto de Agroquímica y Tecnología de Alimentos, 1984. 37 • Exemplos de citação de tese e dissertação de mestrado: LAKATOS, Eva Maria. O trabalho temporário: nova forma de relações sociais. São Paulo, 1979. XXX f. Tese (Livre-docência em Sociologia) – Escola de Sociologia e Política de São Paulo, São Paulo, 1979. 2 v. SCHWARTZMANN, Saulo Nogueira. Semiótica da composição pictural: o jogo tensivo entre o figurativo e o plástico na série das Ligas de Wesley Duke Lee. 152 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. • Exemplo de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC): HOLANDA, Rita de Cássia. Percepções da reconceituação no curso de Serviço Social. Franca, 1985, 57 p. (Trabalho de Conclusão de Curso) – Faculdade de História, Direito e Serviço Social da Universidade Estadual Paulista – Campus de Franca, 1985. • Apostilas, programas de cursos: MACEDO, Neusa Dias de. Orientação bibliográfica: material didático para a disciplina bibliográfica. São Paulo, Departamento de Biblioteconomia e Documentação, ECA, USP, 1971. 8 p. SODRÉ, Nélson Werneck. Formação histórica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1962. Re- senhado por GARBUGLIO, José Carlos. Revista de Letras, Assis, nº 8/9, p. 319-325, 1966. • Livros Exemplo: MUÑOZ AMATO, P. Planejamento. Rio de Janeiro: FGV, 1955, 55 p. Separata de Introducción a la administración pública. México: Fondo de Cultura Económica, 1955. Cap. 3. • Filmes Se tratar-se de produto comercial, segue-se o modelo seguinte. Exemplo: AMAZÔNIA (filme). Primo Carbonari. 1955. 11 min. son. color. 16 mm (Série Didática). 38 Se for cópia única ou rara, entra pela instituição na qual se encontra. Exemplo: SÃO PAULO. Universidade. Museu Paulista. Hábitos alimentares entre os caiçaras (filme). Projeto Rondon, 1970. 30 min., mudo, color. 8 mm. • Fotografias e cartões-postais Se forem comerciais, entram pelo título. Exemplo: RELÓGIO do sol (cartão-postal). Franca: Objetiva Social. Col. 15 × 11 cm. Se forem únicos e raros, entram pela instituição na qual se encontram. Exemplo: PETRÓPOLIS. Museu Imperial. Princesa Isabel. (Retrato) 30 × 20cm. As referências acima, bem como parte dos exemplos, são do livro de Eva Lakatos (2019) que consta nas referências bibliográficas deste e-book. Citações Continuando os estudos no livro da autora Eva Lakatos (2019, capítulo 13) quanto às citações, vemos que é essencial seguir as normas que serão escritas em documen- Para saber mais sobre Referências: regras gerais de apresentação: LUBISCO, N. M. L.; VIEIRA, S. C. Manual de estilo acadêmico: trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses. 6. ed. Salvador: EDUFBA, 2019. p.103-124. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/29414. Acesso em: 11 mar. 2020. Ampliando o foco https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/29414 39 tos e à apresentação de trabalhos acadêmicos. Veja a seguir, na íntegra, de forma literal, o que será mais importante neste momento para sua escrita, na parte que se refere a CITAÇÕES: • Citações Diretas: Consistem na transcrição literal das palavras do autor. Devem ser transcritas sempre en- tre aspas quando ocuparem até três linhas (parágrafo 5.2 da NBR 10520:2002). Nesse caso, se houver alguma palavra ou expressão destacada com aspas, estas serão simples (não duplas). Exemplo: No texto seguinte, Demo (2012, p. 116-117) faz uma breve citação de Cerulo, que, ao final do livro, constará de suas referências bibliográficas (CERULO, K. A. Nonhuman in social interaction. New York: Amazon Digital Service, 2011). Vejamos a citação: Diz Cerulo (2011, p. 446): “Se a vida social é, em larga medida, construída e não pro- gramada, então os sociólogos precisam periodicamente considerar e revisar o foco de suas pesquisas”. […] Assim como assegurar que a realidade é invariável rigorosamen- te, estruturada fixamente, lógico-experimental é uma petição hipotética, não é menos as- segurar que a realidade seja dinâmica complexa não linear, híbrida, feita de redes abertas de associações de suas entidades. Havendo coincidência de autores com o mesmo sobrenome e data, acrescentam-se as iniciais de seus prenomes. Se, ainda assim, houver coincidência, “colocam-se os preno- mes por extenso” (parágrafo 6.1.2 da NBR 10520:2002). Exemplo: (CASTRO, B., 1989, p. 56) (OLIVEIRA, Andrade, 2016, p. 53) (OLIVEIRA, Almeida, 2016, p. 53) Se houver necessidade de citar diversos documentos de um mesmo autor, cuja data de publicação coincida, eles serão distinguidos “pelo acréscimo de letras minúsculas, em ordem alfabética, após a data e sem espacejamento” (parágrafo 6.1.4). Exemplo: (BUNGE, 1974a, p.12) (BUNGE, 1980b, p. 208) 40 Exemplo, com destaque em negrito: Para Demo (2011, p. 60), as áreas do conhecimento não são superiores uma às outras e seria fundamental superar a tendência de considerar as Ciências Humanas e sociais menores ou não ciências. Do ponto de vista do método científico de cariz lógico-experimental, as Ciências Humanas e sociais mostram dificuldades de aí se encaixarem, embora sempre seja possível esse esforço. Não há qualidade humana que não tenha base quantitativa. Parte da crítica, no entanto, pode ser adequada, porque é comum em Ciências Humanas e sociais o desprezo pela empiria, por exemplo, contentando-se com discursos frouxos, filo- sofantes, verbosos. A norma distingue ainda duas formas para as chamadas: (1) “chamadas pelo sobrenome do autor, pela instituição responsável ou título incluído na sentença devem ser em letras maiúsculas e minúsculas”; (2) “quando estiverem entre parênteses, devem ser em letras maiúsculas” (parágrafo 5 da NBR 10520: 2002). Observe a referência a Demo no exemplo anterior e de Leite no próximo exemplo (os negritos são apenas para destaque): O conjunto de decisões acerca de um mesmo assunto, prolatadas por todas as jurisdições de Direito comum, embora contestadas por alguns, como fonte abusiva do Diretor, é, na realidade, uma fonte incontestável que não pode ser negligenciada pelo pesquisador (LEITE, 1977, p. 93). Citações com mais de três linhas são transcritas em parágrafo próprio, “desta- cada com recuo de 4 cm da margem esquerda, com letra menor que a do texto utilizado e sem as aspas” (parágrafo 5.3). Importante 41 • Citações Indiretas Citações indiretas são constituídas por paráfrases de um texto de terceiros. Podem con- ter um resumo das ideias apresentadas em um texto citado, um comentário, uma crítica etc. Conforme o parágrafo 3.4 da NBR 10520, esse tipo de citação não admite aspas. Dois são os tipos: No primeiro caso, citamos apenas o sobrenome do autor e o ano da obra entre parênteses. No segundo caso, temos uma referência a um trecho específico de sua obra, a um parágrafo ou a um enunciado. Suponhamos, no primeiro caso, que estamos fazendo referência ao livro Metodologia das ciências sociais, de Max Weber (5ª edição, publicado pela Cortez Editora e Editora da Unicamp, em 2016): Para Weber (2016), a objetividade das Ciências Sociais apoia-se na neutralidade valorati- va. Daí, sua preocupação com o rigor da explicação causal. A afirmação é genérica; constitui o tema de sua obra. Por isso, não se refere a uma pá- gina específica. Todavia, se fazemos referência ao conceito de dominação legal e nos baseamos em um trecho específico de sua obra, então a indicação precisa da página é necessária: No segundo caso, vejamos o exemplo: Para Weber (2016, p. 544), o tipo mais comum e tecnicamente mais puro de dominação legal é a dominação burocrática. Postula, no entanto, que nenhuma dominação é exclusi- vamente burocrática, visto que nenhuma é exercida apenas por funcionários contratados. • Citações de Citações De modo geral, deve-se evitar fazer citação que terceiros citaram, o que se denomina citação de citação, ou seja, não se teve contato com a obra citada, mas por meio de uma citação de terceiros. Todavia, há casos em que se revela impossível a consulta ao origi- nal. Nesse caso, faz-se a citação, valendo-se da expressão latina apud (apud significa “citado por”). Exemplo: Em pesquisa científica, “não formular o problema é andar às cegas” (DEWEY apud RU- DIO, 2014, p. 19). RUDIO, 2014 apud DEWEY, I. Editoração científica. São Paulo: Ática, 1981. p. 12. 42 Notas explicativas O autor do trabalho pode fazer uso do rodapé quando considerar necessário fazer comentários ou prestar qualquer esclarecimento sobre algum assun- to. Essas notas são numeradas com algarismos arábicos e por capítulo. • Notas de rodapé Se o autor não utilizou o sistema autor-data e pretende utilizar notas de rodapé, deverá fazê-lo numerando as referências no texto e colocando no rodapé a referência completa, da mesma forma que procede com relação à lista de referências do final de seu texto (li- vro etc.). A NBR 10520:2002 afirma no parágrafo 6.2: Neste sistema, a indicação da fonte é feita por uma numeração única e consecutiva, em algarismos arábicos. Para a norma, ainda, no parágrafo 6.2.1, “a indicação da numeração pode ser feita entre parênteses, ali- nhada ao texto, ou situada pouco acima da linha do texto em expoente à linha dele, após a pontuação que fecha a citação”: Exemplo de como escrever Nota de Rodapé Para Demo¹, “a fé dispensa argumento, estabelecendo um vínculo forte e afetivo com entidade transcendental que não cabe no método científico”. No rodapé, deve aparecer: 1 DEMO, Pedro. Praticar ciência: metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 153. Ibidem (ou sua abreviatura: Ibid. – que significa na mesma obra) Expressão usada quando duas ou mais notas de rodapé referem-se à mesma obra, sen- do apresentadas na mesma página, uma imediatamente após a outra. Deve-se indicar a página de onde foi retirada a informação ou citação, mesmo que coincida com a da nota anterior. Exemplo: 1 ECO, H. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1977. p. 13. 2 Ibidem, p. 13. 3 Ibidem, p. 95. 43 Essa expressão significa que se está referindo a uma obra citada nas páginas anteriores ou na mesma página, tendo ou não outra nota intercalada. Sempre que iniciar novo ca- pítulo, ainda que uma obra tenha sido citada em capítulo anterior, repita as informações completas na primeira vez. O Template e a Defesa • O Template Espera-se do estudante que seu material esteja completamente organizado e, para isso, seu check list deve estar totalmente concluído. A parte escrita do Projeto deverá conter entre 10 a 15 páginas, em sua totalidade, e o TCC – Trabalho de Conclusão de Curso so- mará de 30 a 40 páginas . O tempo da defesa deverá ocupar entre 15 a 20 minutos, em dia e horário acordados antecipadamente com seu professor orientador. Você levará o template de apresentação de trabalho organizado para sua apresentação. Vamos ver o passo a passo com os itens em negrito para fazer uma apresentação muito bacana! • Escrita pronta. • Revisado tanto as normas ABNT, como gramaticalmente, assim como o abstract. • Professor orientador deu Ok. • Arquivo em Word enviado ao professor orientador e aos professores da banca. • Uma cópia impressa para levar no dia da Defesa para possíveis ajustes. • Template de apresentação pronto. Para saber mais sobre elaboração de citações (tanto diretas quanto indiretas), com um modelo de elaboração de referências bibliográficas, consulte: MASCARENHAS, S. A. (Org.) Metodologia científica. São Paulo: Pearson Educa- tion do Brasil, 2012. p. 111-114 e na sequência p. 114-120. ISBN: 9788564574595. Biblioteca Virtual. Ampliando o foco 44 • A Defesa – Preparação para o grande dia. • Com o CD comprado para depois do OK final da Banca, copiar o arquivo final para entregar na CAA (Central de Atendimento ao Aluno). Verificar junto à secretaria se todos os documentos estão atualizados para a hora de ser chamado para o dia da formatura. • A Defesa – Preparação para o Grande Dia! • Construa um template com o orientador, que está na página principal da disciplina, apresentando palavras-chave, frases curtas ou imagens, de acordo com o solicita- do, para sua apresentação. • Lembre-se de que é uma defesa de TCC, logo, você tem de estar bem arrumado. • A Apresentação é de pé, salvo algum relato a pedido do aluno. • Treine em casa antes na frente do espelho. • Procure ler o template e, ao se dirigir à banca, use um tom de voz audível e caden- ciado, com calma. • Não use termos como “tá”, “né”, “então” e gírias. • Manter água por perto, bebericar se necessário, para evitar falha na voz. • Não gesticule muito, nem cruze os braços. • Não peça desculpas pelo nervosismo ou por não ter dedicado mais tempo para preparar-se. Lembre-se de que sua defesafaz parte de sua avaliação e vai muito além disso, pois é algo que você fará inúmeras vezes em frente de equipes, gestores, entre outros. Documentos – Qual sua importância? Ao longo do curso você pode ter se casado, divorciado, se mudado, ter sido furtado, fez uma nova carteira de identidade, tem pendências na biblioteca da universidade e/ou, quando entrou para a graduação, entregou a Declaração de conclusão do Ensino Médio e ficou de levar o certificado? Os anos se passaram e você se esqueceu disso? Então, atualize imediatamente, reveja cada um desses itens e, de preferência, antes mesmo de começar toda sua escrita. Há documentos que demoram para ficar prontos, como a Declaração do Ensino Médio. 45 Se tiver alguma dessas pendências, mesmo com todas as notas lançadas, aprovado(a), Defesa apresentada com louvor, não poderá se formar junto com a sua turma. Já pen- sou? Não, não quero nem pensar! Quero ver você lá no anfiteatro, com seu canudo na mão e jogando o chapéu para o alto, com o seu melhor sorriso, porque será o sorriso da vitória! Considerações finais CAPÍTULO 4 47 Considerações finais Nesta unidade vimos que devemos demonstrar, da melhor forma possível, as questões acadêmicas acerca das normas e da estética do TCC. Por enquanto, recomendamos as referências mais atuais em metodologia do trabalho científico publicadas nos últimos anos, para que você conheça, de modo prático, instruções que serão suficientes para essa fase do nosso trabalho. A finalização do TCC representa a capacidade científica do acadêmico para o exercício de sua profissão, quer no ambiente escolar ou em espaços não escolares. A prática do- cente/empresarial deve ser fomentada por novas ideias ao modificar ou implementar novos modos de agir. Desse modo, a pesquisa aponta os caminhos para essa ocasião. Seu objetivo é a normatização de referências, bem como das citações, que vêm somar valor ao momento da apresentação do trabalho, sendo este o ponto máximo do TCC, com vias a garantir que seu trabalho seja único, devido ao protagonismo e a autonomia desenvolvidos durante a sua escrita. 48 ARROYO, M. G. Conhecimento, Ética, Educação e Pesquisa. Revista ECurriculum, v. 2, n. 2, junho de 2007. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/ article/view/3163. Acesso em: 9 mar. 2019. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: 2018. Informação e documentação. Referências. Elaboração. 2. ed. Rio de Janeiro, 2018. 74 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: informação e docu- mentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. 3. ed. Rio de Janeiro, 2011. 11p. BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tra- dução: Paulo Bezerra. 5.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010. BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. 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