Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Acidente Vascular Cerebral Quadro clínico ↝ Os sintomas mais comuns na instalação do AVC são: ⬩ Alteração de forças e/ou sensibilidade em um ou ambos os lados do corpo; ⬩ Dificuldade da fala; ⬩ Confusão ou dificuldade para entender ou se comunicar; ⬩ Dificuldade para marcha ou equilíbrio; ⬩ Dificuldade para enxergar com um ou ambos os olhos; ⬩ Cefaléia súbita ou atípica. ↝ Comprometimento da força muscular: padrões alterados de ativação muscular em que o grau de fraqueza pode variar entre a incapacidade total de conseguir alguma contração visível (PLEGIA) e o comprometimento mensurável na geração de força (PARESIA). ⬩ Sendo a mais comum, a HEMIPLEGIA, que se caracteriza a perda de função motora do hemicorpo contralateral ao lado em que ocorreu a lesão. ↝ Também comum no quadro clínico, tem o déficit sensorial, que varia em intensidade, área e modalidade. ⬩ Na fase aguda pós-AVC, as alterações sensoriais podem atingir 85% dos casos. ⬩ A propriocepção (capacidade de reconhecer a localização espacial do corpo) e a estereognosia (capacidade de reconhecer um objeto pela percepção tátil) são mais frequentemente prejudicadas do que a sensibilidade tátil. ⬩ A função sensorial tem relação com a função motora, de modo que os déficits sensoriais interferem no desempenho de atividades e na reabilitação. ↝ Déficit do controle postural e equilíbrio, onde os pacientes com AVC apresentam assimetria, na qual a maior parte do peso, nos movimentos de sentar e levantar é transferida para o lado hígido, isso provoca os desequilíbrios. ⬩ O comprometimento do equilíbrio em pacientes hemiplégicos é esperado, uma vez que o equilíbrio normal exige desempenho efetivo dos sistemas sensoriais (visual, vestibular e somatossensorial) e controle motor (força muscular, coordenação, comprimento do músculo e taxa de resposta do indivíduo – tempo de reação) e essas capacidades estão frequentemente comprometidas após um AVC. ⬩ A mobilização precoce nas primeiras 24h está associado a um desfecho não favorável de recuperação após 3 meses. ↝ Logo após o AVC, é comum apresentar um tônus flácido (HIPOTONIA), porém em 90% dos casos, na fase crônica é comum ter espasticidade (HIPERTONIA ELÁSTICA). ⬩ Reflexos anormais, que nos estágios iniciais provocam hiporreflexia, durante os estágios intermediários é marcado pela espasticidade, hiperreflexia, clônus, reflexos primitivos e Babinski positivo. ⬩ Padrões sinergísticos anormais, onde o paciente não é capaz de movimentar um segmento isolado do membro sem produzir movimentos no restante do mesmo. Quais sinais interferem de forma signi�cativa no desempenho funcional de indivíduos com lesão de NMS? ↝ SINAIS POSITIVOS: Espasticidade, sinal de babinski, clônus, hiperreflexia, co contração, espasmos e reações associadas. ↝ SINAIS NEGATIVOS: Fraqueza muscular, perda de coordenação e agilidade motora e fadiga. Espasticidade ↝ É uma desordem motora caracterizada pelo aumento do tônus muscular, velocidade dependente com exacerbação dos reflexos tendinosos profundos (hiperreflexia) – resultantes da hiperexcitabilidade do reflexo de estiramento, além de ser um sinal de lesão de neurônio motor superior. ⬩ A fisiopatologia da espasticidade não está bem esclarecida, porém há um consenso que ocorre a perda da influência inibitória do NMS sobre o NMI (motoneurônio), ou seja, o NMS não inibe mais o NMI, deixando-o livre para realizar a contração quando bem entende. ⬩ As manifestações clínicas da espasticidade são: dores, posturas anormais e resistência aumentada ao movimento, esse último podendo levar a problemas secundários, como: alterações viscoelásticas do músculo; contraturas musculares; fibrose musculares e atrofia. Padrão patológico Não é um padrão engessado!! ↝ Padrão flexor dos MMSS: Adução e rotação interna no ombro, flexão de cotovelo, pronação de antebraço, flexão de punho e dedos e adução do polegar. ↝ Padrão extensor dos MMII: Extensão e adução do quadril, extensão de joelho, inversão de tornozelo e flexão plantar e de dedos. Complicações da hemiplegia ↝ A recuperação de um paciente com hemiplegia constitui-se em um grande desafio, tanto pela complexidade das funções perdidas, quanto pela alta incidência de dor no ombro (dor ao movimento e, em casos graves, ao repouso), resultando em impacto negativo no processo de reabilitação. ⬩ O início da hemiplegia pode comprometer os princípios biomecânicos normais e a estabilidade do complexo do ombro, devido a perda do controle motor e do desenvolvimento de padrões anormais de movimento; secundariamente, ocorrem alterações em tecidos moles e desalinhamento da articulação glenoumeral. ↝ Possíveis causas para as dores de ombro em hemiparéticos: ⬩ Espasticidade: considerada uma das causas mais importantes para o desenvolvimento de dor no ombro hemiplégico, como fator de atuação direta na limitação de ADM e no desalinhamento da articulação gleno-umeral. ⬩ Limitação de ADM: fenômeno observado e muito descrito concomitante às causas de dor no ombro hemiplégico, na grande maioria dos estudos na literatura. O uso excessivo de tipoias, que mantém o membro em pronação e adução, facilita o aparecimento de capsulite adesiva e distrofia simpático-reflexa (DSR). ⬩ Ombro congelado e capsulite adesiva: em geral reunidos em um único grupo, cujo acometimento é na cápsula que se apresenta fibrosada e inelástica com diminuição do volume do líquido sinovial, constituem uma outra causa frequente de dor nessa população em virtude do comprometimento da ADM do ombro, em todas as direções, especialmente às rotações interna e externa. ⬩ Distrofia simpático-reflexa (DSR) - síndrome ombro-mão: desenvolvem quadro álgico intensos (dor neuropática – queimação e parestesia), associado a edema, rigidez articular, lesões cutâneas e atrofia óssea aguda. Além dos sinais clínicos de disfunção autonômica (cianose, frio e alteração de transpiração) e alterações motoras. A fisiopatologia não está totalmente esclarecida, mas o aparecimento do SDRC surge por três vertentes: inflamação neurogênica, disfunção do sistema nervoso autónomo e alterações da neuroplasticidade do sistema nervoso central (SNC). ⬩ Lesões de partes moles: Representadas, particularmente, pelas lesões de tendão, cuja prevalência é de cerca de 25% no ombro do lado comprometido de pacientes com história de AVC e sequelas de perda de força e espasticidades. As artropatias degenerativas e a ruptura do manguito rotador também podem estar presentes também em 16% no lado hígido (overuse). ↝ Ombro subluxado é uma complicação frequente após o AVC, em especial nos estágios iniciais e também uma causa de dor nessa população. Nem todo mundo que tem dor tem subluxação e vice-versa. ⬩ Fatores que influenciam na subluxação: (1) mecanismo de compressão/concavidade/sucção; (2) atuação muscular em deltóides e manguitos rotadores; (3) cápsula articular; (4) ligamento coracohumeral; (5) posicionamento escapular. ⬩ Fatores que preditores da subluxação de ombro: lesão do NMS. Marcha ceifante ou hemiparética ↝ Observa-se a flexão do membro superior com extensão do membro inferior no hemicorpo acometido. ⬩ Como consequência, o membro inferior não consegue suportar completamente o peso durante a fase de apoio, além de não se projetar para frente durante a fase de balanço, a não ser como um todo em circundução. ↝ FASE DE APOIO: ⬩ O lado hemiparético apresenta propriocepção prejudicada, o tronco é deslocado para frente pela anteriorização do centro de gravidade; com isso, o quadril permanece em adução ou flexão, e os adutores encontram-se espásticos. ⬩ Não há seletividade na ação dos músculos extensores do quadril, extensores de joelho e flexores plantares; o quadríceps apresenta grave espasticidade, e, durante a progressão da marcha para frente, ocorre hiperextensão do joelho (recurvatum). ⬩ Os músculos gastrocnêmios e o sóleo encontram-se espásticos posicionado o pé em equinovaro e a fraqueza de tibial anterior impede que o paciente faça a dorsiflexão do tornozelo, não havendo o toque de calcanharcomo na marcha normal - comprometendo a absorção do impacto no contato inicial. ↝ FASE DE BALANÇO: ⬩ O paciente faz a circundução (abdução exagerada) do membro parético, porque há fraqueza dos flexores de quadril e espasticidade de quadríceps e não ocorre a liberação correta do pé por causa da espasticidade dos flexores plantares, o pé está na posição de equinovaro, e os dorsiflexores não possuem força, fazendo com que os artelhos sejam arrastados. ↝ Quando o peso é transferido para o lado parético devido às alterações de tônus, fraqueza muscular ou perda de mobilidade, a capacidade para manter apoio único do membro parético é diminuída e a estabilidade comprometida, resultando em uma marcha assimétrica sem acoplamento dos membros, com diminuição do passo. ⬩ O tempo de apoio mais curto e a passada menor, favorecem o aumento de risco de quedas. Complicações secundárias ↝ Incontinência urinária: devido a distúrbios no controle do esfíncter e/ou perda sensória; ↝ Distúrbios na função intestinal; ↝ Epilepsia; ↝ A trombose venosa profunda (TVP) e o embolismo pulmonar são complicações em potencial para todos os pacientes imobilizados. A incidência de TVP em pacientes com AVC chega a 47% com a estimativa de 10% de óbitos atribuídos ao embolismo pulmonar.
Compartilhar