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C A R L O S H E N R I Q U E S I L V A S O A R E S GUIA PRÁTICO: PROCEDIMENTOS DE ENFERMAGEM SUMÁRIO Aferição da Pressão Arterial.............................................................02 Aferição da Frequência Respiratória...........................................04 Mensuração da Temperatura.........................................................05 Aferição do Pulso..................................................................................07 Cateterismo Vesical............................................................................09 Sondagem Nasogátrica......................................................................11 Aspiração de Vias Aéreas..................................................................13 Oxigenoterapia.......................................................................................15 Administração de Medicamentos..................................................18 Vias Parenterais e Cuidados de Enfermagem.........................25 Cuidados com Feridas........................................................................35 Posições para Exames........................................................................46 Banho no Leito.......................................................................................50 Aplicação de Calor e Frio..................................................................52 Admissão, Tranferência e Alta do Paciente..............................54 Lavagem Instestinal ou Enema......................................................58 Cuidados com Colostomia...............................................................60 Cuidados com Gastrostomia...........................................................62 Cuidados com Cistostomia..............................................................64 Cálculo de Medicamentos................................................................70 01 02 Pressão Arterial (PA). A pressão arterial é a força exercida sobre as paredes de uma artéria pelo sangue pulsando sob pressão a partir do coração. A unidade-padrão para medir a PA é milímetros de mercúrio (mmHg). 03 Pressão Arterial (PA). 04 Frequência Respiratória (FR). A respiração é o mecanismo que o organismo utiliza para a troca de gases entre a atmosfera e o sangue e o sangue e as células. Quadro: Valores de referência da frequência respiratória de acordo com a idade. 05 Temperatura. A temperatura do corpo é a diferença entre a quantidade de calor produzido por processos corporais e a quantidade perdida para o ambiente externo. 06 Temperatura oral Coloque o termômetro sob a língua do paciente, recomendando que o conserve na posição, mantendo a boca fechada. O termômetro deve ser de uso individual. Calce as luvas de procedimento e coloque o paciente em decúbito lateral esquerdo com a perna direita flexionada (posição de Sims). Lubrifique a ponta do termômetro (utilizando vaselina ou lidocaína) e introduza-o no ânus na direção do umbigo (cerca de 1,5 cm no lactente, 2 cm na criança e 4 cm no adulto). O termômetro deve ser de uso individual. Temperatura retal Quadro: Variação média da temperatura de acordo com o local de verificação. 07 Pulso. O pulso é o limite palpável do fluxo sanguíneo em uma artéria periférica. O sangue flui através do corpo num circuito contínuo. O pulso é um indicador indireto do estado circulatório. Você pode avaliar qualquer artéria para a frequência de pulso, mas você normalmente usa a artéria radial, porque ela é fácil de palpar. Quando a condição de um paciente piora de repente, recomenda-se localizar o sítio da carótida para avaliar o pulso rapidamente. A) Carotídeo B) Braquial C) Radial D) Femoral E) Pedioso F) Tibial Posterior. Locais para palpação do pulso. 08 Quadro: Valores de referência da frequência cardíaca de acordo com a idade. Ao identificar alterações no pulso, o técnico em Enfermagem deve comparar a frequência encontrada na tomada do pulso periférico com a do pulso apical, comunicando e registrando a discrepância, quando houver. Associar alterações com os dados obtidos na pressão arterial, respiração e temperatura, além de verificar a ocorrência de dor, ansiedade e atividade física recente. 09 Consiste na inserção de um cateter na bexiga, por meio da uretra. Tem como funções promover um fluxo contínuo de urina, em casos de obstrução ou quando o indivíduo não consegue controlar a micção, e também ajuda na obtenção de amostras de urina livre de contaminação. Cateterismo Vesical A sondagem vesical pode ser de alívio (intermitente) ou de demora. As sondas de alívio (Figura A) são, geralmente, plásticas (Nelaton) e as de demora são elásticas, flexíveis e autoestáticas, devido à presença de um balão em sua extremidade que, quando insuflado no interior da bexiga, impede sua saída. Podem ser do tipo sonda de Foley (Figura B) com duas vias (um lúmen para drenagem de urina e o outro para insuflar e desinsuflar o balão), ou sonda de Owens (Figura C) de três vias, sendo a terceira utilizada para irrigação vesical Figura A Figura B Figura C 10 11 Sondagem Nasogástrica A dieta é fornecida por meio de uma sonda introduzida pelo nariz ou boca, passando pelo esôfago e sendo posicionada no estômago. 12 A técnica, preferencialmente, deve ser realizada antes da alimentação, para evitar refluxo, ou cerca de 30 minutos após a dieta. Caso a/o paciente apresente sinais de secreção espessa, pode ser realizado nebulização com solução fisiológica antes da aspiração, para favorecer a fluidificação das secreções. O procedimento deve ser feito conforme a necessidade do paciente, devendo-se evitar uma padronização por horário, pois não atende à necessidade individual. A sequência de aspiração segue a orientação geral, da região menos contaminada para o mais contaminado, ou seja, do nariz para a cavidade oral. 13 Aspiração de Vias Aéreas A aspiração das vias aéreas superiores é uma técnica utilizada quando o paciente se encontra incapacitado de realizar as eliminações das secreções de via aéreas. Aspirar a traqueostomia sempre em 1º lugar. Aspirar a cavidade nasal em 2º lugar. Aspirar a cavida oral sempre por último. 14 15 Oxigenoterapia É a administração de oxigênio por meio da via inalatória com o objetivo de prevenir ou melhorar a hipóxia tecidual. É uma droga terapêutica e deve ser utilizada com cautela, inclusive sob prescrição médica. Vamos conhecer os diferentes sistemas de liberação de gás para a administração de oxigênio. Máscara de Venturi A máscara de Venturi é um dispositivo indicado a pessoas que fazem oxigenoterapia controlada, pois ela fornece uma concentração exata de oxigênio. A maioria dos fabricantes segue uma tabela de cores padrão. Entenda mais sobre o funcionamento de cada uma delas: A Máscara de Venturi é simples, fornece grandes concentrações de O2, provoca irritações de pele e mucosa em consequências do uso contínuo de uma máscara e interfere na fala e na alimentação. 16 A máscara facial simples é usada para a oxigenoterapia a curto prazo. Ela se encaixa sem apertar e distribui concentrações de oxigênio de 6 a 12 L/min (35% a 50% de oxigênio). A máscara é contraindicada para pacientes com retenção de dióxido de carbono, porque a retenção pode ser agravada. As taxas de fluxo devem ser 5 L ou mais para evitar a reinalação de dióxido de carbono exalado retido na máscara. Máscara Facial Simples Uma máscara de reinalação parcial e de não reinalação é uma máscara simples com uma bolsa de reservatório que deve ser enchida em pelo menos um terço à metade na inspiração e distribui uma taxa de fluxo de 10 a 15 L/min (60% a 90% de oxigênio). Máscara Não Reinalante Inspecione frequentemente a bolsa de reservatório para certificar-se de que ela está inflada. Se estiver esvaziada, o paciente está respirando grandes quantidades de dióxido de carbono exalado. Os sistemas de oxigênio de alto fluxo devem ser umidificados 17 Uma cânula nasal é um dispositivo simples e confortávelusado para a distribuição precisa de oxigênio. As duas presas nasais são ligeiramente curvas e inseridas nas narinas do paciente. Para manter as presas nasais no lugar, encaixe a sonda afixada sobre as orelhas do paciente e fixe-a sob o queixo utilizando o conector de deslizamento. Cânula Nasal Conecte a cânula nasal a uma fonte de oxigênio umidificado com uma taxa de fluxo de até 1 a 6 L/min (24% a 44% de oxigênio). As taxas de fluxo igual ou maiores que 4 L/min têm um efeito de secagem na mucosa e, portanto, necessitam de umidificação 18 Administração de Medicamentos Na prática da Enfermagem, é uma função terapêutica das mais sérias responsabilidades, que envolve conhecimentos relacionados com a terminologia medicamentosa, a ação, a dose, os efeitos colaterais, as vias e métodos, além da segurança no momento da administração evitando riscos para o cliente. Vias de Administração A via de administração de medicamentos depende entre outros fatores: da rapidez com que se deseja a ação do medicamento; da natureza e quantidade do medicamento a ser administrado e das condições do paciente. A Enfermagem administra medicamentos nas vias relacionadas abaixo. Outras vias como intra-arterial, intratecal e intraperitoneal são administradas pelo profissional médico. ✓ Via gastrointestinal: via oral, via sublingual, via sonda nasogástrica e via retal; ✓ Via vaginal; ✓ Via ocular; ✓ Via nasal; ✓ Via auricular ou otológica; ✓ Via tópica ou cutânea; ✓ Via parenteral: via intradérmica ou intracutânea (ID), via subcutânea ou hipodérmica (SC), via intramuscular (IM), via endovenosa (EV) ou intravenosa (IV). 19 Via Oral É a administração de medicamentos pela boca, absorvidos principalmente no estômago e intestino. É uma das vias mais comuns para administração de medicamentos, sendo prática, segura, simples e menos dispendiosa. Via Sublingual A via sublingual é a administração de medicamentos sob a língua. Ela permite que alguns medicamentos entrem na corrente sanguínea, por ser uma região rica em vasos, a absorção se dá nos vasos sanguíneos existentes no dorso da língua, ocorrendo de forma rápida. Recomenda- se ao paciente que se abstenha de engolir a saliva por alguns minutos, permitindo assim a absorção da droga. 20 Via Enteral Consiste na introdução de medicamentos através de uma sonda nasogástrica ou nasoenteral. É utilizada em clientes inconscientes e/ou impossibilitados de deglutir. Via Tópica É a aplicação de medicamento na pele, podendo ter ação local ou geral, é absorvida pela camada epidérmica para dentro da derme 21 Via Retal Via retal é a introdução de medicamentos através do ânus, sob a forma de supositório, pomada e clister medicamentoso. Sendo necessário alguns cuidados específicos 22 Via Ocular É a administração de medicamentos na conjuntiva ocular sob forma de colírio ou pomadas, tem como objetivos: dilatar ou contrair as pupilas, acelerar a cicatrização, combater a infecção, anestesiar e lubrificar os olhos 23 Via Nasal É a administração de medicamentos na narina, tendo como objetivos: proteger a mucosa nasal, aliviar a congestão nasal, diminuir a irritação e edema da mucosa, tratar infecções, e facilitar a respiração. O medicamento é absorvido pelos vasos da mucosa nasal. 24 Via Auricular ou Otológica É a introdução de medicamentos no canal auditivo externo com a finalidade de prevenir ou tratar processos inflamatórios e ou infecciosos, facilitar a saída de cerume e corpos estranhos. O medicamento é absorvido pelos vasos da mucosa auditiva, seguindo as recomendações. Intradérmica ou intracutânea (ID): aplicação de medicamentos sob a derme; Subcutânea ou hipodérmica (SC): introdução de medicamentos no tecido subcutâneo; Intramuscular (IM): introdução de medicamentos em um músculo; Intravenosa ou endovenosa (IV ou EV): aplicação de medicamentos em um acesso venoso periférico ou central. Os locais de administração de medicamentos por via parenteral mais utilizados pela Enfermagem são: 25 Vias Parenterais A administração parenteral de medicamentos é a administração de medicamentos através de injeções dentro dos tecidos orgânicos. Este é um procedimento invasivo que é realizado usando as técnicas assépticas. Figura: Comparação do âgulo de injeção. 26 A escolha do local de aplicação dependerá da via de administração, das condições da pele do cliente, que deve estar: livre de qualquer sinal de inflamação – hiperemia, calor, edema e dor, sinais de irritação, paresias, tecido cicatricial e ainda locais com diminuição ou ausência de sensibilidade. Figura: Partes de uma seringa. Quanto ao material utilizado, as seringas são graduadas de 1mL, 3mL, 5mL, 10mL e 20mL, a escolha depende do volume da medicação a ser aspirada. As agulhas também são selecionadas de acordo com a via de aplicação, a quantidade do tecido subcutâneo ou muscular, as características da rede vascular e a medicação a ser aspirada/injetada. Para que se proceda uma punção venosa é necessário equipamento apropriado como dispositivo intravenoso periférico, cateter agulhado comum (scalp) e cateter sobre agulha (jelco). Figura: Partes de uma agulha. 27 Figura: Tamanhos de Seringas. Figura: Tamanhos de Scalp Figura: Tamanhos de Agulhas. 13x4,5 20x0,55 25x0,6 25x7 30x7 25x0,80 30x8 40x12 Figura: Tamanhos de Jelco. 24G Os Scalps são indicados em infusões de curta duração ou coleta de sangue para exames. São compostos por agulhas com calibres 19G, 21G, 23G, 25G e 27G sendo que quanto menor o número, maior é o calibre. O Jelco é composto por uma agulha e revestimento flexível, tendo a possibilidade de, após o acesso venoso, poder retirar a agulha, ficando apenas o revestimento. Ao contrário do scalp, possui tempo de permanência maior, permitindo também a infusão de grandes volumes de forma rápida. Quanto maior o número, menor é o calibre. 28 A via intradérmica é a aplicação de medicamentos na camada dérmica da pele, que se localiza logo abaixo da epiderme. Tem como finalidade realizar testes alérgicos e diagnósticos, dessensibilização e vacina BCG, internacionalmente padronizada – inserção inferior do músculo deltóide do braço direito. Via Intradérmica As soluções devem ser cristalinas e isotônicas. A derme é quase inextensível, na prática observamos que o volume máximo a ser introduzido é 0,1mL ou frações inferiores, porém alguns autores referem que pode ser administrado até 0,5 mL. O ângulo de inserção da agulha com a pele é 15º. Veja a seguir como realizar a administração de medicamentos por via intradérmica 29 É a administração de medicação no tecido subcutâneo. Essa via tolera substâncias aquosas, cristalinas e suspensões. Porém, deve ser de fácil absorção e não permite substâncias irritantes. Essa via tem como objetivo a absorção lenta e contínua da medicação como antiglicemiante (Insulina) e anticoagulantes (heparina, clexane) e vacinas (antissarampo, rubéola e tríplice viral e tetra viral). Via Subcutânea O local de administração deve ser livre de nervos e procedências ósseas. Pode-se utilizar toda tela subcutânea, porém de acordo com a inserção local, a acessibilidade e a capacidade e distensão local do tecido, alguns locais são mais indicados, conforme figura ao lado. Figura: Locais recomendados O tecido subcutâneo é sensível a soluções irritantes e a grandes volumes de medicamento. Desta maneira, você administra apenas pequenos volumes (0,5 a 1,5 mL) de medicamentos hidrossolúveis por via subcutânea para adultos. Você administra volumes menores até 0,5 mL para crianças 30 31 Via Intramuscular É a administração de solução aquosa, oleosa ou suspensão medicamentosa no músculo, é de rápida absorção, devido grande número de vasos sanguíneos, porém mais lenta que a via endovenosa É necessário estar atento ao volume a ser administrado em cada músculo. Normalmente, o volume varia de 2 a 5 mL. As soluções devem ser sempre isotônicas (composição de eletrólitos semelhante a do sangue), sob pena de necrose grave do tecido muscular Por ordem de preferênciaos locais de aplicação devem ser: 1ª) Região Ventroglútea. 2ª) Região da face ântero-lateral da coxa. 3ª) Região Dorsoglútea. 4ª) Região deltóidea. 32 33 Via Endovenosa É a aplicação de medicação no interior de uma veia, proporcionando a absorção da quantidade ministrada e ação imediata. Possibilita a administração de grande volume de líquidos, de forma contínua, sendo uma via para medicamentos que necessitam de diluição. É utilizada ainda para retirar sangue para exames laboratoriais. Veias do dorso da mão – rede venosa dorsal e veias metacarpianas; Veias do antebraço – cefálica, antibraquial mediana, radial, cubital ou ulnar; Veias do braço; Veias da face interna do cotovelo – cefálica, basílica, cefálica mediana, basílica mediana; Veias da cabeça. Para selecionar o local deve ser considerado: acesso e condições do vaso, tipo de líquido a ser injetado, duração da infusão. As veias mais utilizadas são: Deve-se evitar veias localizadas em membros sequelados ou com cicatrizes extensas. As veias da perna não são recomendadas a menos que outros locais não sejam acessíveis por causa do perigo da estagnação na circulação periférica e possíveis complicações. As veias do couro cabeludo são muito utilizadas para crianças, por causa do seu acesso e facilidade de evitar deslocamentos da agulha. 34 35 Feridas e Curativos Uma ferida é um rompimento da integridade e função dos tecidos docorpo. O curativo é o conjunto de cuidados dispensados a uma lesão, visando proporcionar segurança e conforto ao doente e favorecer a cicatrização. O uso de curativos requer uma compreensão sobre a cicatrização de feridas. Uma variedade de material para curativos está disponível comercialmente. Sua correta seleção facilita a cicatrização da ferida. O tipo de curativo varia de acordo com a avaliação da ferida e a fase de cicatrização. Finalidades dos curativos. Protege uma ferida contra contaminação de microrganismos Auxilia na hemostasia Promove a cura absorvendo a drenagem e debridando uma ferida Apoia ou suporta o local de uma ferida Promove isolamento térmico da superfície de uma ferida Fornece um ambiente úmido Quando a pele tem uma solução de continuidade, um curativo ajuda a reduzir a exposição a microrganismos. No entanto, quando a drenagem é mínima, a necessidade dele é eliminada, porque o processo de cicatrização forma um selo de fibrina natural. As feridas com perda tecidual extensa sempre precisam de um curativo. 36 Ácidos Graxos Essenciais (AGE). Ação: mantém a umidade da ferida; Promove quimiotaxia (atração de leucócitos), angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos) e acelera o processo de granulação tecidual; favorece o desbridamento e o alívio da dor. Na pele íntegra, o AGE promove a hidratação, formando uma película protetora que previne abrasões, escoriações e lesões por pressão. Vejamos a seguir as principais coberturas disponíveis no mercado. Indicação: prevenção de lesões por pressão, venosa e neurotróficas; tratamento de feridas abertas. Contraindicação: cicatrização por primeira intenção; hipergranulação e hipersensibilidade. Aplicação e Troca: em ferida aberta, após limpeza com SF 0,9%, aplicar o AGE diretamente no leito da ferida ou em gaze úmida. Ocluir com cobertura secundária (gaze e compressa seca) e fixar. A periodicidade de troca deverá ser até que o curativo secundário esteja saturado ou a cada 12 ou 24 horas. Em pele íntegra, aplicar o óleo diretamente sobre a pele por meio de massagem de conforto, contudo deve-se evitar áreas com eritema que não desaparece após o alívio da pressão local, tendo em vista tratar-se de uma lesão por pressão em estágio I. 37 Papaína Ação: enzima proteolítica e perioxidases retiradas do látex do vegetal mamão papaia (CaricaPapaya). Indicação: debridamento químico, não intervindo na integridade do tecido sadio; tem ação bactericida, bacteriostática e anti-inflamatória; estimula a força tênsil da cicatriz e reduz a formação de queloides, gerando melhor resultado estético. Contraindicação: tratamento de lesões abertas, infectadas e para debridamento de tecido desvitalizado ou necrótico. Aplicação e Troca: aplicar a papaína após limpeza da lesão com SF 0,9% ou solução de papaína (diluir 1g do pó em 100 ml de SF a 0,9%). Em presença de tecido necrosado, cobrir esta área com fina camada do pó ou gel. Na presença de crosta necrótica, fazer vários pequenos cortes longitudinais de pequena profundidade com bisturi, antes de aplicar a papaína, para facilitar a absorção. A periodicidade de troca deverá ser no máximo de 24 horas ou de acordo com a saturação do curativo secundário. 38 Hidrocoloide Ação: cobertura sintética derivada da celulose natural, que contém partículas hidrofílicas. A placa contém em sua face externa uma película de poliuretano semipermeável não aderente e sua camada interna é composta de gelatina, pectina e carboximetilcelulose sódica. Indicação: mantém ambiente da lesão úmido, o que favorece o debridamento autolítico, a neoangiogênese e a granulação; protege as terminações nervosas, assim como a área de traumas da contaminação bacteriana; mantém o isolamento térmico; adere à pele sem aderir-se diretamente à lesão; protege a pele, na prevenção de lesão por pressão. Aplicação e Troca: após a limpeza das áreas perilesional e lesional com SF a 0,9%, limpar e secar adequadamente a pele ao redor, especialmente para o uso de placa. Na apresentação em gel, grânulo ou pasta, aplicar o produto diretamente na lesão. Na apresentação em hidrofibra, aplicar como cobertura primária, requerendo cobertura secundária para fixação. Na apresentação em placa, deve-se adequar o diâmetro do hidrocoloide para que ultrapasse a borda da lesão em, pelo menos, 2 a 3 centímetros, de maneira a aderir na pele íntegra. Trocar a placa sempre que o gel extravasar, o curativo se deslocar e ou, no máximo, a cada 3 ou 5 dias, embora haja indicação de permanência até 7 dias, caso esteja em boas condições, por isso o curativo precisa ser identificado com a data da aplicação. 39 Filme Transparente Ação: mantém o ambiente úmido, realiza a permeabilidade seletiva, permitindo a difusão gasosa e evaporação de água, sendo impermeável a entrada de fluidos e microrganismos no ambiente da lesão. Devido a sua transparência, facilita a observação da lesão e o debridamento autolítico. Indicação: cobertura primária ou secundária; lesões superficiais (estágio I) com drenagem mínima; lesões cirúrgicas limpas com pouco exsudato; queimaduras superficiais; áreas doadoras de pele; dermoabrasão; fixação de cateteres; proteção da pele adjacente a fístulas e na prevenção delesões por pressão. Aplicação e Troca: após limpeza com SF 0,9%, aplicar o curativo sobre a lesão, iniciando pelo centro e prosseguindo para a área perilesional, evitando esticá-lo. A permanência da cobertura é de até 7 dias, dependendo do volume de exsudato ou descolamento do mesmo. Caso seja usado de forma inadequada, pode ocasionar a maceração da pele ao redor da lesão. Contraindicação: lesão exsudativa, profunda e infectada; ferida com cicatrização por primeira intenção. 40 Alginato de Cálcio Ação: promove a hemostasia, através da troca iônica, pois o íon livre de cálcio amplifica a cascata de coagulação; possui alta capacidade de absorver exsudato, formando um gel que mantém a umidade, promove a granulação e auxilia o debridamento autolítico. Indicação: feridas cavitárias; feridas com ou sem infecção, com exsudação moderada a intensa, com ou sem tecido necrótico e com ou sem sangramento. Contraindicação: feridas com pouca drenagem de exsudato, superficial ou queimaduras. Aplicação e Troca: pode ser recortado, mas deve utilizar tesoura estéril, manusear com luvas ou pinças estéreis. Na forma de placa, deve ser recortado do tamanho certo da ferida para evitar maceração na área perilesional. Em todas as apresentações irá requerer cobertura secundária. Utilizar a forma de fita em feridas cavitárias, preenchendo o espaço parcialmente. A frequência de trocas é de acordocom a quantidade de exsudato presente na ferida, podendo ser de 48h a 7 dias. A cobertura secundária deverá ser trocada quando houver necessidade. 41 Carvão Ativado Ação: remove e retém as moléculas do exsudato e as bactérias, exercendo o efeito de limpeza, além de filtrar e eliminar odores. A prata exerce função bactericida, complementando a ação do carvão, o que estimula a granulação e aumenta avelocidade da cicatrização. Indicação: feridas com moderado a muito exsudato neoplásico, fétida, com odor acentuado, com ou sem infecção. Contraindicação: ferida não muito exsudativa, superficial, recoberta por necrose, com sangramento, exposição óssea e tendinosa, e nas queimaduras. Aplicação e Troca: promover limpeza da ferida com SF 0,9%, aplicar diretamente sobre a ferida e fixar com cobertura secundária. Troca pode ser feita entre 48h a 7 dias, conforme a saturação da cobertura, sendo a troca mais frequente no início da terapia ou em caso de infecção. Quando o odor e o exsudato reduzirem, esse tipo de cobertura deve ser substituída por outra que promova o meio úmido. 42 Bota de Unna Ação: auxilia o retorno venoso, diminuindo o edema, promove a proteção e favorece a cicatrização de lesão venosa e edema linfático. Composição: bandagem impregnada com pasta de óxido de zinco a 10%, glicerina, água destilada e gelatina em pó. Indicação: lesão venosa. Contraindicação: lesões arteriais ou mistas (arteriovenosa). Lesões infectadas ou com miíase. Aplicação e Troca: aplicação semelhante a uma bandagem, no sentido da circulação venosa, ou seja, distal para proximal, do pé até abaixo do joelho. A troca do curativo geralmente ocorre após 7 dias, devendo-se atentar para sinais de infecção local e sistêmica durante a utilização da bota. 43 Espuma Ação: promove absorção de exsudato, sendo aplicada na fase inflamatória, quando há produção de maior quantidade de exsudato ou para lesão com exsudação e infecção, sendo, nesse caso, indicada a espuma com prata. Promove isolamento térmico e acolchoamento físico da lesão. Diminui a produção de odor, caso possua carvão ativado em sua composição. Composição: cobertura estéril de poliuretano que apresenta camadas superpostas com superfície aderente ou não, a depender do fabricante. Indicação: diversos tipos de lesões, tais como as venosas e dermoabrasões, feridas com perda tecidual parcial, superficial, profunda ou total, sendo uma excelente escolha para ferida cavitária. Contraindicação: lesão com muito tecido necrótico ou na ausência de exsudato. Aplicação e troca: promover limpeza da ferida com SF 0,9%, aplicar diretamente sobre a ferida e fixar com cobertura secundária, caso não seja aderente. A troca pode ser feita a cada 3 dias ou conforme a saturação da cobertura. Contraindicação: gestante, lactente antes de 2 meses de vida ou prematuro, por causa do risco de Kernicterus, lesão cerebral provocada por hiperbilirrubinemia. Pessoas com hipersensibili dade ao produto. 44 Sulfadiazina de Prata Indicação: prevenção de colonização e tratamento de queimadura. Aplicação e Troca: aplicar camada do produto sobre a lesão e cobrir com gaze umidificada com SF 0,9%, em seguida com gaze seca. A troca deve ocorrer a cada 12 ou 24 horas, sempre atentando para a remoção da pomada remanescente do curativo anterior a cada nova troca de curativo. Em lesões que dispensem oclusão, o creme pode ser aplicado na pele, dispensando cobertura secundária. Hidrogel Indicação: Mantém o meio úmido e é autolítico. Indicado para Desbridamento autolítico e hidratação da ferida 45 46 Posição para Exames Certos exames e procedimentos terapêuticos requerem o posicionamento da pessoa de forma adequada, permanecendo coberto, com exceção da área a ser examinada. Tem por finalidade possibilitar a execução e/ou coleta de material para exames. Vejamos a seguir as principais posições usadas para a realização de exames. Decúbito Dorsal ou Supina A pessoa deve ser colocada deitada de costas, com as pernas estendidas ou ligeiramente flexionadas para provocar o relaxamento dos músculos abdominais. Os braços devem estar estendidos ao longo do corpo. É indicada para a realização de exame físico e em cirurgias cesarianas. Decúbito Lateral Direito ou Esquerdo O paciente permanece em decúbito lateral, esquerdo ou direito, oferecendo acesso à parte superior do tórax e região renal. Sempre do lado contralateral ao da cirurgia. Ex. Cirurgias torácicas. 47 Decúbito Ventral ou Prona Refere-se à posição deitada com abdome voltado para o leito. Quando se trata de procedimento cirúrgico os braços devem ficar estendidos para frente e apoiados em talas permitindo a abordagem da coluna cervical, da área retal e das extremidades inferiores. É indicada para a facilitação da expansão pulmonar e cirurgias da coluna e Hérnia de disco, por exemplo. Posição de Sims Colocar o indivíduo em decúbito lateral esquerdo, mantendo a cabeça apoiada no travesseiro. O corpo deve estar ligeiramente inclinado para frente, com o braço esquerdo esticado para trás, de forma a permitir que parte do peso do corpo se apoie sobre o peito. O braço direito deve ser posicionado de acordo com a vontade da pessoa. Os membros inferiores devem estar flexionados, o direito mais que o esquerdo. Cobrir o indivíduo, expondo apenas a área necessária. É indicada para os exames vaginais, retais, clister e lavagem intestinal. 48 Posição Genupeitoral A pessoa deve ser posicionada ajoelhada sobre a cama, com os joelhos afastados, as pernas estendidas e o peito apoiado sobre a cama. A cabeça deve estar lateralizada, apoiada sobre os braços. O indivíduo é coberto com um lençol grande. É indicada para os exames vaginais e retais. Posição Ginecológica Posicionar o paciente em decúbito dorsal horizontal. Com a perna flexionada sobre as coxas, a planta dos pés apoiada sobre o colchão e os joelhos bem afastados. Utilizar lençol, garantindo a necessidade da pessoa. É indicada para exames e/ou tratamentos da genitália e do reto. Posição de Trendelenburg O paciente é posicionado em decúbito dorsal, com o corpo em um plano inclinado, de forma que a cabeça fique mais baixa em relação ao corpo. É indicada para cirurgias da região pélvica, estado de choque, tromboflebites. 49 Posição de Trendelenburg Reverso ou Proclive Mantém as alças intestinais na parte inferior da cavidade abdominal. Reduz a pressão sanguínea cerebral. Ex. Posição utilizada para cirurgias de abdome superior e cranianas.Posição de Fowler Posicionar a pessoa em decúbito dorsal, elevar a cabeceira da cama até que o tronco atinja um ângulo de 45º em relação à cama. É denominada semi-Fowler quando a cabeceira está em um ângulo de 30º. É indicada para alimentação e em patologias respiratórias, de um modo geral. Posição de Canivete (Kraske, Jakkniff ou Depage): O paciente é colocado em decúbito ventral, em seguida, com o abdome em contato com o colchão da mesa cirúrgica, flexiona-se o corpo na região do quadril, de modo que o tórax, os membros superiores e os membros inferiores fiquem em posição mais baixa do que a região a ser operada; as regiões do quadril e do glúteo ficam em um plano mais elevado, em ângulo de aproximadamente 90°. Ex: procedimentos proctológicos. 50 O banho no leito é aquele realizado em pessoas acamadas; favorece uma maior interação entre o enfermo e a equipe de Enfermagem, bem como, proporciona a possibilidade da observação de possíveis alterações físicas de motricidade e sensibilidade psíquicas e emocionais durante a realização do procedimento, que quando detectadas precisam ser informadas com brevidade e obrigatoriamente registradas em prontuário Banho no Leito O banho de aspersão é aquele realizado no banheiro com a água sendo aspergida pelo chuveiro. O banho de imersão é realizado dentro de uma banheira Para a realização do banho no leito é necessária inicialmente a separação e organização do material. Biombo; Sabonete (preferencialmente líquido), xampu, creme hidratante; Jarra com água (certificar-se que a temperaturada água está agradável para o banho); Bacia, cuba rim; Compressas de gaze, compressas de algodão ou luva de banho, luvas de procedimentos; Hastes flexíveis; Comadre/papagaio; Tesoura para unhas; Bolas de algodão; Toalha, lençóis limpos e roupa de uso pessoal. 51 52 Aplicação de Calor e Frio Calor e frio podem ser utilizados para uma variedade de propósitos terapêuticos. Podem ser aplicados em uma parte específica do corpo ou em toda extensão corporal, no intuito de causar mudança sistêmica ou local na temperatura corpórea. Aplicações de calor e frio podem ser úmidas ou secas, utilizando- se muitas formas e métodos. Quando prescritas, devem incluir o tipo de aplicação, a área do corpo a ser tratada e a frequência, bem como a duração das intervenções. Aplicação de Calor (Termoterapia) O calor tem a finalidade de dilatar os vasos sanguíneos periféricos, aumentar o metabolismo tissular, reduzir a viscosidade do sangue, além de aumentar a permeabilidade capilar. Sendo assim, a termoterapia pode ser indicada para: aliviar a dor (isquemia, edema); melhorar a oxigenação e nutrição dos tecidos; acelerar a supuração (contraindicado na apendicite); contribuir para eliminação de substâncias tóxicas para a corrente circulatória; fluidificar os exsudatos; amolecer crostas; promover alívio da congestão, inflamação, espasmo muscular (relaxamento dos músculos); aumentar o peristaltismo e promoção de conforto 53 O frio tem como finalidade promover a vasoconstricção dos vasos sanguíneos periféricos, diminuir o metabolismo tecidual (menor consumo de O2), diminuir o fluxo sanguíneo aos tecidos e reduzir a liberação local de substâncias que produzem dor (histamina, serotonina, bradicinina), além de reduzir o espasmo muscular e alterar a sensibilidade tissular (dormência). Diante disso, a crioterapia é indicada para: diminuir a temperatura corpórea, a congestão e a inflamação; controlar hemorragias; aliviar a dor; diminuir e/ou prevenir edema; tratar algumas síndromes dolorosas crônicas e trauma direto, sendo a redução da inflamação o principal objetivo dessa terapêutica, que é o tratamento de escolha nas primeiras 24 a 48 horas após uma lesão. Aplicação de Frio (Crioterapia) Na aplicação de frio, devem-se investigar palidez, cianose, dormência e dor. Cabe ressaltar ainda que não se deve realizar esse tipo de terapia quando a pessoa estiver com tremores, pois eles podem se intensificar e aumentar perigosamente a temperatura corporal. Não ultrapassar 20 minutos de aplicação de frio. 54 Normalmente, as rotinas e procedimentos administrativos referem-se à: admissão, transferência e alta do paciente, que seguem uma sequência preestabelecida no prontuário. Assim, neste momento de recepção da pessoa que irá se internar, a equipe de Enfermagem deverá incluir cuidados relacionados aos fatores biofísicos, psicossociais, ambientais, de autocuidado, educacionais e também de planejamento da alta, os quais precisam, então, ser supervisionados ou investigados pelo enfermeiro. Admissão, Tranferência e Alta do Paciente Admissão do Paciente A admissão é o momento de entrada do paciente no serviço de saúde, para ocupação de um leito, com a finalidade de submeter-se a um tratamento clínico, cirúrgico e/ou realização de procedimentos específicos 55 Transferência do Paciente É um procedimento de deslocamento do enfermo dentro do mesmo setor, entre setores do mesmo hospital, e também de uma instituição para outra, de acordo com a necessidade do próprio serviço, bem como as condições impostas pelo tratamento instituído. 56 Desta forma, destacamos alguns tipos de transferência: Deslocamento dentro do hospital: da enfermaria/apartamento para centro cirúrgico, para outros setores – quando da realização de exames ou outros procedimentos –, da unidade de tratamento intensivo (UTI) para enfermarias/apartamentos são exemplos de deslocamentos, entre outros; Deslocamento para fora dohospital: usual quando o enfermo vai realizar exames ou tratamentos, retornando em seguida à unidade hospitalar de origem; Deslocamento definitivo para outra instituição de saúde: ocorre alta do paciente da instituição de saúde de origem e admissão em outro serviço, como, por exemplo, transferência para um serviço especializado em determinada área. 57 Alta do Paciente Trata-se da saída da pessoa da instituição de saúde. A alta é definida em consenso pela equipe multiprofissional ou, individualmente, pelo profissional médico, e assinada somente por este. Acontece mediante a cura, melhora ou inalteração do quadro que originou a internação. A equipe de Enfermagem deve fazer da alta um momento agradável e dar apoio durante a saída da pessoa. As necessidades físicas e psicológicas da pessoa podem ser superadas com o apoio da família e da equipe de saúde. 58 Um Enema é uma instilação de uma solução dentro do reto e cólon sigmoide. O objetivo principal é promover a defecação pelo estímulo do peristaltismo intestinal ou pela lubrificação, tornando a evacuação mais fácil. A indicação principal é promover o alívio temporário da constipação intestinal, remoção das fezes impactadas, esvazia mento do intestino para a realização de exames diagnósticos ou cirurgia. Existem diferentes líquidos constituintes do enema, dentre eles: solução com água morna, soro fisiológico, soluções hipertônicas (Fleetenema) como, enemas com óleo. Lavagem Intestinal ou Enema O enema pode ser de limpeza, o qual serve para remover as fezes do cólon; pode ser emoliente, cuja finalidade é diminuir a inflamação ou irritação da mucosa; anti-helmíntico, indicado para remoção de vermes ou parasitas; o enema adstringente para diminuir hemorragias e o analgésico para aliviar a dor. 59 60 Os estomas são aberturas cirúrgicas de alguma cavidade do organismo para o meio externo com o objetivo de permitir a entrada ou saída de substâncias e são realizadas quando há algum comprometimento da função normal do órgão que pode afetar outros sistemas orgânicos. Nos casos em que a eliminação intestinal está comprometida, como, por exemplo, em obstruções intestinais, são realizadas colostomias, abertura em alguma parte do cólon, tornando-se, então, a via de eliminação intestinal, podendo ser temporária ou permanente Cuidados com Estomas Na colostomia devemos observar sinais de inflamação, cor, odor e a consistência das fezes. Devido aos movimentos peristálticos, as fezes são eliminadas continuamente e para isso são usadas bolsas coletoras que possuem um adesivo que adere à pele vedando a saída de fezes ao redor do estoma e protegendo-o; tem fundo aberto, que permite que sejam esvaziadas várias vezes por dia e as trocas dependem do tipo de bolsa, podendo acontecer até duas vezes por semana. As bolsas podem ainda ser de uma ou duas peças, em que são trocados somente o saco coletor e uma placa permanente aderida ao estoma. Podem ter também filtro para gazes. Colostomia 61 62 A Gastrostomia pode ser realizada por meio de uma abertura cirúrgica na parede abdominal, ao nível do estomago, ou por via endoscópica percutânea, que é uma técnica não cirúrgica realizada, utilizando um aparelho endoscópio, e com o paciente sob anestesia local. Gastrostomia/Jejunostomia Tem o propósito de administrar alimentos e líquidos por período prolongado em pacientes debilitados, que não conseguem deglutir os alimentos. A regurgitação é menos provável de ocorrer na gastrostomia do que nas alimentações por SNG, porque o esfíncter gastroesofagiano permanece intacto. Fixar a sonda à parede do abdome, com fita adesiva hipoalergênica ou esparadrapo, para evitar trações e deslocamentos acidentais; Realizar curativo diário ou quando necessário com SF a 0,9%; Em caso de deslocamento, vazamento ao redor da sonda ou dor no momento da administração da dieta, interromper a infusão e comunicar ao enfermeiro responsável; Os cuidados para evitar a obstrução são os mesmos que o da sonda nasoenteral. Cuidados Importantes com a Gastrostomia/Jejunostomia. A Jejunostomia pode ser por meiode uma abertura cirúrgica na parede abdominal ao nível do jejuno (parte superior do intestino delgado) ou por via endoscópica percutânea. A ministração dos alimentos pela jejunostomia deve ser feita de forma mais lenta, para não estimular o trânsito intestinal, e assim permitir maior absorção dos nutrientes 63 64 Cistostomia é um procedimento que consiste em uma incisão cirúrgica realizada na pelve, ou seja, (região abaixo da cicatriz umbilical, e acima da genitália).Depois disso, é introduzida a sonda para realizar o esvaziamento da bexiga. Cistostomia Embora a inserção do dreno de tórax seja de responsabilidade médica, muitos aspectos relativos aos cuidados com esse tipo de dreno são de responsabilidade da equipe de enfermagem. As complicações são mais prováveis de ocorrer se o dreno for manipulado por profissionais sem o conhecimento e ou habilidade adequados. A partir desta perspectiva, é muito importante que o cuidado ao paciente com dreno de tórax seja embasado em evidência científica a fim de prevenir potenciais complicações e promover a segurança do paciente. 65 O Dreno Torácico consiste num tubo que é inserido no tórax para drenagem de gases ou secreções. Pode ser colocado no pós-operatório de uma cirurgia torácica ou cardíaca, ou para resolver complicações de um traumatismo ou enfisema. Cuidados com o Dreno de Tórax O enfermeiro deve transportar o paciente com dreno de tórax sem pinçar o sistema, assim como deve mantê-lo abaixo do ponto de inserção do dreno no tórax do paciente, atentando para o volume e aspecto do material drenado, além de avaliar o padrão respiratório e sinais e sintomas de insuficiência respiratória. 66 A presença de selo d’água no dreno de tórax impede a entrada de ar na cavidade pleural durante a inspiração. A troca do selo d'água do frasco coletor do dreno de tórax tem como objetivo avaliar e documentar a coloração, a consistência e a quantidade do líquido drenado. 67 68 A retirada do dreno torácico deve ser sempre realizada pelo médico e auxiliada pelo enfermeiro, não devendo ser realizado por um profissional apenas, evitando assim complicações e propiciando condições para tomada de decisão rápida, caso haja intercorrências 69 Os cuidados de enfermagem com o de tórax compreendem diversos aspectos relativos a sua inserção, manipulação, manutenção e retirada. Dessa maneira, esses profissionais devem possuir conhecimento científico e habilidade técnica para prestar assistência embasada em evidência científica ao paciente portador desse tipo de dreno, a fim de prevenir potenciais complicações relativas ao procedimento e promover a segurança do paciente. Ressalta-se ainda que os cuidados com o dreno de tórax devem realizados mediante a elaboração efetiva da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), prevista na Resolução COFEN 358/09. 70 Cálculo de Medicamentos O Cálculo de Medicação e Gotejamento é o procedimento necessário para garantir a administração por via endovenosa dos medicamentos e demais volumes prescritos pela equipe médica na quantidade correta e pelo período de tempo adequado. Por se tratar de uma função essencialmente técnica, muitos profissionais podem negligenciar essa etapa da abordagem terapêutica, comprometendo a eficácia da intervenção e a saúde dos pacientes. No entanto, o esclarecimento sobre o cálculo de medicação está entre as temáticas mais importantes para os profissionais de enfermagem na atualidade, exigindo bastante atenção, perícia e proatividade dos enfermeiros. Quando toda a equipe está focada e acompanha o passo a passo da rotina de tratamento, é possível promover a eficácia da medicação prescrita e favorecer a melhora contínua das pessoas que recebem os cuidados médicos adequados. Como estruturar uma regra de três: 1º) Deve-se colocar na mesma fila as grandezas iguais, ou seja, ml abaixo de ml e mg abaixo de mg. 2°) Na primeira linha coloca-se o que se sabe (o que temos). Na segunda linha coloca-se o que se precisa descobrir (o que queremos), substituindo o valor que falta e o que se procura por X (conhecido como Incógnita). 71 Cálculo com Regra de Três A regra de três simples serve para resolver problemas que relacionam dois valores de uma grandeza. O valor desconhecido será tratado por “X”. Essa é uma das formas de cálculo mais usadas na enfermagem para calcular medicação (COREN, 2011). A prescrição médica é amoxicilina em suspensão por via oral, devendo ser administrada 380 mg de 12/12h. O frasco do medicamento possui uma apresentação de 250 mg/5 mL. Quantos mL devem ser administrados em cada dose? O que temos disponível na unidade: 250 mg → 5 mL (Lemos que 200 mg está para 5 mL.) O que queremos na prescrição: 380 mg → X (Lemos que 380 mg está para “X”, que é o valor buscado.) Agora vamos colocar em prática por meio da resolução dessa questão. Agora, usando a propriedade fundamental da regra de três, resolvemos da seguinte forma essa questão, começando sempre pela incógnita (“X”). Considere que o ponto (“.”) equivale a um sinal de multiplicação. 250 mg ----------------------- 5 ml 380 mg ------------------------ X 250 . X = 380 . 5 X = 1900 / 250 X = 7, 6 ml. Desse modo, a cada 12 horas deverão ser administradas uma dose de 7,6 ml de amoxicilina. 72 73 Cálculo de Gotejamento Volume a ser infundido em ml (V) Tempo que se leva para que a solução “corra”; podendo ser em horas e minutos (T). Gotas (gts) Microgotas (mgts) Ainda que na maioria dos serviços o gotejamento seja realizada por bombas de infusão, é preciso observar que em provas, concursos e em casos de falhas nos equipamentos deve-se utilizar as fórmulas tradicionais com os seguintes elementos (COREN, 2011). Vamos responder um exemplo para fixação. A senhora M.O.S, 70 anos, deu entrada em uma unidade de pronto atendimento com quadro sugestivo de hipoglicemia. Entre os procedimentos adotados, foi prescrita a administração de 500mL de soro glicosado para ser infundido em 6h. Quantas gotas por minuto são necessárias para essa infusão? Para os números após a vírgula MAIORES que 5 conserva o último, e soma + 1. Ex: 27, 77.Como o número após a vírgula é 7, arredondando ficaria 7+1 = 8. Portanto, seria: 27,8. E como esse número está mais próximo de 28 que de 27 então o correto será aproximar para 28. Veja que nos é pedido quantas gotas por minuto serão necessária. Logo, usaremos a fórmula de gts/min. Gts/min = V ________ T x 3 Gts/min = 500 ________ 6 x 3 Gts/min = 500 ________ 18 Gts/min = 27, 77 (arredondando temos 28 gotas/min). ATENÇÃO: A regra matemática para o arredondamento diz que: 74 Diferente da maioria das medicações, no solvente da penicilina cristalina, deve-se considerar o volume do soluto, que no frasco-ampola de 5.000.000 UI equivale a 2 ml e no frasco de 10.000.000 UI equivale a 4 ml. Quando coloca-se 8ml de Água Destilada em 1 Frasco- Ampola de de 5.000.000 UI, obtém-se como resultado uma solução contendo 10ml. Quando coloca-se 6 ml de Água Destilada em 1 Frasco- Ampola de 10.000.000 UI, obtém-se como resultado uma solução contendo 10ml. 75 Cálculo com Penicilina Cristalina Antibiótico de largo espectro largamente utilizado em unidades hospitalares tem frasco ampola em apresentações mais comuns com 5.000.000 UI e 10.000.000 UI. Prescrição (o que queremos): 3.500.000UI O que temos disponível: 10.000.000 UI Diluente: 6ml. Vamos resolver a questão por partes. 1ª) Deve-se entender o que foi pedido, então coloca-se o que se tem. 2ª) Utiliza-se a regra de três. Lembre-se que o 10 ml que aparece na fórmula foi a soma de 6ml do diluente + 4ml de cristais (soluto). 10.000.000 UI ---------------------- 10 ml 3.500.000 UI ------------------------ X 10.000.000. X = 3.500.000 . 10 X = 35.000.000 35 ________________ ou ________ X = 3,5 ml. 10.000.000 10 Diante do exposto, o volume em mililitros que deverá ser aspirado para atender a prescrição é de 3,5 ml de penicilina cristalina. Com base nessas informações vamos resolver uma uma questão para melhor fixação. Pergunta: Para atender uma prescrição de 3.500.000UI de penicilina cristalina, o volume em mililitros que deverá ser aspirado de um frasco de 10.000.000UI, que foi diluído em 6ml de água destilada, é de? 76 Quando se tem frascos com apresentação diferente da graduação da seringa ou ainda quando não existir seringa de insulina na unidade, utiliza-se a fórmula abaixo (COREN, 2011). 77 Cálculo de Insulina A insulina é sempre medida em unidades internacionais (UI) ou (U). Exemplo: Prescrição Médica 20 UI de insulina NPH rotulado 100 UI/ml e seringa de insulina graduada 100 UI/ml. Resposta: Deve-se aspirar na seringa de insulina até a demarcação de 20 UI. Frasco (F): 100 UI Seringa (S): 1 ml Prescrição (P): 20 UI ·X: É o que procuramos. ATENÇÃO: Algo que você precisa saber sobre o cálculo de insulina é que independente do volume da seringa apresentada na questão, nesse caso seringa de 3 ml, você sempre colocará na fórmula a seringa de 1 ml. Porque usar apenas 1 ml se a seringa é de 3 ml? Porque utiliza-se a quantidade equivalente à seringa de insulina (como se estivéssemos substituindo) (COREN, 2011). Temos os seguintes dados retirados da prescrição. Agora que temos os dados bastar substituir na fórmula que vimos anteriormente: 100 UI ------------ 1 ml 20 UI --------------- X 100 . X = 20 . 1 20 X= _________ = 0,2 ml. 100 78 Vamos responder uma questão para ver como acontece na prática. Foram prescritos 20 UI de insulina NPH (apresentação 100 UI/mL) para um Adulto com Diabetes tipo II descompensada. Porém, na unidade hospitalar, as seringas disponíveis são de 3 mL. Para cumprir a prescrição, utilizando as seringas de 3 ml, a quantidade de insulina a ser administrada é de? Quando fala-se de SG 5% tem-se 5g —100ml Quando fala-se de SG 10% tem-se 10g —100ml Quando fala-se de SG 15% tem-se 15g —100ml Quando fala-se de SF 0,9% tem-se 0,9g —100ml Pode-se manipular de forma a aumentar ou diminuir a concentração ou estabelecer uma nova solução. Para aumentar a concentração de um soro: Neste caso será necessário descobrir de quanto é a concentração do soro prescrito e a concentração da solução que temos disponível na unidade. Veja a seguir? Tendo essas informações em mãos vamos agora resolver uma questão para melhor fixação do conteúdo. 79 Cálculo de Transformação de Soro Soro é uma solução que pode ser isotônica, hipertônica e hipotônica e tem como finalidades: hidratação, alimentação, curativos, solvente de medicações (ampolas), compressa ocular, compressas diversas, e outros (COREN, 2011). Seus volumes podem variar de ampolas de 10 ml ou 20 ml e frascos de 100 ml, 250 ml, 500 ml e 1000 ml. Soro Glicosado de 500ml a 5% (isso significa que eu tenho 5g de glicose em 100 ml, mas quantas gramas de glicose eu terei em 500ml?). Vamos descobrir por meio de uma regra de três simples. Vamos resolver a questão por etapas Etapa 1 - Verifique o que temos disponível na unidade. 5g---------------------- 100ml X------------------------- 500ml 100 . X = 5 . 500 2.500 25 X = _________ ou _______ X = 25g. 100 1 Ou seja, tenho 25g de glicose em 500ml de soro. Etapa 2 - Verifique o que precisamos para atender a prescrição. ·Soro Glicosado de 500ml a 10% ( o que significa que eu tenho 10g de glicose em 100 ml, mas quantas gramas de glicose eu terei em 500ml?). 10g---------------------- 100ml X------------------------- 500ml 100 . X = 10 . 500 5.000 50 X = _________ ou _______ X = 50g. 100 1 Ou seja, tenho 50g de glicose em 500ml de soro. Portanto, se já temos 25 de glicose na unidade, mas precisamos de 50g para atender a prescrição médica, teremos de acrescentar, ao SG a 5% 25g de glicose. 80 Foi prescrito um soro glicosado de 500ml a 10%. Entretanto, no posto de enfermagem há apenas soro glicosado de 500ml a 5% e ampolas de glicose a 50% com 10ml. Quantas ampolas de Glicose a 50% com 10ml serão necessárias para essa transformação? Ampolas de Glicose a 50% com 10ml ( o que significa que eu tenho 50g de glicose em 100 ml, mas quantas gramas de glicose eu terei em 10ml?). Etapa 3 - Temos na unidade ampolas glicose a 50% com 10ml e vamos aspirar dessas ampolas a quantidade de glicose que precisamos. 50g---------------------- 100ml X------------------------- 10ml 100 . X = 50 . 10 X = 500 5 _________ ou _______ X = 5g. 100 1 Logo, tenho 5g de glicose em uma ampola de 10ml de glicose a 50%. Etapa 4 - Nessa etapa iremos descobrir quantas ampolas de glicose a 50% devemos acrescentar ao soro prescrito. Lembre-se que precisamos de 25g de glicose para acrescentar ao soro prescrito. 1 ampola ---------------------- 5g X ------------------------- 25g 5 . X = 25 . 1 X = 25 _________ X = 5 ampolas. 5 Diante do exposto, precisaremos de 5 ampolas de 5g de glicose a 50% para atender a prescrição solicitada na questão. 81 1ª) Potter, Patrícia A. Fundamentos de Enfermagem/ Patrícia A. Potter, Anne Griffin Perry. 9ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 2ª) Brunner e Suddarth. Tratado de Enfermagem Médico- Cirúrgico - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. 3ª) Barros, Alba Lúcia et al. Anamnese e Exame Físico – Porto Alegre: Artmed, 2016. 4ª ) Boas Práticas: cálculo seguro. Volume I e II (COREN SP, 2011). 5ª) Gomes, Cleide Oliveira et al. Semioténica em enfermagem. Natal: EDUFRN, 2018. 6ª) KAWAMOTO, E.E; FORTES, J.I. Fundamentos de Enfermagem. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. 7ª) CAMARGNANI, M.I.S. et al. Procedimentos de Enfermagem: Guia prático. 2ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 82 Referências