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Bruna Braga Barbosa Síndromes Pulmonares e Pleurais- Semiologia 14/09/22. CAP 35 Mario Lopez (slide 301 pdf) Primeiramente, as vias aéreas são divididas em superiores (supraglóticas) e inferiores (infra glóticas),sendo estas últimos ainda divididas em grandes (brônquios) e pequenas (bronquíolos e alvéolos). DPOC É um ataque crônico e agressivo às pequenas vias aéreas e ao parênquima pulmonar, sendo a fumaça o principal agente agressor. A condição indispensável para confirmar uma dpoc é a presença de obstrução crônica e irreversível do fluxo aéreo. Caso o paciente fume e tenha uma tosse crônica produtiva mas não tem sinais de obstrução, é apenas uma Síndrome Hiper Secretora de muco, que é uma bronquite crônica não obstrutiva e é uma doença das grandes vias porque é uma inflamação das glândulas dos brônquios. E é o que ocorre na maioria dos fumantes, só 10%-20% desenvolve o DPOC. É um grupo restrito que inclui: bronquite crônica e enfisema. Doenças como asma, bronquiectasias e fibrose cística não estão inclusas. *Mecanismo do cigarro: os oxidantes presentes ativam e recrutam células inflamatórias, principalmente macrofagos e neutrófilos, e estas liberam Elastase a qual degrada elastina que é o principal componente do interstício pulmonar. E esses oxidantes ainda bloqueiam a Alfa 1 antitripsina que protege contra a digestão enzimática pela elastase. - Quadro clínico: sinais físicos de obstrução (tórax globoso, movimento paradoxal do tórax, uso de musculatura acessória, predominância de respiração torácica em homens ou predominância de respiração abdominal em mulheres, expiração prolongada, sons respiratórios reduzidos) + tosse crônica produtiva (secreção hialina) + crepitações protoinspiratórias + dispneia crônica. - Exacerbação da DPOC: ocorre quando há piora da dispnéia (agudamente, por exemplo de dia era ao esforço e a noite já estava sendo ao deitar) e da tosse , além do aparecimento de escarro purulento esverdeado. Normalmente ocorre por infecções podendo apresentar sibilos. É uma piora aguda. - Paciente soprador róseo: magro, sem cianose, é um combatente pois consegue forçar uma hiperventilação para evitar hipercapnia (acúmulo de dióxido de carbono) e com isso há um gasto maior de energia que tende ao emagrecimento. - Paciente pletórico azul: são mais obesos, apresentam cianose, não são combatentes então apresentam hipercapnia e Policitemia associada (aumento da produção de células do sangue), o que favorece a formação de edema. OBS: a única forma de ter dpoc sem fumar é tendo Enfisema puro que é por deficiência da enzima Alfa 1 antitripsina. Pacientes com DPOC: - Mais de 20 anos maço - sintomas contínuos - dispneia progressiva - Na HPP pode ter neoplasias ou IC (devido ao cigarro a dpoc nunca é uma doença sozinha) - Na HS fuma cigarro ou fumo de rolo ou tem fogão a lenha em casa há anos. - Na HF não terá relação direta com a doença. Exame físico no DPOC: - Inspeção estática: tórax em tonel (hiperinsuflado) - inspeção dinâmica: uso de musculatura acessória e taquipneia. (Tem dificuldade na insp e na exp, mas na exp). - expansibilidade: diminuída simetricamente - FTV: diminuído universalmente - percussão: timpânico (se tiver excesso de ar) ou maciço (se tiver muita secreção). - ausculta: murmúrio pode estar normal ou diminuído com sibilos e crepitações. OBS: esse paciente não está inflamado, mas sim fibrosado. Tratamento: não tem cura, então apenas broncodilatador para alívio. OBS: mesmo o dpoc sendo negativo na prova broncodilatadora, o pouco que ajuda já melhora a qualidade de vida do paciente. Asma É uma bronquite não obstrutiva e reversível. O paciente é mais sensível/alérgico a pó, mudanças de tempo, atividade física. E são esses fatores externos que inflamam o brônquio e formam um edema que gera a dificuldade de inspirar e expirar causando os sibilos. *Sintomas não são contínuos, eles afloram em períodos específicos ‘’ah piora quando está frio’’. - Na HDA: dispneia, sibilo, tosse seca, dor torácica que não é ventilatório dependente. OBS: muitas vezes só de se afastar do fator externo inflamatório já faz melhorar. - Na HPP: vai relatar asma na infância (é genético, já nasce com asma mas pode desaparecer e reaparecer quando adulto), ou vai relatar bronquite (que chamam erroneamente, pois não é doença mas sim uma inflamação que pode ser causado tanta na asma quanto em outras doenças) ou pneumonias frequentes. - Na HS não apresentará relação, fumar não é causa. - Na HF alguém da familia terá asma. - Na RS pode buscar mais sintomas respiratórios. Exame físico: - inspeção estática: nada - inspeção dinâmica: esforço respiratório/uso de musc acessória - expansibilidade: normal e simétrico (não acomete o parenquima) - FTV: normal (não acomete o parenquima) - percussão: atimpânica - ausculta: murmúrio vesicular presente com sibilos difusos. ‘’SILÊNCIO AUSCULTATÓRIO’’: sinal de gravidade da asma, quando os murmúrios tornam-se ausentes. Tratamento: broncodilatador (que diferente do dpoc, consegue reverter o quadro) + corticóide inalatório. OBS: tomar vacina da gripe pois um dos principais gatilhos para crise asmática são infecções virais. ATELECTASIAS CONSOLIDAÇÃO DERRAME PLEURAL E PNEUMOTÓRAX - 15/09/22. Consolidação: é a substituição do ar de dentro dos alvéolos por transudato, exsudato, sangue, material estranho, célula inflamatória ou células neoplásicas. Exemplos de consolidação: Edema, Hemorragia pulmonar, Tuberculose Pulmonar e Pneumonia. Também pode ser causada por acidentes, por exemplo uma contusão pulmonar que gera um sangramento do parênquima. *Hepatização pulmonar: a consolidação é assim chamada pois ao substituir o ar por outro produto o pulmão torna-se mais sólido, mais compacto como o fígado. EXAME FÍSICO: - Inspeção estática: normal, o material patológico substitui o ar então o volume fica mantido o mesmo. - Inspeção dinâmica: normal ou se a consolidação for grande pode ter uso da musculatura acessória e taquipnéia. - Palpação: expansibilidade diminuída no lado acometido (pulmão estará mais pesado). - FMTV: aumentado no lado acometido (único caso em que aumenta). - Percussão: maciça. - Ausculta: som bronquial no lado acometido (podendo ser confirmado com broncofonia e pectorilóquia) com crepitações finas teleinspiratórias e pode ou não ter roncos. Atelectasias: Perda do volume pulmonar, o ar é retirado sem substituição. Causada por obstrução brônquica, exceto os casos de microatelectasia e atelectasia laminar que ocorrem devido perda do surfactante alveolar, normalmente nas bases do pulmão. ● Qual principal complicação pós operatória em cirurgia de abertura do tórax? Microatelectasias devido a hipomotilidade do diafragma, falta de força para puxar ar fazendo com que não chegue nas bases pulmonares e ocorra atelectasia (murcha) de uma pequena região. - Atelectasia central: quando ocorre obstrução do brônquio lobar ou principal, levando a uma atelectasia lobar ou pulmonar completa. Sinais físicos importantes: retração do hemitórax e sons respiratórios abolidos. - Atelectasia periférica: obstrução de brônquios segmentares ou bronquiolar. Normalmente não ocorre a atelectasia porque os brônquios centrais estão livres e tem a ventilação colateral para compensar, mas pode acontecer. Sinais físicos importantes: retração do hemitórax e som bronquial no tórax, com crepitações graves protomesoinspiratórias ou inspiratória e expiratória. - Atelectasia não obstrutiva: é a fibroatelctasia. Caracterizada por obstrução do espaço aéreo devido fibroses (tecido cicatrizante), há dilatações brônquicas caracterizando as bronquiectasias. É o quadro do ‘’pulmão destruído’’. Sinais: retração do hemitórax, crepitações graves profusas fixas e variáveis, som bronquial no espaço interescapulovertebral e desvio da traqueia para o lado acometido. EXAME FÍSICO: - Inspeção estática: a traqueia vai estar desviada para o lado comprometido e retração do lado comprometido. Quando a caixa torácica fica vazia, o coração é empurrado para o lado comprometido (como se estivessesendo sugado). - Palpação: expansibilidade diminuída no local. - Frênico toracovocal: pode estar diminuído (parcialmente obstruído) ou abolido (totalmente obstruído); - Percussão: maciça. O pulmão está fechado a percussão será em cima de osso e músculo, assim a percussão estará maciça e não atimpânica como seria o normal de se estar. - Ausculta: murmúrio ausente (na central), posso ter crepitação e som bronquial (na periférica ou fibroatelectasia). Derrame Pleural: Derrame pleural é o acúmulo de líquido dentro da cavidade pleural. Fisiologicamente só tem 10 ml de líquido entre as pleuras para facilitar o deslizamento sem atrito. Pode ocorrer por alterações na pressão hidrostática (como, hipertensão porta ou hipertensão pulmonar), na pressão oncótica (como síndrome nefrótica que aumenta a perda de albumina) ou por inflamação na pleura. Doenças com essa manifestação: tuberculose pleural, embolia pulmonar, insuficiência cardíaca, Pneumonia (por ser uma doença do parênquima que é muito perto da pleura pode evoluir para derrame), Insuficiência hepática, insuficiência renal e Hipoalbuminemia. OBS: A primeira queixa de um paciente com derrame pleural é dor pleurítica ventilatória-dependente (dor em pontada como uma facada que piora com inspiração, impedindo o paciente de realizar a inspiração), isso significa que a pleura está inflamada. Paciente irá evoluir para dispneia que será proporcional a quantidade de líquido na pleura + tosse seca (lembrar que o problema está na pleura e não nas vias). EXAME FÍSICO: - Inspeção estática: normal (pouco líquido) ou tórax abaulado (muito líquido). - Inspeção dinâmica: normal (pouco líquido) ou taquipneia e uso da musculatura acessória (muito líquido). - Expansibilidade: diminuída. - Frêmito tóraco-vocal: diminuído ou abolido (o conteúdo entre as pleuras causa uma distância entre onde o som é gerado e o tórax onde a mão irá sentir a vibração). - Percussão: maciça. - Ausculta: murmúrio vesicular diminuído ou abolido (porque o conteúdo entre as pleuras torna distante a origem do som do ponto onde se coloca o estetoscópio para auscultar); - Ruídos adventícios: sibilos, crepitação e ronco ausentes (derrame pleural não é doença de via aérea, portanto não irá sibilar, não terá crepitação e nem ronco). *Na prova prática, o paciente sempre terá muito líquido, não estará com os parâmetros normais. Pneumotórax: Presença de ar entre a pleura parietal e visceral. Essa entrada ocorre por perfuração da cavidade pleural (tiro, corte, fratura de costela). A única diferença do Pneumotórax para o Derrame é que a percussão não será maciça já que o conteúdo é ar, então será timpânico. Queixas do paciente: dor pleural súbita, dispneia e/ou sensação de opressão retroesternal. ● Pneumotórax espontâneo primário: maior incidência em pacientes que fumam, é causado pelo rompimento de bolhas de ar que gera uma comunicação entre o alvéolo e a pleura. É o que ocorre no paciente hiperinsuflado do DPOC. ● Pneumotórax secundário: ocorre em pacientes com pneumopatias prévias. ● Pneumotórax traumático: após acidentes ou procedimentos (Toracocentese). ● Pneumotórax hipertensivo: O pneumotórax hipertensivo é o acúmulo de ar entre as pleuras, através de uma válvula unidirecional no pulmão (como, por exemplo, a fístula pulmonar) ou na parede torácica (trauma de tórax), podendo gerar um colapso pulmonar. OU SEJA, as causas são as basicamentes as mesmas do pneumo traumático , como cirurgias/ procedimentos/ lesão durante a ventilação mecânica, porém, o diferencial do hipertensivo é o aumento da pressão pleural no hemitórax afetado que vai levar a um deslocamento da traquéia e do mediastino. A entrada do ar apresenta um colabamento do pulmão afetado, deslocando o mediastino e a traqueia contralateralmente, comprimindo o pulmão sadio, reduzindo o retorno venoso e consequentemente o débito cardíaco. OBS: Nesses casos o paciente estará cianótico, taquicárdico e dispneico, e se houver esses sinais + predisposição para Pneumo hipertensivo (como, paciente em ventilação mecânica) já confirma diagnóstico sem necessidade de exame complementar. Realiza-se drenagem de emergência. o normal é não estar muito preto. Outras complicações que estão no Mário López: ● Hidropneumotórax: é difícil diferenciar do derrame sem radiografia. A principal diferença é que além do acúmulo de líquido na parte inferior do pulmão, a parte superior estará em Pneumotórax então terá excesso de ar e a percussão será timpânica. Já no derrame a percussão é maciça no local do líquido e no restante é normal, atimpânica. Normalmente é a evolução de uma pneumopatia infecciosa e quase sempre se dá por uma fístula broncopleural. ● Síndrome do espessamento pleural: Pleurite seca, hemotórax, empiema e derrames inflamatórios, após a cura deixam uma cicatriz fibrosa na pleura. Esse fibrotórax se for pequeno não causa alteração clínica, porém se for grande a camada fibrosa envolverá todo pulmão impedindo sua expansão e reduzindo os sons respiratórios e o FMTV. OBS: A exposição ao Asbesto também causa espessamento. ● Pleurite seca: ●