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Anna Julia do Amaral Pena Semiologia Fundamentos da clínica médica �1 Anna Julia do Amaral Pena Sumário: Aparelho Respiratório ————- página 3 Aparelho Cardíaco ————- página 47 Aparelho Urinário ————- página 101 Aparelho Digestivo ————- página 121 Aparelho Endócrino ————- página 214 Aparelho Neurológico ————- página 245 �2 Anna Julia do Amaral Pena Aparelho respiratório Histologia: A maior parte do aparelho respiratório é revest ida por epitél io pseudoestratificado cilíndrico ciliado. Possui glândulas submucosas. O pulmão possui dois componentes principais: os alvéolos, nos quais suas paredes/ tabiques são constituídos por células epiteliais, sendo que há também pneumócitos na luz da parede desses alvéolos; e o restante do pulmão é formado, principalmente, por tecido conjuntivo de sustentação. Fisiologia: A principal função do aparelho respiratório é a troca gasosa. Mecanismo de funcionamento: o centro respiratório emite um impulso nervoso que estimula a contração muscular (fenômeno ativo), resultando em uma alteração da pressão da caixa torácica, permitindo a entrada de ar nos pulmões (fenômeno passivo); Os sacos alveolares orientam a saída do ar. A expansibilidade pulmonar é igual a expansibilidade dos alvéolos, ou seja, o quanto os alvéolos se abrem. O murmúrio vesicular é caracterizado pelo barulho do conjunto de ar turbilhonando dentro dos alvéolos. Exame físico: Inspeção: O tórax é observado tanto com o paciente sentado como deitado. Na inspeção estática examinam-se a forma do tórax e suas anomalias congênitas ou adquiridas, localizadas ou difusas, simétricas ou não. Na inspeção dinâmica observam-se os movimentos respiratórios, suas características e alterações. A morfologia torácica varia conforme o biotipo do paciente (normolíneo, longilíneo e brevilíneo), cuja caracterização leva em conta a abertura do ângulo formado pelas últimas costelas (ângulo de Charpy). No normolíneo, o ângulo de Charpy é igual a 90°; no longilíneo, menor que 90°; e no brevilíneo, maior que 90°. Deve-se avaliar, de início, o estado de consciência do paciente, lembrando a frequência com que um grande número de enfisematosos, principalmente aqueles em que predomina a bronquite (tipo BB), apresentam-se em um estado torporoso devido à narcose pelo C02. �3 Anna Julia do Amaral Pena Na pele observam-se a coloração e o grau de hidratação, bem como se há lesões elementares sólidas, correlacionando-as com as doenças pulmonares. Assim, as pápulas e ulcerações com a paracoccidioidose; os tubérculos com a tuberculose e a sarcoidose; os nódulos com o eritema nodoso ou a sarcoidose e o eritema indurativo de Bazin; a urticária com a alergia; as vegetações com a paracoccidiodose, a tuberculose e os epiteliomas. Deve-se observar a coloração da pele do paciente, destacando-se a cianose e a palidez, lembrando-se de que nem sempre há cianose, mesmo na hipoxemia grave. As mamas devem ser examinadas pela inspeção e palpação e comparadas quanto ao volume, posição do mamilo e existência de nódulos. Nas partes ósseas, deve-se procurar retrações e abaulamentos difusos ou localizados. Dependendo das alterações ósseas da coluna vertebral, costelas e estemo, teremos os vários tipos de tórax. O tórax chato ou plano é aquele em que a parede anterior perde sua convexidade normal, havendo por isso redução do diâmetro anteroposterior. As costelas aumentam sua inclinação, os espaços intercostais se reduzem e o ângulo de Louis torna-se mais nítido. As clavículas são mais oblíquas e salientes, e as fossas supra- e infraclaviculares, mais profundas. Nesse tipo de tórax, a musculatura é pouco desenvolvida, razão pela qual as omoplatas estão mais baixas, afastando-se do tórax, caracterizando o chamado tórax alado. Este tipo de tórax é próprio dos indivíduos longilíneos. Exemplos típicos encontram-se em alguns portadores de doença pulmonar crônica. O tórax em tonel ou globoso caracteriza-se pelo aumento exagerado do diâmetro anteroposterior, maior horizontalização dos arcos costais e abaulamento da coluna dorsal, o que torna o tórax mais curto. Exemplo desse tórax é observado nos enfisematosos do tipo PP (soprador rosado). No processo natural de envelhecimento, pode-se verificar o esboço desse tórax. Convém não confundi-lo com o tórax globoso dos enfisematosos, uma vez que o processo de envelhecimento não compromete as funções pulmonares, como acontece nos portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). O tórax infundibuliforme (pectus excavatum) caracteriza-se por uma depressão na parte inferior do esterno e região epigástrica. Em geral essa deformidade é de natureza congênita. A radiografia do tórax desses pacientes, na posição PA, mostra o contorno do átrio direito borrado, sugerindo, erroneamente, comprometimento do lobo médio. No tórax cariniforme (pectus carinatum), o esterno é pro- eminente e as costelas horizontalizadas, resultando em um tórax que se assemelha ao das aves (tórax de �4 Anna Julia do Amaral Pena pombo). Pode ser de origem congênita ou adquirida. Neste último caso, devido a raquitismo na infância. Tórax cônico ou em sino é aquele que tem sua parte inferior exageradamente alargada, lembrando um tronco de cone ou um sino. É encontrado nas hepatoesplenomegalias e ascites volumosas. O tórax cifótico tem como característica principal a curvatura da coluna dorsal, formando uma gibosidade. Pode ser de origem congênita ou resultar de postura defeituosa. Também a tuberculose óssea (mal de Pott), a osteomielite ou as neoplasias podem ser responsáveis por essa deformidade. O tórax cifoescoliótico apresenta, além da cifose, um desvio da coluna para o lado (escoliose). As formas leves dessas duas últimas deformidades são comuns e desprovidas de significado patológico. Ao se examinar uma radiografia de um indivíduo com cifose discreta, que não tenha sido feita em posição posteroanterior correta, a sombra traqueal aparece com um desvio que, na realidade, não existe. Para o reconhecimento do tipo respiratório, observar a movimentação do tórax e do abdome, com o objetivo de reconhecer em que regiões os movimentos são mais amplos. Em pessoas sadias, na posição de pé ou na sentada, quer no sexo masculino quer no feminino, predomina a respiração torácica ou costal, caracterizada pela movimentação predominantemente da caixa torácica. Em decúbito dorsal, também em ambos os sexos, a respiração é predominantemente �5 Anna Julia do Amaral Pena diafragmática, prevalecendo a movimentação da metade inferior do tórax e do andar superior do abdome. A observação do tipo respiratório tem importância no diagnóstico da fadiga e da paralisia diafragmática, condições em que a parede abdominal tende a se retrair na inspiração, ao contrário do que ocorre na respiração diafragmática normal. Nestas situações pode haver também alternância da respiração torácica e da abdominal, e os músculos da caixa torácica passam a ser recrutados devido à "fraquezà' do diafragma ou ao aumento anormal do trabalho respiratório por alguma doença que dificulta a respiração. Ritmo respiratório: Normalmente a inspiração dura quase o mesmo tempo que a expiração, sucedendo-se os dois movimentos com a mesma amplitude, intercalados por leve pausa. Quando uma dessas características se modifica, surgem os rit- mos respiratórios anormais: respiração de Cheyne-Stokes, respiração de Biot, respiração de Kussmaul, respiração suspirosa. Respiração de Cheyne-Stokes. As causas mais frequentes deste tipo de respiração são a insuficiência cardíaca, a hipertensão intra- craniana, os acidentes vasculares cerebrais e os traumatismos cranioencefálicos. Tal ritmo caracteriza-se por uma fase de apneia seguida de incursões inspiratórias cada vez mais profundas até atingir um máximo, para depois vir decrescendo até nova pausa. Isto ocorre devido a variações da tensão de 0 2 e C02 no sangue. Assim, o excessode C02 durante o período de apneia obriga os centros respiratórios bulbares a enviarem estímulos mais intensos que resultam em aumento da amplitude dos movimentos respiratórios; com isto haverá maior eliminação de C02, e sua concentração no sangue cai. Consequentemente, não havendo estímulos exagerados dos centros respiratórios, diminui a amplitude dos movimentos respiratórios e assim sucessivamente. Nesse ritmo respiratório, a percepção "auditivà' do fenômeno é maior que a "visual": a respiração de Cheyne-Stokes é "ouvida" melhor do que é vista. Respiração de Biot: As causas desse ritmo são as mesmas da respiração de Cheyne-Stokes. No ritmo de Biot, a respiração apresenta-se com duas fases. A primeira, de apneia, seguida de movimentos inspiratórios e expiratórios anárquicos quanto ao ritmo e à amplitude. Quase sempre este tipo de respiração indica grave comprometimento cerebral. Respiração de Kussmaul: A acidose, principalmente a diabética, é a sua causa principal. A respiração de Kussmaul compõe-se de quatro fases: (1) inspirações ruidosas, gradativamente mais amplas, alternadas com inspirações rápidas e de pequena amplitude; (2) apneia em inspiração; (3) expirações ruidosas �6 Anna Julia do Amaral Pena gradativamente mais profundas alternadas com inspirações rápidas e de pequena amplitude; (4) apneia em expiração. Respiração suspirosa: Na respiração suspirosa, o paciente executa uma série de movimentos inspiratórios de amplitude crescente seguidos de expiração breve e rápida. Outras vezes, os movimentos respiratórios normais são interrompidos por "suspiros" isolados ou agrupados. Traduz tensão emocional e ansiedade. Tiragem: Durante a inspiração em condições de normalidade, os espaços intercostais deprimem-se ligeiramente. Tal fenômeno é mais visível na face lateral do tórax dos indivíduos longilíneos e resulta do aumento da pressão negativa, na cavidade pleural, durante a fase inspiratória. Se ocorrer obstrução brônquica, o parênquima correspondente àquele brônquio entra em colapso e a pressão negativa daquela área torna-se ainda maior, provocando assim a retração dos espaços intercostais. A tiragem pode ser difusa ou localizada, isto é, supraclavicular, infraclavicular, intercostal ou epigástrica. Essas áreas retráteis caracterizam a impossibilidade de o pulmão acompanhar o movimento expansivo da caixa torácica, devido à atelectasia subjacente. �7 Anna Julia do Amaral Pena Palpação: Além de complementar a inspeção, avaliando a mobilidade da caixa torácica, a palpação torna possível que lesões superficiais sejam mais bem examinadas quanto a sua forma, seu volume e sua consistência. Com o dorso das mãos, verifica-se a temperatura cutânea, comparando-a com a do lado oposto. A expansibilidade dos ápices pulmonares é pesquisada com ambas as mãos espalmadas, de modo que as bordas internas toquem a base do pescoço, os polegares apoiem-se na coluna vertebral e os demais dedos nas fossas supraclaviculares. O frêmito toracovocal (FTV) corresponde às vibrações das cordas vocais transmitidas à parede torácica. Estas vibra- ções são mais perceptíveis nos indivíduos cuja voz é de tonalidade grave. Como isto nem sempre ocorre, deve-se fazer com que o paciente pronuncie palavras ricas em consoantes, tendo-se consagrado em nosso meio as palavras "trinta e três’. Existem outros tipos de frêmito, como o frêmito brônquico, equivalente tátil dos estertores, e o frêmito pleural, que resulta da sensação tátil do ruído de atrito provocado pelas duas superfícies rugosas dos folhetos pleurais e que muitas vezes precede os derrames. �8 Anna Julia do Amaral Pena Percussão: Deve-se iniciar a percussão do tórax pela sua face posterior, de cima para baixo, ficando o médico atrás e à esquerda do paciente. Percute-se separadamente cada hemitórax. Em uma segunda etapa, percutir comparativa e simetricamente as várias regiões. A mão esquerda, com os dedos ligeiramente separados, deve apoiar-se suavemente sobre a parede, e o dedo médio, sobre o qual se percute, exerce apenas uma leve pressão sobre o tórax. Quatro tonalidades de som são obtidas: (1) som claro pulmonar ou sonoridade pulmonar nas áreas de projeção dos pulmões; (2) som timpânico no espaço de Traube; (3) som submaciço na região inferior do esterno; (4) som maciço na região inframamária direita (macicez hepática) e na região precordial. A coluna vertebral, ao ser percutida, provoca um som claro atimpânico. Havendo derrame de volume médio não septado, o som se torna maciço; se o paciente se inclinar para frente ou assumir o decúbito ventral, a macicez desaparece. Esta manobra contribui para diferenciar os derrames das condensações aí localizadas. Desde que exista condensação, o som maciço da coluna permanece, qualquer que seja a posição do paciente. Ausculta: A ausculta é o método semiológico básico no exame físico dos pulmões. É funcional por excelência, diferentemente da percussão, uma vez que possibilita analisar o funcionamento pulmonar. Para sua realização exige-se o máximo de silêncio, além de posição cômoda do paciente e do médico. Os sons pleuropulmonares podem ser classificados do seguinte modo: �9 Anna Julia do Amaral Pena ‣ Sons normais: Som traqueal. Som brônquico. Murmúrio vesicular. Som broncovesicular. ‣ Sons anormais: Descontínuos: estertores finos e grossos. Contínuos: roncos, sibilos e estridor. Atrito pleural ‣ Sons vocais: Broncofonia, egofonia, pectorilóquia fônica e afônica. Som traqueal: No som traqueal, bem como nos outros sons pulmonares, reconhecem-se dois componentes- o inspiratório e o expiratório -, cujas características estetoacústicas são específicas para cada som. O som traqueal, audível na região de projeção da traqueia, no pescoço e na região esternal, origina-se na passagem do ar através da fenda glótica e na própria traqueia. Diferenciam-se com facilidade seus dois componentes, sendo o inspiratório constituído de um ruído soproso, mais ou menos rude, após o qual há um curto intervalo silencioso que separa os dois com onentes, e o expiratório, um pouco mais forte e mais prolongado. O som brônquico: corresponde ao som traqueal audível na zona de projeção de brônquios de maior calibre, na face anterior do tórax, nas proximidades do esterno. O som brônquico muito se assemelha ao som traqueal, dele se diferenciando apenas por ter o componente expiratório menos intenso. Murmúrio vesicular: Os ruídos respiratórios ouvidos na maior parte do tórax são produzidos pela turbulência do ar circulante ao chocar-se contra as saliências das bifurcações brônquicas, ao passar por cavidades de tamanhos diferentes, tais como dos bronquíolos para os alvéolos, e vice-versa. Ausculta-se o murmúrio vesicular em quase todo o tórax, com exceção apenas das regiões esternal superior, interescapulovertebral direita e no nível da 3a e vértebras dorsais. Nestas áreas, ouve-se o som broncovesicular. �10 Anna Julia do Amaral Pena Som broncovesicular: Neste tipo de som, somam-se as características do som brônquico com as do murmúrio vesicular. Deste modo, a intensidade e a duração da inspiração e da expiração têm igual magnitude, ambas um pouco mais fortes que no murmúrio vesicular, mas sem alcançar a intensidade de som brônquico. Os sons anormais descontínuos são representados pelos estertores. Estertores: Os estertores são ruídos audíveis na inspiração ou na expiração, superpondo-se aos sons respiratórios normais. Podem ser finos ou grossos. Os estertores finos ou crepitantes ocorrem no final inspiração, têm frequência alta, isto é, são agudos, e duração curta. Não se modificam com a tosse. Podem ser comparados ao ruí- do produzido pelo atrito de um punhado de cabelos junto ao ouvido ou ao som percebido ao se fechar ou abrir um fecho tipo velcro. São ouvidos principalmente nas zonas pulmonares influenciadas pela força da gravidade. O mecanismo de formação destes sons temsido motivo de polêmicas desde a descoberta do estetoscópio. Aceita-se atualmente que os estertores finos sejam produzidos pela abertura sequencial de vias respiratórias anteriormente fechadas devido à pressão exercida pela presença de líquido ou exsudato no parênquima pulmonar ou por alteração no tecido de suporte das paredes brônquicas. O primeiro mecanismo explicaria a presença de estertores finos na pneumonia e na congestão pulmonar da insuficiência ventricular esquerda, enquanto o segundo seria observado nas doenças intersticiais pulmonares. Os estertores grossos ou bolhosos têm frequência menor e maior duração que os finos. Sofrem nítida alteração com a tosse e podem ser ouvidos em todas as regiões do tórax. Diferentemente dos estertores finos, que só ocorrem do meio para o final da inspiração, os estertores grossos são audíveis no início da �11 Anna Julia do Amaral Pena inspiração e durante toda a expiração. Os estertores grossos parecem ter origem na abertura e fechamento de vias respiratórias contendo secreção viscosa e espessa, bem como pelo afrouxamento da estrutura de suporte das paredes brônquicas. São comuns na bronquite crônica e nas bronquiectasias. Os sons anormais contínuos são representados pelos roncos, sibilos e estridor. Roncos e sibilos: Os roncos são constituídos por sons graves, portanto, de baixa frequência, e os sibilos por sons agudos, formados por ondas de alta frequência. Originam-se nas vibrações das paredes brônquicas e do conteúdo gasoso quando há estreitamento destes duetos, seja por espasmo ou edema da parede ou achado de secreção aderida a ela, como ocorre na asma brônquica, nas bronquites, nas bronquiectasias e nas obstruções localizadas. Aparecem na inspiração como na expiração, mas predominam nesta última. São fugazes, mutáveis, surgindo e desaparecendo em curto período de tempo. Os sibilos também se originam de vibrações das paredes bronquiolares e de seu conteúdo gasoso, aparecendo na inspiração e na expiração. Em geral são múltiplos e disseminados por todo o tórax, quando provocados por enfermidades que comprometem a árvore brônquica, como acontece na asma e na bronquite. Quando os sibilos são localizados em determinada região, indicam semiobstrução por neoplasia ou corpo estranho. Estridor: O estridor é um som produzido pela semiobstrução da laringe ou da traqueia, fato que pode ser provocado por difteria, laringites agudas, câncer da laringe e estenose da traqueia. Quando a respiração é calma e pouco profunda, sua intensidade é pequena, mas, na respiração forçada, o aumento do fluxo de ar provoca significativa intensificação deste som. Sopros: Quando auscultamos certas regiões do tórax (7ª vértebra cervical no dorso, traqueia, região interescapular), podemos perceber um sopro brando, mais longo na expiração que na inspiração. Essa é uma verificação normal. Todavia, ocorre também em certas situações, quando o pulmão perde sua textura normal, como nas pneumonias bacterianas (hepatização), nas grandes cavernas (brônquio de drenagem permeável) e no pneumotórax hipertensivo. Tais sopros são chamados, respectivamente, de tubários, cavitários e anfóricos. Atrito pleural: Em condições normais, os folhetos visceral e parietal da pleura deslizam um sobre o outro, durante os movi- mentos respiratórios, sem produzir qualquer ruído. Nos casos de pleurite, por se recobrirem de exsudato, passam a produzir um ruído irregular, descontínuo, mais intenso na inspiração, com frequência comparado ao ranger de couro atritado. Tal ruído recebe a denominação de atrito pleural. Representa um som de duração maior e frequência baixa, de tonalidade grave, portanto, o que toma fácil distingui-lo dos �12 Anna Julia do Amaral Pena estertores. Para reconhecê-lo, o examinador pode imitá-lo colocando uma das mãos de encontro ao próprio ouvido e atritando-o com a outra mão, com forte pressão. A sede mais comum do atrito pleural são as regiões axilares inferiores, onde os pulmões realizam movimentação mais ampla. O aumento da pressão do receptor do estetoscópio sobre a parede torácica pode tomá-lo mais intenso. Sua causa principal é a pleurite seca. A instalação de derrame pleural determina seu desaparecimento. Para completar o exame físico dos pulmões, auscultam-se a voz nitidamente pronunciada e a voz cochichada. Para isso, o paciente vai pronunciando as palavras «trinta e três" enquanto o examinador percorre o tórax com o estetoscópio, comparando regiões homólogas, tal como fez no exame do frêmito toracovocal, usando a mão. Os sons produzidos pela voz e ouvidos na parede torácica constituem o que se chama ressonância vocal. Em condições normais, tanto na voz falada como na cochichada, a ressonância vocal constitui-se de sons incompreensíveis, isto é, não se distinguem as sílabas que formam as palavras. Isto porque o parênquima pulmonar normal absorve muitos componentes sonoros, mas, quando está consolidado (pneumonia, infarto pulmonar), a transmissão é facilitada. Toda vez que houver condensação pulmonar - inflamatória, neoplásica ou pericavitária -, há aumento da ressonância vocal ou broncofonia. Ao contrário, na atelectasia, no espessamento pleural e nos derrames, ocorre diminuição da ressonância vocal. Observar que o aumento e a diminuição da ressonância vocal coincidem com as mesmas modificações do frêmito toracovocal. O fenômeno é o mesmo, isto é, facilitação da chegada das vibrações à parede torácica percebidas pelo tato (frêmito toracovocal) ou pelo ouvido (ressonância vocal). Quando se ouve com nitidez a voz falada, chama-se pectorilóquia fônica. Quando o mesmo acontece com a voz cochichada, denomina-se pectorilóquia afônica, a qual representa a expressão estetoacústica mais clara da facilitação da transmissão das ondas sonoras. Na ausculta da voz podem-se observar: ‣ Ressonância vocal normal. �13 Anna Julia do Amaral Pena ‣ Ressonância vocal diminuída. ‣ Ressonância vocal aumentada: Broncofonia- ausculta-se a voz sem nitidez. Pectorilóquia fônica- ausculta-se a voz nitidamente. Pectorilóquia afônica - ausculta-se a voz mesmo se cochichada. Egofonia: É uma forma especial de broncofonia, ou seja, é uma broncofonia de qualidade nasalada e metálica, comparada ao balido de cabra. Aparece na parte superior dos derrames pleurais. Pode ser observada, também, na condensação pulmonar. Patologias: D.P.O.C: Doença Pulmonar Obstrutiva (ou Oclusiva) Crônica É o nome de um conjunto de 4 doenças; É caracterizada pela obstrução do fluxo aéreo; É uma doença crônica, progressiva e irreversível, geralmente relacionada a inalação crônica de pós ou fumaça. Exemplos: tabagismo (grande carga por um longo tempo); inalação crônica de cristais (silicose - rocha, antracnose - carvão, beriliose – berílio > pneumoconiose); fogão à lenha (só se o paciente ficar muito tempo em contato com o fogão, e em um lugar fechado; inalação de resíduos vegetais (cana-de-açúcar e algodão (bicinose - pneumoconiose causada devido à inalação de algodão)). Obs.: Segundo o Caya, o uso diário de fogão à lenha não é suficiente para ser apontado como causa da D.P.O.C., dado que a maioria das vezes, o fogão à lenha encontra-se em local arejado. As 4 doenças associadas que causam a D.P.O.C. são: bronquite crônica, enfisema pulmonar, bronquiectasia e hiper-reatividade brônquica. Bronquite Crônica: É uma doença inflamatória, a qual ocorre a inflamação dos brônquios; Essa resposta inflamatória é mediada por linfócitos. �14 Anna Julia do Amaral Pena Toda a árvore traqueobrônquica é acometida. Quanto maior a inflamação, maior o número de linfócitos na parede do brônquio; Com o aumento da vasodilatação (estimulada pela resposta inflamatória), forma- se um edema na parede dos brônquios (camada submucosa). Aumento da quantidade de tecido conjuntivo – membrana basal fica mais espessa; Ocorre um aumento das células caliciformes, como também, hiperplasia glandular(glândulas mucosa e submucosa). Macroscopicamente: os brônquios ficam mais avermelhados e observa-se um aumento na quantidade de secreção. Perfil mais comum para a doença: normalmente, é homem, acima de 40 anos, fumante ou trabalhador, que tenha contato com muito pó. Obs.: O edema não diminui a luz do brônquio. O paciente não sente falta de ar. Não tem obstrução da passagem de ar. O paciente tosse (para expectorar a secreção, e é também provocada pela inflamação); Após alguns anos, a doença vai evoluindo, tornando-se mais intensa e aumentando a quantidade de secreção. Com o passar dos anos, o tecido perde seus cílios, gradativamente, fazendo com o que paciente tenha tosse com secreção 24 horas por dia, todos os dias. Com o passar dos anos, essa tosse piora no período da manhã, devido ao acúmulo de secreção durante a noite. A falta de ar só estará presente se o paciente tiver muita secreção acumulada; A grande expectoração de manhã é denominada toalete matinal. No estado final da doença, observa-se metaplasia escamosa na parede dos brônquios. Sinais: Inspeção: nenhuma alteração. Palpação: expansibilidade, elasticidade e frêmito tóraco-vocal normais. Frêmito brônquico estará presente. Percussão: normal. Ausculta: murmúrio vesicular normal; estertor subcrepitante - ruído provocado por brônquios pequenos; e roncos – ruído provocado por brônquios grandes. Ambos os ruídos são provocados pela secreção que está se movimentando na árvore traqueobrônquica – na luz dos brônquios. �15 Anna Julia do Amaral Pena Enfisema Pulmonar: É caracterizado pela ruptura do tabique alveolar. Histologia: espaços alveolares maiores, área para as trocas gasosas menores; O pulmão passa a ocupar um espaço maior, já que haverá uma maior quantidade de ar dentro dele; para que isso seja possível, ocorre um abaixamento do diafragma, permitindo, assim, a acomodação pulmonar Quando ocorre a ruptura do alvéolo, rompe-se, também, algum capilares, o que diminui a troca gasosa. Perfil mais comum: homem, fumante, 40 anos ou mais, dispnéia – devido à menor área de troca gasosa. Obs.: a deficiência na enzima alfa-1-tripsina pode causar dispnéia em adultos jovens, mas este caso não é caracterizado como D.P.O.C. A dispnéia ocorre quando acaba a reserva funcional do paciente, a qual é usada ao realizar esforços. Sinais: Inspeção: aumento do diâmetro antero-posterior do tórax (tórax enfisematoso, em tonel, em barril), devido à hipertrofia da musculatura torácica (musculatura acessória); tempo expiratória aumentado; frequência respiratória aumentada; expansibilidade diminuída. Palpação: elasticidade diminuída; frêmito tóraco-vocal sem alterações importantes ou levemente diminuído (já que tem mais ar). Percussão: som hipersonoro (entre o claro pulmonar e o timpânico), o timbre é mais agudo, mais sonoro. Ausculta: murmúrio vesicular diminuído, já que o número de alvéolos que sobraram é menor; tempo expiratório aumentado; broncofonia diminuída. O conjunto de todos os sinais descritos acima caracteriza uma “Síndrome de Hiperinsulflação”. Exames Complementar: expirometria, a qual deverá estar diminuída; radiografia do tórax, a qual estará mais escura, o diafragma estará retificado e os espaços intercostais estarão aumentados. �16 Anna Julia do Amaral Pena Bronquiectasia: Consiste em um diagnóstico anatômico – uma condição; Ocorre a dilatação dos brônquios, com necrose da parede e inflamação (acúmulo de bactérias, devido à dificuldade de expectoração da secreção); A secreção costuma ser amarelada (devido à necrose e ao acúmulo de bactérias), odor fétido, grande quantidade, com episódios de vômica e a expectoração costuma ser matinal. Obs.: A bronquite crônica leva/ pode levar à uma bronquiectasia. Hiper-reatividade Brônquica: Asma brônquica = bronquite asmática = bronquite alérgica; além de serem a mesma doença, trata-se de uma doença hereditária; Essas doenças levam ao bronco espasmo, que é caracterizado por dispneia súbita, chiadeira (na ausculta, há sibilos inspiratórios e expiratórios) e esforço expiratório. Síndrome da condensação pulmonar: Condensação é diferente de congestão. A condensação se relaciona com a densidade do órgão; se a densidade esta aumentada significa que houve aumento da solidificação do pulmão. A síndrome caracteriza as diversas doenças que levem ao aumento da solidificação (fica mais sólido) do pulmão, por acúmulo de polimorfonucleares (com predomínio de neutrófilos) dentro dos alvéolos. Histologia: quando os polimorfonucleares entram num determinado alvéolo, através dos poros de Gohn, todos os outros também ficam com polimorfonucleares —> com isso o pulmão fica mais sólido —> condensação pulmonar. Macroscopia: maior tamanho e peso do órgão, com consistência mais endurecido, solidificado, porém com a árvore traqueobrônquica continua íntegra. Caso seja retirado do corpo, permanecerá igual. �17 Anna Julia do Amaral Pena Microscopia: órgão se encontra menos esponjoso, mais sólido, sendo caracterizado como hepatização do pulmão (proximidade a aparência e consistência do fígado). Hepatização vermelha: fase inicial da inflamação, condensação pulmonar. Hepatização cinzenta: evolução da doença, fase mais tardia da inflamação. Em ambas as fases há solidificação do pulmão. Exame físico: Inspeção: Nada de importante, além da expansibilidade. Palpação: Elasticidade diminuída (porque está mais sólido, com maior pressão dentro do tórax) —> expansibilidade diminuída na área que estiver comprometida (vai entrar menos ar nos alvéolos comprometidos).Frêmito toracovocal aumentado (meio sólido propaga melhor a vibração). Percussão: som maciço (sem ar) ou submaciço (um pouco de ar). Ausculta: murmúrio vesicular diminuído ou ausente. Estertores crepitantes – barulho de quando esfregamos o cabelo (ruído que o alvéolo faz para abrir quando existe algo em seu interior que o faça estralar para abrir), presente durante a inspiração. Broncofonia aumentada com pectorilóquia: A semiogênese da broncofonia é a mesma do frêmito toracovocal, ou seja, ambos aumentandos na síndrome de condensação pulmonar. Graças ao meio sólido a voz fica mais nítida e audível, a essa característica nítida da broncofonia dá-se o nome de pectorilóquia. Pectoriloquia pode aparecer (mas nem sempre). Sopro tubário ou brônquico: patognomônico de condensação pulmonar: Traduz a perviedade da árvore traqueobrônquica e o parênquima pulmonar solidificado, mas nem sempre aparece. Obs.: O estertor crepitante é inspiratório (além de fino e discreto). O estertor subcrepitante é inspiratório e expiratório (pode se assemelhar ao crepitante na ausculta). Para diferenciar os dois ruídos é só pedir para o paciente tossir: se o som desaparecer após o paciente tossir é subcrepitante; se o ruído continuar após a tosse é crepitante. �18 Anna Julia do Amaral Pena Pneumopatias inflamatórias: 1. Pneumonias ou Pneumonites: • São sinônimos. • Dependem do agente causador. • Pode ser: bacterianas, viral, fúngica ou bactérias atípicas (clamídia e micoplasma). 1.1.Bacteriana: Bactérias próprias do corpo ou que entraram através da via respiratória. Depende da multiplicação das bactérias e da destruição que ela causa no interstício, diante disso o organismo inicia uma resposta inflamatória para combatê-las (vasodilatação, edema, infiltrado de polimorfonucleares). Bactérias podem causar pneumonia lobar ou lobular. São diagnósticos anatômicos, sendo diferenciadas apenas pelo local de acometimento (são iguais). Historia clinica e exame físico geralmente iguais, diagnostica-se como pneumonia e faz-se o mesmo tratamento. Diferenciam-se com a biopsia e exames de imagem. Lobar: onde o lobo inteiro, todos os alvéolos foram igualmente acometidos pelo processo inflamatório (estão todos iguais); mais comum em pessoas com o pulmão melhor, ou seja, crianças mais velhas ou adultos jovens.Lobular ou broncopneumonia: condensação menos intensa que na lobar; mais comum em RN e idosos. Pneumonia Bacteriana/ Lobar: É / pode ser causada por bactérias que fazem parte da flora bucal e que foi inalada acidentalmente. Normalmente causada pelo pneumococos, mais comum em crianças maiores e adultos jovens. Pneumonia bacteriana = pneumonia lobar, ou seja, todo o lobo é comprometido, já que os poros que existem no pulmão (nos alvéolos) facilita a disseminação da doença por todo o lobo. �19 Anna Julia do Amaral Pena Os poros estão íntegros, mas o lobo é inteiro comprometido por igual. Todos os alvéolos possuem a mesma quantidade de secreção. Macroscopia: o pulmão estará mais denso, mais pesado e mais duro; ao ser retirado do tórax, o pulmão irá, aparentemente, permanecer armado; ocorre a hepatização (aspecto de fígado) do pulmão (na fase aguda, o pulmão estará mais vermelho; já na fase crônica, o pulmão estará cinza) —> características da síndrome de condensação pulmonar. Perfil mais comum: Normalmente acomete adultos jovens, emocionalmente abalados ou com outros favores que resultam em um déficit da defesa do organismo; A história costuma durar de 3 a 5 dias (tempo que o paciente demora para procurar o médico). Sintomas: Paciente em bom estado que começa a apresentar prostação, cansaço. Febre que aparece quando se inicia a liberação de toxinas das bactérias e do sistema imunológico. Tosse pode ser inicialmente seca, depois com expectoração possivelmente amarelada, pela presença de bactérias, polimorfonucleares e pus. Raramente o paciente ultrapassa de 7 dias para procurar um médico. Pode apresentar dispneia: mais tardia, aparece após o inicio da febre. Se a infecção atingir a pleura, pode causar dor em pontada e localizada, que piora na inspiração forçada e melhora no decúbito homolateral (mesmo lado da dor). Pulmão não tem receptores para dor, então quando há sensação dolorosa é na pleura. Pode apresentar derrame pleural e/ ou epidema; nesse caso, haverá uma piora do caso (porém, a dor irá melhorar devido à diminuição do atrito). Sinais: Inspeção: nada de importante. Palpação: elasticidade e expansibilidade diminuída; frêmito toraco-vocal aumentado. Percussão: som maciço ou submaçico. Importante lembrar que ao percutir a coluna vertebral, o som será claro pulmonar (normal). Ausculta: murmúrio vesicular diminuído; presença de estertor crepitante (só na inspiração); broncofonia aumentada, com pectoriloquia (som mais nítido, 33 = 33); pode apresentar sopro tubário e/ou brônquico. �20 Anna Julia do Amaral Pena O conjunto de todos os sinais descritos acima caracteriza uma "Síndrome de Condensação Pulmonar”. Exames complementares: Hemograma. Radiografia de tórax: radiopacidade homogênea —> opacidade (mais branco) no lobo inteiro comprometido. Confluência alveolar (brancos homogêneos) Patognomônico de condensação pulmonar: broncograma aéreo (parece um galho de arvore preto), mas a árvore brônquica está visível —> Tradução do sopro tubário. Pneumonia Lobular/ Broncopneumonia: Não acomete todo o lobo. Acomete principalmente o pulmão de RN, que ainda não esta completamente formado, ou o de idosos, que já esta mais destruído —> Acomete pacientes que não possuem um pulmão normal, ou seja, os poros dos alvéolos não estão íntegros. Agente causador mais comum é o haemophilus, mas pode ser causado por diferentes bactérias. É semelhante a pneumonia lobar, porém a distribuição dos polimorfonucleares nos alvéolos é diferente, alguns possuem outros não. Microscopicamente: mais pesado e endurecido, porém menos hepatizado, pois a lesão é heterogênea (aspecto alveolar heterogêneo). Sintomas: Febre, tosse, expectoração amarelada em maior quantidade, podendo apresentar dispneia; Sinais: Inspeção: nada de importante. Palpação: elasticidade e expansibilidade diminuídas; frêmito toraco-vocal aumentado. Percussão: som maciço ou submaciço. �21 Anna Julia do Amaral Pena Ausculta: murmúrio vesicular diminuído; presença de estertor crepitante; broncofonia aumentada com pectorilóquia; pode apresentar sopro tubário e/ou brônquico. Exames complementares: Hemograma: igual ao da lobar. Radiografia: radiopacidade mais heterogênea, áreas brancas em locais diferentes. 1.2. Viral, fúngica ou bactérias atípicas (clamídia e micoplasma): As bactérias atípicas não causam pneumonia lobar ou lobular, elas se assemelham a ação dos fungos e vírus, causando PNEUMONIA INTERSTICIAL. Pneumonia Intersticial: Microscopia: espessamento dos tabiques pela presença de células, enquanto que o alvéolo permanece íntegro. Macroscopia: sem alterações. Sintomas: Pode apresentar tosse (sintoma mais frequente). Acompanhado ou não de febre. Dispneia (tabique espesso com células afastam os vasos dos alvéolos, prejudicando a troca gasosa). Hipóxia e cianose (pouco O2 e muito CO2). Sintomas: Tosse seca e invariável. Dispnéia. Febre pode estar presente ou não. Sinais: Inspeção: nada de importante. Palpação: elasticidade, expansibilidade e frêmito toraco-vocal normais. Percussão: som claro pulmonar. Ausculta: murmúrio vesicular presente e simétrico. Pode haver ruídos pouco audíveis. OBS.: dispnéia + exame físico normal – a doença está no interstício. �22 Anna Julia do Amaral Pena Exames Complementares: Radiografia: aumento da trama vasculobronquica com aspecto reticular (interstício tem mais células). Hemograma: linfocitose. Abscesso Pulmonar: Uma infecção bacteriana leva a necrose num órgão, formando uma cavitação no local, que será preenchida por pus. Neocavitação com pus (cavidade recém formada). É diferente de empiema, que é o acumulo de pus em qualquer cavidade existente. Normalmente, há um tecido conjuntivo envolvendo o abscesso. Abscesso pode ocorrer durante uma pneumonia, ou ainda em pacientes que já tiveram pneumonia e não sabiam, ou não tiveram pneumonia. Abscesso leva mais tempo para se formar e o paciente demora mais para sentir. Menos comum do que a pneumonia lobar e lobular. O paciente não apresenta febre necessariamente. O paciente tem aparência de doente, porém, “sem história”, ele apenas se sente doente (mal estar). Perfil mais frequente: ao examinar, percebe-se que há alguma alteração, mas nada específico. Sintomas: Febre baixa e intermitente.Cansaço, prostração, adinamia, queda do estado geral.História atípica, doença arrastada. Dor caso atinja a pleura. Dispneia (depende do tamanho do abscesso). Episódio de vômica, semelhante ao vômito porém com tosse excessiva com expectoração fétida e amarelada (caso atinja a se atingir a árvore traqueobrônquica). 2 principais sintomas (os mais característicos): vômica e hemoptise. Macroscopia: pulmão com cavidades e necrosado. Histologia: tabiques não íntegros (necrosados). �23 Anna Julia do Amaral Pena O exame fisico é variável, pois depende do tamanho do abscesso e onde ele está. Sinais: Inspeção: se o abscesso for grande pode haver diminuição da expansibilidade. Palpação: elasticidade pode estar diminuída, idem a expansibilidade. Percussão: pode haver timpanismo, dependendo do tamanho do abscesso e da proximidade do abscesso com o tórax. Ausculta: sopro anfórico ou cavernoso (sopro de turbilhonamento do ar, parecido com soprar na ânfora – vaso). Exames Complementares: Radiografia: observa-se a presença de líquido (nível líquido), destoante do preto do pulmão. Hemograma: as vezes é inexpressível; Culturas de bactérias: Usada em situações especiais de dúvida, mal prognóstico do paciente. Não usado em todos os quadros de pneumonia, pois a maioria das bactérias causadoras de pneumonia encontram-se na boca; o escarro vindo do pulmão passara pela boca, onde será contaminado por elas, então não será possível diagnosticar de onde elas realmente vieram. Tuberculose pulmonar: Também chamada de pneumonite granulomatosa. Agente etiológico: MycobacteriumTuberculosis – bacilo de Koch (BK): causa uma resposta inflamatória no organismo diferente das pneumonias; a resposta inflamatória é granulomatosa. Transmissão ocorre através do contato com a expectoração com o bacilo (tosse de pessoas infectadas, gotículas de secreção com o bacilo disperso no ar- aspiração e infecção por outra pessoa). Forma uma inflamação localizada, com granuloma, normalmente periférico e subpleural. �24 Anna Julia do Amaral Pena É comum que ocorra uma resposta de linfonodos peri-hilares, formando nódulos de Gon —> Complexo de Gon: nódulos de gon e linfonodos. Granuloma: presença de células epitelióides e células gigantes cercadas por um halo linfocitário —> Células gigantes tipo langerhans (núcleos na periferia) na tuberculose. O granuloma pode desenvolver-se com necrose caseosa central (aspecto de queijo derretido). É uma infecção oportunista —> depende da imunidade da pessoa, o primeiro contato pode ocorrer mas ser causar a doença. TB primária: primeiro contato com o paciente (nódulo calcificado na periferia, organismo foi capaz de combatê-lo). TB secundária: desenvolvimento da doença, processo inflamatório que se estendeu para o pulmão. A partir deste nódulo: Se a pessoa estiver higida: há destruição e imunização contra o agente (TB primária: única sequela pode ser a calcificação do granuloma visível em radiografia). Se debilitada: imunodepremidos, canceres, outros – há desenvolvimento de necrose caseosa central no granuloma. Paciente desnutrido, mora na periferia, imunodeprimido são mais susceptível, mais acometidos. Macroscopia: mais comum nos ápices do pulmão, local onde tem menos oxigênio. Pode se estender até a pleura. Sintomas:Tosse arrastada, pode ser seca ou pouco produtiva (pela destruição do parênquima e da parede do brônquio).A tosse é produtiva com muco ou secreções (sangue – hemoptise). Pode haver vômica. Pode também apresentar episódios de febrícula, mais comum ao final da tarde, acompanhada de sudorese. Dor caso atinja a pleura. Pode ter dispneia (pela extensão da tuberculose ou porque atingiu a pleura e causou derrame pleural). Emagrecimento importante no período da doença.Fadiga, prostração. Sinais: Inspeção: pode observar-se várias alterações, TB não. �25 Anna Julia do Amaral Pena Palpação: diminuição da expansibilidade mais comumente nos ápices. Percussão: som submaciço. Ausculta: diminuição do murmúrio vesicular. Pode ter sopro cavernoso. Exames complementares: Radiografia: Imagem da TB pode ser semelhante à da broncopneumonia. Granulomas (bolinhas) brancas nas periferias. Exame diagnóstico de confirmação: escarro. É o melhor exame a se fazer, mas pode não ter o bacilo e apresentar a doença, portanto deve-se fazer no mínimo 3 amostras. Comumente os bacilos não estão nas vias aéreas. Esfregaço após diluição e centrifugação do escarro. Utiliza-se a coloração de Zilnielsen, bacilo aparecerá vermelho —> coloração especifica pois o bacilo é acido álcool resistente. O bacilo é muito pequeno, portanto deve-se utilizar a objetiva de 100x (aumento de 1.000), utilizando imersão para encontra-lo. Cultura do escarro: no mínimo 15 a 30 dias, é muito lenta (usada mais quando tem suspeita de TB, sem ter o diagnostico confirmado). Outro exame: Mantu. Utilizados para pacientes que já tiveram contato com o bacilo. Não é especifico. Tuberculose Pulmonar – Forma Miliar: Distúrbios da imunidade podem causar uma proliferação acentuada do bacilo, que ganha circulação sanguínea (via hematogênica) disseminando a infecção ("metástases"). Ao chegar no tecido, o bacilo forma um granuloma (pelotinhas nos órgãos), podendo ainda atingir linfonodos, causando linfonodomegalia regional. Forma de disseminação da TB. É uma forma mais grave. �26 Anna Julia do Amaral Pena Diagnóstico: história inicial de TB (BK faz diagnostico de TB, e não de miliar). Radiografia: Imagem macroscópica das lesões (granulomas). Radiopacidade intersticial nodular. Exame físico: Inespecífico —> padrão intersticial, o exame físico é próximo do normal. Geralmente sem ruídos adventícios. Blastomicose Pulmonar Sulamericana: Causada por fungos: Paracocciodioides Brasiliensis. Este fungo gera uma resposta granulomatosa no pulmão: presença de linfócitos e células gigantes. Agente que, normalmente, fica esporulado na grama, no chão. Portanto é mais comum no campo. Local onde há costume de se levar o capim na boca, gerando lesão na boca e face. Além disso pode ser inalado, atingindo o pulmão. Se assemelha a TB, porém dentro do gigantócito há uma estrutura arredondada com uma membrana birrefringente, que é o fungo. Ao invés de BK, há fungos (paracocciodioides). Coloração especial: fungo corado em marrom História clínica: igual a TB. Lesão pulmonar: igual a TB, podendo apresentar necrose caseosa, mas frequentemente, com acometimento de linfonodos e lesões peri-hilares (ao redor do hilo), mas não necessariamente é assim. Radiografia: geralmente igual à TB, presença de pelotinhas com confluência alveolar, mas geralmente peri-hilar, bilateral, com imagem padrão em asa de borboleta. É menos frequente que TB, se houver lesões granulomatosas em face, nariz e boca, aumenta a chance de ser blastomicose. Síndrome da congestão pulmonar: �27 Anna Julia do Amaral Pena Não confundir com condensação (solidificação do pulmão). Congestão é um termo usado para veias, significa estase de sangue em veia. Estase de veias do pulmão: CONGESTÃO PULMONAR. Estase nas veias do fígado: CONGESTÃO DO FIGADO. A congestão vem acompanhada de edema em todos os órgãos, menos no fígado, já que não tem interstício, há apenas hepatócitos, um do lado do outro. O pulmão possui um interstício com vasos e tecido conjuntivo frouxo, o líquido acumulado no interstício vai para os alvéolos. Não é chamado de edema porque não se acumula no interstício; nem de derrame, pois o alvéolo não é uma cavidade; chama-se, portanto, de congestão. Congestão pulmonar: liquido dentro dos alvéolos. Congestão pulmonar não é uma doença pulmonar. Ela está presente em outras doenças como pneumonia e outras patologias inflamatórias junto de exsudato. No caso da congestão sem inflamação (congestão passiva crônica), tem como principal causa a insuficiência cardíaca. Há aumento da pressão do ar no alvéolo. A cada inspiração, microscopicamente, o pulmão pode estar de um jeito: com diferentes quantidades de plasma em cada alvéolo, alguns podem contar exsudato extravasado, outros não. Macroscopia: Pulmão mais pesado, mais vermelho, mais brilhante, mais borrachudo e contendo mais líquido, se espremer sai mais liquido dos alvéolos Sinais: Inspeção: Estática: Normal. Dinâmica: Pode estar taquipneico (mas sem alterações significativas) – depende da reserva funcional Palpação: Normalmente paciente está sem alterações. Elasticidade e expansibilidade normais . Frêmito toracovocal geralmente normal, mas pode estar diminuído (difícil de perceber). Se a congestão estiver muito acentuada pode haver alteração de tudo (paciente morto ou quase). Percussão: Som claro pulmonar �28 Anna Julia do Amaral Pena Ausculta: Murmúrio vesicular geralmente normal, mas pode estar diminuído. Estertores crepitantes em base (liquido no alvéolo), predominantemente do lado direito. Creptante: inspiração / se o paciente tossir e continuar o ruído, é creptante. Subcreptante: inspiração e expiração/ pedir para o paciente tossir, se desaparecer o ruído é subcreptante. Predomínio do lado direito pois a drenagem deste lado é mais difícil pelo posicionamento perpendicular das vênulas e veias. Edema agudo de pulmão: quando a congestão esta enorme desde a base até o ápice. Exame de imagem: Radiografia: Área cardíaca aumentada (congestão pulmonar é consequência de insuficiência cardíaca). Apesar da congestão ser maior na base, a tramavasculobronquica esta mais visível em ápice do pulmão: inversão da trama vasculobrônquica. Em radiografia normal vê-se a trama vasculobronquica (veias) muito mais presente em base, no ápice quase não se vê. Presença de risquinhos transversais denominados como linhas B de Kerley – é indicativo de congestão, mas difícil de ver. Edema agudo de pulmão: congestão muito grande —> quanto mais alto o nível de estertor creptante, maior o nível de congestão. Não se faz a propedêutica porque o paciente está prestes a morrer. Dispnéia e expectoração rósea, espumosa (plasma + escarro). Radiografia: semelhante a pneumonia, com congestão peribrônquica em asa de borboleta. Sintomas: Dispneia aos esforços. Quanto mais auto os estertores crepitantes maior é a congestão pulmonar. �29 Anna Julia do Amaral Pena Embolia pulmonar: Embolia pulmonar é diferente de tromboembolismo pulmonar. É um êmbolo que provem de qualquer lugar da circulação direita, qualquer veia do corpo. Se o êmbolo for maior que o calibre do vaso, este entope. Mais comum nos vasos dos MMII pelo retorno venoso. Tríade de Virchow: estase, lesão endotelial e hipercoagulobilidade —> pode formar um trombo em qualquer lugar. Veia: congestão. Artéria: hipertensão. Formação de um trombo em algum vaso, quando se despreende, percorre o vaso, chega até a veia cava (superior ou inferior), passa por ela (pois o calibre é maior), chega nos ramos da artéria pulmonar causando embolismo pulmonar (calibre menor, por isso o embolo entope). A consequência da trombose é a embolia pulmonar e não o tromboembolismo pulmonar (forma errada de se dizer). Artéria pulmonar supre 80% do pulmão, quando entope algum vaso a artéria brônquica (20%) supre a área afetada e não ocorre nada. Embolia pulmonar não causa nada no pulmão. A embolia pulmonar gera uma hipertensão pulmonar num pequeno ramo da artéria pulmonar. Por menor que seja o embolo o paciente pode morrer, pois o mecanismo de defesa do sistema arterial do pulmão, quando percebe a empactação, faz a liberação de substancias vasoativas e broncoativas para se defender e impedir a obstrução do vaso, levando a um broncoespasmo e vasoespasmo generalizado. Isso gera uma vasoconstrição bilateral (para tentar impedir que o embolo pare), porém acaba gerando uma hipertensão pulmonar grave, porque todos os vasos do pulmão estão contraídos (bilateralmente), então haverá aumento da pressão no tronco da artéria pulmonar fazendo o coração do lado direito sofrer, pois este lado tem, normalmente, uma pressão baixa, o ventrículo direito não tem força para vencer essa barreira, pode se distender subitamente culminando em fibrilação ventricular e morte. Toda vez que tiver aumento da pressão de câmara direita por doença pulmonar temos um cor pulmonale. Toda embolia tem vasoespasmo e hipertensão pulmonar. �30 Anna Julia do Amaral Pena História típica e sintomas: Acomete pacientes que tem síndromes de hipercoagulobilidade, lesões endoteliais, pacientes acamados ou que ficam muito tempo parado, levando a formação do embolo e assim que se movimentam o embolo se desprende e pode chegar a um vaso de menor calibre. Dispneia súbita, que pode ser acompanhada de sibilos. Pode ser acompanhado de dor, pela distensão súbita da bainha dos vasos da artéria pulmonar (receptores de dor). Duração: muito variada, mas geralmente é rápida pois se o paciente permanecer por muito tempo com broncoespasmo e vasoespasmo, ele morre por cor pulmonar agudo. Exame físico: Inalterado. Diagnóstico: Como o exame físico esta inalterado há necessidade de outros métodos diagnósticos. Exames complementares: Gasometria: hipóxia e hipocapneia – PO2 baixo e CO2 baixo – até que prove o contrário é embolia pulmonar. Hipóxia por vasoconstrição. Radiografia: Não é possível observar o esforço do coração do lado direito. Eletrocardiograma: Pode ver o cor-pulmonar agudo. Sinais agudos de sobrecarga ventricular direta: S1Q3T3 – sinal de cor-pulmonares agudo (onda S em D1 com onda Q em T3 e inversão da onda T em D3). Ecocardiograma: Sugere, mas não confirma diagnóstico. Dosagem de D dímero (ou dímero D): Faz o diagnóstico da trombose, do distúrbio de coagulação, mas não de embolia. Muito inespecífico, pouco usado. Exame ouro: arteriografia pulmonar: É complicado de se realizar pois tem que passar o cateter até a artéria pulmonar. É de alto risco, pois cateter só de encostar no VD pode causar fibrilação, mas é o exame mais especifico. �31 Anna Julia do Amaral Pena Tomografia Computadorizada: Graças ao risco da arteriografia pulmonar, a TC é o mais indicado. Boa penetrancia em embolos proximais. Duas penetrações no pulmão quando se faz TC: se injetar muitos raios (penetração maior), fica difícil de observar as estruturas. Faz-se então uma penetração menor, denominada como “janela para pulmão”, para verificar o parênquima. Faz penetrância maior, denominada como “janela para mediastino” para visualizar o contorno do mediastino e os vasos, assim fica mais preto. Problema: TC só mostra trombos grandes, os pequenos (da periferia) são pouco visíveis. Sinal de duplo contraste: metade de um vaso esta preto (embolo) e a outra, branco (contraste) – sinal de embolia na TC. O sangue é mais branco do que substancias sólidas (como o contraste). Cintilografia pulmonar: Injeta no paciente isótopos radioativos, que formarão as imagens. Isótopo radioativo inalado, chega ao pulmão – via aérea normal (pode mostrar a falta de perfusão de uma região). Pode ter falsos negativos/positivos. Isótopo radioativo pelo sangue, não chega ao pulmão. Tratamento: Não tem —> trata-se da urgência (cor pulmonale agudo) e hipóxia. Estabilizar ventilatória e hemodinamicamente. Evitar outra embolia (o que já aconteceu não tem o que fazer) através de anticoagulação plena (heparinização plena para não coagular). Infarto pulmonar: A embolia pulmonar não da infarto, normalmente a artéria brônquica supre a irrigação da artéria pulmonar. Mas se houver déficit de suprimento, o sangue �32 Anna Julia do Amaral Pena estará chegando com menor pressão, então as células podem morrer e haver necrose do tecido, mas continua chegando sangue. Na insuficiência cardíaca pode haver comprometimento da artéria brônquica, as veias estão em estase congesta, assim o tecido é inundado com sangue. No DPOC há rotura do suprimentos sanguíneo e dos tabiques, quando ocorre embolia pode haver infarto pulmonar. O infarto pulmonar é hemorrágico, ao contrário de outros locais que é anêmico (branco). Os tabiques ainda estão preservados, alguns com necrose, mas não se vê mais células. Os alvéolos estão repletos de sangue. História: Igual da embolia. Paciente com distúrbio de coagulação, muito tempo acamado, lesão endotelial - associado a uma insuficiência cardíaca ou DPOC, fatores que favorecem a necrose do tecido pulmonar. Macroscopia: Pulmão pesado e armado (contrario de murcho). Pulmão vermelho a preto – dependendo do tempo do infarto – com superfície hepatizada.Mais denso. Microscopia: Ao corte o pulmão não está esponjoso, encontra-se solidificado, dependendo do tamanho do vaso. Necrose piramidal (triangular) com vértice voltado para o hilo. Brônquios pérvios —> mais solido e arvore traqueobrônquica pervia, caracterizando a síndrome da condensação pulmonar. Sinais: Inspeção: Nada de importante. Palpação: Expansão diminuída. Elasticidade diminuída. Frêmito toraco-vocal aumentado (sd de condensação pulmonar). Percussão: Som submaciço ou maciço. Ausculta: Murmúrio vesicular diminuído. Broncofonia aumentada. Estertores crepitantes. Raramente sopro tubário e pectoriloquia. Escarro hemoptoico: paciente pode cuspir catarro com cor de tijolo. Exames complementares: �33 Anna Julia do Amaral Pena Gasometria e eletrocardiograma igual à embolia pulmonar. Radiografia: imagem homogênea branca (não confundecom pneumonia lobar porque a imagem é triangular com vértice voltado para o hilo), pode ter broncogramaa aéreo (síndrome da condensação pulmonar). Tratamento: Mesmo da embolia, evitar outros casos. Caso o paciente sobreviva o pulmão volta ao normal com o tempo. Hipertensão pulmonar primária: Definida pelo aumento da pressão na parede dos vasos na artéria pulmonar, normalmente secundária a patologias pulmonares (enfisema, TB, embolia pulmonar, AIDS, esquistossomose). Deve-se buscar as causas que estão gerando a hipertensão pulmonar secundaria. A hipertensão pulmonar primaria é uma doença genética, hereditária, em que os indivíduos começam (sem explicação lógica) a apresentar uma hiperplasia da camada média das arteríolas, aumentando a quantidade de células da camada media na arteríola, o que ira diminuir a luz, culminando no aumento da pressão do tronco da artéria pulmonar. Predominantemente em mulheres jovens que já apresentem alguém na família com hipertensão pulmonar. Macrocoscopia: Pulmão normal, sem alterações. Sintomas: Não é súbita, o paciente se adapta à diminuição da troca gasosa (saturação baixa). Dificuldades para realizar exercícios, fraqueza muscular, cansaço (não é dispenia aos esforços pois ela se adapta). Sintomas geralmente vem da consequência da hipertensão pulmonar progressiva: cor pulmonale (a tempo do átrio e ventrículo se adaptarem) – paciente vai apresentar sinais e sintomas da insuficiência cardiaca direita, raramente há comprometimento do coração esquerdo. Não é uma doença comum, primeiramente pensa-se em insuficiência cardíaca ou secundaria, caso sejam descartadas, deve-se lembrar que existe a hipertensão pulmonar primaria. Sinal patognomonico na necropsia: �34 Anna Julia do Amaral Pena Além da dilatação do calibre dos vasos ao nível pulmonar, há ainda distensão da artéria pulmonar (é menor do que a aorta e é observada com tamanho maior). Diâmetro aumentado da artéria pulmonar. Coloração do vaso torna-se amarelada e com elevação (aterosclerose na artéria pulmonar), verificada apenas post-mortem. Síndrome de derrame pleural: Liquido (plasma) na cavidade pleural = Pleurite ou derrame pleural. Pode ser hemorrágico ou empiema. Não é uma doença, mas sim uma consequência de uma patologia pulmonar que também pode acometer a pleura. Pneumonia bacteriana: pode dar derrame pleural, que estará do mesmo lado da pneumonia (pode ter empiema e sangue, que estarão localizados entre as pleuras). TB: pode dar derrame pleural do mesmo lado da TB, pela pleurite. Congestão pulmonar: pode dar derrame pleural porque as pleuras drenam para o coração. Pode ser bilateral ou unilateral à direita. No exame físico: Examinar o paciente sentado com as mãos no joelho, pois o liquido se acumula na base (ápice tem menos). Historia: Doença que ele apresentava com dor torácica que desaparece de forma súbita, pois as pleuras se afastam com o acúmulo de liquido então a dor desaparece. Mas com isso vem a dispneia por compressão do pulmão. Dispneia de progressão rápida (não súbita), vai se intensificando. Causa da dispneia: depende da área que não esta sendo ventilada e dos shunts (sangue não oxigenado vindo da área colapsada causa uma contaminação do sangue arterial, levando ao organismo esse sangue com menos quantidade de oxigênio). Causa do derrame pleural: falta de ar; e da pleurite: dor. �35 Anna Julia do Amaral Pena Sinais: Inspeção: Normal. Pode haver aumento do lado acometido (abaulado – liquido tomando espaço). Sinal de Lemos Torres: Relacionado à tiragem, que normalmente o espaço retrai na inspiração. É definido como o abaulamento expiratório dos espaços intercostais na expiração forçada, principalmente na linha do derrame, principalmente em derrames de médios e grandes volumes. Palpação: Elasticidade diminuída. Expansibilidade diminuída. Frêmito toraco-vocal diminuído (aumento do numero de meios que o som atravessa, por isso diminui o FTV). Percussão: Maciço ou submaciço na região do derrame. SINAL DE SIGNORELLI POSITIVO: patognomônico de derrame pleural Submacicez na coluna, macicez de um lado e claro pulmonar do outro: percussão da coluna com macicez desde que um lado possua som claro pulmonar. Qualquer doença que dá submacicez no tórax, diminui o pulmão, então ele ocupa espaço atrás da coluna. Percussão da coluna em pulmão normal: som claro pulmonar. No derrame há acumulo de liquido na região da coluna, levando ao som maciço. Ausculta: Murmúrio vesicular diminuído ou abolido. Broncofonia diminuída (liquido transmite bem o som, mas tem mais meios para ele atravessar, então diminui a broncofonia). Presença de egofonia ou voz caprina: voz mais anasalada e aguda, semelhante ao som do clarinete. Sopro pleuritico ou “sopro em ééé”: Som da expiração (normalmente não ouvimos), ouve-se aumentado na área de derrame. Exames complementares: �36 Anna Julia do Amaral Pena Não há necessidade, o diagnostico é clinico. Não indicar radiografia: Radiopacidade grande com nível do derrame, não há desvio do mediastino. Quando o derrame é pequeno há apenas um velamento do seio costo frênico (mais branco), ou tomando todo o hemitorax. RX deve ser feita após a drenagem do liquido. Síndrome da atelectasia pulmonar: Diagnóstico propedêutico. Síndrome secundaria a obstrução brônquica seguida de colapso alveolar por compressão. (colapso alveolar por obstrução brônquica). Causas de obstrução dos brônquios: Aspiração de corpo estranho: causa mais comum de atelectasia. Atelectasia por rolha de secreção: menos comum de ocorrer, é uma complicação de pacientes intubados em UTI, com sedação, muitas vezes desidratado e sem fazer retirada dessa secreção. Neoplasias. A obstrução do brônquio não permite que o ar entre e/ou saia, o pulmão vai ter uma quantidade de ar, deixando-o inicialmente cheio. Depois o ar passa a ser reabsorvido pelo sangue, pois o pulmão continua sendo perfundido (nutrido por sangue), assim o órgão vai murchando progressivamente.Independente do momento da obstrução do brônquio (inspiração ou expiração), o pulmão vai murchando progressivamente. Com isso há diminuição dos espaços intercostais, o diafragma vai subindo progressivamente e há desvio do mediastino para o lado da atelectasia. O pulmão pode hiperinsuflar, mas com retração do tórax (colapsado, menor). Processo simultâneo: o brônquio obstruiu, o sangue vai tirando ar do alvéolo, o pulmão pode hiperinsuflar, a pressão vai ficando negativa, o tórax vai retraindo e as estruturas vão desviando. �37 Anna Julia do Amaral Pena Pode ocorrer no brônquio fonte: causando atelectasia no pulmão todo. Pode ocorrer no brônquio lobar: causando atelectasia em um lobo apenas. Sintomas: Dispnéia súbita (logo que houver a obstrução do brônquio), podendo haver ou não tosse. Sinais: Inspeção: Assimetria de tórax (retração). Retração do hemitorax com diminuição dos espaços intercostais. Expansibilidade abolida do lado acometido pela atelectasia (imobilidade) Palpação: Elasticidade diminuída. Expansibilidade abolida. Frêmito toraco-vocal abolido do lado da atelectasia (do outro lado esta normal) Percussão: Macicez. Ausculta: Murmúrio vesicular abolido. Obs.: Em alguns casos, dependendo do local da atelectasia, pode apresentar ruído laringo traqueal, que se assemelha ao ruído do sopro tubário no brônquio acometido (mais comum no ápice), pois o desvio do mediastino leva o brônquio para um local onde deveria haver murmúrio vesicular, mas como esta abolido ouve-se ruído laringo traqueal. Exames complementares: Radiografia de tórax: Radiopacidade do lado acometido (branco). Radiotransparente (preto) é o lado normal (cheio de ar). Diminuição dos espaços intercostais. Desvio da traqueia e do mediastino para o mesmo lado do pulmão acometido (o que difere do derrame pleural). Tomografia: Pulmão colapsado. Assimetria do toráx �38Anna Julia do Amaral Pena Tratamento: Se a causa for uma obstrução, pode-se desobstruir o brônquio, porém se o problema é crônico, é mais difícil de se tratar e raramente o lado acometido volta ao normal. Neoplasias pulmonares: Metástases pulmonares: tumores secundários. Ao crescer o tumor no pulmão, pode haver atelectasia (por causar obstrução). Pulmão é fonte de metástases hematogênicas, independente do tumor. Normalmente as metástases têm formato irregular circular, quando ocorre na pleura é um pouco achatada e pode causar dor. Toda vez que se fizer diagnóstico de tumor primário num paciente, deve-se fazer o estadiamento da metástase para verificar a disseminação dele no corpo, se atingiu o pulmão (por exemplo) e propor então um tratamento. A anamnese e o exame físico não são suficientes para chegar ao diagnóstico das metástases pulmonares, opta-se, portanto, pelos exames complementares. Metástase mais frequente na base, pois é um local mais irrigado, chega mais sangue (disseminação hematogênica). Exame Físico: Não é eficiente nesse caso, não se consegue analisar uma neoplasia/metástase pelo exame físico. Exame complementar: Radiografia: Presença de massas radiopacas (bola grande branca) – até que se prove o contrário é metástase pulmonar. Metástase é achado radiológico. Sarcoidose pode apresentar esse sinal (doença pouco frequente). Pet Scan: cintilografia Isótopo radioativo que marca a célula que esta proliferando rapidamente. �39 Anna Julia do Amaral Pena Faz-se quando não há metástase evidente, antes dele indica-se fazer um estadiamento mais barato, como a radiografia. Neoplasias Primárias: Qualquer célula do pulmão pode gerar câncer. Mais comuns são os carcinomas broncogênicos, que nascem no epitélio (parede) dos brônquios (as céulas epiteliais estão na árvore traqueo-bronquica, por isso que os tumores obstruem a luz). Podem ter 4 tipos histológicos: - Mesma etiologia, nascem no epitélio dos brônquios, geralmente de grande calibre. Normalmente são tumores centrais. - Diferenças no aspecto histológico: diferença nas anaplasias, no tamanho das células, na quantidade do citoplasma. - Necessidade de saber o tipo histológico para o tratamento, clinicamente o diagnóstico é o mesmo. Papel do patologista de diferenciá-los. - Massa de tecido branco, que rodeia um brônquio, invadindo a luz deste, podendo levar a atelectasia. - Formato arredondado, com aspecto espiculado (metástase não tem aspecto espiculado). Carcinoma epidermóide: Tumor que lembra um epitélio pavimentoso estratificado, com núcleo grande, citoplasma abundante. Dismorfia (forma), dismetria (tamanho) e discromia (coloração), mitoses atípicas —> traduz um carcinoma de célula epitelial. Tem origem no epitélio escamoso, secundário à metaplasia escamosa do epitélio. Carcinoma indiferenciado de pequenas células; oat cell; ou tumor neuroendócrino de pulmão: Anaplasia. �40 Anna Julia do Amaral Pena Citoplasma não abundante. Núcleos diferentes um dos outros. OBS: Síndrome para neoplásica —> tumor pode ser secretor endógeno de ACTH, levando a hiperfunção da adrenal, denominada com Síndrome de Cushing. Carcinoma indiferenciado de células grandes: Citoplasma abundante. Células grandes. Habitualmente é um tumor proximal (próximo do hilo), em um brônquio de grande calibre. Nesses 3 primeiros tipos de Carcinomas: Macroscopia: massa sólida com tecido tendendo para o branco, com formato esférico irregular, podendo haver invasão periférica e podendo também crescer mais de lado do que o outro. Adenocarcinoma: É diferente dos três acima. É um tumor mais periférico, esbranquiçado, com necrose e proveniente do alvéolo. Alteração mais distal na árvore brônquica, lesão periférica, arredondada ou poligonal, que pode ser solida ou menos. Pode ser difícil verificar a diferenciação, pois as vezes se assemelha a um pulmão normal. Padrão histológico diferente: Carcinoma bronquíolo alveolar. �41 Anna Julia do Amaral Pena Semelhante ao padrão normal do alvéolo, mas com massa solida de células. Pode-se afirmar como neoplasia quando colocar em maior aumento e verificar anaplasia, dismorfismo, dismetria, discromia. História: Hoje, 90% dos casos de tumores primários são pacientes tabagistas de longa data, com histórico de DPOC, acima de 40 anos, ou idosos, que podem apresentar dor (acomete mais a pleura – pode apresentar derrame pleural), dispnéia e tosse(em todos os casos, frequentemente está relacionada ao câncer de pulmão). Acompanhado de emagrecimento, escarro com sangue. Ao exame físico pode apresentar atelectasia e derrame pleural. Pode ser confundido com pneumonia: Se um paciente com idade indicativa, histórico predisponente e apresentar imagem radiográfica diferente, possível febre e com tratamento de pneumonia, não persistir caso não melhore, pensar sempre em CA de pulmão. Radiografia: pulmão desairado, substituição do parênquima pulmonar pela neoplasia. Confirmação do diagnóstico: broncoscopia e biópsia. História/ Sintomas: Pode haver correlação genética. Paciente tabagista (na grande maioria), além disso: inalação de fumaça, agrotóxicos, poluição. Normalmente paciente já é portador de DPOC. Fumantes passivos têm mais chance de desenvolver câncer de pulmão do que as outras pessoas. Câncer de pulmão normalmente não dá dispneia, a menos que já exista atelectasia, há dispneia súbita. Frequentemente há presença de tosse com mudança do padrão característico (mais/menos seca, mais/menos intensa) e aparecimento de sangue no escarro, hemoptise ou qualquer tipo de outro sangramento deve-se pensar em câncer. �42 Anna Julia do Amaral Pena Paciente DPOCítico já apresenta tosse, portanto há modificação do padrão nas neoplasias. História de câncer de pulmão simula muito a história de TB. Pode ser acompanhada de dor se atingir a pleura, seguida de dispneia súbita, acompanhada de atelectasia. Exame físico: Pode haver alteração no exame físico, dependendo da extensão do pulmão, se houver acometimento da pleura, atelectasia. Mas pode haver uma grande massa tumoral que não seja possível detectar na propedêutica. Inspeção: Expansibilidade normal (muitos espaços no pulmão sem comprometimento). Palpação: Elasticidade normal. Frêmito toraco-vocal normal. Expansibilidade normal. Percussão: Normal. Ausculta: Normal. Exames complementares: Radiografia de tórax: Massa com tecido esbranquiçado, cujo formato é arredondado com espículas (aracniforme – forma de aranha) e irregular. Peri-hilar (próximo ao hilo). Pode ser confundido com broncopneumonia, TB – há necessidade de anamnese e exame físico, além dos exames complementares. É comum o aumento dos linfonodos —> linfonodomegalia no mediastino (mais visível na tomografia do que na radiografia) Esta massa pode fazer desvio das estruturas (traqueia e mediastino) Pulmão com enfisema Pulmão desairado, substituição do parênquima alveolar pela neoplasia. Tomografia: �43 Anna Julia do Amaral Pena Janela para pulmão Linfonodomegalia no mediastino Massa peri-hilar com contorno circular irregular e espiculado Biópsia: feita pós diagnostico, para descobrir o tipo histológico do tumor. Melhor método por broncoscopia. Síndrome de pneumotórax: Causa mais frequente de pneumotórax espontâneo é a ruptura de uma bolha de enfisema. Pode acometer pacientes jovens com deficiência de alfa-1-antitripsina ou idosos com DPOC. Traumas abertos e fechados podem levar ao pneumotórax. Fechado: fratura de costela. Causa iatrogênica: Punções de veia subclávia pode levar ao pneumotórax. Ocorre que o ar entra na cavidade pleural e pode comprimir o pulmão, causando colapso, pois houve aumento da pressão e o pulmão não consegue expandir. História/Sintomas: Paciente DPOCítico, entubado ou traumatizado. Dispneia súbita precedida de dor (compressão da pleura). Dispneiasúbita: atelectasia, embolia pulmonar e pneumotórax, porém com exame físico muito diferente entre elas, são facilmente diferenciadas. Sinais: Inspeção: Expansibilidade diminuída. Palpação: Expansibilidade diminuída. Elasticidade diminuída. Frêmito tora-vocal diminuído ou abolido Percussão: Som dentro de grande cavidade: Timpânico. Ausculta: Murmúrio vesicular diminuído: toda vez que o murmúrio vesicular estiver diminuído e com som dentro de grande cavidade —> pneumotórax. �44 Anna Julia do Amaral Pena Exames complementares: Radiografia: Ar preto / Pulmão preto. Trama vásculo brônquica na periferia (risquinhos aparentes). Linha do contorno pulmonar externo visível (pleura). Sem desvio de mediastino Conduta: Drenagem de tórax: Colocação de dreno. Dependendo da extensão do pneumotórax a drenagem é rápida, em alguns casos mantém-se o dreno em selo d’água até que a pleura se reorganize. Síndrome da paquipleuriz: Grande espessamento da pleura Causas: Pleurite crônica ou grave: fatores que irritem a pleura —> presença de pus ou sangue. Empiema provoca um processo inflamatório na pleura – pus (polimorfonucleares) gera irritação. Hemotórax – causado por trauma, neoplasias, infarto, TB, pneumonia bacteriana. Ambos necessitam de drenagem de tórax, caso contrário leva ao paquipleuriz. Pneumonia de repetição pode espessar a pleura, mas é menos comum. Menos comum de ocorrer, pode haver sem nenhuma consequência para o paciente. Mas caso haja encarceramento do pulmão (carapaça de fibrose envolvendo o órgão), isso faz com que o paciente procure o médico. Sintomas: Paciente já adaptado, sem dor e sem tosse. Sinais: Inspeção: Expansibilidade diminuída. �45 Anna Julia do Amaral Pena Palpação: Elasticidade diminuída. Expansibilidade diminuída. Frêmito tóraco-vocal diminuído (mais meios para a passagem do ar). Percussão: Submaçicez. Ausculta: Murmúrio vesicular diminuído. Tudo vai estar pouco diminuído. Difícil diagnóstico clínico, mais achados de necropsia do que propedêutico. Exames complementares: Radiografia: Se houve uma diferenciação de penetração nos dois hemi tórax (radiopacidade diferente nos lados) deve-se suspeitar de paquipleuriz. É um diagnóstico de suspeita. Pulmão afastado do gradiado costal (difícil de observar). Tomografia: Mais específica do que a radiografia, mas é difícil de observar. �46 Anna Julia do Amaral Pena Aparelho cardíaco Histologia: Microscopicamente: órgão composto por fibras musculares estriadas, esqueléticas e mononucleada como a lisa (músculo esquelético cardíaco). As fibras se comunicam por junções GAP e possuem o mesmo sentido. Possui um revestimento epitelial interno (endocárdio); o miocárdio é uma massa muscular mononuclear, composta por fibras separadas por finas travas de tecido conjuntivo por onde passam os capilares. Ligação entre as fibras é responsável pela condução do impulso entre as células. Revestimento seroso externo denominado como pericárdio visceral, envolto pelo pericárdio parietal. Anatomia: Localizado no mediastino, ocupando a maior parte dele. Tem formato cônico, com a ponta voltada para o lado esquerdo, intimamente relacionado com as estruturas do mediastino e envolto pelo saco pericárdico. Anteriormente vê-se predomínio da parte direita. Contorno direito: é dado pelo átrio direito (AD) e veia cava superior. Parte diafragmática: repousa sobre o diafragma, composta quase que totalmente pelo ventrículo direito. Contorno esquerdo: ventrículo direito predominantemente. O ventrículo esquerdo é difícil de se observar, mas pode ser visto na ponta do septo interventricular. Vascularizado pelas coronárias: Coronária descendente posterior (direita): sai da aorta e corre pelo sulco interatrioventricular direito que irriga a região diafragmática. Coronária descendente anterior (esquerda): desce pelo sulco interventricular. Coronária circunflexa: corre pelo sulco interatrioventricular esquerdo e irriga parede lateral. �47 Anna Julia do Amaral Pena Tecido gorduroso que envolve o coração pode ser encontrado em quantidades variadas. Septo interventricular: composto por tecido muscular em quase toda a porção, e o septo conjuntivo (num pequeno local). Internamente: dois átrios e dois ventrículos. Nos ventrículos a massa muscular é mais intensa do que nos átrios. Cada átrio se comunica com o seu ventrículo isoladamente, não há comunicação entre os átrios (D e E) e entre os ventrículos (D e E), para que não haja mistura entre sangue venoso e arterial. Assim, são separados pelos septos interventricular e interatrial. Entre eles há tecido conjuntivo, não havendo comunicação muscular. A comunicação nervosa se da pelo nodo sinoatrial. AD: músculos pectíneos – via de entrada do sangue. AE: sem musculatura pectinada. VD: parede muscular mais fina. VE: parede muscular mais grossa. Presença de valvas: Tricuspide: lado direito – 3 folhetos: folhetos são ligados as cordoalhas tendineas que convergem e se inserem nos músculos papilares Mitral: lado esquerdo – 2 folhetos: idem à tricúspide. Semilunares: aorta e pulmonar – diferem das atrioventriculares pois não tem cordoalhas tendineas nem músculos papilares. Fisiologia: Hemodinâmica e Elétrica. Elétrica: condução. Capacidade de automatismo: qualquer célula do coração tem a capacidade de se despolarizar sozinha, mas em diferentes tempos. A célula muscular tem a capacidade de transmitir o impulso elétrico e dispará-lo sem ter sido estimulada. �48 Anna Julia do Amaral Pena Nó sinusal ou sinoatrial: local de início da transmissão do impulso elétrico, as células conseguem se despolarizar mais rápido, fazendo o controle do batimento cardiaco. Esta localizado no AD, superior e lateralmente, próximo ao septo interatrial, logo abaixo da inserção da VCS. Após isso o impulso vai passando de célula para célula, através das pontes intercalares (junções de conunicação). Nó atrioventricular (AV): único ponto de passagem do impulso do AD para o VD, segue pelas fibras de purkinje e percorre através dos feixes de His (se bifurcam para levar o impulso para todo o VD – divisões antero superior, póstero inferior e médio septal), indo de célula para célula do endocárdio para o epicárdio. NÓ SINUSAL —> NÓAV —> contração Sístole: contração atrial e ventricular. Diástole: relaxamento atrial e ventricular. Contração atrial antes da ventricular (milissegundos de diferença). Hemodinâmica: Enquanto estiver em diástole tem-se chegada de sangue no AD através da veia cava superior e inferior e veias pulmonares e como a valva tricúspide esta aberta, o sangue vai em direção ao VD. Como a sístole atrial é um pouco anterior à ventricular é possível que se complete o enchimento do VD. Na sístole há contração e ejeção do sangue para a artéria pulmonar, o sangue faz pressão nas valvas culminando no fechamento da tricúspide (independe dos músculos papilares). Sangue vai para o pulmão. Na diástole do lado esquerdo, o sangue chega pelas veias pulmonares (4) e passam para o VE porque a mitral está aberta. Na sístole, a mitral se fecha pela pressão e o sangue vai para a aorta. Durante a sístole: AV fechadas, Semilunares abertas. Durante a diástole: AV abertas, Semilunares fechadas. Suprimento arterial do ventrículo é através das coronárias direita e esquerda, que estão implantadas na raiz da aorta, no fundo das lacineas da valva aórtica (do lado direito e esquerdo), então elas iram se encher na diástole (quando o coração relaxa o sangue volta pelas lacineas e encontra a coronária aberta, fazendo seu suprimento. �49 Anna Julia do Amaral Pena Únicas artérias que são supridas na diástole. Exame físico do coração: Localizado na região precordial: terceiro espaço intercostal, 1 cm a direita do esterno – porção superior direita; terceiro espaço intercostal, 1 cm a esquerda do esterno – porção superior esquerda;