Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Escola Polo de Araranguá Componente curricular: História Professora: Carolina Porto Turma: 3º ano Ensino médio Nome: Escola de origem: Data: Ocupação Pré-colonial em Santa Catarina O que você sabe sobre a pré-história local? Você conhece algum sítio arqueológico na região do extremo sul catarinense? Já visitou algum desses sítios? Quais populações indígenas você acha que já viveram aqui na nossa região? E quais ainda vivem? Vamos conversar sobre arqueologia! Você certamente já ouviu falar em algum desses filmes e séries: Indiana Jones, Tomb Raider, As aventuras de Jackie Chan, A Múmia. Essas produções são baseadas no trabalho do arqueólogo que é reproduzido de uma forma aventureira, com muita fantasia e tesouros. A palavra Arqueologia é formada por duas palavras da língua grega: Archaios, que significa Antigo, e Logos, que significa Estudo, assim “estudo do que é antigo”. A arqueologia busca compreender as sociedades do passado e a nossa sociedade atual através de todo artefato, vestígios de alimentação, fogueiras, habitação, rituais funerários entre outras marcas humanas registradas no ambiente que possam auxiliar para montar as peças de um grande quebra- cabeça que é a história da humanidade. O Estado de Santa Catarina possui uma história de longa duração, resultado de ocupações de povos que manifestavam diferentes culturas, dentre eles os grupos que habitaram por milênios o território, os povos indígenas, com datações que chegam há 11 mil anos atrás. Esse período de ocupação das terras catarinenses resultou em um rico e singular patrimônio cultural. Entretanto, esse Patrimônio muitas vezes fica a margem da população, desvalorizados, sendo esquecido e depredado. Os povos indígenas com datações mais antigas de Santa Catarina são os grupos caçador-coletores que se distinguem em duas tradições tecnológicas: Umbu e Humaitá. Os grupos caçadores-coletores são reconhecidos no campo da arqueologia como grupos indígenas não-ceramistas ou pré-ceramistas, pois não se encontra vestígios de cerâmica nesses sítios arqueológicos. A tradição Humaitá tem como característica a presença de artefatos bifaciais de grande porte, mais robustos e com morfologia variada, como bumerangues, raspadores, lascas retocadas, entre outros. Enquanto a tradição Umbu se caracteriza principalmente pelas pontas de projétil. A terminologia ‘tradição’ na arqueologia é voltada a “grupo de elementos ou técnicas que se distribuem com persistência temporal”, sendo então essas divisões de tradições marcadas pela presença ou ausência em sítios arqueológicos de artefatos (ou fósseis) guias. (ALVES, 2008, p. 64-65). Ocupando as regiões litorâneas, arredores de rios, mares e lagoas habitavam os povos pescadores-caçadores-coletores, sendo eles conhecidos por serem os construtores de sambaquis. Sambaqui é uma palavra que origem Tupi, que significa, de acordo com DeBlasis et al. (2007, p. 30), "monte de concha", uma característica marcante desse tipo de sítio arqueológico. Os Sambaquis são sítios arqueológicos que possuem uma forma montícular, no sul do estado de Santa Catarina foram encontrados sítios com datações a partir de 7 mil anos atrás e tinham principalmente a função ritualística, encontra-se pequenos montes de conchas conhecidos por serem os sambaquis tardios, como também os sambaquis monumentais com registro que ultrapassam 30 metros de altura (DEBLASIS et al., 2007; GASPAR, 2000; KNEIP; FARIAS; DEBLASIS, 2018). O processo de construção dos sambaquis se dá através do acondicionamento de materiais de origem animal, como: peixes, moluscos, mamíferos, aves. Resultantes da ação humana, que formam as camadas estratigráficas, essas camadas podem estar ligadas a contextos ritualísticos como sepultamentos, com presença de fogueiras, apresentar sementes carbonizadas, artefatos feitos de pedra, osso e concha. Dessa forma, a matriz de um sambaqui é formada por vestígios diretos de escolha e ação humana que contém elementos que poderão informar sobre a sociedade, a cultura e o ambiente em que esses povos estavam inseridos (GASPAR et al., 2002). O primeiro grupo ceramista a chegar à região são os povos da etnia Macro-Jê com a tradição tecnológica Taquara-Itararé. E são considerados os ntepassados dos índios Kaingang e Xokleng, que hoje vivem na região de São Paulo ao Rio Grande do Sul. Esse grupo está ligado principalmente às regiões do planalto onde tinham a prática da horticultura, além da caça e pesca. O principal sítio arqueológico encontrado são as casas subterrâneas (SCHMITZ, 2013, p. 8). Além das cerâmicas e das casas subterrâneas encontra-se associados ao grupo Jê sítios formados por grandes estruturas de sociabilidade coletiva, chamadas ora de “danceiros”, ora “estruturas anelares”. Continham no interior dessas estruturas montículos com sepulturas de cremação. (SCHMITZ, 2013, p. 16) Os grupos Guaranis ligados à família linguística Tupi-Guarani foram os últimos povos a chegar à região sul. Segundo Schmitz (2013, p.18) a população Guarani: [...] construía aldeias que se compunham de várias casas, habitadas por famílias nucleares ou estendidas, que se desdobravam para ocupação de novas áreas. O sustento básico era fornecido por plantas tropicais trazidas de seu território de origem, como o milho, a mandioca, os feijões, o amendoim, a batata doce. A caça nas matas próximas à aldeia fornecia as proteínas animais; ela era voltada para animais de porte maior, que rendiam bastante carne e gordura; O Guarani era uma população grande, densa, expansiva, sujeita a permanentes conflitos internos e de fronteira, que deixaram marcas bem visíveis nos seus restos de alimentos, onde ossos humanos quebrados, cortados e queimados aparecem com regularidade. Os principais sítios guaranis encontrados caracterizam-se por sítios a céu aberto com manchas escuras, resultante das queimas, pisoteio e ocupação daquele local, como também as cerâmicas, sendo normalmente encontradas grandes quantias de fragmentos de cerâmicas. As cerâmicas guaranis são feitas pelas mulheres tendo tanto uma função prática do dia a dia como também ritualística, sendo utilizada como urnas funerárias (Prous, 2006, p. 80). Mais próximo da nossa região no município de Torres-RS ainda hoje há uma aldeia indígena da etnia Mbya Guarani, essa comunidade localiza-se em Campo Bonito há mais de vinte anos, até 2009 eles viviam acampados em áreas próximas à BR 101, apenas após as obras de duplicação da rodovia, com o licenciamento ambiental do empreendimento, se realizou a regulamentação da reserva indígena de Campo Bonito, conhecida como os indígenas como comunidade Tekoá Guapo'ý Porã. Figura 01: Sítios arqueológicos nos municípios de Passo de Torres- SC, Sombrio- SC, Balneário Gaivota- SC, Torres- RS. Fonte: A autora (2020) E hoje? Quem são os indígenas que vivem no território catarinense? • Laklãnõ/Xokleng • Kaigang • Guarani – Mbyá e Nhandeva/Xiripa Censo do IBGE – 2010 - 16.041 pessoas. Incluindo os indígenas que vivem nas Terras Indígenas – TIs (zonas rurais) e aqueles que vivem nas cidades (zonas urbanas). A primeira Terra Indígena e Posto do SPI - atual Funai em território brasileiro foi na TI Ibirama Laklãno - localizada em José Boiteux, Vitor Meireles, Dr. Pedrinho e Itaiópolis – 1914 Imagem 02: Territórios indígenas demarcados no estado de Santa Catarina Atualmente no território nacional vivem cerca de 817 mil indígenas. Desse total, mais de 500 mil vivem em zonas rurais, afastadas das grandes cidades, enquanto o restante habita as cidades. Esse número é subdivido em mais de 300 etnias que, juntas, são responsáveis pela prática de mais de 200 idiomas diferentes. • FUNAI – Fundação Nacional do Indio É o órgão indigenista oficialdo Estado brasileiro. Criada por meio da Lei nº 5.371, de 5 de dezembro de 1967, vinculada ao Ministério da Justiça. Sua missão institucional é proteger e promover os direitos dos povos indígenas no Brasil. Cabe à FUNAI promover estudos de identificação e delimitação, demarcação, regularização fundiária e registro das terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas, além de monitorar e fiscalizar as terras indígenas. A FUNAI também coordena e implementa as políticas de proteção aos povo isolados e recém-contatados. É, ainda, seu papel promover políticas voltadas ao desenvolvimento sustentável das populações indígenas. • IPHAN – Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Turismo que responde pela preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro. Cabe ao Iphan proteger e promover os bens culturais do País, assegurando sua permanência e usufruto para as gerações presentes e futuras. O Iphan também responde pela conservação, salvaguarda e monitoramento dos bens culturais brasileiros inscritos na Lista do Patrimônio Mundial e na Lista o Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Toda atividade direta ou indiretamente que afeta os patrimônios devem ser regularizadas e autorizadas pelo Iphan, ninguém pode escavar, retirar materiais ou pesquisar um sítio sem aval do Iphan. Curiosidades Você sabia que existe um jogo em que você pode viver o dia a dia das comunidades sambaquieiras? O Jogo “Sambaquis: Uma história antes do Brasil” foi feito por arqueólogos do MAE/USP e GRUPEP/UNISUL que permite nos transportar para 3000 anos antes do presente, numa paisagem ocupada por grupos construtores de sambaquis. As missões dos personagens são relacionadas ao mundo real, tanto de atividades dos povos sambaquieiros, como também do arqueólogo. Esse jogo acompanha também um guia didático sobre os povos indígenas. O Jogo é gratuito e está disponível para download no link: < https://archarise.itch.io/sambaquis > Arqueologia R. A. – Grupos pré-coloniais de Santa Catarina Arqueologia R.A é um aplicativo em que é possível visualizar artefatos arqueológicos dos povos indígenas de Santa Catarina em Realidade Aumentada. O aplicatico foi desenvolvido em uma parceria do Grupo de Pesquisa CNPq – Arqueologia Interativa e Simulações Eletrônicas (ARISE), do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, e o GRUPEP, da UNISUL. Esse aplicativo é gratuito e está disponível no link abaixo para baixar os marcadores e o App. < http://www.arise.mae.usp.br/arqueologia-ra/ > < https://play.google.com/store/apps/details?id=com.ARISE.ArqueologiaRA . Espero que consigam acessar esses materiais extras, o jogo Sambaqui: Uma história antes do Brasil, é uma ótima forma da gente aprender uma pouco mais sobre a nossa pré- história nos divertindo, de uma maneira bem dinâmica. Espero que tenham gostado do conteúdo. Na próxima semana vamos fazer uma atividade sobre o conteúdo apresentado nessa aula. Material extra de apoio: https://archarise.itch.io/sambaquis http://www.arise.mae.usp.br/arqueologia-ra/ https://play.google.com/store/apps/details?id=com.ARISE.ArqueologiaRA <<<<< https://www.youtube.com/watch?v=RMkSkwmdsoI >>>>> <<<<< https://youtu.be/DhlXXy6tdP4 >> https://www.youtube.com/watch?v=RMkSkwmdsoI https://youtu.be/DhlXXy6tdP4 Atividade Avaliativa de Pesquisa Nome: Turma: Escola de origem: Data: 1 ) O que é arqueologia? a) A Arqueologia é a ciência que estuda os dinossauros e suas marcas deixadas no ambiente. b) A Arqueologia é a ciência que estuda os seres humanos através de toda marca humana deixada no ambiente. c) A Arqueologia é a ciência responsável pelo estudo dos planetas. 2) A Arqueologia Histórica estuda o Período: a) Paleoíndio, associado ao início do povoamento humano no continente americano.o b) Arcaico, marcado pela diversidade de grupos caçadores-coletores. c) Formativo, relacionado ao surgimento dos agricultores-ceramistas d) Das Chefias, Florescente e Expansivo ou Militarista, relativo ao desenvolvimento das culturas pré- colombianas na América Central e América do Sul e) Histórico, iniciado com a descoberta, conquista e colonização do continente americano pelos europeus. 3) Sobre os sítios arqueológicos, assinale a alternativa incorreta: a) Sítios arqueológicos são locais aonde se encontra vestígios de ocupação humana. b) Sítios arqueológicos são locais em que é possível identificar manifestação cultural das sociedades através de vestígios encontrados no meio ambiente. c) São exemplos de sítios arqueológicos: Sambaquis, danceiros, ruinas de engenhos e casas subterrâneas. d) Os sítios arqueológicos são considerados bens da União, dessa forma todo cidadão tem direito de escavar e retirar os vestígios encontrados. 4) Selecione a resposta correta sobre as populações indígenas que viveram na região do extremo sul catarinense: a) Caçadores-coletores, Sambaquieiros, Jês (Kaingang e Xokleng/ Laklãno) e Guaranis b) Caçadores-coletores, Sambaquieiros e Jês (Kaingang e Xokleng/Laklãno) c) Caçadores-coletores, Jês(Kaingang e Xokleng/Laklãno) e Guaranis d) Sambaquieiros e Guaranis 5) Sítios arqueológicos são áreas onde se encontram indícios da vida de povos antigos. Os arqueólogos, através desses sítios, estudam a origem e a evolução da espécie humana e o modo de vida de povos que já desapareceram, e interpretam as relações da vida em sociedade e os processo históricos ocorridos no passado. Sobre os sítios arqueológicos, é correto afirmar: (selecione a(s) alternativa(s) correta(s)) ( ) São classificados em sítios cerâmicos, sítios de arte rupestre, sambaquis e sítios históricos; normalmente são encontrados através de trabalhos de escavações; os métodos utilizados para sua datação baseiam- se nos estudos das alterações químicas e físicas do material dos objetos achados. ( ) Existem poucos indícios de existência de sítios arqueológicos no Brasil, considerando que o seu povoamento e a sua colonização são recentes, e que os portugueses, quando chegaram ao país, encontraram povos que desenvolveram muito pouco as artes cerâmicas e as pinturas rupestres, e que nos legaram poucos vestígios de suas culturas. ( ) No Brasil, os sítios arqueológicos são identificados pelo IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e, quando tombados, são considerados bens patrimoniais da União e contam com proteção especial. ( ) São encontrados em formações rochosas antigas das eras proterozóica e paleozóica, principalmente em rochas de formação arenítica, por isso muitos sítios estão soterrados a dezenas de quilômetros abaixo da superfície terrestre, o que torna difícil o seu achado. ( ) O tombamento visa impedir a destruição dos sítios arqueológicos de grande interesse para a preservação da memória coletiva, entretanto poucos sítios são tombados no Brasil; o turismo descontrolado e a falta de conscientização dos proprietários das terras, onde se encontram os sítios arqueológicos, têm contribuído para a destruição deles Brasil Colônia Texto adaptado do livro: HISTÓRIA DO BRASIL COLÔNIA BAUER, Caroline Silveira Compreender o “sistema colonial” significa destrinchar as relações estabelecidas entre Portugal e suas possessões na América. Em um primeiro momento relegado a segundo plano, em função da importância econômica da carreira das Índias, o território português na América viria a receber investimentos da Coroa a partir de 1530, com o início do processo de ocupação do território, que também visava combater as invasões empreendidas por outras nacionalidades. Nesse momento vamos estudar as diferentes interpretações sobre o chamado colonialismo e sua relação com as práticas mercantilistasdos Estados europeus. Conhecerá as iniciativas da coroa portuguesa em relação ao território americano logo após ao “descobrimento”. E, por fim, analisará a presença de franceses e holandeses no território de Portugal na América e seus intentos de colonização. Primeiramente, é importante lembrarmos que o território que hoje constitui o Brasil não era conhecido integralmente pelos portugueses no momento de sua chegada à América. Esse conhecimento foi sendo realizado paulatinamente ao longo dos 30 primeiros anos após a “descoberta”, mediante expedições de reconhecimento e vigilância. Porém, existiam dúvidas sobre a jurisdição e os limites das possessões portuguesas na América, já que o único tratado existente nesse sentido até então era o Tratado de Tordesilhas, que serviu para que se compreendesse como “natural” que todo o território da América abrangido pelo tratado fosse português (SOUZA, 2001). A historiador Laura de Mello e Souza comenta sobre a ausência de maiores interesses da coroa portuguesa em relação à posse do território americano: Esta, de início, não despertou maiores interesses na corte de D. Manuel, que pensava acima de tudo no Oriente e nos projetos que melhor viabilizassem sua exploração comercial. Antes talvez de ser vista como espaço econômico, e deixando-se de lado o interesse logo despertado pelo pau-brasil, a nova terra interessou pela sua capacidade de renovar os conhecimentos cartográficos e astronômicos: diferentemente da África ou da Ásia, era terra nunca antes descrita ou representada (SOUZA, 2001, p. 62). Após a chegada dos portugueses na América em 1500, foram enviadas algumas expedições de reconhecimento e alguns europeus foram deixados em território americano para aprender a língua dos nativos. Destacam-se as expedições de Gaspar de Lemos, em 1501, e de Gonçalo Coelho, em 1503, que tinham como objetivo informar a coroa portuguesa sobre a existência de metais preciosos na América. Posteriormente, em 1516 e depois em 1526, foram enviadas à América portuguesa expedições comandadas por Cristóvão Jacques, que ficaram conhecidas como “expedições guarda-costas”. Elas tinham o objetivo de combater a presença de estrangeiros em território português na América, principalmente os franceses. Essas iniciativas não foram suficientes para garantir a posse do território e manter afastados os invasores franceses, o que levou a coroa a investir na colonização da América portuguesa (VAINFAS, 2000). Ainda de acordo com Vainfas (2000, p. 491): [...] a maioria dessas expedições fez um pouco de cada coisa: identificação da geografia para fins cartográficos e de navegação; escambo do pau-brasil com os índios; fundação de feitorias; defesa da costa contra a crescente presença dos entrelopos franceses, rivais no escambo do pau-brasil [...] houve, porém, outras expedições além dessas, cujas rotas sugerem o projeto português de encontrar metais preciosos na América. As notícias sobre as riquezas no interior do continente e o rumor sobre a existência de um “rei branco” (depois identificado com o imperador inca) estimularam viagens pelo Prata. Não houve inicialmente uma ocupação sistemática da América portuguesa, já que a carreira para as Índias era mais rentável financeiramente. Nas primeiras décadas após o “descobrimento”, a principal atividade econômica desenvolvida foi a extrativista, com a exploração do pau-brasil. O pau-brasil é uma árvore da qual se pode extrair um corante vermelho para o tingimento de roupas. A exploração desse recurso se dava por sua disponibilidade, o que levava a uma constante migração em função de seu esgotamento. A extração era feita por meio do escambo (troca) da força de trabalho indígena por objetos trazidos pelos portugueses da Europa. Para estocar e proteger a madeira, foram construídos ao longo do litoral feitorias, entrepostos comerciais fortificados. O pau-brasil foi declarado produto de monopólio da coroa portuguesa, o que nos demonstra a adoção de políticas econômicas mercantilistas por Portugal. Contudo, posteriormente, a coroa concedeu o direito de extração a arrendatários, em função de sua atenção aos investimentos na carreira das Índias. Os arrendatários arcavam com as despesas da extração e pagavam impostos à coroa portuguesa, mas ficavam com o lucro nas vendas. De acordo com Souza (2001, p. 63): [...] nos 20 primeiros anos de vida do futuro Brasil, os portugueses criaram apenas duas feitorias: em 1504, em Cabo Frio; em 1516, em Pernambuco. Predominaram, portanto, as atividades de cunho privado, e o Estado poupou suas energias para a construção de um império no Oriente. Nenhuma preocupação com o povoamento surgiu tampouco nessa época, quando os habitantes europeus da costa eram apenas os degredados deixados para trás desde a viagem de Cabral, um ou outro desertor das naus, como os grumetes a que se refere a carta de Caminha, todos eles constituindo o tipo do “lançado”, que desde a experiência quatrocentista da África fazia, voluntária ou involuntariamente, a intermediação entre os universos culturais distintos. Um marco na história da colonização da América portuguesa foi a expedição de Martim Afonso de Souza, que, após navegar até o Rio da Prata, em seu retorno fundou o primeiro núcleo de colonização em território português, São Vicente, em 1532. De acordo com Vainfas (2000, p. 491): A expedição de Martim Afonso de Souza é a que melhor sintetiza o caráter dessas primeiras expedições e marca a passagem para a efetiva colonização. Organizada por D. João III, objetivava explorar o litoral desde o Maranhão até o Rio da Prata, dar combate aos entrelopos franceses e fixar núcleos de povoamento através da distribuição de sesmarias, sementes, plantas, animais domésticos e ferramentas entre os colonos da expedição. E, com efeito, São Vicente seria a primeira vila fundada no Brasil. Com o início do processo colonial, também houve transformações no âmbito econômico, com a introdução do cultivo da cana-de-açúcar, cuja produtividade era favorecida pelas condições climáticas da América portuguesa, além de possuir boa aceitação no mercado europeu. Antes de desenvolver a cultura da cana na América, Portugal já a cultivava nas ilhas atlânticas (Madeira, Açores, Cabo Verde e São Tomé). Podemos dividir a economia da América portuguesa em dois processos interrelacionados: a economia voltada para o mercado externo e a economia voltada para o mercado interno. Enquanto a primeira se relacionava com os interesses mercantis próprios da lógica colonial, a segunda possuía um funcionamento autônomo, vinculado ao consumo interno na colônia. Em relação ao mercado externo, podemos compreender a economia da América portuguesa a partir de sua inserção em uma “economia-mundo”, interpretação baseada nas ideias Immanuel Wallerstein (VIERA, 2010). Assim, segundo Vieira (2010), “[...] a produção e o consumo do açúcar integraram processos comerciais e produtivos que ocorriam no Brasil, na Europa, na África e na Ásia”. Nessa economia voltada para o mercado externo, havia diferentes relações estabelecidas entre as possessões ultramarinas portuguesas, configurando uma cadeia mercantil. Vejamos nos tópicos a seguir como se organizava essa cadeia (VIEIRA, 2010): ➢ Entre a América portuguesa e a Europa, estabeleciam-se relações fortes e necessárias, pois da metrópole provinha o impulso para o desenvolvimento da agricultura na colônia, bem como as ferramentas, tecidos e armas; era na Europa que ocorria o refino do açúcar, e era para lá que se destinava quase a totalidade da produção. ➢ Entre a América portuguesa e a África, estabelecia-se uma relação de oferta e demanda de mão-de-obra de africanos escravizados, cujos números são imprecisos, mas calcula-se que tenham sido quase 5 milhões. Para a comercialização desses seres humanos, era utilizadacomo moeda de troca a farinha de mandioca, a cachaça e o fumo. ➢ Entre a América portuguesa, a África e a Ásia, havia uma troca de produtos coloniais, como o fumo, por tecidos, que também eram utilizados no escambo por escravizados. Todo o açúcar da colônia excedente do consumo interno era exportado para a Europa, seguindo os padrões de produção e comércio já praticados por Portugal em outras possessões ultramarinas. Contudo, não há como separar a prática econômica voltada para o mercado externo da destinada ao mercado interno. Além da agricultura de subsistência possibilitar as práticas econômicas dos engenhos, outros cultivos, como o de mandioca e o de fumo, além da própria produção da cachaça, tornaram-se moeda de troca para a comercialização de africanos escravizados, trazidos para a América para trabalharem na produção de açúcar. Ou seja, historicamente, “[...] a agricultura para exportação e para o consumo interno estiveram intimamente relacionadas de uma maneira complexa, multidimensional e historicamente mutável” (SCHWARTZ, 1998, p. 66). O extrativismo A primeira atividade econômica desenvolvida após a chegada dos portugueses na América foi o extrativismo. Chamamos de extrativismo ou economia extrativa “[...] uma maneira de produzir bens na qual os recursos são retirados diretamente da sua área de ocorrência natural, sendo a coleta de produtos vegetais, a caça e a pesca os três exemplos clássicos de atividades extrativistas” (GOMES, 2018) Na primeira fase da colonização do território americano luso, a principal atividade extrativista foi a coleta de pau-brasil, que se localizava próximo ao litoral, na zona da mata, que era de fácil acesso para os navegantes e comerciantes portugueses. Foi explorado do litoral do Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro. De acordo com Santos (2015, documento on-line), “[...] em 1501, a expedição comandada por Duarte Coelho reconheceu a madeira preciosa e, em função da grande procura por corantes naturais na Europa, enviou uma carga com amostras a Portugal. O nome pau-brasil deriva-se, provavelmente, pela ‘cor de brasas que produz’”. Contudo, ao longo da expansão territorial, outros produtos foram inseridos nessa lógica econômica, como as “drogas do sertão”, a exploração de tartarugas e a extração de cacau. As “drogas do sertão”, segundo Ronaldo Vainfas (2000, p. 191) eram “[...] os produtos, nativos ou aclimatados, do Amazonas, Pará e Maranhão, muito procurados na Europa como drogas medicinais, temperos ou tinturaria”. O pau-brasil passou a interessar os colonizadores portugueses porque, de sua madeira, era possível extrair um corante vermelho, bastante apreciado no mercado europeu, em que a indústria têxtil estava em pleno desenvolvimento. A extração do pau-brasil foi transformada em monopólio da coroa, e seu primeiro arrendatário foi Fernão de Loronha (ou Fernando de Noronha, conforme algumas grafias), que pagaria taxas (um quinto do lucro obtido) à coroa e protegeria a costa (ZEMELLA, 1950). A extração do pau-brasil e seu comércio foi disputada por Portugal com outros reinos. Os franceses, por exemplo, traficaram a madeira até meados do século XVI, muitas vezes estabelecendo alianças com os nativos. Contudo, até quase o final do século XIX o pau-brasil estava presente na lista de produtos exportados pelo Brasil. Logo após a descoberta do Brasil, o extrativismo do pau-brasil (Caesalpinia echinata Lam.), de acordo com Homma (2008, p. 22), “[...] foi o primeiro ciclo econômico pelo qual o país passou e que perdurou por mais de três séculos. O início do esgotamento dessas reservas coincidiu com a descoberta da anilina, em 1876, pelos químicos da Bayer, na Alemanha”. Para a extração do pau-brasil, a mão-de-obra utilizada foi a indígena e, posteriormente, a de africanos escravizados. Os indígenas cortavam as árvores na mata e arrastavam os troncos até o litoral, onde eram preparados para serem embarcados. O pagamento por seu trabalho era feito por meio do escambo: recebiam pelo corte e transporte canivetes, facas, miçangas, tecidos e outras quinquilharias (ZEMELLA, 1950). A cana-de-açúcar No território brasileiro, o primeiro engenho de cana-de-açúcar foi instalado em 1532, na capitania de São Vicente, no extremo-sul da colônia. No entanto, a produção de açúcar foi maior nas capitanias da Bahia e de Pernambuco, atingindo seu apogeu entre 1570 e 1650. Portugal já possuía experiência anterior do cultivo da cana nas ilhas do Atlântico e, no Nordeste, encontrou condições climáticas e de solo favoráveis ao cultivo (FAUSTO, 1995). Era um empreendimento dispendioso, que exigia investimentos em equipamentos e na compra de seres humanos escravizados. Aqui o colono encontrou terra abundante e propícia, como o massapé nordestino, imensas florestas que seriam devastadas para fazer lenha, madeira para cabos de ferramentas, para as prensas e os carros de boi que transportavam a cana da plantação à moenda. Mas teve também de trazer ou importar valiosíssimos tachos de cobre, caldeiras, ferro para as ferramentas e moendas, e até mão-de-obra especializada — os mestres artesãos do açúcar — para movimentar seus engenhos. No início, as dificuldades eram enormes (MOURA, 2013, p. 136). Em poucos anos, o açúcar se transformou no produto mais importante exportado pelo Brasil, permitindo que a colonização se efetivasse. Segundo Fausto (1995, p. 77), seu cultivo passou a ser o núcleo da ativação socioeconômica do Nordeste. Assim, se no século XV o açúcar ainda era visto como remédio ou condimento exótico, “[...] livros de receitas do século XVI indicam que estava ganhando lugar no consumo da aristocracia europeia. Logo passaria de um produto de luxo para o que hoje chamaríamos de um bem de consumo de massa”. Mas não havia somente a produção de açúcar nos engenhos: “[...] deles saíram os açúcares mascavos e semirrefinados, em formas chamadas de pães de açúcar e as aguardentes de cana — a nossa famosa cachaça” (MOURA, 2013, p. 134) Além disso, não se limitou ao consumo interno, transformando-se em moeda de troca para a compra e venda de africanos escravizados. O açúcar foi responsável pela formação de uma sociedade agrária, estratificada e patriarcal (MOURA, 2013). A expressão dessa sociedade era visível nos engenhos, unidades de produção completas que, em geral, também eram autossuficientes, porque possuíam culturas de subsistência paralelas às grandes plantações de cana. Um engenho era geralmente formado pela casa- -grande, habitada pela família proprietária, pela senzala, local destinado aos escravizados, além dos espaços de trabalho, e poderiam ter capelas e escolas. O chapéu e o chicote, a rudeza e brutalidade dos senhores de engenho foram romantizadas durante séculos.Entre a senzala e a casa-grande ficara um hiato que só os estudos mais recentes vêm preenchendo e anexando à História, com os devidos matizes sociais e econômicos, a participação de homens livres, escravos indígenas e africanos, brancos e mestiços, que, com o suor de seu trabalho, construíram a sociedade brasileira (MOURA, 2013, p. 139). Senhores de Engenho Schwartz (1998) descreve a classe dos senhores de engenho como um grupo que se formou historicamente e manifestou diversas características ao longo do tempo. Seu surgimento, quando da transição de atividades extrativas para a agricultura, afirmou sua posição de prestígio decorrente da posse de terra. A maioria desses senhores era de origem europeia, em grande parte cristãos- - novos, que adquiriram seus engenhos pela posse de bens, por herança, sorte ou casamento. Seu status adquirido era relativo: a aristocracia do Brasil Colônia formou-se de grupos cujo status, na sociedade portuguesa, eram inferiores. Porém, em princípios do século XVII, essa classe encontrava-se solidificada a ponto dossenhores reivindicarem para si, “[...] o status de nobreza e o direito de exercer o poder localmente” (SCHWARTZ, 1998, p. 226). Como categoria, manteve certa homogeneidade durante um longo período, mas aos poucos foi agregando novos elementos, constituindo uma elite diversa. Sua constituição enquanto classe foi feita segundo a diferenciação do resto da população, e o reconhecimento de uma semelhança entre seus iguais. Para Schwartz (1998, p. 231), “[...] a legitimação da posição de nobre implicava desvinculação de qualquer estigma de heterodoxia religiosa, origens em ofícios mecânicos ou ligação com as ‘raças infectas’ dos mouros, judeus ou mulatos”. Assim, conseguiam se isolar de qualquer estigma e assegurar sua posição de nobreza colonial. Ainda segundo Schwartz (1998, p. 234), “[...] os senhores de engenho compuseram inquestionavelmente o seguimento mais poderoso da sociedade baiana”. A insegurança decorrente dessa nobreza relativa — já que não possuíam tal título frente à metrópole — fazia com que esses homens recorressem a funções, atos e modos de vida que legitimassem, em relação ao resto da sociedade colonial, sua posição social e seu status mediante seu modo de vista, a relação entre a família e a propriedade e a difusão de ideais patriarcais, sendo a família sinônimo de casa e linhagem, como continuação de seu legado. Sociedade açucareira no Brasil colonial Denominamos de sociedade açucareira, aquela referente ao Ciclo do Açúcar na História do Brasil. Esta sociedade se desenvolveu, principalmente, na área litorânea do Nordeste brasileiro (regiões produtoras de açúcar) entre os séculos XVI e XVII. Principais características da sociedade açucareira: - Sociedade composta basicamente por três grupos sociais: senhores de engenho (aristocracia), homens livres e escravos. - Sociedade patriarcal: poder concentrado nas mãos dos homens, principalmente, dos senhores de engenho que controlavam e determinavam a vida dos filhos, esposa e funcionários. - Uso, nos trabalhos pesados do engenho de açúcar, de mão de obra escrava de origem africana. Os escravos eram comercializados como mercadorias e sofriam com as péssimas condições de vida oferecidas por seus proprietários. - Posição social determinada pela posse de terras, escravos e poder político. Divisão social (grupos sociais) - Senhores de engenho: possuíam poder social, familiar, político e econômico. A casa-grande, habitação dos senhores de engenho e sua família, era o centro deste poder. Este grupo social tinha forte influência nas Câmaras Municipais, principal polo de poder político das cidades na época colonial. - Homens livres: eram em sua maioria funcionários assalariados do engenho (capatazes, por exemplo), proprietários de terras sem engenho, artesãos, agregados e funcionários públicos. - Escravos: formavam a base dos trabalhadores nos engenhos de açúcar. Tinham como origem o continente africano, sendo comercializados no Brasil. Era o grupo mais numeroso da sociedade açucareira. Em função das péssimas condições em que viviam, dos castigos físicos e da ausência de liberdade, possuíam baixa expectativa de vida (no máximo até 35, 40 anos). Resistiram à escravidão através de revoltas e fugas para a formação dos quilombos. A desestruturação deste modelo social começou com a crise da economia açucareira, ou seja, com a concorrência holandesa no comércio de açúcar mundial (final do século XVII). No século XVIII, com o início do Ciclo do Ouro, a região das minas transformou-se no principal centro de desenvolvimento econômico do Brasil. Um novo modelo social mais dinâmico passou a vigorar, porém, várias características da sociedade açucareira permaneceram ainda por muito tempo no Nordeste. Observe a imagem: Cortejo de uma família brasileira do século XIX, retratada por Debret Essa era a divisão social existente no Brasil colônia, você considera que ainda temos resquício dessa divisão e organização social ainda nos tempos atuais? Síntese Para colonizar o Brasil e garantir a posse da terra, em 1534, a Coroa dividiu o território em 15 capitanias hereditárias. Estas eram imensos lotes de terra que se estendiam do litoral até o limite estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas. Esses lotes foram doados a capitães (donatários), pertencentes à pequena nobreza lusitana que, por sua conta promoviam a defesa local e a colonização. A empresa açucareira foi escolhida porque apresentava possibilidade de vir a ser um empreendimento altamente lucrativo, abastecendo o grande mercado de açúcar da Europa. Foi no nordeste do país que a atividade açucareira atingiu seu maior grau de desenvolvimento, principalmente nas capitanias de Pernambuco e da Bahia. Nos séculos XVI e XVII a região Nordeste tornou-se o centro dinâmico da vida social, política e econômica do Brasil. O Governo Geral O sistema de Governo Geral foi criado em 1548, pela Coroa, com o objetivo de organizar a administração colonial. O primeiro governador foi Tomé de Souza (1549 a 1553), que recebeu do governo português um conjunto de leis. Estas determinavam as funções administrativas, judicial, militar e tributária do Governo Geral. O segundo governador geral foi Duarte da Costa (1553 a 1558), e o terceiro foi Mem de Sá (1558 a 1572). Em 1572, depois da morte de Mem de Sá e de seu sucessor Dom Luís de Vasconcelos, o governo português dividiu o Brasil em dois governos cuja unificação só voltou em 1578: Governo do Norte, com sede em Salvador; Governo do Sul, com sede no Rio de Janeiro. Em 1580, Portugal e todas as suas colônias, inclusive o Brasil, ficaram sob o domínio da Espanha, situação que perdurou até 1640. Este período é conhecido como Unificação Ibérica. Em 1621, ainda sob o domínio espanhol, o Brasil foi novamente dividido em dois estados: o Estado do Maranhão e o Estado do Brasil. Essa divisão durou até 1774, quando o Marquês do Pombal decretou a unificação. A Formação Social do Brasil Colônia Fundamentalmente três grandes grupos étnicos, o índio, negro africano e o branco europeu, principalmente o português, entraram na formação da sociedade colonial brasileira. Os portugueses que vieram para o Brasil pertenciam a várias classes sociais em Portugal. A maioria era formada por elementos da pequena nobreza e do povo. Também é preciso ter em conta que as tribos indígenas tinham línguas e culturas distintas. Algumas eram inimigas entre si e isto era usado pelos europeus quando desejavam guerrear contra os portugueses. Da mesma forma, os negros trazidos da África para serem escravizados possuíam crenças, idiomas e valores que foram sendo absorvidos pelos portugueses e indígenas. No Brasil Colônia o engenho era o centro dinâmico de toda a vida social. Isso possibilitava ao “senhor da casa grande” concentrar em torno de si grande quantidade de indivíduos e ter a autoridade máxima, o prestígio e o poder local. Em torno do engenho viviam os mulatos, geralmente filhos dos senhores com escravizadas, o padre, os negros escravizados, o feitor, o mestre do açúcar, os trabalhadores livres, etc. Engenho de Itamaracá, obra de Frans Post de 1647 Ameaças ao Domínio Português Nos primeiros anos logo depois da descoberta, a presença de piratas e comerciantes franceses no litoral brasileiro foi constante. A invasão francesa se deu em 1555 quando conquistaram o Rio de Janeiro, fundando ali a "França Antártica", sendo expulsos em 1567. Em 1612, os franceses invadiram o Maranhão, ali fundaram a "França Equinocial" e a povoação de São Luís, onde permaneceram até 1615, quando foram novamente expulsos. Os ataques ingleses no Brasil se limitaram a assaltos de piratas e corsários que saquearam alguns portos. Invadiram as cidades de Santos e Recife e o litoral do Espírito Santo. As duas invasões holandesasno Brasil se deram durante o período em que Portugal e o Brasil estavam sob o domínio espanhol. A Bahia, sede do Governo Geral do estado do Brasil, foi invadida, mas a presença holandesa durou pouco tempo (1624-1625). Em 1630, a capitania de Pernambuco, o maior centro açucareiro da colônia, foi invadida por tropas holandesas. A conquista foi consolidada em 1637, com a chegada do governante holandês o conde Maurício de Nassau. Ele conseguiu firmar o domínio holandês em Pernambuco e estendê-lo por quase todo o nordeste do Brasil. A cidade do Recife, o centro administrativo, foi urbanizada, saneada, pavimentada, foram construídos pontes, palácios e jardins. O governo de Maurício de Nassau chegou ao fim em 1644, mas os holandeses só foram expulsos em 1654. O Século do Ouro e dos Diamantes A procura de metais preciosos sempre constituiu o sonho dos colonizadores. As descobertas começaram na década de 1690, na região de Minas Gerais. A partir daí se espalhou em várias partes do território nacional. No século XVIII a mineração era a grande fonte de riqueza da metrópole. O Ciclo do Ouro e do Diamante foram responsáveis por profundas mudanças na vida do Brasil colônia, promovendo crescimento urbano e do comércio interno. A Crise do Sistema Colonial Em 1640, Portugal contava apenas com as rendas do Brasil. Por isso passou a exercer um controle mais rígido sobre a arrecadação de impostos e as atividades econômicas, chegando a proibir o comércio com estrangeiros. O descontentamento com a política econômica da metrópole fez surgir algumas revoltas, entre elas: Revolta de Beckman (1684), no Maranhão; Guerra dos Emboabas (1708-1709), em Minas Gerais; Guerra dos Mascates (1710), em Pernambuco. Em fins do século XVIII, teve início os movimentos que tinham como objetivo libertar a colônia do domínio português, entre elas: Inconfidência Mineira (1789)e a Conjuração Baiana (1798). No início do século XIX, as condições para a emancipação brasileira estavam maduras. Contribuíram também a conjuntura criada pelas Guerras Napoleônicas e pela Revolução Industrial Inglesa. Com a invasão de Portugal, a sede do reino transferiu-se para o Brasil. Em 1822 deu-se o passo decisivo para consolidar a Independência do Brasil. Síntese adaptada de BEZERRA, Juliana. Atividade Avaliativa 01 Situação desencadeadora de Aprendizagem – Atividade Avaliativa Nome: Turma: Escola de origem: Data: Análise do quadro "A Primeira Missa no Brasil" de 1860 autoria de Victor Meirelles. Victor Meirelles (1832-1903) foi um pintor e professor do Brasil Império, um dos mais importantes representantes da pintura histórica brasileira do século XIX. Nasceu na vila Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, em Santa Catarina, no dia 18 de agosto de 1832. O quadro de Victor Meirelles é uma importante fonte histórica, sendo considerada a primeira pintura histórica do Brasil. A pintura busca recriar a imagem da 1ª missa realizada no Brasil pelo Frei Henrique Soares de Coimbra, e segundo as anotações de Pero Vaz de Caminha contou com a presença de portugueses e também pacificamente dos nativos que demonstraram encantamento perante a cerimônia, o que acaba entrando em contradição com a realidade, pois não mostra sobre o verdadeiro processo de “imposição” que se deu entre os portugueses e nativos. Faça uma análise do quadro e produza um texto dissertativo em que responda as reflexões a seguir: Para você o que a pintura quer representar? Quais sentimentos ela transmite? Quais fatores estão expostos na imagem que representam as bases da colonização do Brasil? Na imagem como está sendo representado o indígena? Os indígenas tinham religiões? Crenças? O contato entre indígena e europeu foi amistoso? Qual resultado dos conflitos entre colonizadores e indígenas? Você acredita que esse conflito já acabou? Observação: As questões devem ser respondidas ao longo do texto, não necessariamente na mesma ordem. Mas no texto dissertativo deve abordar as reflexões propostas acima. Não esqueça de intitular sua redação. Seu trabalho deve conter no mínimo 20 linhas. Atividade Avaliativa 02 Nome: Turma: Escola de origem: Data: Crie um mapa mental : Após leitura e compreensão do conteúdo sobre o Brasil Colônia, vocês deverão realizar um mapa mental sobre o conteúdo exposto. Apresentando as datas importantes, os eventos ocorridos e transformações que acarretaram na construção do país que temos hoje. Poderá ser incluso os modelos econômicos, sociais e políticos do período.
Compartilhar