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04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 1/21 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica Entrega 6 set em 23:59 Pontos 10 Perguntas 10 Disponível 30 ago em 11:00 - 6 set em 23:59 Limite de tempo 80 Minutos Tentativas permitidas 2 Histórico de tentativas Tentativa Tempo Pontuação MAIS RECENTE Tentativa 1 3 minutos 9 de 10 As respostas corretas estão ocultas. Pontuação desta tentativa: 9 de 10 Enviado 4 set em 17:08 Esta tentativa levou 3 minutos. Fazer o teste novamente 1 / 1 ptsPergunta 1 Leia o texto de Silva (2016), reproduzido abaixo. Em seguida, leia um excerto retirado de Zanotto (2009). Logo após, responda à questão 1. FREUD, Sigmund. Escritos sobre literatura. Organização de Iuri Pereira. São Paulo: Hedra, 2014. Escritos sobre literatura Por Maurício Silva[1] Não é novo o interesse nas possíveis relações entre a literatura e a psicanálise, podendo-se mesmo afirmar que os estudos acerca dessa interação têm-se desenvolvido tanto que, praticamente, constituíram-se uma área à parte no amplo campo de estudos da teoria literária. No Brasil, essa relação também não é nova, desenvolvendo-se, sobretudo, a partir da segunda metade do século XX. Um título bastante conhecido, nesse campo, por exemplo, é o já “clássico” Psicologia e Literatura (1977), de Dante Moreira Leite, que estudou alguns aspectos da “significação da psicologia para a literatura, e vice-versa”. (LEITE, 1977, p. 9). https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726/history?version=1 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726/take?user_id=78070 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726?preview=1#_ftn1 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 2/21 Muitos desses estudos voltaram-se, compreensivelmente, para os escritos do célebre psicanalista austríaco Sigmund Freud (1856-1939), que, apesar de reconhecer que os psicanalistas, de modo geral, nem sempre se debruçam sobre a literatura, era, ele mesmo, mais do que um curioso, um verdadeiro estudioso da literatura. Bellemin-Noël, estudando o legado freudiano para os estudos literários, em seu conhecido Psicanálise e Literatura, afirma que a literatura traz consigo elementos do não-consciente, e a psicanálise trabalha com teorias daquilo que escapa ao consciente, motivo pelo qual é conveniente fundi-las. (BELLEMIN- NOËL, 1983). Tudo isso pode ser comprovado nesse mais recente lançamento de alguns dos principais escritos de Freud acerca da literatura: seus Escritos sobre literatura (2014), organizado por Iuri Pereira, traduzido diretamente do alemão pelo filósofo, tradutor e ensaísta Saulo Krieger e acompanhado de um elucidativo posfácio da psicanalista Noemi Moritz Kon. São diversos os textos contidos no livro. Em “Dostoiévski e o parricídio”, por exemplo, Freud estuda a complexa psiquê do romancista russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881), afirmando que o fato de o autor manifestar uma tendência a caracterizar personagens brutais em seus textos “sugere a existência dessas inclinações em seu interior” (FREUD, 2014, p. 11). Nesse sentido, Dostoiévski revelaria uma “pulsão destrutiva extremamente forte” (FREUD, 2014, p. 11), expressando-se como masoquismo e sentimento de culpa. Para Freud, o tema do parricídio em Dostoiévski (como também em Hamlet, de Shakespeare, e em Édipo Rei, de Sófocles) revela, na chave da psicanálise, a intenção de autopunição, de natureza histérica: há uma identificação com aquele que se mata, autopunindo-se (“esse outro, para o garoto, via de regra é o pai” (FREUD, 2014 p. 16), tendo como motivo fundamental “a rivalidade sexual pela mãe”. (FREUD, 2014, p. 23). Já em “O estranho”, Freud lembra que o psicanalista raramente se volta para as “investigações estéticas” (FREUD, 2014, p. 33), preferindo trabalhar “em outras camadas de nossa vida anímica” (FREUD, 2014 p. 33), embora, vez por outra, possa se interessar por “determinado campo da estética” (FREUD, 2014, p. 33). Aborda assim, nesse capítulo, os efeitos de estranhamento causados pela obra de E. T. A. Hoffmann, esse “mestre inigualável do estranho na literatura” (FREUD, 2014, p. 53). E em “O poeta e o fantasiar”, certamente um dos mais interessantes artigos do livro, pelas teorias que apresenta, relacionando o fantasiar do adulto e a produção poética, Freud discute a relação entre a poesia e a fantasia, lembrando, de início, que se podem encontrar os primeiros vestígios da atividade poética na criança, na medida em que, para ela, o brincar é a atividade fundamental: “toda criança que brinca se porta como um poeta, uma vez que ela cria para si o seu próprio mundo, ou, para dizer com mais precisão, transpõe as coisas de seu mundo para uma nova ordem, que lhe agrada” (FREUD, 2014, p. 80). Nessa sequência de reflexão, Freud associa o poeta à criança, e o seu fazer poético à brincadeira infantil: “o poeta faz o mesmo que a criança que brinca: cria um mundo de fantasia e o leva muito a sério; isto é, ele o provê de grande investimento afetivo, ao mesmo tempo em que nitidamente o separa da realidade” (FREUD, 2014, p. 80). Nesse sentido, o adulto, ao se tornar adulto, não renuncia à brincadeira, mas a substitui pela fantasia (“em vez de jogar, ele fantasia”. 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 3/21 FREUD, 2014 p. 81), embora a esconda das pessoas. Freud relaciona, ainda, a fantasia do adulto com o sonho, essa espécie de fantasia noturna ou diurna. Finalmente, em outros textos que compõem o livro, aborda temas como a relação entre os entes familiares (irmão, irmã, pai, mãe), o fantasiar e o sonho; e estuda aspectos da psiquê de Goethe, a partir da leitura de seu livro Poesia e verdade. Não são poucas, portanto, as contribuições de Freud para o estudo da literatura em geral e de alguns gêneros literários, em particular, como é o caso da poesia e do romance. Sobre este último, aliás, elucida aspectos fundamentais da prosa romanesca e do mundo contemporâneo (na verdade, moderno), ao afirmar que “o romance psicológico indubitavelmente deve muito de sua peculiaridade à tendência do autor moderno de cindir o eu, por observação de si, em eus parciais e, em consequência disso, personificar em vários heróis as correntes de conflito de sua vida anímica”. (FREUD, 2014, p. 87). Por esses e por outros motivos, trata-se de uma leitura indispensável aos estudiosos da literatura e aos entusiastas da psicanálise... e vice-versa! Referências BELLEMIN-NOËL, Jean. Psicanálise e Literatura. Tradução de Álvaro Lorencini e Sandra Nitrini. São Paulo: Cultrix, 1983. FREUD, Sigmund. Escritos sobre literatura. Organização de Iuri Pereira. Tradução de Saulo Krieger. São Paulo: Hedra, 2014. LEITE, Dante Moreira. Psicologia e Literatura. São Paulo: Ed. Nacional/ Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, 1977. [1] Universidade Nove de Julho. Doutor em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo. Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (Universidade Nove de Julho). SILVA, Maurício. Escritos sobre literatura. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 20, n. 39, p. 404-406, 2º sem. 2016. -------------------------------------------------------------------------------------------------------- ----------------------------------------- ZANOTTO (2009) [...] é um modo de organizar os textos. O que o caracteriza é a maneira peculiar de distribuir o material que o compõe no suporte. Bakhtin, ([1953] 2003), ao caracterizar os gêneros do discurso (de texto), dizia que um gênero é identificado pelo seu estilo, pelo seu conteúdo temático e por sua estrutura peculiar. Embora não se esteja tratando, aqui, de gênerosde texto, mas cabe trazer para o caso presente esse aspecto da estrutura, para caracterizar o gênero em questão. [...] Dessa forma é que anotamos na agenda os nossos compromissos, a dona de https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726?preview=1#_ftnref1 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 4/21 casa faz a lista das compras do dia, os alunos fazem anotações de aula, os professores preparam suas aulas. ZANOTTO, Normélio. Tópicos Introdutórios. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ESTUDOS DE GÊNEROS TEXTUAIS, 5., 2009, Caxias do Sul. RS. Anais [...] Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 2009. (adaptado) ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------- Analise as seguintes assertivas: I. O excerto de Zanotto objetiva apresentar o gênero resumo, porque o caracteriza como uma maneira peculiar de distribuir o material que o compõe no suporte. II. O texto de Silva (2016) pode, claramente, ser um exemplo do gênero ao qual o excerto de Zanotto se refere, por se tratar de um texto em que o autor esboça, resume e oferece uma opinião acerca de outro texto lido. III. O gênero em questão, tematizado no excerto de Zanotto, é o esquema, por meio do qual é possível sintetizar e organizar ideias enquanto esboçamos um esqueleto do texto lido, que pode servir de base para elaboração de um texto como o de Silva (2016). Está(ão) correta(s), APENAS: as assertivas I e III. a assertiva II. a assertiva III. as assertivas I e II. 1 / 1 ptsPergunta 2 Leia novamente o texto de Silva (2016), reproduzido abaixo, e responda à questão. 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 5/21 FREUD, Sigmund. Escritos sobre literatura. Organização de Iuri Pereira. São Paulo: Hedra, 2014. Escritos sobre literatura Por Maurício Silva[1] Não é novo o interesse nas possíveis relações entre a literatura e a psicanálise, podendo-se mesmo afirmar que os estudos acerca dessa interação têm-se desenvolvido tanto que, praticamente, constituíram-se uma área à parte no amplo campo de estudos da teoria literária. No Brasil, essa relação também não é nova, desenvolvendo-se, sobretudo, a partir da segunda metade do século XX. Um título bastante conhecido, nesse campo, por exemplo, é o já “clássico” Psicologia e Literatura (1977), de Dante Moreira Leite, que estudou alguns aspectos da “significação da psicologia para a literatura, e vice-versa”. (LEITE, 1977, p. 9). Muitos desses estudos voltaram-se, compreensivelmente, para os escritos do célebre psicanalista austríaco Sigmund Freud (1856-1939), que, apesar de reconhecer que os psicanalistas, de modo geral, nem sempre se debruçam sobre a literatura, era, ele mesmo, mais do que um curioso, um verdadeiro estudioso da literatura. Bellemin-Noël, estudando o legado freudiano para os estudos literários, em seu conhecido Psicanálise e Literatura, afirma que a literatura traz consigo elementos do não-consciente, e a psicanálise trabalha com teorias daquilo que escapa ao consciente, motivo pelo qual é conveniente fundi-las. (BELLEMIN- NOËL, 1983). Tudo isso pode ser comprovado nesse mais recente lançamento de alguns dos principais escritos de Freud acerca da literatura: seus Escritos sobre literatura (2014), organizado por Iuri Pereira, traduzido diretamente do alemão pelo filósofo, tradutor e ensaísta Saulo Krieger e acompanhado de um elucidativo posfácio da psicanalista Noemi Moritz Kon. São diversos os textos contidos no livro. Em “Dostoiévski e o parricídio”, por exemplo, Freud estuda a complexa psiquê do romancista russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881), afirmando que o fato de o autor manifestar uma tendência a caracterizar personagens brutais em seus textos “sugere a existência dessas inclinações em seu interior” (FREUD, 2014, p. 11). Nesse sentido, Dostoiévski revelaria uma “pulsão destrutiva extremamente forte” (FREUD, 2014, p. 11), expressando-se como masoquismo e sentimento de culpa. Para Freud, o tema do parricídio em Dostoiévski (como também em Hamlet, de Shakespeare, e em Édipo Rei, de Sófocles) revela, na chave da psicanálise, a intenção de autopunição, de natureza histérica: há uma identificação com aquele que se mata, autopunindo-se (“esse outro, para o garoto, via de regra é o pai” (FREUD, 2014 p. 16), tendo como motivo fundamental “a rivalidade sexual pela mãe”. (FREUD, 2014, p. 23). Já em “O estranho”, Freud lembra que o psicanalista raramente se volta para as “investigações estéticas” (FREUD, 2014, p. 33), preferindo trabalhar “em outras camadas de nossa vida anímica” (FREUD, 2014 p. 33), embora, vez por outra, possa se interessar por “determinado campo da estética” (FREUD, 2014, p. 33). Aborda assim, nesse capítulo, os efeitos de estranhamento causados pela obra https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726?preview=1#_ftn1 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 6/21 de E. T. A. Hoffmann, esse “mestre inigualável do estranho na literatura” (FREUD, 2014, p. 53). E em “O poeta e o fantasiar”, certamente um dos mais interessantes artigos do livro, pelas teorias que apresenta, relacionando o fantasiar do adulto e a produção poética, Freud discute a relação entre a poesia e a fantasia, lembrando, de início, que se podem encontrar os primeiros vestígios da atividade poética na criança, na medida em que, para ela, o brincar é a atividade fundamental: “toda criança que brinca se porta como um poeta, uma vez que ela cria para si o seu próprio mundo, ou, para dizer com mais precisão, transpõe as coisas de seu mundo para uma nova ordem, que lhe agrada” (FREUD, 2014, p. 80). Nessa sequência de reflexão, Freud associa o poeta à criança, e o seu fazer poético à brincadeira infantil: “o poeta faz o mesmo que a criança que brinca: cria um mundo de fantasia e o leva muito a sério; isto é, ele o provê de grande investimento afetivo, ao mesmo tempo em que nitidamente o separa da realidade” (FREUD, 2014, p. 80). Nesse sentido, o adulto, ao se tornar adulto, não renuncia à brincadeira, mas a substitui pela fantasia (“em vez de jogar, ele fantasia”. FREUD, 2014 p. 81), embora a esconda das pessoas. Freud relaciona, ainda, a fantasia do adulto com o sonho, essa espécie de fantasia noturna ou diurna. Finalmente, em outros textos que compõem o livro, aborda temas como a relação entre os entes familiares (irmão, irmã, pai, mãe), o fantasiar e o sonho; e estuda aspectos da psiquê de Goethe, a partir da leitura de seu livro Poesia e verdade. Não são poucas, portanto, as contribuições de Freud para o estudo da literatura em geral e de alguns gêneros literários, em particular, como é o caso da poesia e do romance. Sobre este último, aliás, elucida aspectos fundamentais da prosa romanesca e do mundo contemporâneo (na verdade, moderno), ao afirmar que “o romance psicológico indubitavelmente deve muito de sua peculiaridade à tendência do autor moderno de cindir o eu, por observação de si, em eus parciais e, em consequência disso, personificar em vários heróis as correntes de conflito de sua vida anímica”. (FREUD, 2014, p. 87). Por esses e por outros motivos, trata-se de uma leitura indispensável aos estudiosos da literatura e aos entusiastas da psicanálise... e vice-versa! Referências BELLEMIN-NOËL, Jean. Psicanálise e Literatura. Tradução de Álvaro Lorencini e Sandra Nitrini. São Paulo: Cultrix, 1983. FREUD, Sigmund. Escritos sobre literatura. Organização de Iuri Pereira. Tradução de Saulo Krieger. São Paulo: Hedra, 2014. LEITE, Dante Moreira. Psicologia e Literatura. São Paulo: Ed. Nacional/ Secretariada Cultura, Ciência e Tecnologia, 1977. [1] Universidade Nove de Julho. Doutor em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo. Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (Universidade Nove de Julho). https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726?preview=1#_ftnref1 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 7/21 SILVA, Maurício. Escritos sobre literatura. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 20, n. 39, p. 404-406, 2º sem. 2016. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ----------------- Silva (2016), ao apresentar a obra de Freud organizada por Iuri Pereira (2014), recorre a uma estratégia recomendada, mas não obrigatória, em um processo de esquematização de um texto, que nos auxilia a estabelecer diálogos entre diferentes áreas do saber, que é o uso de: conectivos, que permitem a concatenação das ideias. frases verbo-nominais, que permitem uma construção textual mais elaborada. exemplos advindos de outras áreas do saber. referências a textos de outros autores. 0 / 1 ptsPergunta 3IncorretaIncorreta Para que um esquema possa realmente nos auxiliar na tarefa de organização das informações, ele deve ser simples, econômico, de fácil visualização. Além disso, deve respeitar a autoria do texto original e, ao mesmo tempo, os objetivos de quem o elabora. Em relação a esse gênero acadêmico, são feitas as seguintes afirmativas: I - tem função cognitiva, pois nos ajuda a organizar as ideias em um processo de construção de conhecimento. II - tem função mnemônica, pois favorece a recordação de textos lidos em outros momentos. III - é uma estratégia de estudo, na medida em que nos permite apreender novos assuntos de maneira mais didática e organizada. IV - pode ser elaborado por meios multimodais, ao se utilizar diferentes códigos, além do linguístico. 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 8/21 Estão corretas as afirmativas: I, III e IV, apenas. I, II e IV, apenas. II e IV, apenas. I, II, III e IV. 1 / 1 ptsPergunta 4 Leia novamente o texto de Silva (2016), reproduzido abaixo, e responda à questão. FREUD, Sigmund. Escritos sobre literatura. Organização de Iuri Pereira. São Paulo: Hedra, 2014. Escritos sobre literatura Por Maurício Silva[1] Não é novo o interesse nas possíveis relações entre a literatura e a psicanálise, podendo-se mesmo afirmar que os estudos acerca dessa interação têm-se desenvolvido tanto que, praticamente, constituíram-se uma área à parte no amplo campo de estudos da teoria literária. No Brasil, essa relação também não é nova, desenvolvendo-se, sobretudo, a partir da segunda metade do século XX. Um título bastante conhecido, nesse campo, por exemplo, é o já “clássico” Psicologia e Literatura (1977), de Dante Moreira Leite, que estudou alguns aspectos da “significação da psicologia para a literatura, e vice-versa”. (LEITE, 1977, p. 9). Muitos desses estudos voltaram-se, compreensivelmente, para os escritos do célebre psicanalista austríaco Sigmund Freud (1856-1939), que, apesar de reconhecer que os psicanalistas, de modo geral, nem sempre se debruçam sobre a literatura, era, ele mesmo, mais do que um curioso, um verdadeiro estudioso da literatura. Bellemin-Noël, estudando o legado freudiano para os estudos literários, em seu conhecido Psicanálise e Literatura, afirma que a literatura traz consigo elementos do não-consciente, e a psicanálise trabalha com teorias daquilo que escapa ao consciente, motivo pelo qual é conveniente fundi-las. (BELLEMIN- NOËL, 1983). https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 9/21 Tudo isso pode ser comprovado nesse mais recente lançamento de alguns dos principais escritos de Freud acerca da literatura: seus Escritos sobre literatura (2014), organizado por Iuri Pereira, traduzido diretamente do alemão pelo filósofo, tradutor e ensaísta Saulo Krieger e acompanhado de um elucidativo posfácio da psicanalista Noemi Moritz Kon. São diversos os textos contidos no livro. Em “Dostoiévski e o parricídio”, por exemplo, Freud estuda a complexa psiquê do romancista russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881), afirmando que o fato de o autor manifestar uma tendência a caracterizar personagens brutais em seus textos “sugere a existência dessas inclinações em seu interior” (FREUD, 2014, p. 11). Nesse sentido, Dostoiévski revelaria uma “pulsão destrutiva extremamente forte” (FREUD, 2014, p. 11), expressando-se como masoquismo e sentimento de culpa. Para Freud, o tema do parricídio em Dostoiévski (como também em Hamlet, de Shakespeare, e em Édipo Rei, de Sófocles) revela, na chave da psicanálise, a intenção de autopunição, de natureza histérica: há uma identificação com aquele que se mata, autopunindo-se (“esse outro, para o garoto, via de regra é o pai” (FREUD, 2014 p. 16), tendo como motivo fundamental “a rivalidade sexual pela mãe”. (FREUD, 2014, p. 23). Já em “O estranho”, Freud lembra que o psicanalista raramente se volta para as “investigações estéticas” (FREUD, 2014, p. 33), preferindo trabalhar “em outras camadas de nossa vida anímica” (FREUD, 2014 p. 33), embora, vez por outra, possa se interessar por “determinado campo da estética” (FREUD, 2014, p. 33). Aborda assim, nesse capítulo, os efeitos de estranhamento causados pela obra de E. T. A. Hoffmann, esse “mestre inigualável do estranho na literatura” (FREUD, 2014, p. 53). E em “O poeta e o fantasiar”, certamente um dos mais interessantes artigos do livro, pelas teorias que apresenta, relacionando o fantasiar do adulto e a produção poética, Freud discute a relação entre a poesia e a fantasia, lembrando, de início, que se podem encontrar os primeiros vestígios da atividade poética na criança, na medida em que, para ela, o brincar é a atividade fundamental: “toda criança que brinca se porta como um poeta, uma vez que ela cria para si o seu próprio mundo, ou, para dizer com mais precisão, transpõe as coisas de seu mundo para uma nova ordem, que lhe agrada” (FREUD, 2014, p. 80). Nessa sequência de reflexão, Freud associa o poeta à criança, e o seu fazer poético à brincadeira infantil: “o poeta faz o mesmo que a criança que brinca: cria um mundo de fantasia e o leva muito a sério; isto é, ele o provê de grande investimento afetivo, ao mesmo tempo em que nitidamente o separa da realidade” (FREUD, 2014, p. 80). Nesse sentido, o adulto, ao se tornar adulto, não renuncia à brincadeira, mas a substitui pela fantasia (“em vez de jogar, ele fantasia”. FREUD, 2014 p. 81), embora a esconda das pessoas. Freud relaciona, ainda, a fantasia do adulto com o sonho, essa espécie de fantasia noturna ou diurna. Finalmente, em outros textos que compõem o livro, aborda temas como a relação entre os entes familiares (irmão, irmã, pai, mãe), o fantasiar e o sonho; e estuda aspectos da psiquê de Goethe, a partir da leitura de seu livro Poesia e verdade. Não são poucas, portanto, as contribuições de Freud para o estudo da literatura em geral e de alguns gêneros literários, em particular, como é o caso da poesia e do romance. Sobre este último, aliás, elucida aspectos fundamentais da prosa romanesca e do mundo contemporâneo (na verdade, moderno), ao afirmar que “o 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 10/21 romance psicológico indubitavelmente deve muito de sua peculiaridade à tendência do autor moderno de cindir o eu, por observação de si, em eus parciaise, em consequência disso, personificar em vários heróis as correntes de conflito de sua vida anímica”. (FREUD, 2014, p. 87). Por esses e por outros motivos, trata-se de uma leitura indispensável aos estudiosos da literatura e aos entusiastas da psicanálise... e vice-versa! Referências BELLEMIN-NOËL, Jean. Psicanálise e Literatura. Tradução de Álvaro Lorencini e Sandra Nitrini. São Paulo: Cultrix, 1983. FREUD, Sigmund. Escritos sobre literatura. Organização de Iuri Pereira. Tradução de Saulo Krieger. São Paulo: Hedra, 2014. LEITE, Dante Moreira. Psicologia e Literatura. São Paulo: Ed. Nacional/ Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, 1977. [1] Universidade Nove de Julho. Doutor em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo. Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (Universidade Nove de Julho). SILVA, Maurício. Escritos sobre literatura. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 20, n. 39, p. 404-406, 2º sem. 2016. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ----------------- No texto lido, foram desenvolvidas e realizadas ações em relação à obra de Freud, Escritos sobre Literatura, como apresentação, descrição, avaliação e recomendação. Assinale a alternativa em que há consonância entre a ação apresentada e o(s) parágrafo(s) indicado(s). Avaliação da obra → 3° e 8º parágrafos. Apresentação da obra → 1º parágrafo. Recomendação da obra → 3º parágrafo. Descrição da obra → 4º, 5º e 6º parágrafos. 1 / 1 ptsPergunta 5 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726?preview=1#_ftnref1 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 11/21 Leia novamente o texto de Silva (2016), reproduzido abaixo, e responda à questão. FREUD, Sigmund. Escritos sobre literatura. Organização de Iuri Pereira. São Paulo: Hedra, 2014. Escritos sobre literatura Por Maurício Silva[1] Não é novo o interesse nas possíveis relações entre a literatura e a psicanálise, podendo-se mesmo afirmar que os estudos acerca dessa interação têm-se desenvolvido tanto que, praticamente, constituíram-se uma área à parte no amplo campo de estudos da teoria literária. No Brasil, essa relação também não é nova, desenvolvendo-se, sobretudo, a partir da segunda metade do século XX. Um título bastante conhecido, nesse campo, por exemplo, é o já “clássico” Psicologia e Literatura (1977), de Dante Moreira Leite, que estudou alguns aspectos da “significação da psicologia para a literatura, e vice-versa”. (LEITE, 1977, p. 9). Muitos desses estudos voltaram-se, compreensivelmente, para os escritos do célebre psicanalista austríaco Sigmund Freud (1856-1939), que, apesar de reconhecer que os psicanalistas, de modo geral, nem sempre se debruçam sobre a literatura, era, ele mesmo, mais do que um curioso, um verdadeiro estudioso da literatura. Bellemin-Noël, estudando o legado freudiano para os estudos literários, em seu conhecido Psicanálise e Literatura, afirma que a literatura traz consigo elementos do não-consciente, e a psicanálise trabalha com teorias daquilo que escapa ao consciente, motivo pelo qual é conveniente fundi-las. (BELLEMIN- NOËL, 1983). Tudo isso pode ser comprovado nesse mais recente lançamento de alguns dos principais escritos de Freud acerca da literatura: seus Escritos sobre literatura (2014), organizado por Iuri Pereira, traduzido diretamente do alemão pelo filósofo, tradutor e ensaísta Saulo Krieger e acompanhado de um elucidativo posfácio da psicanalista Noemi Moritz Kon. São diversos os textos contidos no livro. Em “Dostoiévski e o parricídio”, por exemplo, Freud estuda a complexa psiquê do romancista russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881), afirmando que o fato de o autor manifestar uma tendência a caracterizar personagens brutais em seus textos “sugere a existência dessas inclinações em seu interior” (FREUD, 2014, p. 11). Nesse sentido, Dostoiévski revelaria uma “pulsão destrutiva extremamente forte” (FREUD, 2014, p. 11), expressando-se como masoquismo e sentimento de culpa. Para Freud, o tema do parricídio em Dostoiévski (como também em Hamlet, de Shakespeare, e em Édipo Rei, de Sófocles) revela, na chave da psicanálise, a intenção de autopunição, de natureza histérica: há uma identificação com aquele que se mata, autopunindo-se (“esse outro, para o garoto, via de regra é o pai” (FREUD, 2014 p. 16), tendo como motivo fundamental “a rivalidade sexual pela mãe”. (FREUD, 2014, p. 23). https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 12/21 Já em “O estranho”, Freud lembra que o psicanalista raramente se volta para as “investigações estéticas” (FREUD, 2014, p. 33), preferindo trabalhar “em outras camadas de nossa vida anímica” (FREUD, 2014 p. 33), embora, vez por outra, possa se interessar por “determinado campo da estética” (FREUD, 2014, p. 33). Aborda assim, nesse capítulo, os efeitos de estranhamento causados pela obra de E. T. A. Hoffmann, esse “mestre inigualável do estranho na literatura” (FREUD, 2014, p. 53). E em “O poeta e o fantasiar”, certamente um dos mais interessantes artigos do livro, pelas teorias que apresenta, relacionando o fantasiar do adulto e a produção poética, Freud discute a relação entre a poesia e a fantasia, lembrando, de início, que se podem encontrar os primeiros vestígios da atividade poética na criança, na medida em que, para ela, o brincar é a atividade fundamental: “toda criança que brinca se porta como um poeta, uma vez que ela cria para si o seu próprio mundo, ou, para dizer com mais precisão, transpõe as coisas de seu mundo para uma nova ordem, que lhe agrada” (FREUD, 2014, p. 80). Nessa sequência de reflexão, Freud associa o poeta à criança, e o seu fazer poético à brincadeira infantil: “o poeta faz o mesmo que a criança que brinca: cria um mundo de fantasia e o leva muito a sério; isto é, ele o provê de grande investimento afetivo, ao mesmo tempo em que nitidamente o separa da realidade” (FREUD, 2014, p. 80). Nesse sentido, o adulto, ao se tornar adulto, não renuncia à brincadeira, mas a substitui pela fantasia (“em vez de jogar, ele fantasia”. FREUD, 2014 p. 81), embora a esconda das pessoas. Freud relaciona, ainda, a fantasia do adulto com o sonho, essa espécie de fantasia noturna ou diurna. Finalmente, em outros textos que compõem o livro, aborda temas como a relação entre os entes familiares (irmão, irmã, pai, mãe), o fantasiar e o sonho; e estuda aspectos da psiquê de Goethe, a partir da leitura de seu livro Poesia e verdade. Não são poucas, portanto, as contribuições de Freud para o estudo da literatura em geral e de alguns gêneros literários, em particular, como é o caso da poesia e do romance. Sobre este último, aliás, elucida aspectos fundamentais da prosa romanesca e do mundo contemporâneo (na verdade, moderno), ao afirmar que “o romance psicológico indubitavelmente deve muito de sua peculiaridade à tendência do autor moderno de cindir o eu, por observação de si, em eus parciais e, em consequência disso, personificar em vários heróis as correntes de conflito de sua vida anímica”. (FREUD, 2014, p. 87). Por esses e por outros motivos, trata-se de uma leitura indispensável aos estudiosos da literatura e aos entusiastas da psicanálise... e vice-versa! Referências BELLEMIN-NOËL, Jean. Psicanálise e Literatura. Tradução de Álvaro Lorencini e Sandra Nitrini. São Paulo: Cultrix, 1983. FREUD, Sigmund. Escritos sobre literatura. Organização de Iuri Pereira. Tradução de Saulo Krieger. São Paulo: Hedra, 2014. LEITE, Dante Moreira. Psicologia e Literatura. São Paulo: Ed. Nacional/ Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, 1977. 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção deTextos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 13/21 [1] Universidade Nove de Julho. Doutor em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo. Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (Universidade Nove de Julho). SILVA, Maurício. Escritos sobre literatura. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 20, n. 39, p. 404-406, 2º sem. 2016. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ----------------- Assinale a alternativa em que se constata, no trecho transcrito, a utilização de um juízo de valor do autor em relação à obra por ele abordada. Para Freud, o tema do parricídio em Dostoiévski (como também em Hamlet, de Shakespeare, e em Édipo Rei, de Sófocles) revela, na chave da psicanálise, a intenção de autopunição, de natureza histérica: há uma identificação com aquele que se mata, autopunindo-se ("esse outro, para o garoto, via de regra é o pai" (FREUD, 2014 p. 16), tendo como motivo fundamental "a rivalidade sexual pela mãe". (FREUD, 2014, p. 23). E em "O poeta e o fantasiar" certamente um dos mais interessantes artigos do livro, pelas teorias que apresenta, relacionando o fantasiar do adulto e a produção poética, Freud discute a relação entre a poesia e a fantasia, lembrando, de início, que se podem encontrar os primeiros vestígios da atividade poética na criança, na medida em que, para ela, o brincar é a atividade fundamental: "toda criança que brinca se porta como um poeta, uma vez que ela cria para si o seu próprio mundo, ou, para dizer com mais precisão, transpõe as coisas de seu mundo para uma nova ordem, que lhe agrada" (FREUD, 2014, p. 80). Não é novo o interesse nas possíveis relações entre a literatura e a psicanálise, podendo-se mesmo afirmar que os estudos acerca dessa interação têm-se desenvolvido tanto que, praticamente, constituíram-se uma área à parte no amplo campo de estudos da teoria literária. Bellemin-Noël, estudando o legado freudiano para os estudos literários, em seu conhecido Psicanálise e Literatura, afirma que a literatura traz consigo elementos do não-consciente, e a psicanálise trabalha com teorias daquilo que escapa ao consciente, motivo pelo qual é conveniente fundi-las. (BELLEMIN- NOËL, 1983). https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726?preview=1#_ftnref1 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 14/21 1 / 1 ptsPergunta 6 Leia novamente o texto de Silva (2016), reproduzido abaixo, e responda à questão sobre ele. FREUD, Sigmund. Escritos sobre literatura. Organização de Iuri Pereira. São Paulo: Hedra, 2014. Escritos sobre literatura Por Maurício Silva[1] Não é novo o interesse nas possíveis relações entre a literatura e a psicanálise, podendo-se mesmo afirmar que os estudos acerca dessa interação têm-se desenvolvido tanto que, praticamente, constituíram-se uma área à parte no amplo campo de estudos da teoria literária. No Brasil, essa relação também não é nova, desenvolvendo-se, sobretudo, a partir da segunda metade do século XX. Um título bastante conhecido, nesse campo, por exemplo, é o já “clássico” Psicologia e Literatura (1977), de Dante Moreira Leite, que estudou alguns aspectos da “significação da psicologia para a literatura, e vice-versa”. (LEITE, 1977, p. 9). Muitos desses estudos voltaram-se, compreensivelmente, para os escritos do célebre psicanalista austríaco Sigmund Freud (1856-1939), que, apesar de reconhecer que os psicanalistas, de modo geral, nem sempre se debruçam sobre a literatura, era, ele mesmo, mais do que um curioso, um verdadeiro estudioso da literatura. Bellemin-Noël, estudando o legado freudiano para os estudos literários, em seu conhecido Psicanálise e Literatura, afirma que a literatura traz consigo elementos do não-consciente, e a psicanálise trabalha com teorias daquilo que escapa ao consciente, motivo pelo qual é conveniente fundi-las. (BELLEMIN- NOËL, 1983). Tudo isso pode ser comprovado nesse mais recente lançamento de alguns dos principais escritos de Freud acerca da literatura: seus Escritos sobre literatura (2014), organizado por Iuri Pereira, traduzido diretamente do alemão pelo filósofo, tradutor e ensaísta Saulo Krieger e acompanhado de um elucidativo posfácio da psicanalista Noemi Moritz Kon. São diversos os textos contidos no livro. Em “Dostoiévski e o parricídio”, por exemplo, Freud estuda a complexa psiquê do romancista russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881), afirmando que o fato de o autor manifestar uma tendência a caracterizar personagens brutais em seus textos “sugere a existência dessas inclinações em seu interior” (FREUD, 2014, p. 11). Nesse sentido, Dostoiévski revelaria uma “pulsão destrutiva extremamente forte” (FREUD, 2014, p. 11), expressando-se como masoquismo e sentimento de culpa. Para Freud, o tema do parricídio em Dostoiévski (como também em Hamlet, de Shakespeare, e em Édipo Rei, de Sófocles) revela, na chave da psicanálise, a intenção de autopunição, de natureza histérica: há uma identificação com aquele que se mata, autopunindo-se (“esse outro, para o garoto, via de regra é o pai” (FREUD, 2014 p. https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 15/21 16), tendo como motivo fundamental “a rivalidade sexual pela mãe”. (FREUD, 2014, p. 23). Já em “O estranho”, Freud lembra que o psicanalista raramente se volta para as “investigações estéticas” (FREUD, 2014, p. 33), preferindo trabalhar “em outras camadas de nossa vida anímica” (FREUD, 2014 p. 33), embora, vez por outra, possa se interessar por “determinado campo da estética” (FREUD, 2014, p. 33). Aborda assim, nesse capítulo, os efeitos de estranhamento causados pela obra de E. T. A. Hoffmann, esse “mestre inigualável do estranho na literatura” (FREUD, 2014, p. 53). E em “O poeta e o fantasiar”, certamente um dos mais interessantes artigos do livro, pelas teorias que apresenta, relacionando o fantasiar do adulto e a produção poética, Freud discute a relação entre a poesia e a fantasia, lembrando, de início, que se podem encontrar os primeiros vestígios da atividade poética na criança, na medida em que, para ela, o brincar é a atividade fundamental: “toda criança que brinca se porta como um poeta, uma vez que ela cria para si o seu próprio mundo, ou, para dizer com mais precisão, transpõe as coisas de seu mundo para uma nova ordem, que lhe agrada” (FREUD, 2014, p. 80). Nessa sequência de reflexão, Freud associa o poeta à criança, e o seu fazer poético à brincadeira infantil: “o poeta faz o mesmo que a criança que brinca: cria um mundo de fantasia e o leva muito a sério; isto é, ele o provê de grande investimento afetivo, ao mesmo tempo em que nitidamente o separa da realidade” (FREUD, 2014, p. 80). Nesse sentido, o adulto, ao se tornar adulto, não renuncia à brincadeira, mas a substitui pela fantasia (“em vez de jogar, ele fantasia”. FREUD, 2014 p. 81), embora a esconda das pessoas. Freud relaciona, ainda, a fantasia do adulto com o sonho, essa espécie de fantasia noturna ou diurna. Finalmente, em outros textos que compõem o livro, aborda temas como a relação entre os entes familiares (irmão, irmã, pai, mãe), o fantasiar e o sonho; e estuda aspectos da psiquê de Goethe, a partir da leitura de seu livro Poesia e verdade. Não são poucas, portanto, as contribuições de Freud para o estudo da literatura em geral e de alguns gêneros literários, em particular, como é o caso da poesia e do romance. Sobre este último, aliás, elucida aspectos fundamentais da prosa romanesca e do mundo contemporâneo (na verdade, moderno), ao afirmar que “o romance psicológico indubitavelmente deve muito de sua peculiaridade à tendência do autor moderno de cindir o eu, por observaçãode si, em eus parciais e, em consequência disso, personificar em vários heróis as correntes de conflito de sua vida anímica”. (FREUD, 2014, p. 87). Por esses e por outros motivos, trata-se de uma leitura indispensável aos estudiosos da literatura e aos entusiastas da psicanálise... e vice-versa! Referências BELLEMIN-NOËL, Jean. Psicanálise e Literatura. Tradução de Álvaro Lorencini e Sandra Nitrini. São Paulo: Cultrix, 1983. FREUD, Sigmund. Escritos sobre literatura. Organização de Iuri Pereira. Tradução de Saulo Krieger. São Paulo: Hedra, 2014. LEITE, Dante Moreira. Psicologia e Literatura. São Paulo: Ed. Nacional/ Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, 1977. 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 16/21 [1] Universidade Nove de Julho. Doutor em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo. Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (Universidade Nove de Julho). SILVA, Maurício. Escritos sobre literatura. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 20, n. 39, p. 404-406, 2º sem. 2016. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ----------------- Leia as afirmativas sobre o texto de Silva: I- privilegia aspectos pouco relevantes da obra descrita; II- traz os dados técnicos da obra referenciada; III- mescla movimentos de sumarização e de avaliação; IV- recorre a mecanismos de gerenciamento de vozes. Estão CORRETAS: II, III e IV, apenas. I, II e III, apenas. I, II, III e IV. II e III, apenas. 1 / 1 ptsPergunta 7 Leia os excertos a seguir, retirados de artigos científicos publicados em periódicos brasileiros: I. Entretanto, concordamos com Grillo quando diz: “[...] a linguagem visual funda- se sobre uma matriz indicial que comporta uma relação icônica ou de semelhança com os referentes do mundo” (2012, p. 241). II. Entender a política como experimentação é sustentar que ela é conduzida por hipóteses, por sua aplicação – retificada pela realidade. Essa dimensão é frágil, sempre suscetível de redundar numa formulação arrogante, obcecada com https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726?preview=1#_ftnref1 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 17/21 seu próprio projeto e desdenhosa do real – e “o real só é real porque nos desmente” (THÉVENIN, 1991, p. 69). III. Santos e Merhy (2006) contribuem com outros dois termos, amplamente empregados para definir os processos de regulação e para diferenciá-los: microrregulação e macrorregulação. Evidenciam-se expedientes de gerenciamento de vozes, por meio dos quais se distingue a voz de outro(s) autor(es) da voz do autor do artigo, em: Apenas em I e II. Apenas em II e III. Apenas em I. Todos os excertos. 1 / 1 ptsPergunta 8 Com base nas discussões sobre a temática “a presença do discurso do outro na escrita acadêmica e o gerenciamento de vozes”, desenvolvidas em diferentes aulas que compreendem a primeira unidade de estudo de nossa disciplina, analise os excertos que seguem abaixo: I. Citar o discurso do outro é assumir a presença do outro em um texto que pretendo chamar de "meu", é admitir que o meu discurso é, na verdade, um conjunto de vozes que se encontram e se manifestam no "meu texto”. (MACEDO; PAGANO, 2012, p. 267) II. Cada enunciado é pleno de ecos e ressonâncias de outros enunciados com os quais está ligado pela identidade da esfera de comunicação discursiva. Cada enunciado deve ser visto antes de tudo como uma resposta aos enunciados precedentes de um determinado campo: ela os rejeita, confirma, completa, baseia-se neles, subentende-os como conhecidos, de certo modo os leva em conta. (BAKHTIN, 2003, p. 297) III. Ao escrever, o sujeito está sempre em confronto entre o singular e o coletivo, que, necessariamente, precisa realizar estratégias linguísticas para incluir o outro, que dá sentido ao texto, e, do mesmo modo, assumir um lugar de enunciação, isto é, responsabilizar-se por suas escolhas lexicais, sintáticas, estilísticas, e 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 18/21 trabalhar para convencer seus pares de suas decisões. (MIRANDA, CAMPOS, 2014, p. 1208) De acordo com o que se discutiu na unidade I da disciplina, está(ão) correta(s): as assertivas I e III, apenas. as assertivas I e II, apenas. todas as assertivas. a assertiva II, apenas. 1 / 1 ptsPergunta 9 Leia os trechos a seguir, retirados de artigos científicos de diferentes áreas de conhecimento: I. Desde o seu surgimento, o Ideb vem adquirindo grande relevância no cenário educacional brasileiro, sendo amplamente utilizado como medida de qualidade educacional a ser considerada para diversos propósitos relevantes, tais como “o gerenciamento das escolas e redes de ensino, o planejamento escolar, a prestação de contas, a informação para a opinião pública, etc.” (PONTES, 2015, p. 8) II. Apesar de se apresentar como um “braço” da Filosofia, foi principalmente em meio às áreas da Saúde e da Educação que a Psicologia pôde se desenvolver enquanto campo de atuação, de modo que os estudos acerca da loucura, da cognição, dos transtornos psiquiátricos, do comportamento, do desenvolvimento infantil etc. forneceram diversos nichos de inserção à ciência psicológica nascente (ANTUNES, 2011; ALMEIDA, 2018). III. No Brasil, o século XXI tem sido marcado pelo advento e consolidação das políticas de ações afirmativas étnico-racialmente referenciadas. Resultado em grande medida das lutas históricas do movimento negro cujo um dos marcos mais relevantes foi a Conferência de Durban, ocorrida no ano de 2001. Notadamente, a partir da década de 1990, a questão da “diversidade” se 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 19/21 destaca como um tema recorrente na literatura, na legislação e nas políticas públicas. Tendo em conta as discussões da disciplina estabelecidas nas Unidades I e II, assinale a alternativa que traz consideração INCORRETA sobre os excertos: Em I, Pontes (2015) é trazido como a fonte do trecho entre aspas. Em II, os dois autores indicados entre parênteses podem ser tomados como fontes de parte do que se afirma no excerto. Em I, II e III, as aspas cumprem a mesma função, uma vez que marcam a presença de uma outra voz, por meio da citação literal. Em III, não há explicitação de qualquer fonte bibliográfica que apoie a reflexão do autor. 1 / 1 ptsPergunta 10 Leia, novamente, os três primeiros parágrafos do texto de Silva (2016). FREUD, Sigmund. Escritos sobre literatura. Organização de Iuri Pereira. São Paulo: Hedra, 2014. Escritos sobre literatura Por Maurício Silva Não é novo o interesse nas possíveis relações entre a literatura e a psicanálise, podendo-se mesmo afirmar que os estudos acerca dessa interação têm-se desenvolvido tanto que, praticamente, constituíram-se uma área à parte no amplo campo de estudos da teoria literária. No Brasil, essa relação também não é nova, desenvolvendo-se, sobretudo, a partir da segunda metade do século XX. Um título bastante conhecido, nesse campo, por exemplo, é o já “clássico” Psicologia e Literatura (1977), de Dante Moreira Leite, que estudou alguns aspectos da “significação da psicologia para a literatura, e vice-versa”. (LEITE, 1977, p. 9). Muitos desses estudos voltaram-se, compreensivelmente, para os escritos do célebre psicanalista austríaco Sigmund Freud (1856-1939), que, apesar de 04/09/2022 17:09 Atividade1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 20/21 reconhecer que os psicanalistas, de modo geral, nem sempre se debruçam sobre a literatura, era, ele mesmo, mais do que um curioso, um verdadeiro estudioso da literatura. Bellemin-Noël, estudando o legado freudiano para os estudos literários, em seu conhecido Psicanálise e Literatura, afirma que a literatura traz consigo elementos do não-consciente, e a psicanálise trabalha com teorias daquilo que escapa ao consciente, motivo pelo qual é conveniente fundi-las. (BELLEMIN- NOËL, 1983). Tudo isso pode ser comprovado nesse mais recente lançamento de alguns dos principais escritos de Freud acerca da literatura: seus Escritos sobre literatura (2014), organizado por Iuri Pereira, traduzido diretamente do alemão pelo filósofo, tradutor e ensaísta Saulo Krieger e acompanhado de um elucidativo posfácio da psicanalista Noemi Moritz Kon. [...] SILVA, Maurício. Escritos sobre literatura. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 20, n. 39, p. 404-406, 2º sem. 2016. Em relação às vozes que são reveladas neste trecho retirado de Silva (2016), podemos afirmar que: I. O excerto em questão é de um texto escrito por Silva, a respeito da obra Psicologia e Literatura, de Freud, que foi organizada por Pereira, no ano de 2014, e traduzida por Kriegger; II. O texto foi escrito por Silva, a respeito da obra de Iuri Pereira, Escritos sobre literatura, em que o autor organizou a obra de Leite, que estabelece uma relação entre psicologia e literatura. III. O texto de Silva (2016) é uma apreciação da obra Escritos sobre literatura, organizada por Pereira, no ano de 2014, cuja tradução, diretamente da obra de Freud, foi realizada por Kriegger. Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s): II, apenas. I, apenas. III, apenas. II e III, apenas. 04/09/2022 17:09 Atividade 1: visão geral sobre a escrita acadêmica: Produção de Textos Acadêmicos - G2/T1 - 2022/2 https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328726 21/21 Pontuação do teste: 9 de 10
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