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A TEORIA DA REGULAÇÃO ECONÔMICA Superintendência de Competição Apresentação ao MPF / PGR Brasília, maio de 2017 Teoria da Regulação - Ementa • Regulação Econômica – Origem, Conceitos e Características; • Fundamentos Jurídicos da Regulação; • Estado e Regulação: Fundamentos Teóricos; • Ambiente regulatório e institucional; • Poder de mercado, competição e bem estar; • Regulação como política pública e regulação de serviços públicos com segmento competitivo (telecomunicações, p.e.). ABORDAGENS DE REGULAÇÃO ECONÔMICA Regulação Econômica • Conceito: • Regulação econômica é a área da Economia que estuda o funcionamento do sistema econômico através da regularidade de preços e de quantidades produzidas, ofertadas e demandadas através da interação econômica entre as respectivas partes do sistema econômico: o Estado, as empresas, os credores, os trabalhadores, os consumidores e os fornecedores. Regulação Econômica – Origem • Duas correntes: • Francesa: Concebida em meados da década de 1970, teve como ponto de partida uma crítica severa à economia neoclássica, a qual procurou ultrapassar através de uma síntese eclética entre diversas escolas de pensamento econômico (keynesianismo, marxismo, institucionalismo americano, historicismo alemão, etc.). • Americana: Enfoca a intervenção do Estado em determinados setores da economia, em especial os de infraestrutura (energia, telefonia, vigilância sanitária, transportes etc.), adota o termo de forma não tão abrangente. Regulação Econômica – Conceitos • Poder de Interferência direta do Estado em decisões de agentes econômicos através do uso de seu poder coercitivo (autoridade governamental). • Forma de estabelecer regras ou até mesmo de direcionar o campo de desenvolvimento da atividade econômica. • Resposta governamental para falhas de mercado, externalidades negativas e anseios da sociedade. Regulação Econômica (visão normativa) – Características • Uso da autoridade governamental e do poder coercitivo do estado; • Pode assumir vários arranjos institucionais; • Dispõe de uma grande gama de instrumentos; • Implica direcionamento de agentes privados; • Requer expertise técnica/burocrática; • Possui grau significativo de delegação de autoridade discricionária e normativa; • Impõe grandes desafios para accountability e controle. Regulação Econômica (visão positiva) • Regulação responde a grupos de interesse que agem para maximizar suas rendas (Stigler, 1971) Regulação Consumidores Fornecedores Políticos/ Governos Sindicatos Empresas • Grupos podem utilizar o poder coercitivo do Estado para distribuir renda a seu favor. Regulação Econômica (visão positiva) • Grupos pequenos e bem organizados se beneficiarão da regulação mais do que os grupos grandes e difusos (ou à custa destes últimos); • A política regulatória procurará preservar a distribuição de recursos entre os agentes/atores; • A regulação é sensível às perdas de bem-estar, pois os seus benefícios se concentram em sua capacidade de distribuir riqueza. Fundamentos da Teoria da Regulação (Normativa vs. Positiva) • Teoria Normativa – Intervenção direta do Estado no ambiente econômico; • Analisa “quando a regulação deve ocorrer”. • Teoria Positiva – Formação das bases de ação do Estado em face da atuação dos agentes privados; • Analisa os fundamentos da economia. PRINCIPIOS DE MICROECONOMIA Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • A Microeconomia analisa o comportamento das empresas e do consumidor no mercado, suas interações e a formação dos preços e quantidades produzidos e adquiridos (oferta e demanda). • A conceituação de empresa possui duas visões: • Econômica - a empresa ou estabelecimento comercial é a combinação realizada pelo empresário dos fatores de produção: capital, trabalho, terra e/ou tecnologia, organizados para se obter o maior volume possível de produção ou de serviços ao menor custo. • Jurídica - complexo de bens corpóreos e incorpóreos utilizados no processo de produção. A empresa, neste contexto, é o complexo de relações jurídicas que unem sujeito ao objeto da atividade econômica. Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Objetivo da Empresa: • Análise tradicional – Supõe-se o princípio da racionalidade, o empresário sempre busca a maximização do lucro total, otimizando a utilização dos recursos de que dispõe. • Corrente Alternativa - O objetivo do empresário não seria a maximização do lucro, mas fatores como aumento da participação nas vendas do mercado ou maximização da margem sobre os custos de produção. • Princípio da Racionalidade: • Os empresários tentam sempre maximizar lucros, estando condicionados pelos custos de produção; • os consumidores procuram maximizar sua satisfação (ou utilidade) no consumo de bens e serviços (limitados por sua renda e pelos preços das mercadorias); • os trabalhadores procuram maximizar lazer, etc... Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) Teoria do Consumidor (demanda individual) I – Teoria da Demanda (Procura) Demanda de Mercado Teoria da Produção Oferta Individual II – Teoria da Oferta Teoria dos Custos de Produção Oferta de Mercado Concorrência Perfeita Mercado de Bens Concorrência Monopolística e Serviços Monopólio Oligopólio III – Análise das Estruturas de Mercado Concorrência Perfeita Mercado de Insumos Monopsônio e Fatores de Produção Oligopsônio IV – Teoria do Equilíbrio Geral e do Bem-Estar V – Imperfeições de Mercado: Externalidades, Bens Públicos e Informação Assimétrica Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Utilidade Total e Utilidade Marginal: • A Utilidade Total tende a aumentar quanto maior a quantidade consumida do bem ou serviço. • Entretanto, a Utilidade Marginal, que é a satisfação adicional (na margem) obtida pelo consumo de mais uma unidade do bem, é decrescente, pois o consumidor vai saturando-se desse bem, quanto mais o consome. • É chamada de “Lei da Utilidade Marginal Decrescente”. Matematicamente: 𝑈𝑚𝑔 = Δ𝑈𝑡 Δ𝑞 sendo q a quantidade que o consumidor deseja consumir. Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Utilidade Total e Utilidade Marginal: Graficamente: Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Curva de Indiferença e Restrição Orçamentária: • A Teoria da Demanda parte da hipótese de que o consumidor maximiza sua utilidade (bem-estar), limitado por seu nível de renda e pelos preços de bens e serviços que pretende adquirir. • Para embasar essa Teoria, são utilizados os conceitos de “Curva de Indiferença” e “Restrição Orçamentária”. • A Curva de Indiferença é um instrumento gráfico que ilustra as preferências do consumidor. • Lugar geométrico de pontos que representam diferentes combinações de bens que fornecem ao consumidor o mesmo nível de utilidade; • Negativamente inclinada → Ao aumentar o consumo de um bem será necessário reduzir o de outro (substituição). Inclinação da Curva de Indiferença é chamada de Taxa Marginal de Substituição (TMgS) – representa a taxa de troca de um bem por outro, mantendo o mesmo nível de bem-estar. Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Curva de Indiferença e Restrição Orçamentária: • A Restrição Orçamentária é o montante de renda disponível do consumidor, em dado período de tempo. • limite das possibilidades de consumo, condicionado ao montante destinado à aquisição de bens e serviços; • enquanto a curva de indiferença refere-se ao conjunto de bens e serviços que o consumidor deseja adquirir, considerando apenas as preferências subjetivas do consumidor, a restrição orçamentária condicionará o conjunto possível de bens e serviços que o consumidor pode adquirir; • A Linha de Preços (ou Reta Orçamentária) são as combinações máximas possíveis de bens, considerados a renda do consumidor e os preços dos bens. • a linha orçamentária também representa um menu de opções que o consumidor poderá comprar, de acordo com sua renda e dados os preços dos bens considerados. Fundamentos Econômicos(Microeconomia e Regulação) • Curvas de Indiferença vs. Restrição Orçamentária: Graficamente: Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Excedente do Consumidor: • O Excedente do Consumidor é o benefício líquido que o consumidor aufere por ser capaz de adquirir um bem ou serviço. • É a diferença entre a disposição máxima a pagar por parte do consumidor e o que ele efetivamente paga. Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Excedente do Produtor: • O Excedente do Produtor é o ganho em bem–estar pelo fato do produtor receber no mercado um preço maior que aquele mínimo que viabilizaria sua produção. • quantia recebido por um produtor menos o custo de produção; • Custo de Produção → valor de tudo aquilo que o produtor deve desistir (abrir mão) para produzir um bem. Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Excedente do Consumidor = valor para os compradores – quantia paga pelos compradores; • Excedente do Produtor = quantia recebida pelos produtores – custo para os produtores; • Excedente Total = Excedente do Consumidores + Excedente dos Produtores; • Como a quantia paga é igual quantia recebida, temos: • Excedente Total = (Valor p/ Compradores) – (Custo p/ Produtores); • Portanto, o bem-estar econômico é o aumento do Excedente Total. • O Excedente Total que maximiza o bem-estar da sociedade só pode ser alcançado mediante uma elevada eficiência técnica - alocação eficiente dos fatores (recursos) produtivos. Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Teoria da Firma : • Analisa o outro lado da transação: a oferta. • Firmas são organizadas para atuarem nos mercados, com o objetivo de diminuir os custos de transação que são os incorporados por terceiros nas negociações econômicas do mercado (custos de informações, custos contratuais etc.). • “Diferentes técnicas são empregadas pelos agentes econômicos para exercer domínio sobre a informação e o conhecimento disseminados em ambiente social que muda rapidamente. Por isso, para superar essas dificuldades, reduzir riscos e custos inerentes à produção de bens e serviços destinados a mercados, os agentes optam por criar uma outra estrutura, destinada a facilitar o tráfico negocial, organização essa que é a empresa, estrutura hierárquica em que se procura harmonizar esses diversos interesses, ao mesmo tempo em que se diminuem custo de transação.“ (Sztajn, R. 2004) Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Teoria da Firma e Fatores de Produção: • Sob a ótica econômica, a função da firma é alocar eficientemente os recursos que possui, buscando otimizar os produtos gerados por aquela alocação de recursos na fabricação dos bens finais. • Para que as firmas transformem bens e/ou serviços em outros bens e/ou serviços elas precisam de FATORES DE PRODUÇÃO (FP’s). Fatores de produção são os bens ou serviços transformáveis em produção ou utilizados na obtenção de um produto final. Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Teoria da Firma e Custos de Produção: • Custo Total - O custo de todos os insumos que uma empresa usa na produção. • Custos Variáveis - Custos que mudam à medida que a produção muda. • Custos Fixos - Custos que permanecem constantes mesmo que ocorram variações na produção. Custo Total = Custo Fixo + Custo Variável CT = CF + CV Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Teoria da Firma - Produção vs. Custos: • Função de Produção - Relação verificável entre os insumos empregados por uma empresa e a quantidade máxima que ela consegue produzir com esses insumos. • Custo Médio Total (CM) - Custo Total dividido pela quantidade de produzida. Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Teoria da Firma - Custos Médios e Marginais: • Os custos médios no curto prazo são representados por uma curva em formato de U, que inicialmente, conforme aumenta o volume de produção, decresce até alcançar um ponto de custo mínimo, após o qual cresce novamente. Inicialmente, os custos médios são declinantes porque existe um volume relativamente grande de equipamento de capital (insumo fixo) para pouca mão-de-obra. Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Teoria da Firma - Custos Médios e Marginais: Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Teoria da Firma - Custos Médios e Marginais: • Assim, até determinado nível de produção é vantagem para a firma absorver mais trabalhadores, com o mesmo volume de capital empregado, e aumentar a produção, pois o custo médio é declinante. Mas à medida que se vai aumentando a produção, alcança-se um ponto de saturação da utilização do capital, e a elevação das quantidades de insumo variável, no caso mão-de-obra não ocasionará aumentos proporcionais da produção. É o ponto onde os custos médios começam a se elevar. Este comportamento das curvas de custo médio é análogo ao comportamento das curvas de custo total. Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Teoria da Firma - Custos Médios e Marginais: • Se o custo variável total é a despesa diretamente relacionada com a produção, o custo variável total irá se elevar à medida que a produção cresce. No entanto, o custo variável médio, a princípio, é decrescente, e só depois de atingir o mínimo, a um certo nível de produção, torna-se crescente. Isto ocorre porque o custo variável total, quando a empresa trabalha com capacidade ociosa (muito capital e pouca mão-de-obra), cresce proporcionalmente menos do que a produção, fazendo com que os custos médios decresçam. Após um certo nível de produto, os custos totais passam a crescer proporcionalmente mais que o aumento da produção, e os custos médios passam a ser crescentes. Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Teoria da Firma - Custos Médios e Marginais: • Como o custo fixo total é constante para todos os níveis de produção, o custo fixo médio será decrescente à medida que a produção aumenta, tendendo a zero. • O custo marginal representa o custo de se produzir uma unidade extra do produto, em outras palavras, é dado pela relação entre a variação do custo total e a variação da quantidade produzida. 𝐶𝑀𝑔 = Δ𝐶𝑇 Δ𝑞 Onde ΔCT é a variação do custo total e Δq a variação da quantidade produzida. Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Teoria da Firma - Custos Médios e Marginais: Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Teoria da Firma - Custos Médios e Marginais: • A curva de custo marginal corta as curvas de custo total médio e custo variável médio no ponto de mínimo destas curvas. Isso significa que se o custo adicional para produzir uma unidade extra do produto (custo marginal) for inferior ao custo unitário (custo médio), o custo médio será decrescente. Por outro lado, se o custo marginal superar o custo médio, este se elevará, à medida que cresce a produção, já que o custo para produzir uma unidade extra do produto supera seu custo unitário. O ponto de mínimo do custo médio corresponde ao volume de produção onde se igualam custo marginal, custo médio total e custo médio variável. Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Teoria da Firma - Custos Médios e Marginais: • As curvas de custo marginal e de custo médio (total e variável) têm formato de “U” devido à lei dos rendimentos decrescentes, que se traduz por custos crescentes após determinado nível de produto. • Quando o custo médio e custo marginal são decrescentes, a produtividade média e a produtividade marginal do fator de produção serão crescentes, e vice-versa. Há, portanto, uma relação inversa entre custos médios e marginais de um dado fator e suas produtividades média e marginal. Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Teoria da Firma - Lei dos Rendimentos Decrescentes: • Lei dos Rendimentos Decrescentes (em escala) - O princípio de que, em certo ponto, acrescentar mais de um insumo variável, como mão-de-obra, por exemplo, a uma mesma quantidade de um insumo fixo (capital, p.e.), fará com que o produtomarginal do insumo variável decline. • Também conhecida por lei das proporções variáveis ou lei da produtividade marginal decrescente. Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Teoria da Firma - Lei dos Rendimentos Decrescentes: Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Teoria da Firma - Maximização do Lucro: • Deve-se ter em conta, que o objetivo último da empresa é a maximização do lucro, ou seja, a diferença entre as receitas provenientes da venda dos seus produtos e os custos derivados da remuneração dos fatores produtivos e bens intermédios utilizados na produção. • O lucro econômico distingue-se do lucro contabilístico por avaliar os fatores de produção pelos seus custos de oportunidade. LT(q) = RT(q) – CT(q) Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Teoria da Firma - Maximização do Lucro: • Para maximizar o lucro, a empresa deve ter em conta tanto as receitas como os custos. • O volume de produção que maximiza o lucro é, graficamente, aquele que maximiza a distância entre as curvas da receita total e do custo total. O declive destas curvas é igual, para essa quantidade ótima. Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Teoria da Firma - Maximização do Lucro: Fundamentos Econômicos (Microeconomia e Regulação) • Teoria da Firma - Maximização do Lucro: • A maximização do lucro implica que a empresa escolha um volume de produção tal que o custo marginal e o rendimento marginal sejam iguais. LT (q) = RT (q) – CT (q) 𝑑𝐿𝑇 (𝑞) 𝑑𝑞 = 𝑑𝑅𝑇 (𝑞) 𝑑𝑞 − 𝑑𝐶𝑇 (𝑞) 𝑑𝑞 = 𝑅𝑀𝑔 (𝑞) - 𝐶𝑀𝑔 (𝑞) 𝑑𝐿𝑇 (𝑞) 𝑑𝑞 = 0 ↔𝑅𝑀𝑔 (𝑞) = 𝐶𝑀𝑔 (𝑞) Teoria da Regulação sob a Ótica Normativa • Atuação do Estado para assegurar que o mercado atue em uma alocação Pareto-eficiente; • Mercados competitivos apresentam características de alocação eficiente de recursos; • Falhas de Mercado: • Bens Públicos → Não-Exclusividade / Não-Rivalidade; • Falhas de Competição → Ineficiências alocativas e produtivas; • Externalidades → custo privado é inferior ao custo social de produção; • Assimetrias Informacionais → Seleção Adversa / Risco Moral. Ótimo de Pareto • “Lei da Eficiência de Pareto” (Ótimo de Pareto) → proposição formulada pelo economista franco- italiano Vilfredo Pareto (1897) - “Cours d`Économie Politique”; • Ocorre quando existir uma situação (A) onde ao se sair dela, para que “um ganhe”, pelo menos “um perde”; • Uma situação econômica é ótima no sentido de Pareto se não for possível melhorar a situação de um agente, sem degradar a situação de qualquer outro agente econômico. Ótimo de Pareto • Condições necessária para que uma economia seja considerada Pareto-eficiente: • Eficiência nas trocas - o que é produzido numa economia é distribuído de forma eficiente pelos agentes econômicos (não são necessárias mais trocas entre os agentes) ou seja, a Taxa Marginal de Substituição é a mesma para todos; • Eficiência na produção - quando é possível produzir mais de um tipo de bens sem reduzir a produção de outros, isto é, quando a economia se encontra sobre a sua fronteira de possibilidades de produção; • Eficiência no mix de produtos - os bens produzidos numa economia refletem as preferências dos agentes econômicos dessa economia. Ótimo de Pareto Taxa Marginal de Substituição do Bem ou Serviço X pelo Y (TMgS(X,Y)): Mede a taxa à qual o consumidor está propenso a substituir o bem x pelo bem y. Em outras palavras, esta taxa mede uma troca: o número de unidades do bem y (adquiridas) por unidade do bem x (sacrificada), desde que a troca mantenha o mesmo nível de satisfação (utilidade) do consumidor. Análise Matemática Básica: Represente a função de utilidade como U ( x , y), onde U é a função de utilidade, x e y são bens. Adicionalmente: U x = ∂ U / ∂ x = utilidade marginal com respeito ao bem x U y = ∂ U / ∂ y = utilidade marginal com respeito ao bem y Ao tomarmos a Diferencial Total da função de utilidade, obtém-se: d U = ∂ U / ∂ x d x + ∂ U / ∂ y d y, ou, substituindo, d U = Ux dx + Uy dy Ótimo de Pareto Considerando a derivada total da função de utilidade com respeito ao bem x, 𝑑𝑈 𝑑𝑥 = 𝑈𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 + 𝑈𝑦 𝑑𝑦 𝑑𝑥 , ou seja, 𝑑𝑈 𝑑𝑥 = 𝑈𝑥 . 1 + 𝑈𝑦 𝑑𝑦 𝑑𝑥 Em qualquer ponto da curva de indiferença temos 𝑑𝑈 𝑑𝑥 = 0, pois U = c, Onde c é uma constante. Então: 0 = 𝑈𝑥 + 𝑈𝑦 𝑑𝑦 𝑑𝑥 , rearrumando: − 𝑑𝑦 𝑑𝑥 = 𝑈𝑥 𝑈𝑦 A taxa marginal de substituição é definida como menos a inclinação da curva de indiferença para qualquer cesta de bens que se considere (lado esquerdo da equação acima). Dessa maneira, ela se torna igual à razão entre as utilidades marginais de x e y: 𝑇𝑀𝑔𝑆𝑥𝑦 = 𝑈𝑥 𝑈𝑦 = 𝛛𝑈 𝛛𝑥 𝛛𝑈 𝛛𝑦 Ótimo de Pareto • Entretanto, nem todos os mercados geram alocações Pareto-ótimas. Dois casos: • Presença de Externalidades: agentes não levam em conta efeito de suas decisões individuais no bem estar dos demais, levando a consumo exagerado (externalidade negativa) ou abaixo do ótimo (externalidade positiva); • Exemplos: fumo em lugares públicos, bebida x direção: imposição de cotas. • Monopólio Natural → Importante no escopo da Teoria da Regulação – Bens públicos de difícil (ou muito onerosa) duplicação. Alocação Pareto-Eficiente O ponto 𝑥∗ é 𝑃𝑎𝑟𝑒𝑡𝑜 − 𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒. Alocação Pareto-Eficiente ESTUDO DE CASO – INTERCONEXÃO DE REDES MÓVEIS Estudo de Caso Interconexão Ligação entre redes de telecomunicações funcionalmente compatíveis, de modo que os usuários de serviços de uma das redes possam comunicar-se com usuários de serviços de outra ou acessar serviços nela disponíveis. Interconexão Rede A Rede B Todas as vezes que um usuário da Rede A se comunica com um usuário da Rede B, a Rede A paga um valor relativo ao acesso à Rede B, no caso brasileiro de redes móveis esse valor é chamado de VU-M Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso Estudo de Caso O ESTADO E A REGULAÇÃO Estado e Regulação: Fundamentos Teóricos • A atividade “regulatória” sempre esteve entre as atribuições do Estado, a partir de sua estrutura tradicional, como ministérios ou órgãos a eles subordinados; • Esgotamento do modelo puramente estatal de fornecimento de bens e serviços públicos: • Crise fiscal dos Estados; • Baixos níveis de crescimento econômico; • Dificuldades em prover políticas públicas de qualidade; • Esgotamento da propriedade pública (empresas estatais) como modo de regulação → Fins da década de 1980 e princípio da década de 1990. Estado e Regulação: Fundamentos Teóricos • Consolidação dos argumentos nos quais se baseiam a moderna teoria da regulação (Estado Regulador vs. Estado Provedor). • O Estado Regulador, com suas instituições características expressas por agências independentes especializadas, criadas em substituição à propriedade privada, teve sua origem nos Estados Unidos. Estado e Regulação: Fundamentos Teóricos • Reforma Regulatória proposta pela OCDE (década de 1990) → atuação do Estado em três categorias da atividade regulatória: • Regulação Econômica − intervenção direta nas decisões de mercado (definição de preços, competição, entrada e saída de novos agentes nos mercados, etc.). Para a OCDE a reforma deveria se propor a aumentar a eficiência econômica por meio da redução de barreiras à competição e à inovação, utilizando a desregulamentação, privatização e fornecendo estrutura para o funcionamento e a supervisão das atividades do mercado. Estado e Regulação: Fundamentos Teóricos • Reforma Regulatória proposta pela OCDE - continuação: • RegulaçãoSocial − proteção do interesse público nas áreas de saúde, segurança, meio ambiente e em questões nacionais. • Regulação Administrativa − procedimentos administrativos por meio dos quais o governo intervém nas decisões econômicas (“red-tapes”). De acordo com a OCDE os governos deveriam buscar em suas reformas regulatórias eliminar as formalidades desnecessárias, simplificando práticas desnecessárias, melhorando sua transparência e atuação. Estado e Regulação: Fundamentos Teóricos • Mudança para o Estado Regulador → ênfase nos princípios de governança: • Accountability e transparência dos processos decisórios envolvidos na fixação das regras e normas; • Transparências das regras as serem seguidas; • Accountability e transparência das atividades dos atores regulados; • Accountability e transparência dos reguladores; • Accountability e transparência dos processos de avaliação. Estado e Regulação: Fundamentos Teóricos • Elementos motivadores para criação das Agências Reguladoras: • Necessidade de elevação do grau de comprometimento do poder público com a manutenção de decisões, leis e normas que afetam diretamente os agentes do mercado; • Delegação de poderes para as agências reguladoras → descentralização administrativa; • Falhas de Governo (rent-seeking, captura) → ocorrem em maior extensão com a proximidade de um poder central – maior dependência. Estado e Regulação: Fundamentos Teóricos • Falhas de Governo: • “ Rent-seeking” - ocorre quando grupos de interesse se envolvem com a política, visando a obtenção de vantagens sobre os demais grupos. Para alguns autores, nesse caso, mesmo que regulação em defesa do interesse público fosse possível na teoria, na prática os interesses particulares se sobrepõem ao interesses públicos. Estado e Regulação: Fundamentos Teóricos • Falhas de Governo: • Captura - ocorre quando os organismos regulatórios se encontram muito próximos dos regulados, favorecendo o aumento dos riscos de interferência de interesses particulares nas decisões públicas, consequentemente afetando a independência e a qualidade da regulação. Ocorre muitas vezes devido à assimetria de informação entre o governo e a firma, o que faz com que o regulador se aproxime do regulado visando a obtenção de informações e identificação dos seus reais objetivos. Estado e Regulação: Fundamentos Teóricos • Argumentos favoráveis às Agências Reguladoras: • Expertise – as ARs estão mais próximas dos setores regulados do que outros núcleos burocráticos, podendo mais facilmente obter informações relevantes. Estrutura organizacional mais flexível constitui ambiente de trabalho mais atraente para especialistas; • Flexibilidade − agências reguladoras autônomas mostram-se mais capazes de flexibilizar suas decisões adotando ajustes regulatórios; • Compromisso com credibilidade – as ARs estão mais distantes das influências políticas diretas e das pressões eleitorais rotineiras; • Estabilidade – as Ars propiciam um ambiente regulatório mais estável e previsível; • Eficácia e eficiência – como resultado dos fatores citados anteriormente, as agências reguladoras conduzem a um melhor resultado regulatório, que pode ser traduzido em melhor desempenho dos mercados; Estado e Regulação: Fundamentos Teóricos • Argumentos favoráveis às Agências Reguladoras (cont.): • Participação pública e transparência – o processo decisório das ARs é mais aberto e transparente que outros núcleos burocráticos e, assim, é mais sensível aos interesses sociais difusos, como os dos consumidores; • Custos da tomada de decisão – a delegação para as ARs reduz os custos da tomada de decisão, como pode ser observado na presença de desacordos sobre determinadas políticas; • Transferência de responsabilidades – as Ars permitem aos políticos evitar responsabilidades quando ocorrem falhas ou quando decisões impopulares são tomadas; • Incertezas políticas – as instituições são menos facilmente mutáveis que as políticas e as ARs constituem um meio de os políticos fixarem políticas que irão perdurar além de seus mandatos. Estado e Regulação: Fundamentos Teóricos • Delegação de autoridade para Agências Reguladoras → contratos permeados por assimetrias de informação e de recursos; • Dificuldades dos reguladores em obter informações acuradas dos regulados; • Restrições orçamentárias que afetam a fiscalização dos contratos → custeio das Agências. Estado e Regulação: Fundamentos Teóricos • Objetivos de acompanhamento atingidos impondo incentivos, restrições e penalidades ao regulado → superação das assimetrias: • Coibir a exploração oportunista; • Mitigar a discrepância entre comportamentos ex-ante e ex-post; • Minimizar o Risco Moral e a Seleção Adversa. • Impor dificuldade de revisão de regras por parte da ação política dos regulados: • Os reguladores podem criar apoios dos favorecidos pelas novas regras, tornando politicamente mais difícil reverter as ações realizadas. Regulação Econômica vs. Interesse Público • Decisão de “regular” e motivações dos reguladores sujeitas às decisões na esfera política – “ações” contra problemas ocasionados pelo mercado; • Ações dos grupos sociais e econômicos junto à esfera política; • Estudos dos padrões de relacionamento entre reguladores e regulados. Regulação Econômica vs. Interesse Público • Redução dos níveis de incerteza em ambiente de negócios; • Conferir credibilidade às relações sociais em uma economia de mercado; • Garantia ao cumprimento dos contratos (redução de possibilidades de descumprimento); • Estabelecimento de “compromissos” (commitment): • Estabilidade contratual; • Estabilidade de regras; • Limitação da possibilidade de expropriação de rendas ou ativos. Regulação Econômica vs. Interesse Público Incentivos à Demanda Incentivos à Oferta Ambiente macroeconômico Comportamento dos usuários Poder aquisitivo Estrutura do setor Disp. de capital Política Educacional Demanda Oferta Viabilizadores Tecnologia Regulação Política industrial Política tributária Política social Direcionadores Estado e Regulação: Fundamentos Teóricos • Objetivos de acompanhamento atingidos impondo incentivos, restrições e penalidades ao regulado → superação das assimetrias: • Coibir a exploração oportunista; • Mitigar a discrepância entre comportamentos ex-ante e ex-post; • Minimizar o Risco Moral e a Seleção Adversa. • Impor dificuldade de revisão de regras por parte da ação política dos regulados: • Os reguladores podem criar apoios dos favorecidos pelas novas regras, tornando politicamente mais difícil reverter as ações realizadas. A REGULAÇÃO ECONÔMICA DE TELECOMUNICAÇÕES Regulação e Concorrência Cream Skimming: prática empresarial de fornecer somente produtos de alto valor ou baixo custo a grupos específicos de consumidores. A C o n co rr ên ci a é vi á ve l? N Ã O SI M A Concorrência é desejável SIM NÃO Mercado concorrencial "normal" "Cream Skimming" Barreiras impostas por firmas dominantes Monopólios naturais (de fato) Regulação e Concorrência Desregulado Mercados autorregulados Sem regulação (recuo do Estado Vai da certificação a leis de resposabilidade para proteger o consumidor Regulado Regulação da Competição Autoridades de competição nacional Prevenção da concentração por meio da regulação de fusões, incorporações, etc. Regulado Regulação por Competição Autoridades em setores específicos e autoridades de competição nacional Regimes de interconcexão em telecomunicações, compartilhamento de redes, etc. Metarregulado Reforço da autorregulação das regras de competição Autoridades em setores específicos e autoridades de competição nacional Institucionalização de mecanismos internos de autorregulação que correspondam às exigências legais de competição em geral e ao regime regulatório em particular. Tipo de Competição Tipo de Regulação Autoridade Regulatória Exemplos Telecomunicações Tradicionais (Des)EquilíbrioCompetitivo Original • Altos custos afundados. • Externalidades de rede. • Economias de escala e escopo. • Monopólio natural. • Abertura de rede obrigatória. • Condições aprovadas em termos isonômicos. • Arbitragem Administrativa. • Controle de preços. Dicotomia Público-Privado Obrigações de universalização; Garantia de continuidade; Reversibilidade dos bens; Controle tarifário; Obrigatória abertura das redes; Equilíbrio econômico-financeiro; Prevalência do interesse público; Possibilidade de intervenção/encampação. Princípios da atividade econômica; Mínima intervenção; Liberdade como regra; Liberdade de preços; Condicionantes de interesse da coletividade; Proporcionalidade de condicionantes; Equilíbrio entre direitos e deveres. R eg im e P ú b lic o R egim e P rivad o Evolução da Regulação de Competição Introdução Consolidação Transição Novo Modelo (Des)Equilíbrios Competitivos Atuais efeitos incentivos agentes condutas desempenho Nova Abordagem de Regulação Econômica Controle tarifário; Obrigações de universalização; Garantia de continuidade; Reversibilidade dos bens; Equilíbrio econômico- finaceiro; Prevalência do interesse público; Abertura das redes. Princípios da atividade econômica; Mínima intervenção; Liberdade como regra; Liberdade de preços; Proporcionalidade de condicionantes; Equilíbrio entre direitos e deveres; R eg im e P ú b lic o R egim e P rivad o Fusões e aquisições Convergência tecnológica Transformações na Indústria Digital Participação de mercado; Integração vertical; Controle sobre infraestruturas essenciais; Economias de escala/escopo; Acesso regulado a insumos; Reequilíbrio regulatório de condições concorrenciais.D et en to re s d e P M S N ão D eten to res d e P M S Plano Geral de Metas de Competição Barreiras estruturais não transitórias Inexistência de tendência de competição Insuficiência atuação ex-post PGMC Mercados Relevantes Detentores de Poder de Mercado Significativo Medidas Assimétricas 4 anos Dosimetria BIBLIOGRAFIA • BOBBIO, N. Dalla strutura alla funzione: nuovi studi di teoria del Diritto. 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