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Modalidades de Energia Sonora e Mecânica: Ultrassom Terapêutico Profa. Me. Alessandra Gonçalves DEFINIÇÃO Tratamento por meio de vibrações mecânicas com uma frequência acima 20.000 Hz. (BORGES, 2010) DEFINIÇÃO Vibrações acústicas inaudíveis de alta frequência que podem gerar efeitos fisiológicos térmicos ou atérmicos nos tecidos biológicos. (PRENTICE, 2002) Infrassom <20 Hz Ultrassom >20.000 Hz Propagação • As ondas sonoras necessitam de um meio para se propagarem (líquido, sólido e gasoso) • Possui dificuldade de se propagar no ar→ sofre reflexão • Nos tecidos a propagação depende das características de propagação do meio biológico e da reflexão de energia ultrassônica nas interfaces teciduais • Ar:343 m/s H2O sal.: 1500 m/s osso:4000 m/s EFEITO PIEZELÉTRICO “Quando a corrente elétrica alternada, gerada em igual frequência que a ressonância do cristal, é propagada através do cristal piezoelétrico, este irá se expandir e contrair, ou vibrará na frequência da oscilação elétrica, proporcionando desta maneira o ultrassom na frequência desejada” EFEITO PIEZELÉTRICO • Ao se colocar um material piezoelétrico num campo elétrico, as cargas elétricas da rede cristalina interagem com o mesmo e produzem tensões mecânicas • O quartzo e a turmalina, cristais naturais, são piezoelétricos • O cristal deve ser cortado de forma que um campo elétrico alternado, quando nele aplicado, produza variações em sua espessura → dessa variação resulta um movimento nas faces do cristal, originando as ondas sonoras • Cada transdutor possui uma frequência de ressonância natural, tal que quanto menor a espessura do cristal, maior será a sua frequência de vibração Frequências do Ultrassom ➢ O ultrassom terapêutico nacional é comercializado nas frequências de 1, 3 ou 5 megahertz (MHz) INTENSIDADE ULTRASSÔNICA • É a energia/segundo a cada cm² de uma superfície perpendicular à emissão das ondas • É calculada em W/ cm² • Intensidade: 0,01 - 3,0 W/ cm² • Efeitos terapêuticos: 0,5-1,5 W/cm² ➢ É a energia total que se produz por segundo, medida em watts POTÊNCIA ULTRASSÔNICA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ACÚSTICA NOS TECIDOS BIOLÓGICOS PROPAGAÇÃO ➢ Ondas Longitudinais ➢ Ondas Transversais Ondas Longitudinais ➢ Deslocamento molecular na direção em que a onda se propaga ➢ Durante a propagação da onda longitudinal em regiões de alta densidade cria-se uma compressão ➢ Durante a propagação da onda longitudinal em regiões de baixa densidade cria-se uma rarefação ➢ Ondas longitudinais: se propagam em sólidos e líquidos Ondas Transversais ➢As moléculas são movimentadas em uma direção perpendicular à direção em que a onda ultrassônica se move ➢Ondas transversais: se propagam apenas no sólido Área de Radiação Efetiva (ERA) • Região da superfície do transdutor que realmente produz a onda sonora • Corresponde aproximadamente ao diâmetro da superfície de contato do transdutor • Considerando que a área de radiação efetiva sempre é menor que a superfície do transdutor, o tamanho do transdutor não é real indicação da superfície de radiação Área de Radiação Efetiva (ERA) • O tamanho da área a ser tratada usando-se o ultrassom é de 2 a 3 vezes o tamanho da área de radiação efetiva (ERA) do cristal • O gráfico a seguir mostra que quanto maior a área a ser tratada independente da frequência e intensidade menor é o aquecimento nos tecidos Absorção dos diferentes meios e tecidos nas diferentes frequências de energia ultrassônica ➢ A absorção de energia sonora é maior nos tecidos com quantidades maiores de proteínas e menor conteúdo de água ABSORÇÃO A profundidade de penetração do tecido é determinada pela frequência do ultrassom e não pela intensidade > Frequência < Profundidade Absorção das ondas ultrassônicas utilizando a frequência de 1 MHz ➢A energia ultrassônica a 1 MHz é transmitida através dos tecidos mais superficiais e absorvida principalmente nos tecidos profundos (2 a 5cm) ➢É muito útil em pacientes com alta porcentagem de gordura cutânea no corpo e sempre que os efeitos desejados se destinarem às estruturas mais profundas Absorção das ondas ultrassônicas a 3 MHz ➢ A energia de 3 MHz é absorvida nos tecidos mais superficiais (1 a 2 cm), sendo utilizado para tratar as condições mais superficiais. A frequência de 3 MHz não é somente mais absorvida superficialmente, é também absorvida 3 vezes mais rapidamente do que o ultrassom de 1 MHz. Esta maior taxa de absorção resulta em pico de aquecimento mais rápido nos tecidos. Tem sido demonstrado que o ultrassom de 3 MHz aquece o músculo humano 3 vezes mais rapidamente do que o ultrassom de 1 MHz Profundidade Média Meio (mm) (mm) 1 Mhz 3 MHz Ar 2,5 0,8 Tendão 6,1 2,0 Pele 11,1 4,0 Músculo 9,0 3,0 Gordura 50,0 16,4 Água 11500,0 3833,3 Relação de não-uniformidade do feixe • Indica a quantidade de variação da intensidade dentro de um feixe ultrassônico e é determinada pelo pico da intensidade máxima do transdutor em contraposição à intensidade média, através da superfície do transdutor • As ondas ultrassônicas não são homogêneas ao longo do seu eixo longitudinal; em alguns pontos têm intensidade mais altas que em outros ao longo da superfície do transdutor Relação de não-uniformidade do feixe ➢ Quanto maior o diâmetro do transdutor, melhor será focalizado ou alinhado os feixes de ultrassom ➢ A transmissão do ultrassom gerado a uma frequência de 1MHz é mais divergente do que o ultrassom de 3 MHz • Contínuo: a intensidade sonora permanece constante ao longo do tratamento e a energia do ultrassom é produzida em 100% do tempo • Pulsado: a intensidade é periodicamente interrompida, com nenhuma energia ultrassônica sendo produzida durante o período desligado ➢ Frequência de emissão ➢ Ciclo ativo: 20-50% (1:5-1:2) Ultrassom Contínuo x Pulsado Na aplicação das ondas ultra-sônicas é possível observar efeitos térmicos e não térmicos nos diferentes tipos de tecidos biológicos: células, tecidos e órgãos Efeitos Fisiológicos • Aumento na extensibilidade das fibras de colágeno encontrada nos tendões e cápsulas articulares • Diminuição da rigidez articular • Redução do espasmo muscular • Modulação da dor • Aumento do fluxo de sangue Efeitos Térmicos ➢ Tem sido sugerido que para a maioria desses efeitos acontecerem, os tecidos devem ser elevados para um nível de 37,5 a 40,5°C por um mínimo de 5 minutos • Aumento da temperatura tecidual em 1°C acelera o metabolismo e o processo de cura; • Aumentos de 2 a 3°C diminuem a dor e o espasmo muscular • Aumentos de 4°C aumentam a extensibilidade do colágeno e diminuem a rigidez articular Efeitos Térmicos Tem se demonstrado que temperaturas acima de 40,5°C podem ser potencialmente lesivas aos tecidos, mas, entretanto, pacientes normalmente sentem dor antes de se atingir essas temperaturas extremas ➢ Cavitação ➢Micromassagem Efeitos não-térmicos Cavitação • Formação de bolhas gasosas que expandem-se e comprimem-se em razão da mudança de pressão induzida pelo ultrassom nos líquidos teciduais • Estável: as bolhas se expandem e se contraem em resposta à mudança de pressão regularmente repetida durante muitos ciclos • Instável: existem grandes modificações violentas nos volumes de bolhas de ar antes que ocorra a implosão e o colapso depois de poucos ciclos • Na cavitação estável ocorre um movimento localizado e unidirecional de líquido em torno da bolha que está vibrando • O efeito chamado de microcorrenteza, exerce sobrecarga viscosa sobre a membrana da célula e portanto pode aumentar a permeabilidade da membrana • Este aumento de permeabilidade pode aumentar a secreção pelos mastócitos, aumento na captação de cálcio e maior produção do fator de crescimento pelos macrófagos Cavitação Micromassagem As ondas de compressão e rarefação podem produzir uma forma de micromassagem capaz de reduziro edema Técnicas de aplicação ➢ Instruções gerais ao paciente ➢ Preparo e teste do equipamento ➢ Aplicação e movimento do cabeçote Preparo e teste do equipamento ➢Colocar o cabeçote logo abaixo da superfície da água ➢ Pode-se também cobrir o cabeçote com água ou álcool quanto este não tem características sub- aquática. Movimentos do cabeçote Métodos de acoplamento Sub-Aquática É usado quando o contato direto não é possível devido a forma irregular da parte a ser tratada Geralmente utilizado nas extremidades O cabeçote é colocado na água e movido paralelo à superfície da parte que está sendo tratada e o mais próximo possível da pele Sub-Aquática Para que a técnica seja eficaz alguns requisitos devem ser seguidos: 1. Se possível a água deverá ser fervida e aquecida 2. A mão do terapeuta não deverá estar em contato com a água 3. Caso a água não seja desgaseificada o terapeuta deverá constantemente limpar o cabeçote devido a formação de bolhas Aplicação com gel sólido O mais utilizado É importante que a distância entre o cabeçote e o tecido seja preenchida por gel numa distância aproximada de 0,5 cm. Evitar durante a aplicação mudanças no ângulo do cabeçote Se o cabeçote se aquecer em excesso, possivelmente o preenchimento de gel está inadequado Após a aplicação retirar todo o gel do cabeçote Aplicação com bolsa de água Utilizado também em superfícies irregulares Geralmente utiliza-se uma bolsa de plástico ou borracha, preenchida com água desgaseificada. Entre a bolsa, o cabeçote e a pele do ultra- som deverá existir uma fina camada de gel. O cabeçote deverá ser firmemente pressionado sobre a bolsa Utilização em feridas abertas Como não se deve aplicar diretamente sobre a ferida, o terapeuta deverá ter alguns cuidados para evitar riscos de infecção Utilizar gel estéril de ágar poliacrilamida em uma folha de 3,3 mm como meio de acoplamento O espaço entre a ferida e a folha deverá ser preenchida com soro fisiológico Regras gerais Na aplicação de modo sub-aquático a absorção da onda ultra-sônica é de 100% Na aplicação com gel é de 80% Quando se utiliza com bolsa de água 50% assim como com o gel estéril Quando se utiliza outras substâncias como cremes, óleos a absorção é de 50% - fonoforese Dosagem • Três fatores determinam a dosagem do ultrassom: – Tamanho da área a ser tratada – Profundidade da lesão – Natureza da lesão Tempo de aplicação • Tempo = Área/ERA • Ex.: ÁREA: Largura = 5 cm; comprimento = 8 cm • Área = 40 cm2 • ERA: 4 cm2 • TEMPO = 40 / 4 = 10 min • Tempo máximo = 15 min por área Como não há um modo certo de saber quanta energia é absorvida por um tecido em particular, as decisões sobre dosagem dependem até certo ponto do julgamento individual. Esse julgamento precisa ser baseado nos fatores conhecidos que governam a absorção do ultrassom Quando uma modalidade de calor é aplicada no tecido, somente deve fazer sentido se o paciente sentir o calor local. Se o aquecimento não é sentido, ou o terapeuta está movendo o cabeçote muito rapidamente, ou a intensidade está muito baixa Efeito Aumento do tempo Não-térmico Linha de base 37,5 Térmico brando 1° C – 38,5 Térmico moderado 2° C – 39,5 Térmico forte 3° C – 40,5 Aplicação Básica ➢Condições agudas e pós-agudas ➢Cura e reparo do tecido mole ➢Contratura articular ➢ Inflamação crônica ➢Aumento da extensibilidade do colágeno ➢Redução do espasmo muscular ➢Modulação da dor Indicações ➢Aumento do fluxo sanguíneo ➢Aumento da síntese de proteína ➢Regeneração do tecido ➢Reparação de fraturas não-unidas ➢Pontos-gatilho miofasciais Indicações • Pode ocorrer queimaduras se o calor gerado exceder a habilidade fisiológica para dissipá-lo • Pode haver destruição do tecido como resultado de cavitação transitória • Pode ocorrer estase de células sanguíneas e dano endotelial se houver formação de ondas estacionárias Precauções Contra-indicações ✓ Áreas de sensação de temperatura diminuida ✓ Insuficiência vascular ✓ Tromboflebite ✓ Órgãos reprodutores ✓ Pelve imediatamente após menstruação Contra-indicações ✓ Gravidez ✓ Marcapasso ✓ Câncer ✓ Áreas epifisais em crianças ✓ Próteses cimentadas ✓ Infecção
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