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Carla Bertelli – 4° Período – Compreender a etiologia, fisiopatologia, complicações, manifestações clínicas e diagnóstico da Insuficiência Renal Aguda (pré, intra e pós renal) – Caracterizar os acidentes ofídicos com Crotalus sp. – Compreender a fisiopatologia, epidemiologia, etiologia, fatores de risco, MC e diagnóstico de Insuficiência Renal Crônica – Entender os mecanismos de progressão da Insuficiência Renal Crônica – Analisar os riscos da automedicação. A Insuficiência Renal é um distúrbio que ocorre quando os rins não conseguem retirar as escórias metabólicas da corrente sanguínea (não conseguem filtrar) e regular a homeostasia dos líquidos, eletrólitos e pH dos líquidos extracelulares. A causa básica pode ser doença renal, distúrbio sistêmico ou anormalidades urológicas que afetam diretamente os rins. A Lesão Renal Aguda tem início súbito e geralmente é reversível quando diagnosticada e tratada adequadamente. Já a Doença Renal Crônica é o resultado final de lesão irrecuperável, 80% dos néfrons precisam ser destruídos antes que se manifestem sinais e sintomas da doença renal crônica. Descreve um declínio rápido da função renal que ocorre em poucas horas ou 1 dia. Causa acúmulo de escórias/resíduos metabólicos nitrogenados, ureia e distúrbios hidroeletrolíticos. É potencialmente reversível quando os fatores desencadeantes podem ser revertidos ou eliminados antes que ocorra uma lesão irreversível – Estudos epidemiológicos apontam a incidência de IRA no ambiente hospitalar entre 1,9% e 7%. Quando consideradas os pacientes internados em UTIs, 5% a 20% dos pacientes desenvolvem IRA. Embora as técnicas de tratamento como diálise e terapias renais substitutivas sejam eficazes para corrigir distúrbios hidroeletrolíticos potencialmente fatais, a taxa de mortalidade atribuída à LRA não diminuindo ao longo dos anos. Isso provavelmente se deve ao fato de a LRA ser mais comum nos idosos do que no passado, e de modo geral, apresentar mais sobreposição a condições como sepse, hipovolemia, problemas relacionados com medicamentos e choque cardiogênico. – Pacientes em estado crítico internados na UTI, com uma taxa de mortalidade que varia de 15 a 60%., idosos. O indicador mais comum para Lesão Renal Aguda (LRA) é azotemia, que é o acúmulo de escórias nitrogenadas (ureia, ácido úrico e creatinina) no sangue e redução da taxa de filtração glomerular (TFG) Se caracteriza por uma redução súbita e acentuada da função renal que se manifesta por oligúria (diurese abaixo de 400ml/24h) ou anúria. Em alguns casos o volume urinário se mantém normal ou aumentado. Os consistem em vários níveis graduados de lesão renal com base na elevação percentual da creatinina sérica, no débito urinário e nas medidas de desfecho. – Aumento de 1,5 na creatinina séria ou diminuição da TFG em 25% ou diminuição do débito urinário <0,5ml durante 6 horas – Aumento de 2x na creatinina sérica, diminuição da TFG em 50% ou débito urinário <0,5 durante 12 horas – Aumento de 3x na creatinina sérica, diminuição da TFG em 75% e débito urinário <0,5 em 24h ou anúria em 12h. – Perda completa da gunção renal por mais de 4 semanas. – Perda completa da função renal por mais de 4 meses. Os critérios de AKIN (Acute Kidney Injury Network) constituem modificação dos critérios de RIFLE e incluem tanto um sistema diagnóstico quanto de estadiamento. o ́ – Aumento da creatinina sérica ≥ 0,3 mg/dl ou aumento de 1,5 a 2 vezes em relação aos valores Carla Bertelli – 4° Período basais ou débito urinário < 0,5 ml/kg/h por mais de 6 h o ́ – Aumento na creatinina sérica > 2 a 3 vezes em relação aos valores basais ou débito urinário < 0,5 ml/kg/h por maisde12h o ́ – Aumento na creatinina sérica > 3 vezes em relação aos valores basais ou creatinina sérica ≥ 4,0 mg/dl com elevação aguda de pelo menos 0,5 mg/dl ou débito urinário < 0,3 ml/ kg/h durante 24 h ou anúria por 12 h A LRA pode ser causada por vários tipos de distúrbios, inclusive por redução no fluxo sanguíneo sem lesão isquêmica, lesão isquêmica, tóxica ou obstrutiva dos túbulos renais e obstrução das vias urinárias distais. São classificadas em pré, intra e pós renais. As causas pré e intrarrenais são responsáveis por 80 a 95% dos casos de LRA É causada por fatores extrarrenais, quase sempre alterações hemodinâmicas, que diminuem o fluxo sanguíneo renal, a perfusão de néfrons e a pressão da filtração. Suas principais causas são hipovolemia e choque (desidratação, hemorragias, queimaduras, sepse, IAM, ICC). Em geral é reversível com a eliminação da causa. Mais comum. Se caracteriza pela redução acentuada do fluxo sanguíneo renal. O processo é reversível quando a causa da redução desse fluxo pode ser detectada e corrigida antes que ocorra lesão nos rins. As causas incluem depleção grave do volume vascular (hemorragias, perda de volume de líquido extracelular); redução da perfusão renal em consequência de ICC e choque cardiogênico; redução do enchimento vascular por ampliação da capacitância vascular (em anafilaxia ou sepse). Os idosos tem risco alto especialmente em razão da sua predisposição à hipovolemia e prevalência alta de doenças vasculares renais nessa idade. Mediadores vasoativos, fármacos e compostos utilizados com a finalidade diagnóstica causam vasoconstrição intrarrenal grave e pode induzir hipoperfusão glomerular e LRA pré-renal. Exemplos incluem endotoxinas, contrates radiológicos, ciclosporina e AINEs. Algumas dessas substâncias também podem causar necrose tubular aguda. Além disso, várias classes de fármacos usados comumente podem interferir nos mecanismos de adaptação renal e converter um quadro de hipoperfusão renal compensada em insuficiência pré-renal. Os IECAs e os BRAs atenuam os efeitos da renina no fluxo sanguíneo renal, quando são combinados com diuréticos esses fármacos podem causar LRA pré-renal nos pacientes com fluxo sanguíneo reduzido em consequência de doença renal dos vasos de pequeno ou grande calibre. Os AINE podem reduzir a irrigação sanguínea dos rins por inibição da síntese das prostaglandinas. Em alguns indivíduos com perfusão renal reduzida, os AINE podem desencadear LRA pré-renal. O rim normal consegue tolerar reduções consideráveis À medida que o fluxo sanguíneo renal diminui, há redução da TFG, as quantidades de sódio e outras substâncias filtradas pelos glomérulos diminuem e a necessidade de mecanismos dependentes de energia para reabsorver estar substâncias é reduzida. Conforme a TFG e o debito urinário de aproximam de 0, o consumo de O2 pelos rins aproxima-se do que é necessário para manter as células tubulares renais vivas. Quando não é tratada adequadamente, a hipoperfusão renal prolongada pode causar necrose tubular isquêmica com morbidade e mortalidade significativa Surge por lesão parenquimatosa, que pode resultar da manutenção prolongada dos fatores pré-renais citados ou da interveniência dos outros, como hemólise Carla Bertelli – 4° Período intravascular, mioglobinemia, complicações obstétricas, constituindo a IRA isquêmica; ação diferente de nefrotoxinas (antibióticos, anestésicos e contrastes radiográficos), ou seja, IRA nefrotóxica. Pode também ser causada por doenças primárias do parênquima (glomerulonefrites, necrose cortical renal, afecções tubulointersticiais, nefrosclerose maligna. Nesta categoria, atuam também causas vasculares, como oclusão das artérias renais, trombose das veias renais, RIA pós-parto, síndrome hemolítico-urêmica. O livro Current Nefrologia e Hipertensão traz uma subdivisão da lesão renal em: tubular, doença glomerular, doença intersticial e doença vascular. Decorre de obstrução das vias excretoras, seja intrarrenal, pela precipitação de cristais de ácido úrico, ou os outros, nos túbulos coletores(hidronefrose intraparenquimatosa), seja em qualquer nível das vias urinárias (cálculos, hiperplasia da próstata, tumores, fibrose retroperitoneal). Reconhecimento de paciente de alto risco e correção da depleção de volume. A depleção de volume persistente leva ao prolongamento da fase de extenso, resultando em agravamento da LRA. Os sinais e sintomas são limitados, não diagnósticos e com frequência passam despercebidos. Os sintomas consistem nos relacionados com azotemia de modo geral e as causas subjacentes. Os sintomas sugestivos consistem em redução do débito urinário e urina de coloração escura (colúria). Os pacientes com azotemia queixam-se de anorexia, mal-estar, náuseas, gosto metálico na boca, prurido, confusão mental, retenção hídrica e hipertensão. O exame físico pode revelar sobrecarga de volume, atrito pericárdico ou arterixe. O diagnóstico é estabelecido pela documentação dos níveis elevados de ureia sanguínea e creatinina sérica. A cistatina C sérica também constitui um marcador útil, podendo detectar a existência de LRA de 1 a 2 dias antes da creatinina sérica A cistatina C é um inibidor endógeno da cisteína protease de 13 k.Da, produzida pelas células nucleadas numa taxa constante. É livremente filtrada no glomérulo, reabsorvida e catabolizada, não sendo, porém, secretada pelos túbulos. A classificação da LRA intrínseca em um dos locais histológicos depende do exame de urina. • LRA Isquêmica ou induzida por nefrotoxinas: proteinúria leve, cilindros granulosos pigmentados • Glomerulonefrite Aguda: proteinúria, leucócitos, hemácias e cilindros celulares. • Nefrite Intersticial: proteinúria leve a moderada, leucócitos, hemácias e eosinófilos. A presença de positividade ao heme na tira reagente em mostra de urina recentemente eliminada e a ausência de eritrócitos sugerem a presença de mioglobina ou hemoglobina livre, indicando rabdomiólise ou hemólise. A observação de eosinófilos faz pensar em nefrite intersticial aguda, porém eles também podem ocorrer na ateroembolia renal ou pielonefrite. Cristais urinários específicos igualmente podem indicar as causas da LRA. Por exemplo, são observados cristais de oxalato de cálcio nos casos de ingestão de etilenoglicol, enquanto ocorrem cristais de ácido úrico nos casos da síndrome de lise tumoral. Os índices urinários diagnósticos devem ser solicitados em qualquer caso em que a azotemia pré- renal esteja no diagnóstico diferencial. A glomerulonefrite e a nefrite intersticial aguda exigem biopsia renal para o seu diagnóstico. Carla Bertelli – 4° Período Deve-se realizar uma ultrassonografia para avaliar a existência de obstrução. Se a situação clínica exigir uma avaliação da vascularização renal, deverão ser efetuados exames com cintigrafia isotópica, Doppler ou angiografia. • Hiperpotassemia – Devido ao não funcionamento do néfron em realizar a excreção renal de potássio. • Acidose Metabólica – Associada ao aumento do catabolismo proteico, a diminuição da síntese de proteínas e ao balanço nitrogenado negativo. • Sobrecarga de Volume – Representa um importante problema na LRA devido a oligúria. Pacientes em estado grave correm alto risco de desenvolver hipervolemia. • Hiponatremia – Está associada á sobrecarga de volume. • Anemia – A causa mais comum consiste na produção inadequada de eritropoetina. Observa-se também um aumento na taxa de destruição dos eritrócitos em consequência de sua maior fragilidade • Hiperfosfatemia – Diminuição da excreção renal, destruição tecidual e deslocamento do espaço intracelular para o extracelular • Desequilíbrio de outros eletrólitos A National Kidney Foundation definiu a doença renal crônica como: Lesão Renal por mais de 3 meses (anormalidades estruturais ou funcionais dos rins com ou sem aumento da TFG, manifestada por anormalidades patológicas ou marcadores de lesão renal TFG <60ml/min durante 3 com ou sem marcadores de lesão renal É o declínio da função renal que ocorre de maneira lenta e progressiva, especialmente pela redução no número de néfrons funcionantes, qualquer que seja o componente renal primeiramente acometido: glomerular (glomerulopatias crônicas), tubular (defeitos tubulares congênitos), vascular (nefrosclerose vascular maligna), intersticial (pielonefrite crônica) ou vias excretoras (uropatia obstrutiva). Clinicamente, os sinais e sintomas da nefropatia causadora podem persistir ou ceder lugar aos da IRC. Esta constitui um conjunto de manifestações clinicas, alterações da função excretora e distúrbios bioquímicos, metabólicos e endócrinos. A perda progressiva de néfrons e da TFG associada à DRC progressiva leva a anormalidades no balanço hidroeletrolítico e pH; acúmulo de produtos de degradação normalmente excretados pelos rins; anormalidades na produção e metabolismo de certos hormônios (eritropoetina e vitamina D) Felizmente, à medida que a TFG declina, vários mecanismos compensatórios são ativados, dos quais os mais importantes é a hiperfiltração glomerular dos Carla Bertelli – 4° Período néfrons funcionantes remanescentes. Em virtude desse mecanismo compensatório o paciente pode se mostrar totalmente assintomático, apesar de ter perdido 70% da função renal. Entretanto, a hiperfiltração glomerular está associada à glomerulonecrose nos néfrons funcionantes remanescentes, contribuindo para uma perda adicionai de néfrons. Outros fatores que contribuem para a perda de néfrons são: (1) a atividade contínua da causa primária da DRC, (2) proteinúria, (3) lesões tubulointersticiais, (4) hiperlipidemia e (5) agressões renais superpostas agudas (nefropatia por meios de contraste, toxicidade dos aminoglicosídios etc.). O controle agressivo da glicose e pressão arterial em pacientes diabéticos e/ou hipertensos diminui o risco de DRC. O rastreamento de indivíduos com alto risco de DRC particularmente os com diabetes, hipertensão ou história familiar de diabetes, hipertensão ou doença renal possibilita a detecção precoce e implementação de intervenções que evitem ou retardem a evolução da DRC. Os exames de rastreamento apropriados incluem o exame de urina, a primeira amostra de urina pela manhã ou uma amostra aleatória de urina para a determinação da razão entre albumina ou proteína e creatinina, nível sérico de creatinina para a estimativa da TFG, usando uma equação de previsão aceita e medida da pressão arterial. Os pacientes são habitualmente assintomáticos até que a insuficiência renal esteja avançada. Quando a TFG cai para aproximadamente 10 a 15 mf/min, começam a aparecer sintomas inespecíficos, como mal-estar, fraqueza, insônia, incapacidade de concentração, náuseas e vômitos. Por fim, outros sinais e sintomas, que refletem uma disfunção orgânica generalizada, surgem como parte da síndrome urêmica Manifestações Cutâneas – A pele se mostra pálida (devido anemia) e hiperpigmentada (maior produção de hormônio estimulante dos B-melanócitos, bem como retenção dos carotenos e urocromos) Manifestações Cardiovasculares - As manifestações cardiovasculares constituem a causa mais comum de morbidade e mortalidade entre pacientes com DRC progressiva, e incluem sobrecarga de volume, edema, hipertensão sistêmica, cardiopatia isquêmica, hipertrofia ventricular esquerda, insuficiência cardíaca, distúrbios do ritmo e pericardite urêmica. Manifestações Neurológicas - Os acidentes vasculares cerebrais são comuns nesses pacientes devido à aterosclerose acelerada. A encefalopatia urêmica, que ocorre em pacientes com uremia avançada, caracteriza- se por insônia, alterações do padrão de sono, incapacidade de concentração, perda da memória, confusão mental, desorientação, labilidade emocional, ansiedade, depressão e, em certas ocasiões, alucinações. Manifestações Gastrointestinais - anorexia, náusease vômitos constituem manifestações típicas da insuficiência renal avançada. Em geral, a anorexia ocorre mais precocemente, podendo ser intermitente e, em certas ocasiões, estando associada a alguns tipos de alimento, como carne. O hálito urêmico é um odor urinífero da respiração que resulta da degradação da ureia em amônia na saliva e frequentemente está associado à sensação de gosto metálico desagradável. Outras manifestações incluem frequência mais alta de lesões inflamatórias e/ou ulceradas em todos os níveis do trato digestivo, bem como sangramento gastrintestinal. Manifestações Hematológicas - Os pacientes com DRC quase sempre desenvolvem anemia normocítica normocrômica, principalmente devido à deficiência de produção de eritropoietina nos rins enfermos, mas outros fatores também podem contribuir, como a hiporresponsividade das células progenitoras à eritropoietina, hemólise acelerada secundária à uremia, deficiência de vitamina (ácido fólico) e as perdas de ferro associadas predominantemente ao sangramento gastrintestinal. Manifestações ósseas - O termo osteodistrofia renal refere-se a vários tipos de lesão óssea que ocorrem em pacientes com DRC progressiva em consequência de anormalidades no metabolismo do cálcio e fósforo. As lesões consistem em hiperparatireoidismo secundário, osteomalacia, doença óssea adinâmica e retardo do crescimento em crianças. Manifestações endócrinas e metabólicas - A disfunção sexual é comum em pacientes com DRC progressiva. Ocorrem impotência, infertilidade e diminuição da libido em consequência do hipogonadismo primário. Carla Bertelli – 4° Período Além dos níveis elevados de ureia e creatinina sérica, que constituem um reflexo da menor TFG, os pacientes com DRC progressiva desenvolvem outras anormalidades laboratoriais, particularmente se não seguirem ou não receberem instruções dietéticas apropriadas quando houver o declínio da TFG. As anormalidades típicas consistem em hiponatremia (devido ao aporte excessivo de água), hiperpotassemia, hiperfosfatemia, hipocalcemia, hipermagnesemia e hiperuricemia. A acidose metabólica, habitualmente com hiato aniônico elevado, também é comum. Com exceção da hipocalcemia, estes distúrbios hidreletrolíticos resultam de um desequilíbrio entre o aporte e o débito pelos rins progressivamente enfermos. A ultrassonografia renal mostra-se particularmente útil ao diagnóstico de alguns casos de DRC [doença renal policística (DRP) e uropatia obstrutiva], bem como para diferenciar a doença renal aguda da crônica. Rins simetricamente pequenos (< 8,5 cm) sustentam o diagnóstico de DRC, enquanto a observação de rins de tamanho normal favorece um processo agudo mais do que crônico. Entretanto, existem exceções, visto que algumas causas de DRC estão associadas a rins de tamanho normal ou mesmo aumentado, incluindo diabetes, DRP e amiloidose. Outros exames de imagem podem ajudar a estabelecer a causa da DRC. A ultrassonografia com Doppler dúplex das artérias renais, cintigrafia renal e angiorressonância magnética são úteis aos pacientes com suspeita de doença isquêmica renovascular. A uretrocistografia miccional mostra-se útil para afastar a possibilidade de nefropatia de refluxo. A tomografia computadorizada possibilita avaliar a atividade dos cálculos renais, bem como evidências de necrose papilar. A biopsia renal deve ser reservada aos pacientes com rins de tamanho quase normal, nos quais não é possível estabelecer um diagnóstico bem-definido através de métodos menos invasivos e quando há suspeita de causa potencialmente tratável. Insulto → perda irreversível dos néfrons→ aumento de pressão e fluxo glomerular→ proteinúria→ fibrose renal Filho, Geraldo B. Bogliolo - Patologia . Disponível em: Minha Biblioteca, (10ª edição). Grupo GEN, 2021. Norris, Tommie L. Porth - Fisiopatologia . Disponível em: Minha Biblioteca, (10ª edição). Grupo GEN, 2021. Lerma, Edgar, V. et ai. ATUAL: Nefrologia e Hipertensão . Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2011. Responsáveis por cerca de 7,7 % dos acidentes ofídicos registrados no Brasil, podendo representar até 30% dos acidentes em algumas regiões. Não são encontradas em regiões litorâneas. Apresentam o maior coeficiente de letalidade dentre todos os acidentes ofídicos (1,87%), pela frequência com que evoluem para insuficiência renal aguda (IRA). çõ As subespécies Crotalus durissus terrificus e C.d collineatus foram as mais estudadas sob o ponto de vista de seus venenos e também dos aspectos clínicos e laboratoriais encontrados nos envenenamentos. • Ação neurotóxica - Fundamentalmente produzida pela crotoxina, uma neurotoxina de ação pré- sináptica, que atua nas terminações nervosas, inibindo a liberação de acetilcolina. Esta inibição é o principal responsável pelo bloqueio neuromuscular, do qual decorrem as paralisias motoras apresentadas pelos pacientes. • Ação miotóxica - Produz lesões de fibras musculares esqueléticas (rabdomiólise), com liberação de enzimas e mioglobina para o sangue, que são posteriormente excretadas pela urina. Não está perfeitamente identificada a fração do veneno que produz esse efeito miotóxico sistêmico, mas há referências experimentais de ação miotóxica local da crotoxina e da crotamina. A mioglobina excretada na Carla Bertelli – 4° Período urina foi erroneamente identificada como hemoglobina, atribuindo-se ao veneno uma atividade hemolítica in vivo. Estudos mais recentes não demonstraram a ocorrência de hemólise nos acidentes humanos. • Ação coagulante - Decorre de atividade do tipo trombina que converte o fibrinogênio diretamente em fibrina. O consumo do fibrinogênio pode levar à incoagulabilidade sanguínea. Geralmente não há redução do número de plaquetas. As manifestações hemorrágicas, quando presentes, são discretas. í Manifestações locais - Podem ser encontradas as marcas das presas, edema e eritema discretos. Não há dor, ou se existe, é de pequena intensidade. Há parestesia local ou regional, que pode persistir por tempo variável, podendo ser acompanhada de edema discreto ou eritema no ponto da picada. Procedimentos desaconselhados como garroteamento, sucção ou escarificação locais com finalidade de extrair o veneno, podem provocar edema acentuado e lesões cutâneas variáveis. çõ ê Gerais - Mal-estar, sudorese, náuseas, vômitos, cefaleia, secura da boca, prostração e sonolência ou inquietação, são de aparecimento precoce e podem estar relacionados a estímulos de origem diversas, nas quais devem atuar o medo e a tensão emocional desencadeada pelo acidente. Neurológicas - Decorrentes da ação neurotóxica do veneno: Apresentam-se nas primeiras horas e caracterizam o “fáscies miastênica” (fáscies neurotóxica de Rosenfeld) evidenciadas por ptose palpebral uni ou bilateral, flacidez da musculatura da face, há oftalmoplegia e dificuldade de acomodação (visão turva) ou visão dupla (diplopia) e alteração do diâmetro pupilar (midríase). Com menor frequência pode aparecer paralisia velopalatina, com dificuldade à deglutição, diminuição do reflexo do vômito, modificações no olfato e no paladar. As alterações descritas são sintomas e sinais que regridem após 3 a 5 dias. Musculares - Decorrentes da Atividade Miotóxica: Caracterizam-se por dores musculares generalizadas (mialgias), de aparecimento precoce. A urina pode estar clara nas primeiras horas e assim permanecer, ou tornar- se avermelhada (mioglobinúria) e progressivamente marrom nas horas subsequentes, traduzindo a eliminação de quantidades variáveis de mioglobina, pigmento liberado pela necrose do tecido muscular esquelético (rabdomiólise). Não havendo dano renal, a urina readquire a sua coloração habitual em 1 ou 2 dias. Distúrbios da coagulação - Pode haver aumento do Tempo de Coagulação (TC) ou incoagulabilidade sanguínea,com queda do fibrinogênio plasmático, em aproximadamente 40% dos pacientes. Raramente há pequenos sangramentos, geralmente restritos às gengivas (gengivorragia). Manifestações clínicas pouco frequentes - Insuficiência respiratória aguda, fasciculações e paralisia de grupos musculares têm sido relatadas e interpretadas como decorrentes das atividades neurotóxicas e miotóxicas do veneno. çã á • Leve - Sinais e sintomas neurotóxicos discretos, de aparecimento tardio, fáscies miastênica discreta, mialgia discreta ou ausente, sem alteração da cor da urina. • Moderado - Sinais e sintomas neurotóxicos: fáscies miastênica evidente, mialgia discreta ou provocada ao exame. A urina pode apresentar coloração alterada. • Grave - Sinais e sintoma neurotóxicos evidentes: fáscies miastênica, fraqueza muscular, mialgia intensa e urina escura, podendo haver oligúria ou anúria, insuficiência respiratória. çõ • Locais - Raramente parestesias locais duradouras, porém reversíveis após algumas semanas. • Sistêmicas - insuficiência renal aguda (IRA) com necrose tubular, geralmente de instalação nas primeiras 48 horas. • Sangue - Pode-se observar valores elevados de Creatinoquinase (CK) – mais precoce, desidrogenase lática (LDH) – mais lento e gradual, aspartase-amino- transferase (AST), aspartase-alanino-transferase (ALT) e aldose. TC frequentemente está prolongado. Hemograma pode mostrar leucocitose, com neutrofilia e desvio à esquerda. • Na fase oligúrica da IRA - Elevado: uréia, creatinina, ácido úrico, fósforo, potássio. Diminui: calcemia. Carla Bertelli – 4° Período • Específico - Soro Anticrotálico (SAC) EV. Dose varia de acordo com gravidade do caso. Poderá ser utilizado o Soro Antibotrópico-crotálico (SABC). Ver posologia no Quadro Resumo, no decorrer do capítulo. • Geral - Hidratação adequada (fundamental para prevenir IRA), será satisfatória se fluxo urinário de 1 a 2 ml/Kg/h na criança e 30 a 40 ml/h no adulto. Diurese osmótica pode ser induzida com manitol a 20% (5m/Kg na criança e 100ml no adulto), persistindo oligúria, pode-se utilizar diuréticos de alça tipo furosemida EV (1ml/Kg/dose na criança e 40 mg/dose no adulto). O pH urinário deve ser mantido acima de 6,5 com bicarbonato de sódio (urina ácida potência a precipitação intraglobular de mioglobina), monitorar por controle gasométrico. É o ato de tomar remédios por conta própria, sem orientação médica. A automedicação, muitas vezes vista como uma solução para o alívio imediato de alguns sintomas pode trazer consequências mais graves do que se imagina. O uso de medicamentos de forma incorreta pode acarretar o agravamento de uma doença, uma vez que sua utilização inadequada pode esconder determinados sintomas. Se o remédio for antibiótico, a atenção deve ser sempre redobrada, pois o uso abusivo destes produtos pode facilitar o aumento da resistência de microrganismos, o que compromete a eficácia dos tratamentos. Outra preocupação em relação ao uso do remédio refere-se à combinação inadequada. Neste caso, o uso de um medicamento pode anular ou potencializar o efeito do outro. O uso de remédios de maneira incorreta ou irracional pode trazer, ainda, conseqüências como: reações alérgicas, dependência e até a morte. Entre os riscos mais freqüentes para a saúde daqueles que estão habituados a se automedicar estão o perigo de intoxicação e resistência aos remédios. Todo medicamento possui riscos que são os efeitos colaterais. Causas da automedicação – A variedade de produtos fabricados pela indústria farmacêutica, a facilidade de comercialização de remédios e a própria cultura e comodidade assimilada pela sociedade que vê na farmácia um local onde se vende de tudo; a grande variedade de informações médicas disponíveis, sobretudo em sites, blogs e redes sociais, também está entre os fatores que contribuem para a automedicação. Acidentes por Serpentes | Secretaria da Saúde. (n.d.). Retrieved September 23, 2022, from https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Acidentes-por- Serpentes BVS - Ministério da Saúde - Dicas em Saúde. (n.d.). Retrieved September 23, 2022, from https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/255_automedicacao. html
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