Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Objetivos OBJETIVO 1: Compreender a epidemiologia, etiologia, fisiopatologia, fatores e grupos de risco, diagnostico e complicações da insuficiencia renal aguda. OBJETIVO 2: entender as características do acidente com Crothalus sp. (acidente ofítico) DEFINIÇÃO A injúria renal aguda ou insuficiÊncia renal aguda consiste na reducao abrpta da TFG (taxa de filtração glomerular). Essa taxa represetna o volume de sague (mL) que os glomerulos filtram a cada minuto, e consequentemente, represeta alteracoes hidroeletroliticas, disturbios acido-base e acumulo de ureia e creatina. EPIDEMIOLOGIA É uma condição incidente no dia a dia medico A incidencia de pacientes hospitalizados é de 5-7%, sendo que 30% dos admitidos estão em UTI A mortalidade chega a 90% em populacoes mais suscetiveis (idosos, hipertensos e diabéticos) Os que sobrevivem tem maior chances de apresentar doenca renal cronica (DRC) ETIOPATOGENIA: A IRA pode ser resultado de uma serie de motivos que tendem a serem causados de acordo com a procoa do trato urinario a qual é afetada. A reducao da funcao renal pode ter como causas: • Problema circulatório que preceda o nefron, envolvendo arteríolas renais • Problemas na filtração feita por esse néfron • Distúrbios ou lesões na via coletora da urina A etiologia é dividida em tres classes: Insuficiência pré-renal: Consiste em 60-70% dos casos, sendo a etiologia mais prevalente Essa lesão é acompanhada de hipoperfusão renal, com PAS <80mmHg, havendo integridade do parenquima renal. Consiste em um disturbio hemodinâmico e não no néfron As manifestacoes clinicas podem ser revertidas caso o fluxo renal seja restaurado Sua fisiopatologia se baseia em: redução do fluxo renal → dilatação da arteriola eferente por mediadores quimicos (prostaglandinas, NO, etc) e do reflexo miogenico pr conta do estimulo de barrreceptores nesse vaso, aumentando esse fluxo → arteriolas eferentes sofrem contracao pelo SRAA → objetivo de manter a TFG (mecanismo compensatório) Essa autoregulação de PA só é feita em uma PA até 80mmHg, abaixo disso, o paciente entra em estado de hipoperfusao renal gravissima e duradoura, podendo evoluir para necrose tubular aguda ou isquêmica. Essa hipoperfusao renal seja por hipovolemia ou hipotensoa sistemica, consiste no mecanismo fisiopatologico da IRA Pacientes idosos, com patologias casculorrenais, diabeticos e hipertensos podem apresentar hipofluxo renal antes da PAS atingir 80mmHg As quatro granes causas dessa lesão renal aguda são: 1. Depleção absoluta do fluido corporal: conhecida como reducao do volume circulante efetico, que pode ser ocasionada por hemorragia esterna ou interna (choque hemorragico em casos mais extremos), diarreia, vomitos, fistula digestiva, poliuria, sudorese intensa, ascite e uso de diureticos 2. Vasoconstrição renal: ocorre em casos de sepse, liberacao de mediadores inflamatorios, doenças hepatorrenais causadas por cirrose ou insuficiencia hepatica fulminante) 3. Redução do débito cardiaco: ocorre em pacientes co complicação de ICC, hipertensao pulmonar e IAM (infarto agudo do miocardio) 4. Alterações na autorregulacao da PA: medicamentos como AINES, IECA, BRA, atuam na hemodinâmica do corpo. Esses medicamentos inibem a producao/ação de mediadores como prostagladinas (provoca dilatação na arteriola aferente) e angiotensina II (vasoconstriçao na arteriola eferente), que auxiliam o aumento de pressão. A urina bem concentrada e com odor fétido é resultado da hipoperfusão, que atua por meio de dois mecanismos: Insuficiência Renal Aguda • Aumentando a concetradao de creatinina e ureia por conta da reducao do fluxo sanguino que chega ao glomerulo afim de ser filtrado • Respostas hormonais (SRAA) e neuronais (estimulo dos barorreceptores) que atuam na reabsorção de sódio e de água no néfron Dessa forma, a urina com maiores taxas de creatinina e ureia torna- se mais concentrada, apresentando tais caracteristicas. Insuficiência renal intrinseca: Representa 25-40% dos casos É resultante de danos estruturais no parenquima renal por fatores intrínsecos, tais como alterações vasculares, intersticiais e glomerulares As principais causas dos danos de parênquima renal são: • Doença vascular renal: ocorre por obstrução do lumen por trombo ou embolo dos vasos, ou vasculite. Ex: infarto renal decorrente de dissecção de aorta, tromboembolismo sisteico, trombose aguda em veia renal, nefroesclerose hipertensiva maligna, entre outros. • Doenças tubulares e intersticiais: caracterizada por dano na estrutura tecidual ou celular do tubulo do néfron ou do intersticio do rim. Ex: necrose tubular aguda, nefrite intersticial aguda, nefropatia urinária aguda por conta de síndrome de lise tumoral • Doenças glomerulares: consiste na inflamação ou degeneraçao do gloérulo renal, que pde ser classificada como primária (idiopática e não relacionada com patologia sistemica) e secundária (ocasionada por síndromes paraneoplásicas, drogas ou doenças reumatológicas sistêmicas). Existem dois padroes dessas doenças glomerulares. Padrão nefrítico: Paciente apresentando urina com bastante sedimentos como hemacias disformicas e leuocitos, grau de proteinuria (microscopica). Ocorre em glomerulonefrites proliferativas como a GNRP (glomerulonefrite rapidamente progressiva) Padrão nefrótica: Paciente com proteinúria severa, sendo um padrão de glomerulopatia não proliferativa como a GNM (glomerulonefrite membranosa) Fisiopatologia: por conta da lesão no parênquima, a função reabsortiva é prejudicada ao ponto de a urina do paciente com IRA intrinseca tende a ser uma urina mais diluída, por conta do excesso de ureia e sodio Insuficiência pós-renal: Representa 5-10% dos casos Causada por interrupção no sistema urinário coletor (ureter, bexiga e uretra) que ocorre por uma obstrucao mecanica de causa congenita ou adquirida. Não afeta diretamente o nefron, logo, se o motivo da obstrucao for corrigido o nefron é potencialmente reduzido. Fisiopatologia: congestionamento da urina → pressão glomerular aumenta → redução da TFG . vale ressaltar que no inicio do quadro há hiperemia (aumento da TFG por vasodilatação quando há aumento da PA) que reduz com o tempo em decorrencia da producao de vasoconstritores. A obstrução pode ocorrer por: Fatores estruturais: pertrbcao na anatomia do sistema coletor como calculos, coaguos, prostatite, hiperplasia prostática benigna. Fatores funcionais: casos de bexiga neurogênica ou uso de medicamentos como antidepressivos, antiarrítmicos, anticolinérgicos, antipsicóticos e reposicao hormonal FATORES E GRUPOS DE RISCO: • Idosos, hipertensos e diabéticos, obesos • Depleção de volume • Insuficiência cardiaca • Estenose de arteria renal • Sepse • Portadores de doenca renal cronica • Uso de medicamentos como IECA (inibidores do SRAA), AINES (inibidores de prostaglandina), BRA (inibidores do SRAA), antibioticos, ciclosporina, quimioterapicos, paracetamol, estatinas. • Rabdomiólise • Hiperuricemia • Hipotireoidismo • Síndrome compartimental abdominal • Contrastes iodados (ver Capítulo 366, Nefropatias Específicas) • Cirurgia em pacientes com DRC • Cirurgias cardíacas MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Oligúria (diminuicao de urina) • Edema • Fadiga e fraqueza • Anorexia, nauseas, vomitos diarreia • Dispneia • Taquipneia • Soluços • Taquicardia • Hipertensao arterial • Letargia, caimbras, fasciculação, mioclonias • Convulcoes e coma • Petéquias, vasculite, equimoses • Hemorragia do TGI • Estertores pulmonares • Arritmia cardíaca DIAGNÓSTICO Para o diagnostico é essencial avaliar a TFG dos nefrns, estimando a verdadeira eficacia do funcionamento renal. Laboratorial: Exame simples de urina: proteinuria, hematuria, cilindros granulosos, eosinofiluria, cristalúriaHemograma: anemia Ureia e creatinina sérica: aumentadas Ácido urico: aumentado Eletrólitos séricos: hiponatremia ,hipocalcemia ou hipercalcemia, hiperfosfatemia, hiperpotssemia, hipermagnesemia Depuração ou clearence da creatinina: é usado para avaliar a velocidade e a eficiência da filtração renal; geralmente diminuído Gasometria: acidose metabólica Imagem: Ultrassonografia: causa renal – rins de tamanho normal (auxilia na diferenciação de injuria aguda e crônica); causa pós- renal – hidronefrose por obstrucao de vias uriarias COMPLICAÇÕES • Distúrbios eletrolíticos • Acidose metabólica • Arritmias cardíacas • Edema pulmonar • Insuficiência cardíaca • Hemorragia • Convulsões • Pericardite DEFINIÇÃO As serpentes do gênero Crotalus (cascavel) são identificadas pela presença de guizo ou chocalho na extremidade caudal. São representadas no Brasil por uma única espécie (Crotalus durissus), com ampla distribuição geográfica, desde os cerrados do Brasil central, regiões áridas e semiáridas do Nordeste, campos e áreas abertas do Sul, Sudeste e Norte Responsáveis por cerca de 7,7 % dos acidentes ofídicos registrados no Brasil, podendo representar até 30% dos acidentes em algumas regiões. Não são encontradas em regiões litorâneas. Apresentam o maior coeficiente de letalidade dentre todos os acidentes ofídicos (1,87%), pela frequência com que evoluem para insuficiência renal aguda (IRA). CARACTERÍSTICAS DA CROTALUS Possui fosseta loreal ou lacrimal; a extremidade da cauda apresenta guizo ou chocalho de cor amarelada. Nomes populares - Cascavel, Boicininga, Maracambóia, etc. Essas serpentes são menos agressivas que as Jararacas e encontram-se geralmente em locais secos. 11% dos acidentes ofídicos no Estado são atribuídos às cascavéis. AÇÕES DO VENENO As subespécies Crotalus durissus terrificus e C.d collineatus foram as mais estudadas sob o ponto de vista de seus venenos e também dos aspectos clínicos e laboratoriais encontrados nos envenenamentos. Ação neurotóxica - Fundamentalmente produzida pela crotoxina, uma neurotoxina de ação pré-sináptica, que atua nas terminações nervosas, inibindo a liberação de acetilcolina. Esta inibição é o principal responsável pelo bloqueio neuromuscular, do qual decorrem as paralisias motoras apresentadas pelos pacientes. Ação miotóxica - Produz lesões de fibras musculares esqueléticas (rabdomiólise), com liberação de enzimas e mioglobina para o sangue, que são posteriormente excretadas pela urina. Não está perfeitamente identificada a fração do veneno que produz esse efeito miotóxico sistêmico, mas há referências experimentais de ação miotóxica local da crotoxina e da crotamina. A mioglobina excretada na urina foi erroneamente identificada como hemoglobina, atribuindo-se ao veneno uma atividade hemolítica in vivo. Estudos mais recentes não demonstraram a ocorrência de hemólise nos acidentes humanos. Ação coagulante - Decorre de atividade do tipo trombina que converte o fibrinogênio diretamente em fibrina. O consumo do fibrinogênio pode levar à incoagulabilidade sanguínea. Geralmente não há redução do número de plaquetas. As manifestações hemorrágicas, quando presentes, são discretas. Classificação dos Acidentes Crotálicos • Leve - Sinais e sintomas neurotóxicos discretos, de aparecimento tardio, fácies miastênica discreta, mialgia discreta ou ausente, sem alteração da cor da urina. • Moderado - Sinais e sintomas neurotóxicos: fáscies miastênica evidente, mialgia discreta ou provocada ao exame. A urina pode apresentar coloração alterada. • Grave - Sinais e sintoma neurotóxicos evidentes: fáscies miastênica, fraqueza muscular, mialgia intensa e urina escura, podendo haver oligúria ou anúria, insuficiência respiratória. SINAIS E SINTOMAS: Locais: • Marcas das presas • Edema • Eritema • Dor geralmente não existe e se há é de baixa intensidade • Parestesia local Sistêmicos: Gerais – mal-estar, sudorese, náusea, vômito, cefaleia, secura da boca, prostração, sonolência, inquietação Neurológicas – decorrentes da ação toxica do veneno; fácies miastênicas (de Rosenfeld) evidenciadas por ptose palpebral uni ou bilateral, flacidez da musculatura da face, Oftalmoplegia e dificuldade de acomodação (visão turva) ou visão dupla (diplopia), acompanhados de midríase (aumento do diâmetro da pupila) Musculares – decorrentes da atividade miotóxica; dores musculares, urina clara podendo se tornar avermelhada (miglobinúria) e marrom nas horas subsequentes, traduzindo eliminação de quantidades de mioglobina, pigmento liberado pela necrose do tecido muscular esquelético (rabdomiólise) Distúrbios de coagulação - Pode haver aumento do Tempo de Coagulação (TC) ou incoagulabilidade sanguínea, com queda do fibrinogênio plasmático, em aproximadamente 40% dos pacientes. Raramente há pequenos sangramentos, geralmente restritos às gengivas (gengivorragia). COMPLICAÇÕES: • Locais - Raramente parestesias locais duradouras, porém reversíveis após algumas semanas. • Sistêmicas - insuficiência renal aguda (IRA) com necrose tubular, geralmente de instalação nas primeiras 48 horas.
Compartilhar