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direitos_humanos_e_relacoes_sociais 2

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FABIANO CAXITO
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ES
 SO
C
IA
IS
Código Logístico
I000128
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-65-5821-053-5
9 7 8 6 5 5 8 2 1 0 5 3 5
Direitos humanos e 
relações sociais 
Fabiano Caxito
IESDE BRASIL
2021
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2021 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: melitas/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
C377d
Caxito, Fabiano
Direitos humanos e relações sociais / Fabiano Caxito. - 1. ed. - Curiti-
ba [PR] : IESDE, 2021.
124 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5821-053-5
1. Direitos humanos. 2. Direitos sociais. I. Título.
21-71941 CDU: 342.57
Fabiano Caxito Mestre em Administração Estratégica pela Universidade 
Nove de Julho (Uninove). MBA em Recursos Humanos 
pela Fundação Instituto de Administração (FIA). 
Pós-graduado em Business Intelligence, Big Data 
e Analytics, pela Universidade Anhanguera; Língua 
Portuguesa: redação e oratória, pela Universidade 
São Francisco; Filosofia, pela Universidade Estácio 
de Sá; e Educação Corporativa, Educação Financeira, 
Tecnologias e Educação a Distância, Antropologia, 
Sociologia Política e Urbana e Coaching, pela União 
Brasileira de Faculdades (Faculdade UniBF). Licenciado 
em Filosofia pela Faculdade Mozarteum de São 
Paulo. Graduado em Administração Financeira pela 
Universidade Cidade de São Paulo (Unicid). Atuou nas 
áreas comerciais, de logística e de recrutamento e 
seleção e na área de treinamento e desenvolvimento 
em diversas empresas de distribuição e venda de 
bebidas. Foi coordenador de cursos de pós-graduação 
lato sensu. Atualmente, é professor universitário e 
influenciador digital. 
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
1 Bases históricas dos direitos humanos 9
1.1 Origens filosóficas dos direitos humanos 10
1.2 Origens jurídicas dos direitos humanos 16
1.3 Origens políticas dos direitos humanos 18
1.4 Direitos humanos: contextualização histórica 21
1.5 Direitos humanos no Brasil 25
2 Relações étnico-raciais 32
2.1 Raça e etnia 33
2.2 Preconceito e discriminação 41
2.3 Cultura afro-brasileira e indígena 49
2.4 Políticas de ações afirmativas 51
2.5 Trabalho, produtividade e diversidade cultural 56
3 Gênero e sexualidade 63
3.1 Sexualidade e diversidade sexual 64
3.2 Identidade de gênero e orientação sexual 67
3.3 Movimentos feministas 70
3.4 Movimentos LGBTQIA+ 76
4 Alteridade, diversidade e multiculturalismo 83
4.1 Sujeito, identidade e alteridade 84
4.2 Diversidade e reconhecimento 89
4.3 Multiculturalismo e direitos humanos 91
4.4 Alteridade na sociedade contemporânea 95
5 Direitos humanos e inclusão 101
5.1 Participação social e inclusão 102
5.2 Movimentos sociais e sujeitos coletivos 107
5.3 Lutas sociais e direitos humanoss 110
5.4 Direitos humanos: presente e futuro 114
 Resolução das atividades 121
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a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
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Vídeos
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Embora a luta pelos direitos humanos esteja presente em 
grandes marcos da história da civilização, como na Revolução 
Francesa e na Declaração de Independência dos Estados 
Unidos, somente em meados do século XX, com a formação 
da Organização das Nações Unidas (ONU), é que o tema 
ganhou projeção global. Após mais de 70 anos, o que se 
observa na prática são parcelas cada vez mais significativas da 
população mundial tendo seus direitos mais básicos negados. 
Mesmo que legislações e tratados supranacionais definam 
os direitos humanos como base da relação entre os povos, o 
que observamos é uma grande distância entre o que as leis 
defendem e o que de fato acontece. 
O primeiro capítulo deste livro aborda o desenvolvimento 
histórico da discussão sobre os direitos humanos, desde as 
primeiras civilizações até a atualidade, traçando um paralelo 
entre direitos individuais e filosofia, política, legislações nacionais 
e tratados internacionais. No segundo capítulo é discutida a 
miscigenação étnico-racial do povo brasileiro, que se por um 
lado traz benefícios para o país, por outro alimenta o racismo, 
a discriminação, o preconceito e a xenofobia, temas que são 
abordados em seus contextos social, cultural, profissional e 
educacional, bem como os conceitos de raça e etnia.
Os direitos humanos, as discriminações e os preconceitos 
relacionados ao gênero, à sexualidade e à diversidade sexual 
são debatidos no terceiro capítulo. Trata-se de temas urgentes 
e importantes na contemporaneidade, em especial em um país 
no qual as questões de gênero ainda causam perseguições, 
violência e mortes. Os movimentos LGBTQIA+ e feminista 
também são apresentados, bem como suas conquistas e seus 
desafios. 
O quarto capítulo tem como foco a discussão sobre 
identidade, alteridade e cultura. O reconhecimento das 
diferenças e da alteridade é fundamental para que os 
direitos humanos de todos que fazem parte da sociedade 
sejam respeitados. Também são examinados os aspectos 
APRESENTAÇÃOVídeo
8 Direitos humanos e relações sociais
relacionados ao multiculturalismo, em um mundo no qual as fronteiras 
entre países e culturas são cada vez mais tênues. 
Por fim, no quinto capítulo trata da desigualdade social no Brasil, da 
cidadania, da inclusão social e das relações entre estas e os direitos humanos. A 
história do país é marcada por questões étnico-raciais, econômicas e culturais 
que resultaram em uma sociedade desigual, em que uma parte significativa 
da população ainda não tem seus direitos humanos plenamente garantidos. 
Altos níveis de desemprego e subemprego, falta de qualidade de estruturas e 
serviços públicos, dificuldade de acesso à educação e carência de espaços de 
lazer e acesso à cultura são apenas alguns dos exemplos que mostram como 
a inclusão social ainda não é uma realidade para toda a população brasileira. 
Ao final desta obra, esperamos que você passe por um despertar de 
sua consciência quanto à realidade dos direitos humanos tanto no Brasil 
como no mundo. 
Bases históricas dos direitos humanos 9
1
Bases históricas dos 
direitos humanos
A discussão sobre os direitos humanos apresenta uma dicotomia ao 
mesmo tempo que todos os seres humanos têm os mesmos direitos com 
relação aos diversos fatores que compõem a vida em sociedade (direito 
à vida, à saúde, à educação e a oportunidades iguais). Por outro lado, na 
prática, o que se observa é que parcelas cada vez mais significativas da 
população têm seus direitos mais básicos negados.
A pobreza, as guerras e as pandemias globais mostram que a socieda-
de se divide entre um grupo que tem acesso a seus direitos e outro que 
se vê marginalizado e não é beneficiado pelo aumento da riqueza ou pelo 
desenvolvimento da humanidade. Apesar de as legislações globais e na-
cionais definirem nitidamente os direitos humanos, colocá-los em prática 
requer mudanças profundas na organização política, econômica, jurídicae social. Ainda há uma grande distância entre o que as leis pregam e o que 
acontece no mundo.
Neste capítulo, vamos abordar o desenvolvimento da discussão sobre 
os direitos humanos, desde as primeiras civilizações até o momento atual, 
traçando um paralelo entre direitos individuais e filosofia; esta discute a 
igualdade entre os seres humanos. Ainda, trataremos da relação entre os 
direitos humanos e a política, pois as duas áreas guardam uma profunda 
relação, visto que é papel do Estado garantir que os direitos das parcelas 
mais pobres e marginalizadas da população sejam garantidos.
Portanto, discutiremos também as origens das legislações que abor-
dam os direitos humanos e como elas evoluíram ao longo do tempo, 
mostrando como se organizam as declarações globais que orientam as 
legislações nacionais sobre o tema, especialmente no Brasil.
10 Direitos humanos e relações sociais
Com o estudo deste capítulo você será capaz de:
• conhecer a evolução do conceito de direitos humanos;
• compreender a relação entre filosofia, política, legislação e 
direitos humanos;
• acompanhar a evolução do debate sobre direitos humanos 
no Brasil.
Objetivos de aprendizagem
1.1 Origens filosóficas dos direitos humanos 
Vídeo A discussão sobre os direitos humanos é central em nossa socieda-
de contemporânea, marcada por grandes diferenças entre as parcelas 
mais ricas e as mais marginalizadas da população global. Questões po-
líticas, econômicas, raciais, étnicas e sociais dividem os grupos huma-
nos a ponto de impedir que uma parcela significativa da humanidade 
não tenha acesso aos seus direitos mais básicos.
No entanto, os debates sobre os direitos individuais não são recen-
tes. Na verdade, estão presentes desde os pensamentos dos primeiros 
filósofos clássicos. Logo, as bases dos conceitos que norteiam as legis-
lações quanto aos direitos humanos podem ser rastreadas nas ideias 
da lei natural e do direito natural.
Platão discute a lei natural em alguns de seus diálogos, como em 
Timeu, no qual o filósofo aponta o indivíduo como um ser social que 
deve agir de modo justo com os outros indivíduos (MATSUURA, 2019). 
A lei natural também é discutida por Platão em Górgias, outro de seus 
diálogos, publicado originalmente por volta do ano 403 a.C. Em uma 
discussão entre Sócrates e Cálicles a respeito da justiça, Platão (2006, 
p. 167) define: “não é, portanto, apenas em virtude da lei que é mais 
feio praticar algum ato injusto do que ser vítima de injustiça, e que a 
justiça consiste na igualdade, mas também por natureza”.
Em uma de suas obras mais importantes, A República, o filósofo 
aprofunda as discussões sobre a justiça e sobre o que chama de direito 
natural, utilizando o termo physei dikaion (justo por natureza) para ex-
plicar como esse direito é diferente do direito fundado nas leis escritas 
pelos seres humanos. Segundo Platão (2006), as ações humanas são 
O vídeo ‘Eu tenho um 
sonho’, publicado no canal 
O Tempo, apresenta o 
discurso realizado por 
Martin Luther King – líder 
da luta pelos direitos 
humanos – no ano de 
1963, em Washington, 
DC, capital dos Estados 
Unidos, que contou com 
um público de mais de 
250 mil pessoas. Conheci-
do como “I have a dream”, 
o discurso é tido como 
um dos mais importantes 
já realizados, tanto pelo 
momento pelo qual pas-
sava a luta pelos direitos 
dos negros americanos 
quanto pelo impacto que 
causou às discussões 
sobre a legislação segre-
gacionista.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=aWlhPFHOl-Y. Acesso em: 
21 maio 2021.
Vídeo
Bases históricas dos direitos humanos 11
mutáveis e individuais, portanto o direito humano é diferente do di-
reito natural, que é sempre igual e imutável para todos (NEIVA, 2011).
A discussão sobre o physei dikaion está presente também na obra 
Ética a Nicômaco (ARISTÓTELES, 2009), em que Aristóteles discute os 
conceitos de justiça e equidade. Para o filósofo, equidade e justiça es-
tão interligadas. Contudo, não é possível afirmarmos que tudo o que é 
lei seja totalmente pleno e justo, pois não abarca todas as possibilida-
des e realidades de todos os indivíduos. Mesmo que as leis desenvol-
vidas pelo grupo social sejam justas, nem tudo que é justo, do ponto 
de vista da natureza humana e das relações sociais, é abarcado pela 
lei. Dessa forma, o direito natural deve estar acima dos códigos legais 
desenvolvidos pela sociedade (MIRANDA FILHO, 2013).
São Tomás de Aquino (2005), um dos principais filósofos católicos, 
retoma o tema dos direitos naturais em Suma Teológica, obra na qual 
discute as diversas modalidades da lei e as classifica em quatro diferen-
tes tipos – lei eterna, lei natural, lei humana e lei divina positiva. 
A lei eterna é aquela que está relacionada a Deus e dirige os atos 
dos indivíduos. Já a lei natural, segundo Aquino (2005), surge da relação 
entre a lei eterna e a ação moral do ser humano racional. Enquanto a 
lei eterna é infinita, a lei natural é finita e temporal, por se relacionar à 
humanidade e ao grupo social. A lei natural é, para o filósofo, a mani-
festação da lei eterna no indivíduo, que possibilita a ele poder distin-
guir entre o bem e o mal. Para que os princípios e as normas éticas da 
lei eterna e da lei natural possam ser colocados em prática no cotidiano 
das relações humanas, é necessário que sejam transcritos e traduzidos 
para regras específicas e normas explícitas. Essa é a origem da terceira 
lei, a lei humana, um ordenamento jurídico que possibilita a convivên-
cia em sociedade.
Como filósofo católico, Aquino (2005) desenvolve um quarto tipo de 
lei, a denominada lei divina positiva. Para ele, essa lei é necessária para 
que o ser humano seja virtuoso e possa agir tanto de acordo com a lei 
eterna quanto com a lei natural, e isso depende de ele receber ou não a 
revelação divina. O ser humano é falho e para ter a certeza de que suas 
ações não sejam fundamentadas em juízos equivocados, deve seguir 
a lei divina. As leis humanas dizem respeito apenas aos atos externos 
que ocorrem nas relações humanas. Entretanto, para ser virtuoso, o 
ser humano precisa seguir internamente os ensinamentos e as regras 
12 Direitos humanos e relações sociais
divinas. De acordo com o filósofo cristão, a lei humana não consegue 
controlar e castigar todos os males realizados pelo indivíduo. Assim, a 
lei divina pune aqueles que não são julgados pela lei humana.
Aquino – assim como outro importante filósofo católico da idade 
medieval, Santo Agostinho – estabelece uma relação entre o direito na-
tural, discutido pelos filósofos gregos, e a fé cristã, mostrando que a lei 
divina e a lei eterna são a base sobre a qual se estabelece a lei natural, 
que coloca todos os seres humanos como iguais.
A lei humana, por ser imperfeita e incompleta, não garante que 
essa igualdade seja colocada em prática. Por isso, os direitos hu-
manos, apesar de serem um direito de todos os indivíduos, não são 
totalmente garantidos pela lei humana.
Martin Luther King Jr., um dos mais proeminentes líderes na luta 
pelos direitos humanos no século XX, apoiou algumas de suas ideias 
nessa visão da filosofia católica da era medieval, tanto nas ideias de 
Santo Agostinho quanto nas de São Tomás de Aquino. Conforme King: 
“todos os estatutos da segregação são injustos porque a segregação 
distorce a alma, prejudica a personalidade, dá ao segregacionista um 
sentido falso de superioridade e ao segregado um sentido falso de in-
ferioridade” (KING, 1970 apud MIRANDA FILHO, 2013, p. 18).
Para Miranda Filho (2013), estão presentes nas ideias e na luta de 
King aspectos relacionados à lei eterna e à lei natural. A lei humana, no 
momento histórico no qual se dá a luta de King, não garante a igual-
dade, pois é segregacionista. Para o líder, só com o total respeito ao 
direito de todos os indivíduos, com equidade e justiça, a lei humana se 
aproximaria da justiça divina e natural.
Durante a evolução da história humana, a ideia de igualdade entre 
os indivíduos não era comum. A existênciada escravidão e a separação 
da sociedade em cidadãos que gozavam de plenos direitos e classes 
inferiores ou escravizadas era comum na sociedade grega, no desen-
volvimento do Império Romano, assim como no Oriente.
Nos estados absolutistas europeus, o poder econômico e político 
estava centralizado nas mãos dos nobres. Essa segregação entre os 
que tinham acesso aos direitos e aqueles a quem esses direitos eram 
negados era ainda mais evidente nessa época (DONNELLY, 2007).
As intensas mudanças culturais e sociais pelas quais a Europa 
passou durante a Renascença, desde o século XIV, foram incentiva-
O filme Lutero mostra a 
vida de Martinho Lutero, 
monge católico que, ao 
discordar da forma como 
a Igreja se organizava, 
desenvolveu um trabalho 
composto de 95 teses, 
nas quais discutia pontos 
importantes da fé 
católica. Excomungado 
pela Igreja, passou a 
defender suas ideias, que 
deram origem à Reforma 
Protestante, que acabou 
por impactar não apenas 
a Igreja, mas a própria 
organização política, so-
cial e jurídica da Europa 
durante a transição da 
Idade Média para a Idade 
Moderna.
Direção: Eric Till. EUA; Alemanha: 
MGM, 2003.
Filme
Bases históricas dos direitos humanos 13
das pelas mudanças econômicas e sociais trazidas pelo capitalismo 
e pelo fim gradativo do modelo feudal, seguidas pela Reforma Pro-
testante a partir do século XVI, que diminuíram o poder da Igreja, 
trazendo mudanças religiosas e políticas.
Apesar de os direitos humanos estarem presentes nas discussões 
filosóficas desde os escritos dos primeiros filósofos e tenham evoluído 
paralelamente ao desenvolvimento da filosofia ocidental, bem como 
possam ser identificados em outras tradições filosóficas, como afri-
cana, islâmica e, principalmente, na filosofia oriental, passaram a ter 
um papel central no pensamento global com base nos ensaios dos 
filósofos chamados de contratualistas, entre eles Thomas Hobbes, John 
Locke e Jean-Jacques Rousseau (CAXITO, 2020).
A Renascença, segundo Jerónimo (2019), traz de volta a visão 
do humanismo da filosofia clássica, na qual o ser humano está no 
centro da sociedade. Já a Reforma Protestante diminuiu o poder 
da Igreja e reaproximou o indivíduo ao conhecimento religioso. O 
declínio do poder dos nobres e dos Estados absolutistas, somados 
ao crescimento do capitalismo, criou uma classe economicamente 
dominante. Todas essas mudanças têm em comum a importância 
da liberdade individual, da liberdade de opinião, de propriedade 
privada e apontam para a centralidade do indivíduo na sociedade.
Para Jerónimo (2019), os filósofos contratualistas europeus, es-
pecialmente da França e da Inglaterra, que desenvolveram suas 
ideias no decorrer dos séculos XVII e XVIII, foram os responsá-
veis por introduzir no campo da política e, posteriormente, nas 
discussões jurídicas e legais as ideias sobre os direitos naturais e, 
consequentemente, sobre os direitos humanos. Para a autora, os 
direitos humanos, dentro do conceito de que é aceito, são um pro-
duto das transformações políticas, econômicas, jurídicas, sociais e 
filosóficas da Europa Iluminista.
O conceito do contrato social, que fundamenta a filosofia contratua-
lista, tem como princípio a ideia de que os indivíduos nascem iguais e 
com o mesmo potencial de desenvolvimento de suas competências. 
Por isso, todos têm o direito de usufruir os resultados econômicos, po-
líticos e sociais de seus esforços (CAXITO, 2020). Por outro lado, o ser 
humano é antissocial e, para que possa conviver em sociedade, precisa 
seguir regras e normas que garantam o respeito mútuo à proprieda-
de e à posição social do outro. Quando mais de uma pessoa deseja 
O nome da rosa é um livro 
escrito pelo filósofo Um-
berto Eco, um dos mais 
importantes do século XX. 
O livro foi transformado 
em um filme no ano de 
1986 e é considerado um 
clássico do cinema.
O enredo se passa duran-
te a Idade Média e segue 
a história de um monge 
beneditino, Guilherme 
de Baskerville, que atua 
como investigador em 
uma série de assas-
sinatos ocorridos em 
uma abadia, retratando 
o ambiente social da 
Idade Média, em que as 
liberdades e os direitos 
individuais são poucos 
e o Estado e a Igreja 
desempenham um papel 
controlador.
Direção: Jean-Jacques Annaud. EUA: 
Warner Filmes, 1986. 
Filme
14 Direitos humanos e relações sociais
a mesma propriedade ou a mesma posição política ou social, surgem 
discórdias que podem gerar conflitos sociais.
De acordo com Caxito (2020, p. 16):
para garantir a segurança de todos, surgiu um ente maior e 
imparcial: o Estado. Para conviver em sociedade, o ser huma-
no aceita abrir mão de alguns aspectos de sua liberdade e se 
submete às normas que regem a relação entre cada cidadão 
e o Estado, que tem o papel de defender seus participantes, 
garantindo o bem comum, além de criar e garantir as condi-
ções para que cada cidadão se desenvolva.
De acordo com Hobbes (2014), o Estado, a que chama de Leviatã, 
é responsável por garantir que as normas e regras sejam seguidas 
pelos membros da sociedade. Todavia o indivíduo precisa aceitar 
as regras e normas impostas pelo Estado para garantir a convivên-
cia social. Hobbes (2014) chama de contrato social essa aceitação 
tácita das normas que garantem a convivência em grupo.
O filósofo dá o nome de estado de natureza à condição em que 
o ser humano é totalmente livre para exercer suas vontades, sem 
nenhuma forma de controle ou cerceamento. Já o denominado es-
tado social, que é atingido por meio da aceitação do contrato social, 
possibilita aos indivíduos poderem conviver em grupo sem entrar 
em lutas, conflitos e guerras.
A visão do homem antissocial é oposta à defendida pela filosofia 
clássica. Para Aristóteles (2009), o ser humano é um ser social, que 
busca conviver em grupo para se proteger e para conseguir atingir 
seus objetivos. Em um momento histórico de transição do mode-
lo de poder do absolutismo para as democracias, Hobbes (2014) 
era um defensor da centralização do poder político do Estado na 
mão dos soberanos, uma vez que somente com o poder absoluto é 
possível garantir que o contrato social seja respeitado.
Locke (2018) parte da mesma base filosófica sobre o contrato social 
que Hobbes, mas os filósofos divergem sobre qual é o papel do Estado 
com relação aos direitos individuais e à centralização do poder. Se para 
Hobbes o poder do soberano deve ser absoluto, para Locke a aceitação 
dos cidadãos ao contrato social é consensual.
Assim, o poder do governante não pode estar acima dos direitos 
individuais, principalmente aqueles ligados à justiça e ao direito à 
O filme Zootopia – essa ci-
dade é o bicho foi lançado 
em 2016. Além do enredo 
divertido, a animação 
também retrata alguns 
pensamentos do filósofo 
Hobbes, presentes na 
obra Leviatã, mostrando 
os efeitos iniciais e poste-
riores do contrato social 
causados na população.
Direção: Byron Howard; Rich Moore. 
EUA: Walt Disney, 2016.
Filme
Bases históricas dos direitos humanos 15
propriedade privada, pois os direitos naturais de cada indivíduo 
existem mesmo no estado natural.
Para Locke (2018), se o Estado e os governantes no poder não 
garantirem os direitos naturais dos indivíduos, devem ser questio-
nados e, em último caso, devem ser retirados da posição de poder.
Locke (2018) também propõe a divisão dos poderes em:
PODER EXECUTIVO
Governantes que têm 
o poder de comandar a 
população e administrar 
interesses públicos.
PODER LEGISLATIVO
Papel do Estado em 
criar leis que garantam 
os direitos naturais dos 
indivíduos e possibilitem 
que o contrato social e a 
vida em sociedade sejam 
respeitados.
Ku
lipe
rko
/Shu
terstock
Essa divisão de poderes é a base da estrutura de poderes dos gover-
nos democráticos atuais, com o estabelecimento de um terceiro poder, 
denominado Judiciário.
O terceiro filósofo contratualista que foi fundamental para que as 
discussões sobre os direitos naturais e, consequentemente, para os 
direitos humanos se tornassem um tema central na filosofiae na polí-
tica é Jean-Jacques Rousseau. Em sua obra Do contrato social, publicada 
originalmente em 1762, ele afirma que o contrato social que possibilita 
a vida em sociedade só é válido se os direitos individuais e os bens de 
cada pessoa forem protegidos, respeitados e preservados.
De acordo com Rousseau (2013), o papel do Estado é garantir que 
os direitos naturais dos indivíduos sejam preservados. Se os governan-
tes falham nessa missão, devem ser trocados. Para o filósofo, a única 
forma possível de se estruturar o Estado é a república.
Ao resgatar as discussões sobre o direito natural no contexto da 
filosofia e relacioná-lo ao papel do Estado, em um momento histórico 
16 Direitos humanos e relações sociais
de grandes transformações sociais, os filósofos contratualistas pavi-
mentaram o caminho para que os direitos humanos passassem a ser 
discutidos nos âmbitos políticos e legais, em especial nos países que 
estabeleceram governos democráticos nas décadas seguintes, como os 
Estados Unidos e a França.
1.2 Origens jurídicas dos direitos humanos 
Vídeo Com base nas discussões desenvolvidas pelos filósofos contratualis-
tas, os direitos humanos passaram a ser incluídos nas legislações e nas 
constituições dos países democráticos com base em dois importantes 
documentos: a Constituição dos Estados Unidos da América, promulga-
da em 1787, e a Constituição Francesa, de 1791.
Após a Revolução Francesa, em 1789, foi instituída a Assembleia 
Nacional Constituinte, que votou e promulgou, no mesmo ano, os Ar-
tigos da Constituição, que serviram de base para o desenvolvimento da 
Constituição Francesa, promulgada em 1791. O documento central da 
Assembleia é a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 
1789. O artigo 1º da Declaração define que: “os homens nascem e são 
livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundar-se na 
utilidade comum” (DECLARAÇÃO..., 2021).
No mesmo período, os Estados Unidos da América, recém-funda-
dos no ano de 1776, após a independência do jugo político da Ingla-
terra, também passavam pelo processo de criação de sua constituição. 
Assinada em 1787, a Constituição Americana foi complementada, no 
ano de 1791, pelo documento conhecido como Bill of Rights (Carta de 
Direitos, em tradução livre), que define a garantia dos direitos humanos 
como um ponto central da legislação americana.
A Constituição Francesa e a Americana eram inovadoras e repre-
sentaram uma ruptura nos modelos de legislação característicos dos 
Estados absolutistas que dominaram a Europa e suas colônias durante 
grande parte da Idade Média e no início da Idade Moderna.
A inclusão dos direitos humanos como base conceitual e ponto cen-
tral das constituições dos dois países influenciou a criação e a altera-
ção de constituições e do arcabouço jurídico de diversos outros países, 
tanto aqueles que realizaram a transição para formas democráticas de 
governo quanto os que mantiveram a forma de governo monárquico.
No site da Biblioteca Vir-
tual de Direitos Humanos 
da Universidade de São 
Paulo, há um dos mais 
importantes documentos 
da história dos direitos 
humanos, a Constitui-
ção Americana que é a 
constituição mais antiga 
ainda em uso, mantendo 
a escrita original de 1787.
Disponível em: http://www.
direitoshumanos.usp.br/index.php/
Documentos-anteriores-%C3%A0-
cria%C3%A7%C3%A3o-
da-Sociedade-das-
Na%C3%A7%C3%B5es-
at%C3%A9-1919/
constituicao-dos-estados-unidos-
da-america-1787.html. Acesso em: 
21 maio 2021.
Site
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/constituicao-dos-estados-unidos-da-america-1787.html
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/constituicao-dos-estados-unidos-da-america-1787.html
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/constituicao-dos-estados-unidos-da-america-1787.html
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/constituicao-dos-estados-unidos-da-america-1787.html
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/constituicao-dos-estados-unidos-da-america-1787.html
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/constituicao-dos-estados-unidos-da-america-1787.html
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/constituicao-dos-estados-unidos-da-america-1787.html
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/constituicao-dos-estados-unidos-da-america-1787.html
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/constituicao-dos-estados-unidos-da-america-1787.html
Bases históricas dos direitos humanos 17
Um exemplo de como a preocupação com os direitos humanos 
passou a ser presente nas legislações de diversos países pode ser ob-
servado nas mudanças implementadas na Constituição de Portugal, 
realizada em 1822, que incluiu, em um de seus artigos, o objetivo de 
garantir a liberdade, os direitos individuais, a segurança e o direito à 
propriedade privada a todos os cidadãos portugueses.
A crescente constitucionalização tornou os direitos humanos 
ainda mais importantes nas discussões políticas e jurídicas, com 
a promulgação, em diversos países, de leis positivas com o obje-
tivo de garantir o acesso de todos os cidadãos aos seus direitos 
individuais.
Apesar de ter como base filosófica a ideia do contrato social e 
dos direitos naturais, de acordo com as pressões políticas, caracte-
rísticas culturais e influência de forças econômicas sobre o governo 
em cada país, as legislações dos direitos humanos foram adotadas e 
promulgadas com velocidades e intensidades diferentes.
Um exemplo é a abolição da escravidão. Enquanto a Dinamarca 
promulgou a lei da abolição da escravatura no ano de 1792, nos Es-
tados Unidos, um dos berços dos direitos humanos, somente no ano 
de 1863 os negros foram libertados da escravidão por Abraham Lin-
coln, após a guerra civil conhecida como Guerra da Secessão, durante 
os anos de 1861 e 1865.
Já no Brasil, a escravidão só foi abolida em 1888, mais de um sé-
culo depois da promulgação das constituições francesa e americana 
que colocaram os direitos humanos no centro da discussão jurídica 
das constituições nacionais.
Com o rápido crescimento econômico trazido pela industriali-
zação e pela adoção do modelo capitalista de produção e o conse-
quente crescimento das cidades, com a migração de trabalhadores 
em busca dos empregos nas indústrias, surgiram novas demandas 
sociais, notadamente entre os membros das classes proletárias 
(MARX; ENGELS, 2008).
Entre as diversas demandas surgidas com a nova realidade so-
cial, destacam-se o direito a um salário justo com relação ao traba-
lho desenvolvido, o direito à saúde, à habitação digna e à educação 
(JERÓNIMO, 2019).
A série Amend: The Fight 
For America apresenta e 
discute a 14ª emenda da 
Constituição Americana 
e a luta pela igualdade 
de direitos e o racismo 
estrutural e institucional 
nos Estados Unidos. 
Lançada em fevereiro de 
2021, a série apresentada 
por Will Smith está dispo-
nível na Netflix.
Direção: Will Smith. Estados Unidos: 
Netflix, 2021.
Série
O livro 1º de Maio: cem 
anos de Luta – 1886-1996 
mostra a luta pelos direitos 
trabalhistas, iniciada com 
uma greve na cidade 
americana de Chicago, em 
1886, e relata as lutas dos 
trabalhadores brasileiros 
desde o início do processo 
de industrialização da eco-nomia brasileira, no início 
do século XX. Lançado no 
ano de 1986, o livro foi 
relançado em 2016 para 
comemorar os 130 anos 
da data.
DEL ROIO, J. L. 2. ed. São Paulo: 
Centro de Memória Sindical, 2016.
Livro
18 Direitos humanos e relações sociais
Esses direitos sociais, que não estavam incluídos na visão filo-
sófica dos direitos naturais, seguem a lógica de individualidade dos 
direitos. Da mesma forma que os direitos humanos e os direitos na-
turais foram incluídos na maioria das constituições de diversos paí-
ses, os direitos sociais também passaram a fazer parte do arcabouço 
jurídico de diversos países a partir da última década do século XIX e 
início do século XX.
1.3 Origens políticas dos direitos humanos 
Vídeo Antes de apontarmos as origens políticas das discussões sobre os 
direitos humanos, é necessário definirmos o termo política. A palavra é 
bastante utilizada no cotidiano e está presente na mídia diariamente. 
Afinal, as decisões tomadas pelos políticos, sejam eles do Poder Exe-
cutivo, sejam do Poder Legislativo, impactam diretamente a vida dos 
indivíduos de uma sociedade.
O termo política pode ser usado em diversos contextos diferentes 
e com significados diversos. Pode estar relacionado às políticas públi-
cas, isto é, aos programas e às ações coordenadas pelo governo ou 
pelo Estado. Para Souza (2006), ao analisarmos as políticas públicas de 
determinado governo, é possível compreendermos as motivações, os 
valores e os objetivos do grupo político que está no poder.
Na sua acepção mais conhecida e utilizada, política está relacionada 
à organização do Estado em poderes que se equilibram e ao processo 
eleitoral pelo qual os representantes do povo são escolhidos para exer-
cer cargos nesses poderes. Segundo Caxito (2020, p. 39):
assim, o governo é composto por um grupo de indivíduos elei-
tos, que assumem posições nas quais têm alto poder de decisão 
sobre os rumos da sociedade. Porém, essas decisões são contra-
balanceadas pelo sistema de freios, pelos contrapesos dos três 
poderes, pela atuação política, pelas estratégias dos partidos po-
líticos, pelos interesses de grupos econômicos e, também, pelas 
ideologias que cada um desses grupos representa.
É possível observarmos, na definição apresentada, que a palavra 
política aparece em vários contextos diferentes. Ela está relacionada ao 
próprio modelo de divisão de poderes, aos grupos de interesse que se 
organizam na cena pública, às ideologias defendidas e representadas 
por esses grupos e ao processo de negociação e mediação dos conflitos 
e interesses das diversas parcelas da sociedade.
Bases históricas dos direitos humanos 19
Hanna Arendt, uma das principais filósofas a abordar o conceito de 
política apresenta em sua obra O que é política? (2002) diversos concei-
tos sobre o termo. Para ela, a política surge por meio da pluralidade 
dos indivíduos que fazem parte de um grupo social. Como as pessoas 
não são iguais e têm interesses, crenças e valores diferentes, é neces-
sário haver uma forma de mediar essas divergências, e é por meio da 
política que a convivência entre diferentes é possível.
Uma das definições dadas por Arendt (2002) de política é especial-
mente importante no contexto das discussões no que diz respeito aos 
direitos humanos:
o homem, tal como a filosofia e a teologia o conhecem, existe — 
ou se realiza — na política apenas no tocante aos direitos iguais 
que os mais diferentes garantem a si próprios. Exatamente na 
garantia e concessão voluntária de uma reivindicação juridica-
mente equânime reconhece-se que a pluralidade dos homens, 
os quais devem a si mesmos sua pluralidade, atribui sua existên-
cia à criação do homem. (ARENDT, 2002, p. 2)
Já Rancière (2018) define a política tanto como um processo que 
agrega ao grupo social pela aceitação e pelo consentimento das dife-
renças quanto como a organização do Estado em diferentes poderes 
equilibrados, formados por lugares, cargos e funções que são ocupados 
e distribuídos entre os grupos de interesse, de acordo com processos 
definidos – processos eleitorais, por exemplo.
No contexto político, mesmo com as discussões referentes aos di-
reitos humanos tendo iniciado nos séculos XVII e XVIII, como aborda-
mos na primeira parte deste capítulo, houve a transição dos regimes 
absolutistas para o modelo democrático do Estado graças às ideias dos 
filósofos contratualistas. Foi somente após a Segunda Guerra Mundial 
(1939-1945) que o tema passou a fazer parte das articulações políticas 
globais, com a publicação da Declaração Universal de Direitos Huma-
nos pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948.
De acordo com Salles (2015), a ONU foi criada no ano de 1945, logo 
após o final da Segunda Guerra Mundial, como resultado de um esfor-
ço de diversos países para promover a paz, a reorganização econômica 
e a reconstrução das relações entre as nações. Além da preocupação 
imediata com a reconstrução da Europa, em grande parte destruída 
pela guerra, a ONU nasceu também com a preocupação de promover o 
desenvolvimento social nos países em desenvolvimento.
O documentário Nações 
Unidas: soluções urgentes 
para tempos urgentes foi 
realizado para comemo-
rar o aniversário de 75 
anos de criação da ONU 
e mostra o potencial de 
transformação do mundo 
na próxima década, abor-
dando diversos aspectos 
relacionados aos direitos 
humanos, incluindo o 
impacto da pandemia de 
Covid-19 nas questões 
sociais globais. Além 
de atores, ativistas e 
embaixadores da Boa 
Vontade, a produção tem 
participação especial da 
Mensageira da Paz da 
ONU e Prêmio Nobel 
da Paz de 2014, Malala 
Yousafzai.
Direção: Richard Curtis. EUA: ONU; 
Projeto Todos; 72 Filmes, 2020.
Disponível em: https://www.youtu-
be.com/watch?v=KucGm-5mOQ8. 
Acesso em: 14 jul. 2021.
Documentário
20 Direitos humanos e relações sociais
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, segundo Rosa 
(2015), foi um dos principais documentos publicados pela ONU nos 
primeiros anos após sua formação. Conforme a autora, 50 países fo-
ram signatários da Declaração que buscava garantir a proteção social 
e os direitos individuais que haviam sido sistematicamente desres-
peitados durante a sequência de conflitos que marcaram a primeira 
metade do século.
O contexto político no qual a Declaração foi publicada é fundamen-
tal para entendermos cada um de seus artigos. Em seu preâmbulo, o 
documento destaca, entre outras considerações que fundamentam o 
documento, que:
considerando que o desconhecimento e o desprezo dos Direitos 
Humanos conduziram a atos de barbárie que revoltam a cons-
ciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os 
seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e 
da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração humanos; 
Considerando que é essencial a proteção dos Direitos Humanos 
através de um regime de direito, para que o homem não seja com-
pelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão. 
(ONU, 1948, p. 1)
As duas considerações estão relacionadas ao momento político glo-
bal do pós-guerra, no qual o documento foi escrito. A primeira mostra 
que os motivos políticos que causaram as duas guerras mundiais leva-
ram a situações de total desrespeito aos direitos humanos. O que se 
pretende, com a declaração, é lançar as bases para um mundo no qual 
as divergências políticas não ocasionem perdas de direitos individuais.
A segunda consideração mostra o receio dos países signatários 
com o desenvolvimento de ditaduras nas quais os direitos humanos 
não sejam respeitados. No contexto político do momento, o mundo 
assistia ao início da divisão política entre o mundo ocidental, capita-
neado pelos Estados Unidos, e os países comunistas, liderados pela 
União Soviética.
Mesmo tendo sido aprovado pela esmagadora maioria dos paí-
ses que compunham a ONU naquele momento, profundas divergên-
cias marcaram a definição dos direitos que constam no documento. 
Essas divergências prenunciavam a divisão do mundo em duasdi-
ferentes visões econômicas e políticas que marcaram o período da 
Guerra Fria.
Apesar de ter sido escrita 
há mais de 70 anos, a 
Declaração Universal dos 
Direitos Humanos ainda 
é atual, pois muitos dos 
direitos básicos nela des-
critos ainda não foram 
totalmente garantidos 
por diversos países. O 
documento, disponível 
no site do Ministério 
Público de Goiás, mostra 
como direitos funda-
mentais dos indivíduos 
são complexos de serem 
garantidos, mesmo que 
haja vontade política dos 
Estados e governos, pois 
envolvem aspectos cul-
turais, religiosos e sociais 
arraigados nos diversos 
grupos sociais humanos. 
Disponível em: http://www.
mp.go.gov.br/portalweb/hp/7/
docs/declaracao_universal_dos_
direitos_do_homem.pdf. Acesso 
em: 21 maio 2021.
Site
http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/7/docs/declaracao_universal_dos_direitos_do_homem.pd
http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/7/docs/declaracao_universal_dos_direitos_do_homem.pd
http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/7/docs/declaracao_universal_dos_direitos_do_homem.pd
http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/7/docs/declaracao_universal_dos_direitos_do_homem.pd
Bases históricas dos direitos humanos 21
Divergências sobre aspectos culturais e religiosos também mar-
caram as discussões que deram origem à Declaração, em especial 
com relação às nações da África e Oriente Médio, como África do Sul 
e Arábia Saudita, para as quais a declaração apresentava uma visão 
ocidentalizada.
Já para as nações socialistas do Leste Europeu e da Ásia, a Declara-
ção apresentava uma visão capitalista e individualista, em contrapo-
sição à visão da economia centralizada do comunismo. Assim, países 
como União Soviética, Iugoslávia, Bielorrússia, Polônia, Tchecoslováquia 
e Ucrânia se abstiveram durante a votação do documento.
Para Alves (1994), o documento só foi aprovado por ter um caráter 
de declaração e orientação, não sendo nenhum país signatário obriga-
do a implantar nenhuma de suas determinações. O autor aponta que 
foram necessários quase 20 anos para que a declaração passasse a ter 
peso de obrigatoriedade, com a aprovação no ano de 1966, do Pacto 
Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e do Pacto In-
ternacional de Direitos Civis e Políticos.
Com base na Declaração da ONU, cada país passou a realizar al-
terações jurídicas e foram criadas legislações específicas para orien-
tar as políticas públicas com o objetivo de garantir a proteção dos 
direitos humanos.
A obra Guerra e Paz, disponível 
no site da produtora cultural 
SP-Arte, do pintor brasileiro 
Candido Portinari, foi encomen-
dada pelo governo brasileiro 
como um presente do país para 
a sede da Nações Unidas. A 
obra é composta de dois painéis 
em que são representados, 
separadamente, os horrores da 
guerra (pintada em tons sóbrios 
e carregados, com figuras que 
demonstram medo e desespero) 
e a esperança da paz (que usa 
tons alegres e tranquilos). 
Disponível em: https://www.
sp-arte.com/editorial/conheca-
o-painel-de-portinari-que-fez-
historia-na-onu/. Acesso em: 21 
maio 2021.
Curiosidade
1.4 Direitos humanos: contextualização histórica 
Vídeo Segundo Tosi (2009), a discussão a respeito dos direitos humanos 
evoluiu à medida que o entendimento sobre o tema foi se tornando 
mais global, aprofundado e diversificado. 
Se em sua primeira versão, em 1948, a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos da ONU foi assinada por 48 países, nas décadas ini-
ciais do século XX, o número de Estados participantes da organização e 
signatários da declaração se aproximou de 200 nações, mostrando que 
o tema é uma preocupação global.
No decorrer da segunda metade do século XX e nas primeiras déca-
das dos séculos XXI, a ONU e diversos outros organismos internacionais 
desenvolveram estudos, conferências, documentos e legislações sobre 
os direitos humanos, o que trouxe um conhecimento cada vez mais pro-
fundo e extenso de diversos temas relacionados aos direitos humanos.
https://www.sp-arte.com/editorial/conheca-o-painel-de-portinari-que-fez-historia-na-onu/
https://www.sp-arte.com/editorial/conheca-o-painel-de-portinari-que-fez-historia-na-onu/
https://www.sp-arte.com/editorial/conheca-o-painel-de-portinari-que-fez-historia-na-onu/
https://www.sp-arte.com/editorial/conheca-o-painel-de-portinari-que-fez-historia-na-onu/
22 Direitos humanos e relações sociais
À medida que as discussões se aprofundaram, também se diver-
sificaram e especializaram. Se nos primeiros documentos os direitos 
humanos eram pensados para um indivíduo genérico, gradativamente 
se passou a enxergar a diversidade cultural, religiosa, etária, étnica e de 
gênero. Desse modo, as legislações passaram a ser desenvolvidas para 
garantir os direitos específicos dos diversos grupos sociais.
Analisando essa evolução dentro do contexto histórico das 
discussões sobre os direitos humanos, Tosi (2009) classifica os direitos 
humanos em quatro gerações.
A primeira geração está relacionada à conquista dos direitos ci-
vis ou naturais, a que o autor chama de direitos negativos, uma vez 
que têm o objetivo de proibir os excessos do Estado. Esses direi-
tos foram o foco das primeiras legislações que abordam os direitos 
humanos, como a Declaração dos Direitos Humanos e do Cidadão, 
publicada na França, e a Carta de Declaração dos Direitos, publicada 
nos Estados Unidos, no fim do século XVIII.
Apesar de serem objeto tanto de legislações e declarações de orga-
nismos globais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos da 
ONU, os direitos civis ainda não são plenamente garantidos. Segundo 
dados da ONU (2019), o trabalho infantil ainda é uma realidade que 
afeta mais de 150 milhões de crianças, cerca de 25 milhões de pessoas 
vivem em situação análoga à escravidão e quase 5 milhões de pessoas 
em todo o mundo sofrem exploração sexual.
A Anistia Internacional (RELATÓRIO..., 2021), organização não gover-
namental que luta pelos direitos humanos, calcula que, em 2019, cerca 
de 652 pessoas foram executadas em cumprimento a penas de morte. 
O número não considera as penas de morte na China, pois não exis-
tem dados oficiais. A Anistia Internacional calcula que tenham ocorrido 
mais de mil execuções no país durante o ano.
Apesar de a maioria dessas penas de morte e execuções te-
rem ocorrido em países com governos não democráticos, como a 
China, o Irã, a Arábia Saudita, o Vietnã e o Iraque, mesmo a maior 
democracia do mundo em termos populacionais e econômicos, 
os Estados Unidos, executou 22 pessoas durante o ano de 2019 
(RELATÓRIO..., 2021). A figura a seguir mostra a distribuição de exe-
cuções no mundo em 2019.
Bases históricas dos direitos humanos 23
Figura 1
Execuções pelo mundo em 2019
400
350
300
250
200
150
100
50
0
1,000s
251+
184
100+
32+
22
14+ 12+ 11+ 7 4 3 3 2+ 2 1 1 + + +
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AM
 
4. Iraque
2. Irã 1. China
5. Egito
6. EUA
9. Sudão 
do Sul
3. Arábia 
Saudita
8. Somália
7. Paquistão
13. Vietnã
10. Singapura
12. Coreia do 
Norte
11. Japão
CH
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IRÃ
ARÁBIA SAU
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Fonte: Relatório..., 2021, p. 4.
Os direitos da primeira geração também estão relacionados 
aos direitos políticos, que foram conquistados gradativamente, no 
decorrer dos séculos XVIII, XIX e XX, à medida que países, em especial 
os ocidentais, alteraram suas formas de governo de monarquia para 
democracia.
A luta pelos direitos políticos ainda se faz presente no mundo 
contemporâneo, seja nos países que adotam regimes ditatoriais, 
seja em países nos quais a democracia ainda não está plenamen-
te estabelecida. A existência de presos e exilados políticos mostracomo o tema é ainda bastante atual. Os direitos políticos são con-
siderados por Tosi (2009) como direitos positivos, visto que buscam 
garantir a liberdade de expressão e a participação do indivíduo nas 
decisões e ações do grupo social.
Já os direitos de segunda geração, estão ligados principalmente 
a aspectos econômicos e surgiram com as lutas da classe trabalha-
24 Direitos humanos e relações sociais
dora pela garantia de condições dignas de trabalho e remuneração, 
as quais são asseguradas pelo Estado pelas legislações específicas 
que regulam as relações trabalhistas, como a Consolidação das Leis 
do Trabalho (CLT) brasileira (FERREIRA FILHO, 2005).
Incluem-se também nos direitos dessa geração a garantia de 
igualdade e bem-estar social, como o direito à educação gratuita, à 
proteção de crianças e adolescentes (como a proibição do trabalho 
infantil) e às manifestações culturais. Segundo Tosi (2009), a maioria 
desses direitos de segunda geração ainda não estão totalmente ga-
rantidos legalmente na maioria dos países.
Bonavides (2003) e Ferreira Filho (2005) explicam que os direi-
tos de segunda geração, mesmo quando garantidos pela legislação, 
eram vistos em muitos países, inclusive no Brasil, mais como normas 
e ideias a serem buscadas pelo governo, e não como regras de exe-
cução imediata. Como exemplo, as legislações que versam sobre o 
direito à educação gratuita e de qualidade apontam os objetivos de 
médio e longo prazos a serem alcançados por meio do desenvolvi-
mento de políticas sociais e programas de governo.
Os direitos de terceira geração estão relacionados a questões 
supranacionais, que impactam diversos países ou a totalidade da 
humanidade. Entre eles, podemos citar o direito à paz, à garantia 
da preservação do meio ambiente – para que as condições de vida 
da humanidade sejam protegidas –, ao desenvolvimento social e à 
preservação da cultura de que o indivíduo faz parte.
Para Bonavides (2003), esses direitos estão ligados à ideia de so-
lidariedade entre as diversas nações que formam o mundo. A ga-
rantia desses direitos é complexa, pois depende da colaboração de 
Estados e governos com ideologias e visões políticas e econômicas 
diferentes.
Negociações e acordos globais, como o Acordo de Paris – com-
promisso assumido por diversos países para diminuir as emissões 
globais de poluição –, são exemplos de ações desenvolvidas por ins-
tituições e organizações globais com o objetivo de garantir os direi-
tos de terceira geração. Contudo, como esses organismos não têm 
poder de obrigar que os países signatários cumpram as condições 
acordadas, os resultados dependem de aspectos políticos e econô-
micos que podem ser alterados a qualquer momento.
Bases históricas dos direitos humanos 25
Os direitos das três primeiras gerações podem ser identificados, 
com maior ou menor intensidade, nas constituições da maioria dos 
países democráticos, inclusive na constituição brasileira. Segundo 
Ferreira Filho (2005, p. 57), as três gerações dos direitos humanos 
podem ser assim entendidas: “a primeira geração seria a dos direi-
tos de liberdade, a segunda, dos direitos de igualdade, a terceira, 
assim, complementaria o lema da Revolução Francesa: liberdade, 
igualdade e fraternidade”.
Os direitos de quarta geração, como explica Tosi (2009), são 
aqueles ligados às próximas gerações. Cada geração tem um dever 
de garantir que as condições naturais, sociais, econômicas e tecnoló-
gicas das gerações futuras sejam preservadas. Bonavides (2003) afir-
ma que o Estado social estará totalmente institucionalizado assim 
que os direitos de quarta geração estiverem devidamente garanti-
dos na constituição do país.
Apesar de a classificação proposta pelo autor possibilitar enten-
der de maneira organizada os diferentes tipos de direitos humanos, 
eles se entrelaçam e se interligam. Para que o indivíduo possa alcan-
çar plenamente todo o seu potencial como ser humano, precisa ter 
acesso pleno a todos os seus direitos.
O vídeo Acordo de Paris 
para as mudanças climáti-
cas, publicado pelo World 
Wildlife Fund – WWF, 
explica de modo simples 
e direto a Conferência 
de Clima (COP) da ONU, 
realizada em 2015, com 
a participação de 195 
países com o objetivo 
de negociar um acordo 
global para diminuir as 
emissões de gases preju-
diciais ao meio ambiente.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=DMGmfforM3g.
 Acesso em: 21 maio 2021.
Vídeo
1.5 Direitos humanos no Brasil 
Vídeo Existe uma relação intrínseca entre as legislações sobre os direitos 
humanos e os estados democráticos, pois respeitar os direitos dos in-
divíduos é um dos principais valores da República e da democracia. 
Moraes (2003) estabelece uma relação entre os direitos humanos, a 
justiça e o arcabouço jurídico do país. Para o autor, sem respeito aos 
direitos individuais, não é possível garantir a justiça social.
Conforme as Diretrizes Nacionais de Ensino em Direitos Humanos 
(BRASIL, 2013, p. 38), os valores que direcionam as legislações e os 
programas do governo brasileiro quanto aos direitos humanos como:
por valores democráticos entendem-se: (a) O amor à igualdade 
e consequente horror aos privilégios; (b) A aceitação da vonta-
de da maioria legitimamente formada, decorrente de eleições 
ou de outro processo democrático, porém com constante res-
peito aos direitos das minorias; e (c) Em consequência dos tópi-
cos acima, configura-se como conclusivo o respeito integral aos 
Direitos Humanos.
26 Direitos humanos e relações sociais
No entanto, mesmo que as legislações existam e sejam adequa-
das, garantir que os direitos humanos sejam respeitados no cotidiano 
da sociedade é uma tarefa complexa e ainda difícil de ser implemen-
tada. Nogueira (2001) afirma que a democracia, na prática da política 
brasileira, ainda está mais ligada ao rito eleitoral do que à garantia 
real dos direitos humanos de todas as parcelas da população.
Após mais de duas décadas sob regime militar, foi promulgada 
em 1988 uma nova constituição brasileira, que ficou conhecida como 
Constituição Cidadã. Foi o primeiro documento a determinar os direi-
tos e os deveres dos cidadãos, também sendo reconhecido por insti-
tucionalizar os direitos humanos no país. No artigo 5º da Constituição 
de 1988: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade” (BRASIL, 1988).
Ao institucionalizar os direitos humanos no país, a Constituição 
representou um grande avanço para a proteção dos direitos indivi-
duais. Entretanto, mesmo depois de três décadas de sua promulgação, 
a garantia plena dos direitos dos cidadãos brasileiros ainda não foi 
alcançada.
Por sua grande extensão territorial e grande diversidade cultural 
e étnica, com um povo composto de ondas migratórias provindas de 
diversas origens diferentes e sua história econômica fundada na ex-
ploração das riquezas naturais e dos povos escravizados, o Brasil é um 
país com um grande débito com relação aos direitos humanos de uma 
parcela significativa de sua população (SANTOS; CHAUÍ, 2016).
Mesmo nas grandes capitais brasileiras, o Estado não consegue ga-
rantir a aplicação da lei que protege os direitos naturais do cidadão, 
nem mesmo o direito à vida – o mais básico deles. Situação ainda 
mais grave se observa quanto aos direitos de segunda e terceira ge-
ração, que dependem, em alguns casos, de altos investimentos em 
programas e políticas sociais de longo prazo, que devem estar ligadas 
a um projeto de Estado, mas que muitas vezes sofrem alterações ou 
são abandonadas a cada troca de governo.
Bases históricas dos direitos humanos 27
No Brasil, a garantia dos direitos humanos passa por outro gran-
de desafio: reparar séculos de atraso no que diz respeito à defesa 
dos direitos das minorias, especialmente as minorias étnicas e de 
gênero. Para Paula, Silva e Bittar (2017, p. 3842) as minorias podemser definidas como:
um grupo humano ou social que esteja em uma situação de 
inferioridade ou subordinação em relação a outro, considerado 
majoritário ou dominante. Essa posição de inferioridade pode 
ter como fundamento diversos fatores, como socioeconômico, 
legislativo, psíquico, etário, físico, linguístico, de gênero, étnico 
ou religioso.
A inclusão social dos grupos minoritários é uma das grandes dívi-
das sociais da sociedade brasileira (URI; URI, 2019), porém é um pro-
cesso lento que não depende apenas da promulgação de leis positivas 
e ações afirmativas. A inclusão envolve mudanças conjuntas em po-
líticas macroeconômicas e sociais que diminuam a concentração de 
riqueza e de renda, pois a distribuição de riqueza entre a população 
se torna cada vez mais desigual, o que aprofunda ainda mais as dívi-
das históricas do Estado brasileiro para com os grupos minoritários.
Segundo Martins e Siqueira (2017), o Brasil é signatário de gran-
de parte dos instrumentos internacionais que abordam os direitos 
humanos, mas, mesmo assim, ainda apresenta grande desigualdade 
social e enfrenta dificuldades para garantir o acesso das populações 
mais pobres a seus direitos.
Dornelles (1998) aponta a falta de conhecimento do cidadão quan-
to a seus direitos e alerta que esse fato pode ser um empecilho para 
que se exija que o governo cumpra seu papel na garantia dos direitos 
humanos da população. Uma das formas de aumentar a percepção 
dos indivíduos vulneráveis a respeito de seus direitos é a educa-
ção (SACAVINO, 2007). Com esse objetivo, em 2013, a Secretaria de 
Direitos Humanos da Presidência da República publicou o Caderno de 
Educação em Direitos Humanos, no qual define as diretrizes nacionais 
de educação sobre os direitos humanos (BRASIL, 2013).
O Caderno de Educação em Direitos Humanos: Diretrizes Nacionais foi 
publicado com o objetivo de definir as diretrizes que norteiam o ensino 
no que se refere aos direitos humanos em cinco eixos da educação:
28 Direitos humanos e relações sociais
Educação 
básica
Educação dos 
profissionais 
de Justiça e 
Segurança
Educação 
e mídia
Educação 
superior
Educação 
não formal
Vya
che
slav
ikus/Sh
utterstock
Com o objetivo de consolidar na realidade a garantia dos direitos 
humanos presentes na Constituição, o Estado brasileiro lançou em 
1996 o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH). O progra-
ma tinha como objetivo garantir tanto os direitos de primeira geração 
quanto os direitos políticos e civis, a proteção da vida, da liberdade 
e a promoção da igualdade de todos os cidadãos, além dos direitos 
de segunda geração, como a educação e a cidadania, e estava alinha-
do com políticas e documentos internacionais de direitos humanos 
(FAISTING; GUIDOTTI, 2019).
O programa foi ampliado e revisto em 2002, passando a ser conhe-
cido como PNDH II. Nessa versão, incluiu-se direitos de segunda gera-
ção, relacionados a questões de proteção econômica, como trabalho, 
moradia e alimentação, bem como questões relacionadas à cultura, 
ao lazer, à educação e à saúde. Foi novamente revisto no ano de 2009 
e a versão conhecida como PNDH III trouxe avanços consideráveis 
para a concretização das leis de proteção dos direitos humanos.
Para Dallari (2004), no que diz respeito aos direitos humanos, o 
texto da Constituição brasileira é rígido e descritivo, incluindo eviden-
temente e de maneira inequívoca diversos direitos humanos da pri-
meira, segunda e terceira gerações. Por outro lado, a Constituição é 
também aberta a mudanças e a novas demandas por direitos e neces-
sidades sociais que surjam com o desenvolvimento da humanidade.
Novas leis são promulgadas à medida que ocorrem mudanças 
sociais, econômicas, naturais e tecnológicas. São exemplos dessa 
constante renovação a Lei n. 12.965, conhecida como Marco Civil da 
Para saber mais sobre 
as Diretrizes Nacionais 
de Educação em Direitos 
Humanos, acesse o site 
da Secretaria em Direitos 
Humanos e leia Educação 
em Direitos Humanos: 
Diretrizes Nacionais. Esse 
documento apresenta os 
princípios da dignidade 
humana, considerando 
que todos os cidadãos 
têm igualdade de direitos, 
visando à aceitação das 
diferenças entre os indiví-
duos, à diversidade social 
e buscando a sustentabi-
lidade socioambiental.
Disponível em: https://www.gov.
br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/
educacao-em-direitos-humanos/
DiretrizesNacionaisEDH.pdf. Acesso 
em: 25 mar. 2021.
Site
https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/educacao-em-direitos-humanos/DiretrizesNacionaisEDH.pdf
https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/educacao-em-direitos-humanos/DiretrizesNacionaisEDH.pdf
https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/educacao-em-direitos-humanos/DiretrizesNacionaisEDH.pdf
https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/educacao-em-direitos-humanos/DiretrizesNacionaisEDH.pdf
Bases históricas dos direitos humanos 29
Internet (BRASIL, 2014), e a Lei n. 13.709, chamada de Lei Geral da Pro-
teção de Dados (BRASIL, 2018), promulgadas para garantir o direito à 
privacidade dos dados pessoais dos indivíduos no contexto do de-
senvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação, uma 
realidade que não existia no ano de 1988, quando a Constituição foi 
promulgada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A busca pela garantia dos direitos humanos pode ser identificada em 
diversos momentos da história humana e tem raízes na filosofia, na polí-
tica e na evolução das legislações nacionais. O tema ganhou centralidade 
por meio das grandes mudanças econômicas, sociais e políticas que mar-
caram a transição da Idade Média para a Idade Moderna e, posteriormen-
te, para a Idade Contemporânea.
A partir da segunda metade do século XX, após a Segunda Guerra 
Mundial, o surgimento de organizações internacionais, como a ONU, fez 
com que a busca pela garantia dos direitos humanos se tornasse uma 
preocupação global.
No Brasil, apesar de a Constituição de 1988 ter como um de seus prin-
cípios a proteção dos direitos humanos, na prática cotidiana de nossa 
sociedade, uma grande parcela da população ainda não goza plenamente 
de seus direitos.
ATIVIDADES
1. Explique os conceitos filosóficos de estado de natureza e estado social.
2. Conceitue os direitos humanos de primeira, segunda, terceira e quarta 
gerações.
3. Explique a importância da Constituição Francesa de 1791 e da 
Constituição Americana de 1787 para os direitos humanos.
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Vídeo
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https://anistia.org.br/informe/relatorio-anual-pena-de-morte-em-2019/
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https://www.ufrgs.br/sicp/wp-content/uploads/2015/09/1.-ROSA-Aruan%C3%A3-Emiliano-Martins-Pinheiro-A-Declara%C3%A7%C3%A3o-Universal-dos-Direitos-Humanos-de-1948-e-a-liberdade-de-orienta%C3%A7%C3%A3o-sexual-interpreta%C3%A7%C3%A3o-do-caso-brasileiro.pdf
https://www.ufrgs.br/sicp/wp-content/uploads/2015/09/1.-ROSA-Aruan%C3%A3-Emiliano-Martins-Pinheiro-A-Declara%C3%A7%C3%A3o-Universal-dos-Direitos-Humanos-de-1948-e-a-liberdade-de-orienta%C3%A7%C3%A3o-sexual-interpreta%C3%A7%C3%A3o-do-caso-brasileiro.pdf
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-85292015000200347&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-85292015000200347&lng=en&nrm=iso
https://www.scielo.br/pdf/soc/n16/a03n16.pdf
http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/tosi/tosi_dudh_siginificado_1948.pdf
http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/tosi/tosi_dudh_siginificado_1948.pdf
http://periodicos.unincor.br/index.php/recorte/article/view/5950
http://periodicos.unincor.br/index.php/recorte/article/view/5950
32 Direitos humanos e relações sociais
2
Relações étnico-raciais
A população brasileira é marcada pela miscigenação étnico-racial 
desde o início da formação da nação. Indígenas, portugueses e africanos 
formaram a base da constituição do povo brasileiro. Migrações de po-
pulações europeias e asiáticas, no decorrer do século XX, além de, mais 
recentemente, povos latino-americanos, contribuíram ainda mais para a 
formação de um povo diverso e miscigenado. Se por um lado essa carac-
terística traz benefícios para o país, por outro alimenta ações de racismo, 
discriminação e xenofobia.
Neste capítulo, vamos estudar os conceitos de raça e etnia. Estes 
termos estão na base dos preconceitos e discriminações que impac-
tam a vida de milhões de brasileiros, tirando deles direitos e opor-
tunidades. A importância da cultura afro-brasileira e indígena para a 
formação cultural brasileira também é nosso objeto de estudo deste 
capítulo. Discutiremos, ainda, as ações afirmativas que buscam incluir 
as minorias raciais, dos pontos de vista cultural, educacional, econô-
mico e profissional. Por fim, vamos abordar a diversidade étnica, racial 
e cultural no mercado de trabalho e o impacto do racismo sobre as 
oportunidades profissionais das minorias.
Com o estudo deste capítulo você será capaz de:
• compreender os conceitos de raça, etnia, racismo, precon-
ceito e discriminação racial;
• reconhecer a importância das culturas afro-brasileira e indí-
gena na formação cultural do país;
• conhecer as políticas de ação afirmativa no Brasil e no 
mundo;
• compreender o impacto do racismo no trabalho, na cultura 
e na sociedade.
Objetivos de aprendizagem
Relações étnico-raciais 33
2.1 Raça e etnia 
Vídeo O discurso de Mano Brown, vocalista do grupo musical Racionais 
MC’s, durante show realizado em 2006, toca no ponto central da discri-
minação racial no Brasil. Vejamos:
“Tem que acreditar. Desde cedo, a mãe da gente fala assim: 
‘Filho, por você ser preto, você tem que ser duas vezes melhor’.
Aí, passados alguns anos, eu pensei: ‘como fazer duas vezes 
melhor, se você está pelo menos cem vezes atrasado? Pela es-
cravidão, pela história, pelo preconceito, pelos traumas, pelas 
psicoses, por tudo que aconteceu’.
Duas vezes melhor como? Ou você é o melhor ou pior de uma 
vez. Sempre foi assim. Se você vai escolher o que estiver mais 
perto de você, o que estiver dentro de sua realidade, você vai ser 
duas vezes melhor como?” (BROWN, 2006).
As minorias raciais, notadamente os negros e indígenas, sofrem com 
o preconceito que está inserido profundamente nas estruturas sociais, 
culturais e econômicas brasileiras. A discussão sobre racismo parte de 
uma ideia ultrapassada e cientificamente provada como incorreta: a de 
que existem diversas raças humanas. Biologicamente, a humanidade é 
composta de uma só raça: a humana (CAMPOS, 2017).
Segundo Santos (2010), a ideia de que os seres humanos são divi-
didos em raças surgiu por volta do século XVII, com as publicações de 
François Bernier e, principalmente, Carolus Linnaeus, que desenvolveu 
a estrutura de classificação das espécies vegetais e animais com base 
em uma hierarquia de reinos, classes, ordens, gêneros e espécies.
Foi ele também o responsável pela criação da forma de se nomear 
as espécies, com dois termos em latim: o primeiro referente a gênero 
e o segundo, à espécie (FERNANDES; SANCHES; DIAS, 2018). O gêne-
ro Homo, por exemplo, que nomeia todos os hominídeos, é dividido 
em diversas espécies, como Homo habilis, Homo erectus e Homo sapiens 
(CASETTA et al., 2018). Em sua classificação, Linnaeus (2018) divide o 
Homo sapiens em quatro variedades, de acordo com as origens geográ-
ficas das populações (Quadro 1).
34 Direitos humanos e relações sociais
Quadro 1
Classificação Homo sapiens
Denominação Localização Características
Homo sapiens americanus Habitante das Américas
Indivíduo de mau temperamen-
to, facilmente subjugável
Homo sapiens asiaticus
Proveniente dos países asiá-
ticos
Ganancioso
Homo sapiens afer Originário da África Preguiçoso e impassível
Homo sapiens europaeus Originário da Europa
Considerado sério, inteligente 
leal e forte
Fonte: Adaptado de Linnaeus, 2018.
Linnaeus (2018) ainda relacionou essas classificações com a cor 
da pele. Os americanos foram nomeados vermelhos; os asiáticos, 
amarelos; os europeus, brancos; e os africanos, pretos (CASETTA et 
al., 2018; SANTOS et al., 2010).
A classificação de Linnaeus foi desenvolvida por outros autores, 
como Blumenbach (SANTOS et al., 2010), que classificava a espécie 
humana em quatro variedades: a primeira incluía os europeus, a po-
pulação branca da América do Norte e da parte leste da Ásia; a se-
gunda, os indígenas australianos; a terceira, os negros africanos; e a 
quarta englobava os humanos de todas as demais áreas do chama-
do novo mundo (SANTOS et al., 2010; FERNANDES, SANCHES, DIAS, 
2018).
Segundo Santos et al. (2010), a divisão da população em preten-
sas raças passou a ser usada oficialmente depois do censo realizado 
nos Estados Unidos, em 1790. Este separou a população em brancos 
livres e outros indivíduos, classificação

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